Gabriel 27/02/2019
- Larguem tudo!
Era um dos gritos do Dumont, pouco antes de levantar voo.
Ontem terminei de ler a biografia do Alberto Santos Dumont (e foi a primeira biografia que li na vida aliás, sem vergonha alguma de dizer).
Haaaaaa, e como eu gostei dessa leitura.
O Dumont não era perfeito – até porque esse tipo não existe, mas seus defeitos são tão ínfimos quando comparados as suas qualidades. Eu realmente o achei admirável! Um homem pequeno, de pouco mais de 50 Kg, mas com um espírito e uma vontade que nunca vi em ninguém! Fica aqui esse parágrafo com minha singela admiração.
A história do Dumont não era, definitivamente, sobre vitorias.
Na verdade, é até um pouco irônico ler sobre quantas dezenas de vezes seus empenhos deram errado, quantas vezes seus balões caíram, seu engenho não funcionou como planejado ou ele escapou por pouco da morte.
E, falando em escapar... Olha, muitas vezes não foi sorte não viu?
Posso lembrar de algumas histórias em que ele mesmo se salva, graças aquela incrível habilidade de manter o controle da situação – mesmo quando em medo extremo diante do perigo (como ele declarava que sentia, como qualquer um de nós).
É clichê, mas a história dele é sobre insistir (perseverar - pros otimistas, ser teimoso – pros pessimistas) ou só simplesmente continuar tentando e foda-se.
E também é sobre coragem, claro (apesar desta aí ser bem mais subjetiva e particular).
Haaa, sim. Foi muito legal mesmo aprender tanto sobre parte da história da Aeronáutica, de quebra! Mesmo eu nunca tendo antes me interessado sobre o tema. Que bizarro né?
E olha, pra quem ainda tem dúvida se foi Dumont ou os irmãos Wright os primeiros a levantarem voo em um ‘’mais pesado que o ar’’, saibam que simplesmente não importa.
Vocês conseguem ver o quão isso é parecido com aquelas pessoas que comentam ‘’first’’ nas sessões de comentários?
O que importa quem foi o primeiro? As contribuições dele pro desenvolvimento das tecnologias aeronáuticas são inegáveis (e internacionalmente reconhecidas), independente de quem voou primeiro.
E também, não é só do 14bis que vem a glória do Dumont.
Vocês sabiam que ele foi O PRIMEIRO FUCKING HOMEM A DAR UMA VOLTA NA TORRE EIFFEL COM UM DIRIGIVEL?
Ninguém nunca tinha conseguido ‘’dirigir’’ um aeróstato antes – o pessoal se guiava pelo vento, pela sorte e pelo desespero.
Ele ganhou um prêmio em dinheiro por isso. E sabe o que ele fez?
DIVIDIU PROS MECANICOS QUE AJUDAVAM ELE E PROS FUCKING MENDIGOS DE LONDRES!
Eu realmente não sei como todo o ‘’buzz’’ do Dumont fica no 14bis se tem outros feitos tão legais quanto, envolvendo esse maluco.
Tu sabia que teve um momento em que dois inimigos políticos se trombaram num hangar do Dumont?
Tipo, sem querer.
E ELES RESPEITARAM A PORRA TODA E NINGUEM TRETOU. Achei fantástico.
É uma pena que nosso mineirinho tenha visto seu tão amado avião como arma de guerra, perto do fim da vida - o que talvez até tenha motivado ainda mais seu suicídio, mas eu até achei compreensível essa escolha dele no fim. Pelo menos ele se manteve no comando (a doença degenerativa que ele tinha também não pegava leve:/).
A personalidade, o comportamento, a vestimenta, os interesses, a forma em se relacionar... Tudo no Dumont era peculiar (e eu não vou contar muito, pra instigar vocês :p ).
Fiquem, por fim, com essa frase. Sobre algumas ocasiões em que Dumont realizou voos de balão NA NOITE E NO MEIO DA TEMPESTADE:
‘’E como explicar isso? Como descrevê-lo? Lá no alto, na solidão negra, entre os relâmpagos que a rasgavam, entre o barulho dos raios, eu me sentia como parte integrante da própria tempestade!’’