rxvenants 13/02/2024?Se ela se fosse, eu não seria nada?, diz Marco.Anos ouvindo que The Night Circus era muito bom, mas dividia opiniões tanto pelo final tanto pela forma que a história é contada e eu só posso dizer que estou do lado das pessoas que AMARAM esse livro.
Caramba, que livro imersivo. Uma verdadeira experiência.
É muito difícil pra mim colocar nessa resenha tudo que eu senti lendo esse livro.
11 marcações e 185 destaques depois, eu ainda não consigo falar sobre todas as ligações entre personagens e capítulos, a cronologia tão bem construída e os diversos motifs usados durante a história..
Li em ebook, mas comprei uma cópia física logo depois de terminar a leitura só pra poder reler o livro em ordem cronológica e ver como isso afeta a minha visão dos fatos.
Por não ser em ordem cronológica e por ser minha primeira leitura, eu as vezes esquecia/não prestava atenção nas datas e depois ficava chocada no tempo que as coisas aconteciam (e fez da minha experiência algo muito melhor!)
The Night Circus é um dos livros mais bem escritos e pensados que eu já li.
Os personagens são extremamente cativantes e a história é tão boa que você sente a atmosfera da leitura. Faltando 100 páginas pro livro acabar eu já sentia que não aguentava mais nada. Nunca senti meu coração bater tão forte (e olha que o livro não é repleto de ação).
Eu achei a construção do livro tão, mas TÃO inteligente.
Os motifs do livro são de longe a minha parte favorita. Erin constrói uma narrativa que te faz pensar sobre cada palavra que ela coloca nas páginas pois você sabe que todas têm um motivo e cada uma delas pode ser uma dica do que vem pela frente na história.
São poucos os livros que me fazem revisitar páginas e marcações e interpretar o que está sendo dito. Por diversas vezes no livro eu procurei significados de tarot e comparei falas entre personagens só pra poder entender o que estava acontecendo.
Nem tudo é muito bem explicado e vale muito da sua pesquisa pra entender cada detalhe.
Os símbolos tornam a história muito mais viva. Eu amei como os objetos e as cores tem tanta participação no significado e na contagem da história.
São ternos cinzas, chapéus, cartas, cachecóis vermelhos e muitas outras coisas que te formam na sua cabeça uma imagem bem nítida da história.
É como a regravação em um rolo de filme, que formam fantasmas na fita depois de tanto regravar as mesmas coisas. Fica bem preso na sua cabeça tudo que pode mudar o curso da história.
É uma das maiores qualidades de Hamilton (o musical) que também está aqui: assim como o tema principal e repetições das letras podem marcar o rumo dos personagens e te dar ansiedade de como as coisas podem se desenrolar, aqui, ao ler sobre um terno cinza, por exemplo, você já sabe por qual direção as coisas podem ir e isso fica na sua cabeça até que algo aconteça de fato.
E falando de coisas que marcam, não tenho uma memória boa, mas o protagonista da história é um dos poucos que eu tenho certeza que vai ficar comigo pro resto da minha vida.
E eu digo protagonista pois apesar de Celia e Marco serem um ponto gigantesco na história (e uma das minhas partes favoritas!) e parte da venda do livro, não tem nada como o Circo.
Numca escrevi, mas imagino que a construção de um personagem que não fala, não emite opiniões e mesmo assim é o ponto central deve ser bem difícil e ainda fazê-lo BEM deve ser duplamente complicado.
Não tem nada como a atmosfera do circo na história. Um protagonista que liga todas as pessoas da história e move tudo ao seu redor.
É SURREAL a forma que o circo é tão vivo em cada respiro dos personagens e em cada decisão que eles tomam. É doido a forma que eu me senti um dos rêveurs depois da leitura. Completamente apaixonada pelo que o circo te faz sentir. Provavelmente vou buscar esse sentimento pro resto da vida.
E grande parte do circo é a Celia, a segunda melhor personagem da história.
Extremamente astuta e forte, é uma das personagens mais classudas que eu já li. Ela respira sabedoria.
E a relação dela com o Marco é MUITO BOA. É um progresso que leva seu próprio tempo.
Eu amo como eles se falam pela criação de tendas do circo e a primeira conversa de verdade deles é só depois dos 50% e mesmo assim eu fiquei buscando migalhas da relação deles a todo tempo.
É um sentimento muito bom quando nada é entregue rápido demais e dá pra sentir a diferença que os personagens fazem um na vida do outro.
Só pra dar um exemplo de como tudo tem dois ou mais significados nesse livro: a fala do Marco com ?Se ela se fosse, eu não seria nada? é tanto sobre o Circo e a Celia quanto o amor dele por ela.
São pequenos detalhes que me cativam demais.
Eu inclusive só queria dizer que o último capítulo é lindo demais. É quase como uma carta de amor de Erin para as palavras e a escrita. O ato de contar histórias é importante demais.
E essas palavras virem de um personagem que mal conhecemos e quase não emite opiniões na história traz um lado bem diferente e humano dele. É bem bonito.
Sei lá, não sei se vou conseguir passar o sentimento que tive ao ler esse livro, mas foi um experiência marcante demais.
É um livro que me fez pensar, repensar e me sentir uma grande espectadora de um show de mágica num circo misterioso. Me parece bem difícil fazer mágica ser descrita de forma tão vívida na sua cabeça, mas Erin Morgenstern foi mestre nisso.
É uma teia de história muito bem feita e complexa e eu mal posso esperar pra reler em ordem cronológica e tirar muito mais do mundo que Morgenstern criou.