O Cavaleiro inexistente

O Cavaleiro inexistente Italo Calvino




Resenhas - O Cavaleiro Inexistente


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Paulo Sousa 11/03/2024

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O cavaleiro inexistente [1959]
Orig. Il cavaliere inesistente
Italo Calvino (??1932-1985)
Cia das Letras, 2005, 120p.
Trad. Nilson Moulin
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?A armadura está vazia, não vazia como antes, esvaziada também daquele algo que se chamava o cavaleiro Agilulfo e que agora se dissolveu com uma gota no mar? (Posição Kindle 1709/91%).
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Italo Calvino escreveu o belíssimo ?Se um viajante numa noite de inverno?, a saga de um leitor que descobre que o livro instigante que está lendo veio com defeito, faltando páginas. É um livro excelente, mágico, inteligente, necessário.
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Dele, ainda li o ?A trilha dos ninhos de aranha?, uma leitura assim mais ou menos.
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Aqui entre os volumes intocados de minha biblioteca encaixotada - ai de mim! - também está o ?As cidades invisíveis?, talvez o livro mais famoso do escritor italiano, um projeto de leitura ainda relegado a algum dia no incerto futuro?
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Cá n?O cavaleiro inexistente, Calvino opera uma obra de cavalaria, a meu ver, às avessas, já que temos um herói que na verdade não existe, que de certa forma habita uma imaculada armadura branca. Seu nome é bem pitoresco: Agilulfo Emo Bertrandino dos Guildiverni e dos Altri de Corbentraz e Sura, Cavaeiro de Selimpia Citerione. Possui um escudeiro, com alguma dificuldade mental, cujo nome depende do lugar onde a dupla se encontra, mas na maior parte da trama, o chamam Gurdulu.
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A estória, contada por uma monja, mais de uma vez se entranha por batalhas e desmandos nos tempos do imperador Carlos Magno. Como todo livro desta espécie, vagueia por virgens oprimidas, embates entre exércitos rivais, fala do dia a dia da tropa em seus longos bivaques. Sendo bem curta (são só 120 páginas), eu me deixei levar pela preguiça e acabei não buscando cousas que me dessem alguma ideia do momento em que Calvino escrevera sua epopeia. Logo, não sei exatamente qual sentido de tão peculiar existência, a do Agilulfo, mas cá comigo fiquei a pensar sobre a impessoalidade e suas ramificações. Nada digno de ganhar mais que uma ou duas frases, mas o abrupto desaparecimento de Agilulfo, como num passe de mágica, enraizou somente esta impressão em meu espírito, sobre como a gente existe muitas vezes enquanto esta existência satisfaz algum interesse de outrem.
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Quem sabe eu volte ao livro, numa possível releitura e tome coragem de adentrar mais sobre esta ideia. Agora, nesse instante, ficará somente esta intelecção, pequena semente extraída de um livro que, com pureza d?alma, não me impressionou muito. Paciência.
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Pilar 09/04/2024

Fuja de ?spoilers? deste livro! ;)
Leitura brevíssima, agradável sem ser simplista, com imenso poder de síntese, bom humor, astúcia e surpreendentes reviravoltas.
Entre as reflexões filosóficas deste livro estão: os limites entre consciência e existência; e a honra (ou não) em cumprir com seu lugar no mundo ou superá-lo.
Foi meu primeiro Italo Calvino e sugiro a quem for ler que fuja de spoilers pra não perder a diversão.
Eduardo Vainer 15/04/2024minha estante
Dos 3 da trilogia este foi o que mais gostei.


Pilar 18/04/2024minha estante
Foi o primeiro dele que li, Eduardo. Vc sugere alguma ordem de quais próximos dele pra continuar?


Eduardo Vainer 18/04/2024minha estante
Eu li o Cavaleiro inexistente na edição de "Os Nossos Antepassados" da Companhia de Bolso que contém também o O Visconde Partido ao meio e O Barão nas Árvores. Lembro de ter gostado mais do Visonde. Em relação aos outros livros recomendo Marcovaldo e Se um Viajante em uma noite de inverno. Ainda tenho muito Calvino pra ler: Todas as Cosmicômicas, Os Amores Difíceis, os livros de não ficção...




Jacques.Bourlegat 09/04/2022

O cavaleiro inexistente
Expressão de uma fabulosa interpretação do real, para a qual não podemos ficar indiferentes. O cavaleiro inexistente descreve como deve se portar um cavaleiro perfeito. Tão perfeito que não existe! De fato, a perfeição é somente um conceito e não se pode alcançá-la.
No entanto, é uma realidade que se faz presente na tentativa de ser perfeita!
O personagem é surreal até mesmo em seu nome, "Agilulfo Emo Bertrandino dos Guildiverni e dos Altri de Corbentraz e Dura, cavaleiro de Selimpia Citeriori e Fez!".
Ele aparece diante de Carlos Magno em uma armadura toda branca, alva, bem conservada, sem um risco, " encimada no elmo por um penacho de sabe-se lá que raça de galo oriental". O ridículo da perfeição desse cavaleiro lembra sem dúvida o ridículo da imperfeição de Dom Quixote. Os dois personagens acreditavam ser cavaleiros reais.
Italo Calvino nos conta uma aventura nos moldes da cavalaria, pautado nas regras de conduta pelas quais buscam glória e honra.
E, podemos ler, entre as linhas, algumas críticas, veladas de conformismo pelos personagens oprimidos, sobre a conduta de tais cavaleiros que obram em nome de reis, sacerdotes e até mesmo do próprio Deus: abusam de seu poder e desvirtuam as regras supostamente invioláveis, sob falsas retóricas de redenção e perfeição.
No final do livro só posso concordar: o Cavaleiro inexistente é perfeito!
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Alberto 29/12/2021

Gargalhadas garantidas num texto inteligente e fácil de ler.
Muitas gargalhadas garantidas. Calvino sem medo de forçar a mão na farsa, no absurdo e na caricatura. O enredo é macarrônico, combinando com a intenção humorística, mas e narração é ágil, movimentada e a leitura não cansa. Claro que a aparente maluquice embute um projeto crítico. O cavaleiro que não existe, e ao mesmo tempo é o paradigma do soldado perfeito, serve de analogia para criticar o militarismo, o poder estatal e o automatismo de seus agentes: quantos apenas seguem ordens ou regras como se fossem meras "armaduras vazias"? E quantos não há que levam a vida só cumprindo ordens e executando mecanicamente tarefas, sem realmente "existir"? E como de costume Calvino usa a narrativa para meditar sobre o trabalho do escritor e as possibilidades da literatura. Bom livro, fácil de ler, divertido e inteligente. Não dei nota maior porque o último terço me pareceu destoar do começo, ficou um pouco lento. Sem contraindicações, pode ser lido por mera diversão ou como meditação inteligente.
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Bia_Gargel 16/03/2022

Surpreendente
Esse livro me surpreendeu muito. Ele possui uma escrita muito envolvente e rápida. É um livro repleto de ironia e as vezes chega até ser cômico. Os personagens são muito caricatos, mas dá para perceber que essa é a intenção. Italino Calvino faz tudo ser uma grande piada.

A história é muito divertida, porém a conclusão eu achei muito corrida e um pouco contradizente com alguns pontos que já haviam sido construídos na narrativa.

Mas de um modo geral, é um livro que vale muito a pena ser lido.
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Milly 30/05/2020

O cavaleiro inexistente
Isto não é uma resenha ->
A história começa em um convento ou em um acampamento de guerra, depende do ponto que o leitor levará em consideração. Dada como penitência narrar a história do cavaleiro inexistente, uma freira apresenta Agilulfo o cavaleiro que nada mais tem do que uma armadura branca. Nesta trama questões existenciais são abordadas através dos personagens, Agilulfo que não existe, mas, tem consciência da sua existência. Gurdulu existe, mas, não tem consciência da sua existência. Como pode uma armadura vazia tem maior firmeza que uma pessoa de carne e osso como Gurdulu?.O desenvolvimento do livro acontece quando o cavaleiro busca o paradeiro da castidade de uma moça de quinze anos atrás, acompanhado dessa procura são desenvolvidas outros personagens, Brandamente e Rambaldo movidos por paixão, Torrismundo pela aceitação.
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arthur966 31/01/2023

a arte de escrever histórias consiste em saber extrair daquele nada que se entendeu da vida todo o resto; mas, concluída a página, retoma-se a vida, e nos damos conta de que aquilo que sabíamos é realmente nada.
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Léia Beatriz 16/03/2023

Não sei o que eu achei...
O livro em si é muito legal e a história é boa, tem personagens interessantes e cenários legais, mas acho que não é o meu tipo de livro, apesar de ser uma historia muito interessante eu não leria novamente.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 18/07/2018

A Armadura Oca
Entre os oficiais de Carlos Magno, havia um diferente dos demais. Apesar de sua correção no cumprimento das funções militares, o que atraia a antipatia dos companheiros, sua armadura aparentemente não abrigava ninguém, era oca...

Na verdade, seu proprietário era uma criatura sobrenatural, o Cavaleiro de Selimpia Citeriores e Fez ou Agilulfo para os íntimos, protagonista de uma original história de cavalaria às avessas que encerra a trilogia "Nossos Antepassados" de Italo Calvino, da qual também fazem parte "O Visconde Partido ao Meio" e "O Barão nas Árvores".

Quem narra suas aventuras é uma penitente, Irmã Teodora, reclusa num convento. Apesar de inexperiente em assuntos bélicos, sua história surpreende ao exibir um sarcástico e fantasioso retrato dos cristãos em batalha contra os infiéis, inclusive, com um rei que mais se assemelha a um Zé Ninguém.

Entre os soldados, destaca-se Gurdulu, o escudeiro abobalhado de Agilulfo, que ao contrário do patrão, existe sem a menor consciência do fato. Aliás, ambos se completam, corpo e mente, formando a dupla ideal, perseguida sem sossego por Bradamante, uma destemida guerreira, que em busca do amante perfeito acaba apaixonada por um cavaleiro que não existe...

Contudo, nessa trama rocambolesca existem outras personagens curiosas cujos conflitos permitem diferentes discussões. A mais simbólica é a defesa da honra, abordada num momento difícil da vida do escritor, um conhecido militante comunista que acabara de deixar o partido por conta de suas divergências com o violento governo stalinista.

Muitos críticos também apontam "O Cavaleiro Inexistente" como severa critica ao nosso dia a dia. Ele representa o "vazio" da sociedade que, seduzida pelas aparências, coloca de lado seus valores essenciais. Há ainda quem considere, uma denúncia a robotização, isto é, a perda da individualidade pessoal.

Sem dúvida, uma leitura inteligente e divertida. Com pouco mais de cem páginas, também é uma boa recomendação para quem pretende conhecer o autor.
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Sid 07/09/2010

Autores de chamadas "ficções fantásticas" existem ao monte, desde aqueles aclamados por críticos, como Garcia Marquez e Borges, como autores de livros de módulos básicos de RPG, como Mark Rein Hagen. Alguns pegam peças, mitos, seres, ao já existente, e dá um novo formato ou faz uma releitura. Já outros criam novos ambientes, novos seres, uma mitologia inédita. Este é o caso de Italo Calvino.

Escritor italiano, nascido em Cuba, viveu durante a Segunda Guerra mundial e o Facismo na Itália. Foi membro do Partido Comunista do país, mas deixou o partido com uma carta célebre.

Dentro os seus primeiros trabalhos três se destacam por terem envolvimento elementos muito próximos, editados posteriormente com o nome de "Os Nossos Antepassados". O último a ser escrito, e o primeiro com o qual tive contato foi "O Cavaleiro Inexistente".
Criar situações inusitadas, como um ser dividido perfeitamente ao meio após receber um tiro de canhão, ou uma armadura ganhar consciência pelo simples desejo de servir a um grande imperador são normais no universo criado por Calvino.

Escrevendo de maneira objetiva ele consegue ter nosso consentimento para sentir sensações como paladar, acreditar ser possível a intervenção de forças maiores, alguém viver sem mais pisar no chão, em terra. Não cria teorias grandiosas para ter credibilidade em sua escrita, apenas descreve a melhor maneira de como foi possível chegar até o resultado final, e como outros personagens nas histórias aceitam, ou não, os fatos narrados, somos absorvidos por essa condição de veracidade.

Sempre me imaginei com uma grande criatividade, com uma mente capaz de devaneios grandiosos e complexos, até conhecer a simplicidade e magnitude colossal da obra de Calvino, onde apenas é necessário um único elemento para ter uma vastidão de combinações e possibilidades.

Foi através desse livro que conheci um autor grandioso e foi através dele que pude divulgá-lo a outras pessoas, caso tenha interesse em conhecer a história de Agilulfo, e sua força de vontade e fé numa causa, e as conseqüências desses atos, deve buscar esta obra-prima de um conteúdo singular, capaz de nos fazermos filosofar sobre quem somos e porque somos assim, do nosso jeito.
Christian 15/11/2012minha estante
Descreveu muito bem a obra do Calvino. É realmente incrível a simplicidade do estilo, leve e ágil, e temas que as vezes parecem prosaicos ou compostos por um único elemento e desencadeiam grandes reflexões na gente, além da magnitude.
Fora o lado humano, caloroso (italiano?) que existe nas obras dele, que me agradam muito.


sonia 25/06/2013minha estante
Já pensou que o realismo fantástico encanra porque a vida real é a coisa mais surreal que existe? Ao longo da vida tenho tropeçado em fatos reais inacreditáveis, pessoas estranhésimas e situações pra lá de bizarras. o fato de um cristão pegar em armas e sair matando, por exemplo, por si só é um completo absurdo.




Maitê 03/10/2022

um excelente conto, engraçado, inteligente, um cavaleiro que é o ideal romântico, bom demais para ser verdade, e de fato não é; é uma armadura vazia que busca confirmar seu nome. Sem nome se esvazia.
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Maria.Gabriela 18/04/2021

Bom
Confesso que pelo que me contaram achei que ia ser bem mais engraçado. Mas mesmo assim o livro narra com bom humor a história de Agilulfo, um cavaleiro que não existe e seu escudeiro que existe, mas não tem consciência disso.
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fantanauser 21/04/2022

o livro começa bem e é bem interessante no começo, muito bem detalhado e com boas promessas de enredo. até um pouco depois da metade a narrativa é bastante instigante. achei o final corrido e os plot twists fracos mas tudo bem, acho que valeu a pena mesmo assim.
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Marcos Faria 02/10/2012

Ítalo Calvino propõe uma série de jogos em "O cavaleiro inexistente" (Companhia das Letras, 1998). Para começar, é Calvino escrevendo um livro sobre uma monja que escreve uma história de uma armadura que não tem ninguém dentro. À primeira vista, é uma crítica da própria literatura, e em especial a do século XX, que de tanto elaborar discursos sobre si mesma acaba se perdendo no vazio. Enquanto isso, do outro lado, o de fora da armadura, as pessoas reais vivem, amam, sofrem, traem, se acovardam. Esse outro lado, porém, é também impotente sem a forma estruturante que a armadura proporciona. Sem ela, acaba ficando como o louco que acha que é pato quando está no meio dos patos, porco quando está no meio dos porcos e rei quando está diante de Carlos Magno. O final feliz depende da síntese bem sucedida, que depende de as duas partes abrirem mão do que são para se tornarem algo maior.

Publicado também no Almanaque - http://almanaque.wordpress.com/2012/10/02/meninos-eu-li-27/
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