Cah 06/01/2010
Simplesmente ruim
Vou fazer a resenha de toda a série nesse livro, porque teoricamente é o final da história (bem teórico, pelo final vago que autora deixou, se você ignorar a palavra fim). Não vou me preocupar em tomar cuidado para não contar "spoilers" porque quem está lendo isso ou já leu os livros ou vai desistir.
Depois de um tempão ligando no canal Telecine e sempre vendo trechos do filme "Crepúsculo", resolvi ler os livros para tentar entendes porque o romance entre uma adolescente e um vampiro bem fora do tradicional descrito pela literatura faz tanto sucesso entre os adolescentes. Não sei se fui capaz de compreender.
No primeiro livro, "Crepúsculo", Bella acaba de se mudar para uma cidadezinha nublada em Washington, onde conhece Edward e, após um suspense muito fraco, descobre que ele é um vampiro. O casal apaixonado passa a encarar as dificuldades de seu relacionamento, que pode colocar a vida da garota em perigo. Esse livro é até bonitinho. Depois de engolir a idéia de um vampiro no Ensino Médio e todas as bobagens que a autora inventou, a história de amor impossível até tem sua graça. Aliás, esse livro até tem algo bastante semelhante a um clímax, o que não se repete nos outros.
No segundo livro "Lua Nova", Edward deixa Bella achando que assim ela ficaria mais segura. A garota acaba conhecendo Jacob, que por um acaso é um lobisomem. Ok, se já engolimos vampiros, qual o problema de aceitar que ela seja amiga de uma alcatéia? Só que, além da falta de profundidade que Bella apresenta, apenas choramingando "Edward" pelos cantos, a história simplesmente se perde, mudando de rumo do nada e levando a um final tão sem graça quanto non sense.
Em "Eclipse", o terceiro livro, o que já estava meio fora de rumo se perde. O relacionamente entre Bella e Edward se torna mais doentio, quando eles entram em um triângulo amoroso com Jacob (este aliás, o mais próximo de um personagem realmente interessante, que acaba sendo totalmente descartado). Bella se torna uma louca por sexo enquanto o vampiro tenta defender sua virgindade de mais de 100 anos. O que ocorre por trás do romance entre os dois é irrelevante, uma vez que só está lá para que Edward possa salvar a mocinha e repetir o quanto se amam. O pior de tudo é que a linguagem vai ficando cada vez mais piegas.
O quarto livro, "Amanhecer", é um caos completo. A autora, aparentemente, quis causar algum espanto nos leitores, e só o que conseguiu foi uma história ridícula e de gosto bastante duvidoso. Bella termina a escola e casa com Edward aos 18 anos, seguindo para sua lua-de-mel no Brasil (que Stephenie Meyer transforma apenas em uma ilha particular, pois obviamente não saberia falar nada sobre o país). De repente a história vira um sequência de movimentos na horizontal, seguidos por uma gravidez(!) inesperada de um híbrido que vai matando a mãe por dentro(!!), levando a um parto que é uma versão vampiresca de uma cesariana, ou seja, a dentadas (!!!), após o feto quebrar a coluna da mãe (!!!!). E, depois de tudo isso, a mocinha vira uma vampira, após um longo sofrimento de dois dias, imobilizada por um sedativo que deveria fazer com que não sentisse dor. Simplesmente não consigo entender como o romance adolescente, de certa forma doce e inocente, vira esse show de horror. O livro nem parece ter a mesma autoria do primeiro, a sensação é que a autora foi possuída pelo fantasma de Edgar Alan Poe (que se reviraria no túmulo se pudesse ler essa comparação). Poderia também ser comparado a uma versão ruim de "Contos na Taverna".Para completar o freak show, existe uma relação bastante estranha entre homens que viram lobos e meninas de 2 anos e, os Volturi, a família imperial vampiresca, volta para um final totalmente sem sal.
A série poderia acabar com o casamento, pulando a tranformação da mocinha em morta viva ou simplesmente deixar que ela terminasse com Jacob. A inocência seria uma boa oposição a sinceridade excessiva e mal direcionada da autora, e a única salvação da série da desgraça completa.