Mariana Eleutério 26/08/2019
Eu não esperava por isso!
Se tem uma coisa que eu sou fascinada é em historias que hajam um aspecto etéreo em volta de um ou alguns personagens -pitorescos, perfeitos e intocados, especialmente quando metidos em um casarão que parece ter personalidade própria. Essas historias me encantam por inteiro.
Eu comecei a ler “Dentro do espelho” três vezes. A personagem principal não saltou os olhos a principio, cá estava eu (desinformada até) imaginando que o lance “agente infiltrada” seria sobre organizações criminosas e coisa que o valha, mas não, era sobre um grupo de seres únicos, que pareciam sair de um quadro antigo.
O fato de Cassie/Lexie ser uma agente infiltrada e todas as peculiaridades do oficio (fingir ser outra pessoa não é fácil) pôde me dar descrições ainda mais encantadoras a respeito de percepções miúdas, interações de ambiente… E serio, como amei aqueles cinco amigos! Como amei aquela casa – quem me dera escrever algo com tanta alma.
A autora, Tana French, volta e meia está na minha estante, e sempre, inevitavelmente, eu só percebo quando adentro na narrativa.. Há uma assinatura tão particular… Mais extenso do que o normal, mas nunca de forma cansativa; A perfeição que foge do clichê – nada sobre pessoas simplesmente lindas, mas a perfeição que fala sobre o corar de bochechas de uma mulher, uma pele bronzeada, a perfeição dos momentos junto de amigos que se amam…
Sobre o desfecho, foi engraçado até, vejam só; Eu pude “supor” quem seria o assassino tão simplesmente por ter lido, há um tempo atrás, “O mural de segredos” (também um titulo da autora com; 5 amigas, uma morte e tudo mais) sendo que a construção das personalidades dos integrantes dos grupos se assemelhavam.
Amei todas as partes do livro, mas algo que continuou me incomodando– e é comum a autora, foi a quantidade do que há de se ler após o climax. Ela poderia acabar o livro cinquenta paginas antes e nos deixar de boca aberta, mas houveram historias e historias após isso.