@apilhadathay 22/01/2012
Resenha Moedas para o Barqueiro
A morte chega e, com ela, paradoxalmente uma nova vida. Mas, para se chegar nessa nova existência, é preciso atravessar o rio que separa o mundo dos vivos do mundo dos mortos. Caronte é o barqueiro que faz essa travessia. Entretanto, exige incondicionalmente seu pagamento: duas moedas. Caso contrário, o desencarnado ficará preso entre duas terras. Moedas para o Barqueiro II traz novas histórias sobre a única certeza da vida. E um conselho: ande sempre com suas moedas... Você nunca sabe quando precisará delas.
Esta é mais uma das antologias que recebi em parceria com o amigo e autor Rafael Sales - autografada e com dedicatória! Mais uma vez, obrigada, amigo! O livro reúne 67 contos que refletem, como o título anuncia, a morte - não necessariamente envolvendo o barqueiro Caronte, como eu pensara, a princípio, mesmo que esteja dentro de um universo fantástico.
Além das lendas antigas abordadas e das releituras do mito do barqueiro, encontrei muito mais aspectos reais do que fantasiosos no livro. Alguns dos contos poderiam ser interpretados como lendas urbanas - são assustadores, provocativos, causam reflexão e tiram o sono. Ainda não li o primeiro livro mas, pela apresentação de Cristiana, de fato havia mais LitFan no primeiro volume do que neste, que abriu espaço para abordagens da morte no cotidiano. Eu me apeguei a alguns personagens em especial e, no fundo, flagrei-me desejando que no fim, não fossem levados pela "Indesejável das Gentes". Mas ela também é chamada a Inevitável, então...
O design de capa, de Marina Ávila, ficou sensacional. Ela, que já é famosa por seu trabalho gráfico, fez mais um excelente projeto que é de assombrar, até nos detahes. A revisão, que ficou por conta de Helena Gomes, também nada deixou a desejar, foi impecável. Um fato triste é que um dos autores, Humberto, faleceu alguns meses antes do lançamento e não teve a oportunidade de ver o livro pronto.
No geral, não senti com o livro a mesma conexão que poderia, mesmo que alguns dos textos tenham mexido comigo. É uma leitura mais séria, reflexiva, que pode até agradar ao público jovem, mas acredito que seja mais voltado ao adulto. Levei um pouco mais de tempo para ler, mas acredito que menos pelo livro do que pela própria perda que sofremos aqui - coincidência ou não, aconteceu, e me levou a buscar reflexão em cada um dos contos seguintes.
Meus favoritos foram...
A Menina
A Manhã Perfeita
Casamento Perfeito - uma visão dos velórios que compartilho com o autor.
O Beijo da Dama - incrível a forma como aborda as (in)diferenças sociais e os alvos da morte
Manhã de Setembro
Um Último Jantar
Réquiem do Sol - sensacional
Morte Nihil. Certius Est, Nihil... - é um grande título, de fato ^^
O Viajante - do próprio Humberto, que partiu, mas deixou um grande conto
Resenha completa no Canto e Conto:
http://canto-e-conto.blogspot.com/2012/01/resenha-moedas-para-o-barqueiro-ii-org.html