O País das Neves

O País das Neves Yasunari Kawabata




Resenhas - O País das Neves


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dani 24/08/2021

Uma viagem pelas quatro estações de uma mesma paisagem
Através da escrita hipnotizante de Yasunari Kawabata, primeiro escritor japonês a levar o Prêmio Nobel, embarcamos numa viagem a um lugar onde os sentimentos estão entrelaçados com a paisagem, tão fascinante e enigmática quanto o coração humano.

Nosso companheiro de viagem é Shimamura, um homem rico e escritor medíocre da capital. O destino de suas viagens (ou melhor, escapadas) é um lugar remoto conhecido como País das Neves, uma estância de águas termais cercada por uma paisagem montanhosa onde o inverno é bem rigoroso. Esse lugar funciona como um refúgio não só para Shimamura, mas também para a gueixa Komako e a jovem Yoko. Duas mulheres misteriosas que se assemelham aos dois polos de um mesmo ímã.

As descrições poéticas de Kawabata conseguem nos afogar no cenário. A brancura da neve, o frio do inverno, os sons dos instrumentos e das vozes, o calor do fogo. Um verdadeiro banquete para os sentidos.

Um dos elementos mais brilhantes do livro é que cada viagem ocorre em uma estação diferente. Com a passagem das estações, os personagens também mudam. Ao mesmo tempo em que se aproximam, também se afastam. Acreditamos que sabemos mais sobre eles, mas na verdade, parece sabemos cada vez menos. Passamos a ver o reflexo do reflexo do reflexo... Como numa casa de espelhos. De modo que a impressão é que tudo o que acontece e que é dito no País das Neves não passa de uma ilusão, seja sonho ou pesadelo.

A obra é permeada de metáforas cuja beleza é difícil de descrever. Só lendo para experimentar. Aproveite a viagem ao País das Neves!
Lipe 11/01/2022minha estante
O livro é realmente perfeito. Fui especialmente seduzido pela forma de escrever do autor, tão poética, doce, fazendo com que a paisagem gélida do País das Neves seja transferida para o corpo do leitor.
O livro mais belo que já li na vida, realmente.


Illana2 11/01/2022minha estante
Depois dos comentários de vocês terei que reler.... Eu só passei a gostar do meio pro final. Achei o shimamura um porre. Na verdade, não gosto de como se mostra a relação humana japonesa. Como se constrói a psique das personagens. Acho raso e superficial. Mas o cenário em si é muito bom. Gostei da história do lugar e das pessoas muito mais que a interação entre shimamura e Komako, que sempre me parece igual nas estórias japonesas...




Roberto 07/06/2020

O lugar comum de todo comentário a “O país das neves” é reconhecer a maestria de Yasunari Kawabata para, mais do que descrever, pintar e esculpir paisagens e cenários que não só abrigam seus personagens, como interagem com o estado de espírito deles e com o nosso.

Para além dessa beleza, a relação dos protagonistas Shimamura e Komako é cercada de mistério, de não ditos, de limitações subjetivas; são personagens que nunca se revelam por inteiro, porque só acompanhamos o que eles querem mostrar um ao outro. Essas zonas escuras soam não como uma deficiência do romance, mas como um toque de humanidade e autoproteção dos personagens. Nós, intrusos, é que queremos furar esse bloqueio.

Afinal, na vida, queremos o mesmo. Conseguir ler e entender o outro com mais clareza do que geralmente nos é possível. Saber se o coração desse outro é um território seguro para os nossos passos. Tudo leva a crer que Komako ama Shimamura. Os sentimentos dele, por sua vez, são muito mais ambíguos e discretos, às vezes mesmo sugerindo a não reciprocidade. Ainda assim, é difícil para nós (e para eles) assumir com segurança as dinâmicas e os sentimentos envolvidos nessa relação. Como é para todo mundo que alguma vez já se perguntou se era correspondido, ou que já se sentiu insuficiente dentro de um relacionamento. No fim das contas, talvez essa interpretação seja enviesada pelas experiências de quem lê, pela projeção, pela identificação com a ambuiguidade de Shimamura ou a entrega de Komako.

Eu acredito também que, da mesma forma que Shimamura enxerga na vida e nos comportamentos de Komako muitos “esforços em vão”, uma questão que ronda o personagem afinal é: e quais são os propósitos dele? Por que ele continua voltando a Komako se sabe que a relação deles não tem futuro? A neve, nesse romance, pinta uma metáfora da nossa solidão interior, nossos desejos incompreendidos e injustificados, nossa incerteza inevitável diante do sentimento dos outros. Muitas das nossas perguntas, dentro e fora do romance, encontram somente o silêncio. Mas me parece certo que algumas das nossas viagens têm como destino uma mera fantasia, uma experiência que em si mesma é capaz somente de deixar a vida mais bonita. Isso é o bastante?
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Caroline.Evellyn 18/11/2022

Uma viagem ao Japão
A magia do livro em nós transportar para qualquer lugar do mundo, o país das Neves faz essa magia, gostei
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Nicolas388 18/04/2023

Atravessava-se um longo túnel e lá estava o País das Neves. A noite assumiu um fundo branco."
Muitas vezes dito como a obra-prima de Kawabata Yasunari, o livro trata sobre uma relação fadada ao fracasso entre as montanhas do Japão. Shimamura, um escritor medíocre e de boas condições, conhece Komako, uma gueixa desamparada, em um resort de águas termais.

A escrita de Kawabata é extremamente rica. Ele matiza as cenas, a natureza e os cenários com uma sensibilidade de pintor, como se toda história pertencesse ao todo de uma pintura.

Não pela escrita, porém me demorei para engajar na história por conta de seus personagens. Shimamura é um homem entediado, quase um niilista, ao passo que Komako manifesta uma bipolaridade. O autor, mais tarde, descreveria Shimamura como "um espelho que reflete Komako", que, não por acaso, foi inspirada em uma gueixa que Kawabata conheceu.

A relação dos dois é extremamente ambígua, de uma beleza e tristeza que repercute por toda a obra, seja nas descrições ("Era uma voz tão bela que chegava a ser triste"), seja nas metáforas visuais nas quais o escritor irá se apoiar para a composição da moldura desta história.

O final é aberto, mas me parece muito interessante esta característica de uma história sem delimitações entre seu começo e fim, algo muito presente não só na literatura de Kawabata como na literatura japonesa em geral. Em uma entrevista (disponível no YouTube com legendas em português, para quem tiver interesse), Kawabata irá explicar sobre este aspecto em suas narrativas: "Essas peças terminam a história em um ponto em que há uma nova história por vir."

site: https://youtu.be/kyco3qr_WVE
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Kleber 25/11/2013

Shimamura e seus amores incompletos
Shimamura entregou seu corpo para Komako e a alma para Yoko. Mas se entregar de corpo e alma a uma só mulher, isso sempre lhe foi impossível. Mesmo para a esposa, que ali naquele lugar mais parecia uma lembrança distante; certamente não foi amada integralmente, provavelmente menos ainda que Komako e Yoko. Pois País das Neves é um romance de amores incompletos.

Ao menos superficialmente, parece que Shimamura estava feliz com esse amor platônico, em desejar uma mulher em seu íntimo, em fantasiar. Mas é difícil inferir com certeza sobre suas impressões: ou Shimamura era um homem realizado à sua maneira pouco incomum de experimentar o que compreendia por amor, ou era um homem infeliz, escravo de o que quer que o impedisse de se entregar totalmente à paixão por quem quer que seja. Em todo caso, parecia satisfeito, feliz ou infeliz com a situação. Há pessoas que encontram satisfação mesmo na infelicidade, que optam por isso.

E o lirismo do livro é uma coisa incrível. Kawabata pinta com palavras, e enche nossos corações com descrições cheias de uma riqueza poética que eu particularmente nunca tinha visto em nenhum outro livro. Sutileza, sugestões, erotismo e um final arrebatador.
meriam lazaro 26/05/2018minha estante
Resenha bela e digna desse autor extraordinário.


Soseki 05/06/2023minha estante
Perfeito.




B.norte 19/01/2021

Poesia em texto
O final um pouco triste.
Não é um livro que me prendeu ou me empolgou, porém eu gostei de ler e achei até que foi rápido, gostei das descrições feitas pelo autor, são bem poéticas.

Não recomendo como leitura inicial do Kawabata ou de Literatura Japonesa, porém se você já está acostumado com a leitura do autor, vamos dizer que é um bom livro (prefiro "A casa das belas adormecidas").
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Diego Rodrigues 24/05/2023

"O passado é uma roupa que não nos serve mais"
Para muitos, a obra prima do escritor japonês, e vencedor do Nobel, Yasunari Kawabata. "O País das Neves" foi publicado em sua primeira versão em 1937 e teve sua versão definitiva finalizada após a Segunda Guerra Mundial. O breve romance gira em torno do excêntrico professor Shimamura, que visita uma região montanhosa do Japão em busca de uma gueixa que conheceu anos atrás. A montanha, a neve e a beleza da jovem Komako exercem certo fascínio no nosso protagonista, que de tempos em tempos deixa a conturbada capital e a monotonia do lar para visitar a região conhecida como País das Neves. Envolta em mistério, melancolia, sensualidade e elementos da natureza, a estadia de Shimamura acaba se revelando uma constante busca pelo "eu".

Kawabata é dono de uma das escritas mais bonitas com que já me deparei. Marcada por lirismo e um sensorialismo exacerbado, sua narrativa consegue nos transportar facilmente para outras paragens. No caso, para um pequeno vilarejo coberto de neve em meio as montanhas japonesas. Nem preciso dizer o quanto esse livro é aconchegante na companhia de uma xícara de café, né? (em especial, para aqueles que gostam de um friozinho). A obra também nos apresenta vários elementos da cultura japonesa, como as gueixas, o som do shamisen (instrumento musical típico), a tecelagem do chijimi (tecido produzido no Japão) e alguns costumes populares. Como resultado, temos uma leitura sensível e contemplativa, desprovida de grandes acontecimentos, mas rica em significação.

É um livro que trata, de forma muito delicada, da passagem do tempo e da efemeridade das nossas relações, como amamos e deixamos de amar, desejamos e deixamos de desejar, e a dificuldade em deixar pra trás aquilo que deve ser deixado. Um sentimento de nostalgia permeia toda a obra, não por acaso repleta de flashbacks e alusões a espelhos e imagens sobrepostas. Shimamura é o tipo de personagem que olha muito pra trás e se perde facilmente em seus devaneios, parece sempre retornar a montanha em busca de algo que já não existe. Mas, como dizia Belchior, "o passado é uma roupa que não nos serve mais". Talvez todos nós tenhamos uma "montanha" para a qual gostaríamos de retornar nos momentos difíceis. Afinal, o passado sempre deixa marcas. Mas é importante aprender com o mesmo e superá-lo, ou corremos o risco de viver eternamente em um País das Neves.

site: https://discolivro.blogspot.com/
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Marcos606 24/03/2023

Em um trem, Shimamura viaja para uma cidade termal para ver uma mulher (que mais tarde se chamará Komako) que ele conheceu há meio ano. Enquanto está no trem, ele fica obcecado por Yoko, uma garota de beleza incomum que cuida de um homem doente, e fica especialmente fascinado pelo reflexo do rosto dela na janela. Mais tarde, quando o trem para em uma estação e Yoko grita para o chefe da estação, Shimamura também fica fascinado pela clareza de sua voz.

Chegando em uma noite fria a uma pousada da cidade, Shimamura se assusta ao encontrar a mulher que conhecia, que agora se tornou uma gueixa, esperando por ele. Os dois vão para o quarto dele e começam a conversar, então a história volta ao primeiro encontro.

Como fica claro na seção de abertura, nosso protagonista é propenso a fantasias sobre mulheres bonitas. É apropriado, então, que o romance se passe numa terra tão isolada que se torna quase uma fantasia ou ilusão, com a passagem do protagonista através de um túnel para esse mundo, o país nevado na província de Niigata, na costa ocidental do Japão, que recebe excepcionalmente fortes nevascas causadas pelos ventos frios do mar. Durante os meses de inverno que vão de dezembro a abril, as estradas ficam bloqueadas pela neve, a localização remota da fonte termal, no sopé das Montanhas Fronteiriças, confere-lhe a qualidade de um local perfeito para escapar do mundo cotidiano. Lá se encontram as ilusões do homem e da gueixa, que não deveria se apaixonar por seus clientes. Mas nunca poderá ser.
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Alan360 07/11/2020

Bom mas nao me empolgou
Tem partes belíssimas, poéticas e sutis. Outras partes bem entediantes, repetitivas. Não me empolgou para ler outras obras do autor.
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Leonardo 09/08/2021

Quando peguei para ler País das Neves, achei que seria fácil de ler por ter poucas páginas, contudo, percebi que o ritmo e a escrita eram diferentes do que estava acostumado. Apesar de ver algumas review falando que não gostaram, eu digo o seguinte: ela é uma leitura que precisa calma e um certo nível de bagagem literária.
Com isso, tive uma boa e agradável leitura. Apesar de que em alguns momentos tive dificuldade para entender quem estava falando, a passagem de tempo mas, nada que compromete-se a continuar a ler.
Vale mencionar que o autor sabe como te 'emergir' no ambiente da obra e conduzir com segurança.
Posso dizer que no futuro relerei o livro.?
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Rafael 01/06/2021

Esteticamente (na vdd, em todos os sentidos) parecido com os outros livros, mas é disso que a gente gosta
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Aninha 16/01/2023

Uma obra-prima pincelada com palavras
A ambientação e a prosa lírica impecável são marcantes desde o início e brilham ao longo das páginas, a verdadeira força motriz que te faz querer ler cada vez mais.

Assim como o Shimamura e a Komako se sentem presos um ao outro, nós ficamos presos na realidade do País das Neves. Ao mesmo tempo em que os personagens entram num conflito quase que sufocante, temos o frescor da descrição da natureza, além de ficarmos à mercê da belíssima arte e cultura milenar japonesa, tudo isso em conjunto me passou a sensação de estar tendo um devaneio, por ser tão único e bonito que é difícil de acreditar.

Estou encantada por esta obra e com certeza irei reler algum dia, mas agora meu coração está ansioso para conhecer os outros livros do autor primeiro.
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kendi 12/04/2021

pacato... até de mais
o livro não parece se desenvolver muito, todo o livro é a relação entre Shimamura e Komako, que na minha opinião é bem chata, pois os dois são bem intragáveis. Talvez seja uma diferença de cultura (e até de estilo), apesar de eu ser descendente de japoneses, mas a relação deles é muito esquisita, em nenhum momento parecem ser enamorados, não parece ter paixão nenhum entre eles, ternura, compaixão, nada...
não consegui identificar nenhum conflito pertinente ou questão que me tocasse na relação dos dois. a relação deles me levava mais ao tédio do que qualquer outra sensação.

a única parte interessante é são as descrições que o autor faz da região do país das neves, para mim, que já adoro frio e neve, me fez querer muito mais viver em um lugar pacato e aconchegante, apesar de o país das neves ser tão frio que chega a ser hostil.

esse foi o meu primeiro contato com o yasunari kawabata, sinceramente li este livro porque é considerado seu magnum opus e ser um livro curto. por este livro é ser seu magnum opus e de outras resenhas e opiniões (que li bem por cima) achei bem decepcionante o livro, em muitos lugares falaram da sua maestria na descrição das paisagens e locais, que apesar de ter sido agradável essa característica, não achei magnifica ou muito superior a outros escritores que li. o enredo como disse me foi muito enfadonho.

havia comprado junto um outro livro do kawabata, o som da montanha, mas depois dessa leitura não tenho planos de lê-lo num futuro próximo.
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Daniel Andrade 08/12/2023

Enredo ok, ambientação perfeita
Se o enredo fosse tão bom quanto a ambientação, seria 5/5. Poucas vezes consegui visualizar tão bem uma paisagem quanto nesse livro. A história em si é legal, mas faltou algo para me agradar mais. Quem sabe encontre em outros livros do Kawabata.
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Andre.Santana 14/04/2022

O País das Neves
O País das Neves é um livro plástico, estético, que comove mais pela construção de imagens do que pela história. Os personagens estão entre as imagens, compõem o quadro de paisagens sublimes e delicadas que Kawabata recita nas páginas.
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