Heidi Gisele Borges 22/03/2012Logo no início, ao pegar o livro, me deparei com um excelente trabalho. A imagem da capa é de uma flor com duas pétalas em formato de asas. Há uma textura aveludada em toda a capa, como se fosse realmente revestida com pétalas. O toque é suave. Um trabalho muito delicado e diferente. Lindo!
A história de Asas (Editora Bertrand Brasil, 294 páginas, R$29), que faz parte de uma série chamada Fadas, é sobre a menina Laurel, 15 anos, adotada – fora abandonada na porta da casa de seus pais adotivos –, que nunca foi à escola, tinha aulas em casa, como é comum acontecer nos Estados Unidos. Mas a família se muda e resolve matriculá-la em um colégio público. Sem conhecer ninguém, nem ter noção de como agir, Laurel se sente mal. Porém, como é normal nessas histórias, logo conhece David, o garoto desejado por todas. E é óbvio que ele vai se interessar pela frágil Laurel.
Passados alguns dias a menina descobre um caroço nascendo em suas costas, óbvio que já sabemos o que será. Mas a descrição é de como ela descobre a “flor”, pois até então não entende o que se passa e assim a chama, é muito bonita, acompanhar a descrição junto com o toque na textura da capa, é como se estivesse tocando as asas, é o ápice do livro.
“– Como pode ficar tudo bem, David? Tem uma flor crescendo nas minhas costas. Isso não está bem”, pág 69.
Mais à frente ela encontra um elfo, chamado Tamani, que a ajuda a entender melhor o que se passa, quem é ela e novamente o usual é que a protagonista não acredite. Quando ela vai embora percebe um pó dourado em sua mão.
A história até pouco antes do encontro com o elfo é bacana, mas depois fica a questão “Mais do mesmo?” A invenção fica por conta de que aqui as fadas são plantas, como Laurel percebeu, a textura daquilo que saia de suas costas era a mesma de algumas pétalas. Pois ela vai em busca do elfo Tamani que tenta ajudá-la:
“– Eu nunca li nada sobre o fato de fadas serem plantas. E, acredite, eu procurei – disse ela.
– Os humanos gostam de contar histórias sobre outros humanos, só que com asas ou cascos ou varinhas mágicas. Não sobre plantas. Não sobre algo que eles não são e que jamais poderiam ser – Tamani deu de ombros. – E os humanos se parecem muito com a gente, então suponho que seja uma dedução razoável”.
Para uma fada ter bebê, ela precisa ser polinizada por um elfo, como explica Tamani.
“– Fadas e elfos crescem em flores. A fada... é polinizada por um elfo e, quando suas pétalas caem, ela fica com uma semente. Ela planta a semente e, quando a flor brota, você tem uma muda.
– Como vocês... nós... você sabe, fadas e elfos, polinizamos?
– O elfo produz pólen em suas mãos e, quando um elfo e uma fada decidem polinizar, o elfo toca o interior da flor da fada e deixa que o pólen se misture. É um procedimento um tanto complicado”.
E ele explica que existe a questão do sexo, mas para diversão! E lembre-se, leitor, que um pouco antes, na resenha mesmo, disse que o elfo Tamani havia deixado um pó dourado nas mãos de Laurel em seu primeiro encontro...
Mas algumas frases são realmente muito interessantes, no caso da citação seguinte, Tamani fala sobre Avalon e o Rei Artur:
“– Digo uma coisa: se você quiser guardar um segredo, transforme-o numa história humana. Eles vão alterá-la tanto em cem anos que ninguém jamais poderá separar o que é verdade do que é mito”.
Diz na divulgação da série Fadas, que é “uma extraordinária série de magia e de intriga, de romance e de perigo, que mudará para sempre tudo o que as pessoas imaginavam saber sobre fadas”, então prefiro as histórias clássicas. Essa não me prendeu, aliás, foi até um pouco complicado terminar a leitura. É indicado para leitores de Crepúsculo, e é tão criativo quando o vampiro que brilha e se apaixona.
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