A morte em Veneza & Tonio Kröger

A morte em Veneza & Tonio Kröger Thomas Mann




Resenhas - Morte em Veneza & Tonio Kröger


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Cesinha 30/07/2016

Aschenbach é um artista,mas como mestre da forma está preso a ela. O homem moderno,cativo no mundo que ele próprio construiu e mantém, é apolíneo.O rompimento da forma pela arte moderna é sintomático. A busca de liberdade se dá de maneira conservadora. Aschenbach é um ser não-comportamental sublimado. O artista sublima esteticamente sua existência negada na realidade social. Realiza-se em sua obra.

Aschenbach representa a ambigüidade do homem moderno,no qual a aparência de disciplina e produtividade esconde um interior minado pela insatisfação .O escritor amava seu ofício,mas estava cansado e preocupado em não deixar que isso transparecesse em sua obra. Jamais conhecera a ociosidade,vivera uma vidaregrada e previsível.

A previsibilidade da vida moderna e sua imperfeição o ferem. Acostumara-se a se alegrar com a meia perfeição de sua obra,mas, repentinamente,não conseguia mais.

A viagem, o distanciar-se de tudo que é conhecido e previsível é a única saída frente à resignação da vida cotidiana. Caminhos conhecidos não levam a lugar algum.Assim, a viagem é uma procura de um sentido próprio e inclassificável para a vida, o qual denominaremos destino.

Aschenbach buscava o estranho e o sem relação; a viagem que o leva a Veneza também é uma viagem interior. Sua alma desperta para questões sobre a validade da obra artística ou de qualquer outra obra. Mann sugere que a satisfação humana não pode derivar da atividade artística, nem de qualquer outra atividade que resulte em um produto.

Aschenbach, como artista que ousa querer viver, está propenso ao indefinido. A solidão que lhe proporciona a inspiração criativa também o seduz para o absurdo e o proibido.

Seu desejo de descansar observando o mar despreocupadamente significa a aceitação da ociosidade e do nada-uma forma do perfeito-tão opostos à sua tarefa, mas por isso mesmo sedutores. A insatisfação para com a mercantilização da vida é explicitada por Mann de modo acontrapô-la a um encantamento que estava tornando-se nostalgia.
Douglas 14/10/2020minha estante
Excelente resenha. Obrigado


Cesinha 14/10/2020minha estante
Obrigado ! =)




Isidro 27/12/2011

Sobre Morte em Veneza
A história de um renomado escritor alemão que viaja para Veneza em busca de descanso e é arrebatado pela beleza de Tadzio, um garoto que encontra-se hospedado com sua família no mesmo hotel, demonstra a predileção de Thomas Mann pela arte (com fortes pitadas de homoerotismo) e revela a dicotomia que tanto o torturava: o artista como um deus que vive em um mundo platônico de beleza e virtudes, mas, ao mesmo tempo, contaminado pelo mundanismo terreno. Eis aqui um dos relatos mais vivos sobre a relação entre a arte e a vida, a perda da dignidade do artista e a paixão incontida. Uma obra-prima do gênero, escrita com muita sutileza e profundidade psicológica.
Daniel 17/01/2013minha estante
Bela resenha. A riqueza de detalhes que o personagem principal vê e ouve são um banquete para os sentidos. É comovente acompanhar como Aschenbach sucumbe à juventude e à beleza.




Juliana (Ju/Jubs) 10/07/2021

Este é provavelmente o livro mais difícil que já li na vida. Desde pequena eu sempre tive interesse em "A Morte em Veneza" pura e simplesmente pelo título; mas ninguém me avisou da dificuldade. Na primeira novela, no começo, eu tive que ler cada parágrafo três vezes para conseguir o mínimo de entendimento, mas depois a leitura começou a fluir.

Mesmo não entendendo tudo, "A Morte em Veneza" me surpreendeu muito e me deixou intrigada pela quantidade esmagadora de simbologia e referências, o pouco que consegui extrair me deixou muito animada, pois parece um enigma a ser desvendado.

Na segunda novela, "Tonio Kröger" eu me preparei psicologicamente para a mesma dificuldade, mas foi extremamente mais fácil de entender e eu adorei o primeiro capítulo. Esta novela não me pareceu ter muito mistério, mas deu para aprender bastante sobre o autor, o que foi muito interessante.

Gostaria de deixar um destaque ao fato de os protagonistas das duas novelas serem bissexuais, isso em textos escritos por volta de 1900. Eu fiquei muito feliz e surpresa, fico pensando no surto que não foi na época e isso me alegra muito mais. Bissexuais existem e estes textos são uma amostra de que não são uma "invenção da modernidade".
Antonio.Junior 27/07/2021minha estante
Imagine então a surpresa do mundo ao Freud afirmar em 1905 que: "Todos temos uma predisposição natural para a bissexualidade".




karlinismo 29/03/2021

O dever de uma realização extraordinária
O homem possui um talento curioso: põe fardos que não lhe pertence sobre si.

Motivados pela cobiça, pela vanglória, pelo exemplo de outros, pelas circunstâncias, pelo desespero e desamparo, nas formas mais complexas e inusitadas, como só um ser humano é capaz de experimentar, somos inevitavelmente levados ao erro.
Nosso desejo de transcendência, nossa necessidade de preenchimento e nossa aspiração a posse do bem, natureza que nada pode fazer calar por completo, em vias desordenadas nos encaminham para um vazio existencial do tamanho de nós mesmos, e por isso insuportável. Com ébrio ou doentio entusiasmo, desejamos o mundo inteiro para saciarmo-nos nele. O sentido e o valor de nossas vidas é depositado em nossas obras e bens, proporcionando uma sensação de segurança e satisfação tão falsas e frágeis que, a menor contrariedade, nos empurra ao terror e desmedido sofrimento.

Tonio Kroger confessa, em sua devastada melancolia: "não encontro o que procuro". E, seu semelhante, Gustav Ashenbach, responde, atormentado pelos próprios nervos: "pois não conseguimos elevar-nos, apenas exerceder-nos".

E sim, execede-se continuamente a pobre humanidade pela crença utilitarista e destrutiva no dever de realizar coisas extraordinárias.

Engrandecer-se pelas obras e pelos bens. Você consegue se lembrar a primeira vez que ouviu que deveria "ser alguém na vida"?
O nosso valor passa a ser calculado pelo que fazemos e possuímos.

A causa e o fim pelo qual cada pessoa existe é desprezado e o valor inato e irredutível de cada alma é ignorado. E assim, vários vão perdendo-se, pretendendo forjar com as próprias mãos um sentido para as suas vidas.

O homem simples, anônimo, dócil ao presente, despretensioso, e que assim abraça-se a mais genuína felicidade é o maior mistério para uma geração calculista e cobiçosa.

Esta obra de Thomas Mann é abundante em camadas, trazendo inúmeras reflexões filosóficas e morais, além das ricas referências literárias. Para isso usa o estado do artista, apresentando sua posição na sociedade e sua conduta mordaz quando coloca altas exigências e ideais para a perfeição acima de tudo e todos. No entanto, isso é uma realidade amplamente humana, vivida por condições, objetivos e interesses múltiplos.

E essa perseguição a felicidade, a plenitude, a realização pessoal, nas coisas temporais e quebradiças é ferir-se. Ferida de morte!

Falando diretamente sobre os personagens, ambos sentiram a falta de algo no coração, sentiram aquele espaço inóspito que protesta por zelo e habitação, mas foram incapazes de dar nome às suas moções mais íntimas, interpretando, levianamente, como uma 'vontade de viajar'. E foram buscar fora o que estava dentro, e, sem nenhum espanto de minha parte, terminaram sem nada, divagando em ilusões.

Penso muitas coisas a respeito dessas histórias, e, infelizmente não concebo minhas impressões como gostaria, mas termino com a máxima bíblica: "Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo??. (LC 9, 25)
karlinismo 30/03/2021minha estante
Correção ortográfica para 'exceder-nos' e 'excede-se'! :)




mrsnone 16/06/2020

A reflexão de Thomas Mann
Os dois contos que se encontram no livro são extremamente magníficos. Com escrita e estética impecáveis. No primeiro conto "morte em veneza" temos um personagem que é um escritor e que procura se distanciar um pouco dos lugares que frequentava, decide, então, viajar à Veneza e passar uns tempos por lá. Acaba se apaixonando por um garoto chamado "Tadzio", mas como nunca conversou com o garoto, apenas o observa e, não obstante, o persegue durante toda a narrativa. Uma coisa que me incomodou nesse conto - de desculpe-me problematizar - é a diferença de idade dos dois, tanto do personagem principal, chamado Gustav, como do Tadzio; um garoto de aproximadamente 16 anos. Gustav é narrado já como um senhor de cabelos grisalhos... Enfim, o conto se resume na perseverança que o Gustav tem em admirar Tadzio, mesmo que isso cause, indubitavelmente, em sua tragédia. Esse conto mostra algo comum nas obras do Thomas Mann: o distanciamento dos personagens da sociedade.
No segundo conto, "Tonio Kröger", é o que me cativou e me fez dar 5 estrelas para a obra. Um conto com fragmentos de autobiografia. Tonio é um personagem que se distingue dos outros ao seu redor, sempre incompreendido e um peixe fora d'água. Pelo menos é assim que se sente. Mais uma vez um personagem distante da sociedade. Se apaixona na sua infância por Hans Hansen e na sua adolescência pela "loura Inge" como a chama. Thomas Mann nasceu numa pequena região da Alemanha, mas é de antecedência brasileira e nórdica o que diferenciava de muitos ao seu redor. Além do fato de sua orientação sexual, que o fazia se sentir assim. Talvez tudo isso fizesse com que sentisse deslocado no lugar em que nasceu e na sua época refletindo isso em seus personagens. Mas não podemos deixar de lado a crítica que ele faz a vários escritores que o antecederam, como Goethe. Manter distância de uma sociedade tão violenta, preconceituosa e trivial é tão ruim assim? Por que iríamos querer viver perto de pessoas que agem dessa maneira? Fica a pergunta no ar.
Alê | @alexandrejjr 16/06/2020minha estante
Excelente texto! ??




Cherry Vanilla 18/03/2009

Amor de Perdição
Sou suspeita pra falar de Morte em Veneza. É meu livro favorito. Li quando tinha uns 16 anos, depois de muito procurar (e, por sorte, encontrar uma reedição) e, então, desde sempre estou relendo e, a cada vez, parece um livro novo.

Ignorantes e profundas como pires são aquelas pessoas que consideram Morte em Veneza um livro sobre homossexualidade. Não é. O escritor Gustav von Aschenbach não está querendo "traçar" o garoto Tadzio: ele vai além, ele não cobiça o corpo do menino e sim sua juventude e beleza, como a manifestação da perfeição.

Outro livro que acho imprescindivel também assistir ao filme (meu filme favorito, por sinal), porque, pelo menos eu considero, uma adaptação perfeita da obra, embora seja uma versão mais...digamos... "hot". Por exemplo: no livro, nunca ficamos sabendo se Tadzio sequer nota Aschenbach. No filme, ele não só percebe o olhar do músico (devido à mudança de midia, no filme ele é um músico, como Luchino Visconti acredita que Thomas Mann queria que fosse) como se insinua para ele. Como ouvi, certa vez, em uma palestra sobre o livro e o filme (que tive a oportunidade de assistir no cinema. Maravilhoso!), é como se tivessem, na adaptação, pego a novela e colocado dentro de uma chaleira de água fervente.



Ah, sim, depois comento sobre Tonio Kröger, pois esse eu li poucas vezes e, então, preciso relembrar!
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leo Isac 17/06/2009

Tônio Kroger: entre a ficção e a realidade de Thomas Mann
Entre a autobiografia e a ficção, Mann instaura a sua escritura. Assim como Il Parmigianino, Pintor maneirista, Mann se defronta com um novo espelho, isto é, o espelho-texto que,através da ficção, sua imagem se distorce. Claro q a obra é altamente plurissignificante abrindo para diversas leituras. Há a temática da desestabilização do artista perante a sociedade, como, também, reflexões sobre a morte e amores perdidos. Além de uma busca patética ( pathos) da propria identidade.É um livro de passagem, de transformação, de mudança, de destruição de limites; Ou, como o próprio Mann classifica, um livro de um burgês errante.
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danriien 19/04/2024

Foi uma leitura um tanto trabalhosa, o thomas mann escreve difícil de propósito, mas vale total a pena!! ambas as novelas são interessantíssimas, cheias de simbologia e reflexões sobre a arte e o artista?
enfim, ansioso para os próximos thomas mann que lerei
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Juliana Lopes 27/05/2014

Citações:
"Nada é mais estranho, mais melindroso que a relação de duas pessoas que só se conhecem de vista - que diariamente, em cada hora mesmo, se encontram, se observam; são obrigadas a manter a aparência de indiferente estranheza, sem cumprimento, sem palavra, pela ética ou capricho pessoal."
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Marcos 15/04/2016

A Morte em Veneza e Tonio Kröger são duas histórias independentes do escritor alemão Thomas Mann. Elas foram compiladas nessa edição da Companhia das Letras que está republicando suas obras em uma coleção que leva o seu nome. Por tanto, essa resenha será dividida para cada uma das obras apresentadas.

A Morte em Veneza traz a história do escritor Gustav von Aschenbach, que vai à Veneza em busca de repouso em uma espécie de férias para buscar inspiração para seu novo livro. De lá, ele partiria para outra cidade, porém em seu hotel encontra-se hospedado um jovem chamado Tadzio, por quem Gustav logo se encanta. Ao longo e sua estadia, Gustav e Tadzio não trocam sequer uma palavra, pelo contrário, o escritor o admira o tempo todo, à distância, com medo de lhe proferir algo. O máximo que conseguem é uma troca de olhares aqui e acolá.

Porém, as mudanças repentinas do tempo fazem com que Gustav fique com a saúde abalada. Mesmo assim, sua paixão por Tadzio faz com que ele não queira deixar Veneza de jeito algum. Posteriormente, isso lhe trará um custo alto.

Essa história é um clássico da narrativa de Mann. Nela veremos como o autor gosta de abordar os seus personagens, gosta de nuances na escrita e de trabalhar os vários significados que o texto possa ter através da vasta gama de possibilidades de leitura que o leitor possa fazer sobre ele.

Uma questão que se faz presente é a polêmica relação dos protagonistas da história. Uma vez que Tadzio é descrito como ainda um adolescente recém-saído da fase infantil e Gustav um adulto já experiente, teremos aí uma relação que tende para a pedofilia, o que faz com que o livro seja sempre citado em listas que abordam essa temática na literatura. Mesmo estando com narrativa em primeira pessoa, o leitor atento percebe que toda a situação do romance só ocorre na cabeça de Gustav e Tadzio, em nenhum momento, lhe dá esperanças de que isso vá acontecer. Trata-se quase que de uma obsessão doentia por parte do escritor por sobre o jovem. É um texto polêmico, que daria margem para muitos debates.

Já em Tonio Kröger teremos a história do personagem homônimo, um escritor que, ao longo de sua vida, lida com a contradição de conhecer o seu eu e de se dedicar à arte. O livro aborda muito a relação arte-artista, trazendo o ponto de vista do escritor por sobre a sua existência e o mundo à sua volta. É interessante como Mann, nesse caso, é bastante sucinto e objetivo em situar o leitor na vida de Kröger, fazendo essas passagens brevemente e focando em suas reflexões. Percebe-se que, sendo o protagonista também um escritor, Mann usa-o para desvelar e trabalhar em cima de fatos autobiográficos, abordando seus sentimentos e sua própria profusão de ideias.

No geral, esses textos são ótimas formas de começar a ler o autor, uma vez que são curtos mas pungentes no que tange à sua narrativa. Vários traços das características conhecidas de Mann podem ser encontrados neles. Vale destacar também a edição maravilhosa que a Companhia das Letras fez, com capa dura e diagramação bem trabalhada. Sem dúvidas já quero essa coleção inteira na minha estante.

site: http://www.capaetitulo.com.br/2016/04/resenha-morte-em-veneza-e-tonio-kroger.html
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Junia.Maria 19/07/2017

A Morte em Veneza - Thomas Mann
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 200
Publicação: 2015

A Morte em Veneza e Tonio Kröger são duas histórias independentes do escritor alemão Thomas Mann. Elas foram compiladas nessa edição da Companhia das Letras que está republicando suas obras em uma coleção que leva o seu nome. Por tanto, essa resenha será dividida para cada uma das obras apresentadas.

A Morte em Veneza traz a história do escritor Gustav von Aschenbach, que vai à Veneza em busca de repouso em uma espécie de férias para buscar inspiração para seu novo livro. De lá, ele partiria para outra cidade, porém em seu hotel encontra-se hospedado um jovem chamado Tadzio, por quem Gustav logo se encanta. Ao longo e sua estadia, Gustav e Tadzio não trocam sequer uma palavra, pelo contrário, o escritor o admira o tempo todo, à distância, com medo de lhe proferir algo. O máximo que conseguem é uma troca de olhares aqui e acolá.

Porém, as mudanças repentinas do tempo fazem com que Gustav fique com a saúde abalada. Mesmo assim, sua paixão por Tadzio faz com que ele não queira deixar Veneza de jeito algum. Posteriormente, isso lhe trará um custo alto.

Essa história é um clássico da narrativa de Mann. Nela veremos como o autor gosta de abordar os seus personagens, gosta de nuances na escrita e de trabalhar os vários significados que o texto possa ter através da vasta gama de possibilidades de leitura que o leitor possa fazer sobre ele.

Uma questão que se faz presente é a polêmica relação dos protagonistas da história. Uma vez que Tadzio é descrito como ainda um adolescente recém-saído da fase infantil e Gustav um adulto já experiente, teremos aí uma relação que tende para a pedofilia, o que faz com que o livro seja sempre citado em listas que abordam essa temática na literatura. Mesmo estando com narrativa em primeira pessoa, o leitor atento percebe que toda a situação do romance só ocorre na cabeça de Gustav e Tadzio, em nenhum momento, lhe dá esperanças de que isso vá acontecer. Trata-se quase que de uma obsessão doentia por parte do escritor por sobre o jovem. É um texto polêmico, que daria margem para muitos debates.

Já em Tonio Kröger teremos a história do personagem homônimo, um escritor que, ao longo de sua vida, lida com a contradição de conhecer o seu eu e de se dedicar à arte. O livro aborda muito a relação arte-artista, trazendo o ponto de vista do escritor por sobre a sua existência e o mundo à sua volta. É interessante como Mann, nesse caso, é bastante sucinto e objetivo em situar o leitor na vida de Kröger, fazendo essas passagens brevemente e focando em suas reflexões. Percebe-se que, sendo o protagonista também um escritor, Mann usa-o para desvelar e trabalhar em cima de fatos autobiográficos, abordando seus sentimentos e sua própria profusão de ideias.

No geral, esses textos são ótimas formas de começar a ler o autor, uma vez que são curtos mas pungentes no que tange à sua narrativa. Vários traços das características conhecidas de Mann podem ser encontrados neles. Vale destacar também a edição maravilhosa que a Companhia das Letras fez, com capa dura e diagramação bem trabalhada. Sem dúvidas já quero essa coleção inteira na minha estante.
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criscat 10/12/2017

O título gera certo estranhamento, já que em geral Veneza está associada a gôndolas, passeios pelos canais, viagens, férias, casais em lua-de-mel. Coisas que são sinônimo de vida. E, de certa forma, o título dá um spoiler, pois a história se inicia com o protagonista em Munique. O leitor já fica sabendo que a trama se deslocará para Veneza em algum momento e que ocorrerá uma morte. Morte que é insinuada, prenunciada, anunciada de inúmeras formas no início do livro.

site: http://www.cafeinaliteraria.com.br/2017/11/04/morte-em-veneza/
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Mario Miranda 16/02/2018

Introdução ao universo de Thomas Mann
As duas novelas, ambas escritas ainda no início da carreira do autor, não são da magnitude de um A Montanha Mágica ou Os Buddenbrooks, e nem parece ser esta a intenção do autor.

Thomas Mann foi para o século XX, dado que a maior parte das suas obras foram publicadas naquele século, um remanescente dos grandes escritores clássicos: vindo desde Goethe, passando por um Balzac, Stendhal, Dostoiévski, Tolstói. Autores aptos a escreverem grandes obras, recheadas de parágrafos que se estendem ao longo de páginas, sem em momento algum tornarem-se enfadonhos.

A Morte em Veneza, 5ª obra do autor a ser publicada, no ano de 1912, refere-se a uma ficção quase patológica de um escritor de certa idade pela beleza de um jovem adolescente desconhecido. Ao longo das páginas, onde o personagem principal, Aschenbach , por vezes perseguindo o jovem, sem contudo dirigir-lhe a palavra, Mann descreve as confusões psicológicas a que o personagem é acometido. De forma muito similar, com uma sutil troca de papéis entre adorador e adorado, a novela em muito me lembrou a de Stefan Zewig "Confusão de Sentimentos", publicado 15 anos após "A Morte em Veneza", por um autor que nutria imenso respeito por Thomas Mann.

"A Morte em Veneza" é uma excepcional porta de entrada para aqueles que buscam ler "A Montanha Mágica". Estilos semelhantes, de certa forma um enredo inicial análogo, em uma obra muito mais enxuta.

Em Tonio Kröger, vejo uma novela autobiográfica carregado ainda de um Romantismo já tardio até para a época de sua publicação, talvez pela influência da leitura de Schiller e Goethe na juventude de Mann.

site: https://www.instagram.com/marioacmiranda/?hl=pt-br
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Lili 30/06/2018

A Morte em Veneza
Li apenas A Morte em Veneza, portanto meu comentário se refere somente a esta parte do livro.

Depois de ler A Montanha Mágica, digo que este livro foi bem decepcionante. Não é que eu esperasse a mesma qualidade (afinal, A Montanha Mágica é considerada a obra-prima de Mann), mas ainda assim esperava algo muito bom.

Eu gostei somente de alguns trechos esporádicos e das descrições de Veneza. No geral não gostei, acho que principalmente por causa do tema, que dificilmente me provocaria simpatia.

Não digo que não recomendo, afinal ler um clássico sempre vale a pena. Mas pode deixar mais pro fim da fila.
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