A Leitora Compulsiva 09/01/2024
Em busca do Nome do Vento...
AVALIAÇÃO: ?????
Na sua perseguição em busca do nome do vento, Kvothe é levado ao extremo de suas forças em uma jornada longa e cansativa.
Nós acompanhamos um itinerante de 15 anos que entra pra universidade a fim de aprender mais sobre a magia e de encontrar vingança para o assassinato de seus pais, no primeiro livro. E no segundo, Kvothe vagueia por diversas terras diferentes, bem longe da universidade, onde alcança seus 17 anos obtendo um pouco mais de conhecimentos fundamentais para concluir sua busca.
Nada é mais importante para esse garoto do que saber o nome do vento e dominar todos os tipos de poderes que possam ajudá-lo em sua procura implacável do Chandriano, o homem que matou seus pais. Isso não vai embora, nunca. Persegue-o em ambos os livros com uma fúria inominável.
E é justamente por isso que, ao vistar terras desconhecidas e se encontrar com seres encantados e guerreiros, Kvothe vai dando passos cada vez mais velozes em direção a seu objetivo.
Neste livro, nome é poder. Se você obtém o nome de algo, pode exercer seu domínio sobre ele. E o nome verdadeiro das coisas só nos é revelado quando afundamos em profunda queda em nosso inconsciente. É chamada: mente adormecida. Temos uma mente desperta, prática e objetiva para as coisas rotineiras do dia a dia. Mas temos também essa outra mente, mais profunda, trancada a sete chaves que devemos alcançar para liberar um pouco de nosso próprio poder e magia.
» Há em cada um de nós uma mente que usamos para todos os nossos atos de vigília. Mas há também uma outra, que está adormecida. Ela é tão poderosa que a mente adormecida de um menino de oito anos é capaz de fazer num segundo o que as mentes despertas de sete membros do Arcanum não conseguiram em 15 minutos.
Kvothe busca o controle dessa mente adormecida. Todas as suas ações são voltadas para despertar a parte de si que pode sobrepujar os assassinos de seus pais.
Às vezes ele acerta. Outras, ele erra. E erra muito. Mas em poucas palavras: Kvothe é o tipo de pessoa que não se importa com as consequências de suas decisões desde que tudo o leve para mais perto de saciar sua vingança. Se ele tiver que se submeter a uma prova de fogo e ferro e sair com queimaduras, ele fará.
É o que dá raiva dele durante a leitura também. Assistimos ele se dando mal incontáveis vezes durante todo o livro, como se não pudesse evitar seu lado teimoso e competitivo. Mas... É o Kvothe; nada podemos fazer.
» ? O mundo precisa de gente como você ? disse, no seu tom que me informava que ele estava ficando filosófico. ? Você faz coisas. Nem sempre da melhor maneira, nem da mais sensata, mas as faz assim mesmo. Você é uma criatura rara.
Confesso que é um tipo de livro de fantasia diferente. Não espere ver raios e trovões, pessoas voando em vassouras ou lutando contra deuses e monstros. A magia do Patrick se concentra no autodesenvolvimento pessoal: lutas marciais, manejo de espada, construção de objetos úteis e poderes esotéricos ? como invocar o nome do vento ou da pedra para usá-los. Os elementos da natureza são usados como ferramentas úteis para se alcançar os objetivos do personagens.
E por mais que na vida real nós não tenhamos esse tipo de poderio, ainda temos a natureza como força central das nossas vidas. O calor do sol, a unidade de chuva, a luz das estrelas, o fogo e a água, que juntos contribuem para um universo infindável de recursos e sobrevivência. E se a construção do próprio universo por si só não é magia, não sei o que poderia ser.
Termino essa resenha com a dica preciosa do Mestre Elodim, que serve pro Kvothe, é claro, mas para os leitores também se eles souberem onde buscar o significado:
» Você deve ir andando. Persiga o vento. Não tenha medo de um ou outro risco ocasional ? sorriu. ? Com moderação.