Lari 14/08/2013
Um dos melhores livros nacionais que já li!
Há um tempo atrás entrei na Fnac para procurar algum livro que me interessasse, não estava procurando nada em específico, só olhando prateleiras. Então encontrei um livro chamado “O verso do cartão de embarque” na seção de livros nacionais. Estava em promoção, resolvi dar uma olhada, ler a sinopse, ver sobre o que se tratava. Na contracapa não existia sinopse, apenas algumas citações do próprio livro, uma destas referente as diferentes versões que uma história pode ter, questionando o conceito de verdade ; Como estava estudando assuntos relacionados à verdade na época, me interessei pelo livro, e resolvi comprar.
O livro é um romance. Começa com a apresentação de uma crônica, uma crônica não endereçada a ninguém. O autor, Antônio Pastoriza, é um homem que claramente a escreveu para uma mulher em específico, alguém de sua vida, só não se sabe quem. Berenice lê a crônica no jornal e tem certeza de que ela é a mulher de quem Pastoriza está falando, não existem dúvidas, encontra todas as provas em suas palavras, nos detalhes e em suas memórias. Nicole também lê a crônica. Nicole também não possui a menor dúvida, e Nicole também tem provas. Assim, o leitor é inserido em uma busca pela verdadeira identidade da mulher que inspirou Pastoriza a escrever sua última crônica antes de seu desaparecimento.
O desaparecimento de Pastoriza também é um dos mistérios do livro. As reuniões que tentam descobrir o paradeiro do autor – e consagrado professor na “Universidade Federal Carioca (UFC)” – são uma das partes mais cômicas e caricaturais do livro. Mas o que realmente envolve o leitor e prende a sua atenção é o desejo por descobrir a quem a crônica pertence ; Por meio da apresentação das memórias dos personagens o autor consegue criar um enredo em que nunca conseguímos definir quem é a musa de Patoriza. Se em um segundo temos completa convicção de que Berenice é a destinatária desta crônica, no segundo seguinte não há dúvidas de que a crônica foi feita especialmente para Nicole.
Apesar de ser classificado como um romance policial, a história de Felipe Pena está longe dos padrões do gênero. Se contado resumidamente, o enredo parece ser muito simples, um mistério a ser resolvido e ponto. No entanto, Pena consegue trabalhar as memórias e as relações entre os personagens de forma tão delicada, que o envolvimento e identificação com os personagens são inevitáveis. A cada pequeno detalhe, em cada momento, existe alguma frase, algum trecho, em que o leitor consegue se identificar completamente e criar suas próprias referências pessoais. É o estilo do autor que torna uma história aparentemente simples em algo poético e cômico.
Não quero correr o risco de falar muito sobre o livro e acabar contando mais do que devo, ou deixar escapar algum spoiler desnecessário. Basta dizer que com um estilo de escrita fantástico, personagens muito bem trabalhados, referências que vão de Dostoievski à Lady Gaga, uma história genial, e um final completamente surpreendente, a obra de Felipe Pena tornou-se uma das minhas favoritas. Foi ele, inclusive, a inspiração para o título deste blog.
Para aqueles que se interessarem, o autor possuí um blog, onde costuma postar contos e divulgar seus trabalhos. O endereço é blogdopena. O livro pode ser encontrado por uma média de preço de R$35 na maioria das livrarias, e apesar de não estar disponível na loja virtual da Fnac, é comum que na loja física ele esteja nas cestinhas de desconto com o preço de R$15. O livro ainda está em sua primeira edição e não foi muito divulgado, principalmente por se tratar de um novo autor nacional, por essa razão ainda não pode ser encontrado em E-book. De qualquer forma, vale muito a pena.
site: http://somosletra.wordpress.com/