Ludmilla Silva 09/04/2018“Going outside is highly overrated”Ready Player One é um livro distópico de ficção cientifica e fantasia que é repleto de referências aos anos 80, a músicas, filmes e programas clássicos da cultura pop e ao mundo tão fascinante dos videogames. A história começa no ano 2044, nesse futuro não muito distante o mundo se encontra em um verdadeiro caos: crise energética, escassez de óleo e recursos naturais, clima desregulado, doenças, e principalmente pobreza e fome mundial. Estes são apenas alguns dos problemas que assolam este futuro. Todas essas dificuldades, que já existem nos dias atuais, se intensificaram rapidamente no universo de Ernest Cline transformando o mundo em um lugar confuso e inseguro de se viver. O OASIS é então a única alternativa que os cidadãos encontraram para fugir dessa realidade tão caótica.
O OASIS, uma simulação de realidade aumentada, ou melhor um universo utópico virtual, é o lugar favorito de Wade Watts, o protagonista desta história. A morte de James Halliday, o criador do OASIS, significou uma completa reviravolta para os usuários deste universo virtual. Em seu testamento, Halliday, ressaltou publicamente que deixaria toda a sua fortuna multibilionária e o total controle do OASIS a aquele(a) que conseguisse completar seu desafio e encontrasse o tão cobiçado “easter egg” que estava muito bem escondido em alguma parte do OASIS.
Após 5 anos da morte de Halliday, a busca desesperada pelo “easter egg” continuava existindo já que nenhuma pessoa/ usuário do OASIS havia conseguido a chave (a primeira de três que abriria os “portões” para mais dicas do desafio). Até o momento em que Wade se torna o primeiro e muda tal situação, transformando também consequentemente a sua vida, tanto a virtual quanto a real que se tornam uma verdadeira confusão. O livro conta, assim, como esse desejo desesperado tanto do Wade quanto de todos os outros usuários do OASIS por encontrar o prêmio de Halliday se desenvolve ao longo do tempo e como certas ações podem ser mais perigosas e desafiadoras do que parecem.
Fiquei bastante admirada pelo universo criado pelo autor, não o mundo em si que no futuro está completamente desolado, mas sim o OASIS, a simulação virtual. A princípio achei que se tratava apenas de um jogo de realidade aumentada qualquer, porém, fiquei bastante surpresa e encantada ao perceber que era bem mais que isso. O OASIS é praticamente um universo paralelo ao nosso, um universo bem mais amplo e divertido. Os usuários deste universo não só jogam e participam de competições, mas eles também podem ir para a escola, para a universidade, podem trabalhar, fazer negócios e até mesmo abrir seus próprios comércios, então é praticamente como o mundo comum só que a interação ocorre por meio de avatares. Outro ponto bastante bacana é o fato de acessórios conectados ao OASIS (como a esteira, a luva e o traje) permitirem que as pessoas sintam o que o seu avatar está sentindo. O OASIS é desta forma um universo virtual completamente atrativo e fascinante, o que faz com que o leitor compreenda porque os personagens do livro são tão obcecados por ele.
Os personagens secundários são sensacionais e é impossível não gostar dos mesmos. Eles são muito bem construídos e muitas vezes cativam mais o leitor do que o próprio protagonista, como é o caso do Aech, que rouba a cena em várias partes do livro. Achei os vilões/o antagonista bastante convincentes. Ele não é o vilão típico de livro de fantasia, um ser sobrenatural ou algo do tipo, muito pelo contrário, é um vilão que é muito presente em nossa realidade. Um vilão que tem enorme influência pelo tamanho poder que possui no mundo real. Para mim, esse foi o principal aspecto que tornou o vilão tão convincente e ameaçador.
Outro aspecto que me deixou bastante impressionada foi o quanto os personagens, principalmente o Wade Watts, o protagonista, são completamente obcecados por James Halliday, sua vida, hobbies e gostos. É compreensível que eles sejam, considerando que o desafio depende basicamente deles terem o máximo de conhecimento possível a respeito do criador do OASIS, entretanto, é fascinante perceber que eles sabem a respeito de séries, filmes, músicas, bandas, jogos, livros e fatos tudo de cabeça. Sem contar que já haviam jogado também o mesmo jogo ou visto o mesmo filme dezenas de dezenas de vezes. Mas este fato é bastante importante e positivo pois é a partir dele que a história toda se desenrola.
Eu gostei bastante mesmo do livro. Foi uma das melhores histórias que li nos últimos tempos e tudo a respeito dela me cativou, desde os elementos de ficção cientifica, a corrida pelo easter egg, as referências ao plot principal. Recomendo bastante ler o livro em inglês, para quem tem vontade, pois a linguagem é bastante simples e fácil de se entender, isso faz com que a leitura flua bem rapidamente e você termine o livro em questão de pouco tempo. Devo dizer que as referências a inúmeros filmes, jogos e músicas é a minha parte favorito do livro. Tenho certeza de que quem é geek, ama a cultura pop dos anos 80, ama videogames ou ficção cientifica vai definitivamente amar este livro. Aconselho muito a leitura!!