Rediscutindo a mestiçagem no Brasil

Rediscutindo a mestiçagem no Brasil Kabengele Munanga




Resenhas - Rediscutindo a mestiçagem no Brasil


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isaazm_ 16/03/2024

[...] Sem a solidariedade de negros e mestiços, não há nenhum caminho no horizonte capaz de desencadear o processo de mobilização política [...]
Como uma pessoa parda e meio perdida nessa questão de identidade racial, esse livro foi absolutamente tudo o que eu precisava ler para abrir meus olhos e criar uma certa consicência. Também me convidou a ser um pouquinho mais crítica nas minhas leituras. A linguagem é acadêmica, o que torna a leitura cansativa e maçante, mas vale a pena pelo conteúdo maravilhoso.
Nesse livro aprendi mais sobre os tipos de racismo e antirracismo que existem, por exemplo, no Brasil se desenvolveu o racismo universalista e assimilacionista, em países como os Estados Unidos e África do Sul ocorreu o racismo diferencialista, que gerou a segregação das raças.
Foi muito importante finalmente aprender sobre colorismo e a ideologia do branqueamento, que infelizmente, até nos dias de hoje, ainda nos separa (negros e mestiços) na busca de nos tornarmos um grupo mobilizado e engajado politica e culturalmente.
Se você quer adquirir conhecimento expandir seus horizontes sobre questões raciais este é o livro!
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Bia | @vouleretedigo 22/05/2023

Rediscutindo a mestiçagem faz uma retrospectiva bastante crítica sobre os pensamentos sobre raça e mestiçagem. Munanga traz os principais autores e suas perspectivas, e faz uma abordagem sobre o pensamento brasileiro sobre mestiçagem e miscigenação, que explica como racismo é tão perpetrado no nosso país.
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Henrico.Iturriet 22/05/2023

O problema do ?mulato? no Brasil
Apesar de eu achar muitos dos seus argumentos simplesmente expositivos e não críticos, consigo ver a riqueza desse material principalmente quando ele critica a ideológica do branqueamento e seu supositório no mito da democracia racial ainda reinante no Brasil de hoje. Coisa que alguns sociólogos nego e eu, como pessoa mestiça que reivindica a identidade negra vivo na pele como um problema social não do negro, como costumava chamar, mas do Ser negro, que é o contrário dessa branquitude nojenta.

Com a construção sobre o conceito de mestiçagem, a explicação das abordagens racialistas e a exposição de todo um arcabouço teórico do pensamento sócio-racial brasileiro do século XIX e XX, conseguimos ver a imensidão feita em poucas páginas da desconstrução do pensamento racista ?científico? no Brasil. Mostrando, principalmente, que nosso pensamento social foi construído em instâncias pseudo-científicas e pouco claras, e que demonstra um perigo: o que de lê em ciências sociais no Brasil?

Para não me alongar, proponho uma última análise; a conjunção política do negro sendo preto e pardo não dificuldade, em si, os processos decisórios da política de cotas sociais, por exemplo, tanto pelo pressuposto de heteroidentifição quanto o de autodeclaração, que vigia os processos de legitimidade de identidade de certas pessoas que irão usufruir do custo social daquela politica afirmativa. Escutei recentemente de uma militante branca que qualquer pessoa branca que pegue sol por dois dias na praia e for para uma banca de identificação poderia montar um discurso narrativo e se passar como pardo.

Em primeiro lugar, branco não é confundido com preto no Brasil, só se psicologicamente nos apagarmos, e é normalmente o que acontece, mas só se estivermos vinculados a um fator de CLASSE. É impossível se desvirtuar disso. Portanto, branco não é negro no Brasil. Isso é o que o mito da democracia racial quer que pensemos.

Para finalizar, não há discriminação com pessoas brancas porque são elas que detém o centro de poder e da estrutura social, então quando um indivíduo reivindica pela luta coletiva por posições políticas e pela luta de libertação do povo negro, deslegitimá-lo é um racismo não dito, um embranquecimento concedido porque a única maneira que eu posso ser aceitável na minha crítica é se eu for branco. Isso, é racismo não dito.

Logo, não tenho mais argumentos para desmantelar isso, por enquanto...

É um ótimo livro e feito para um amplo debate sobre o tema
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Matheus 20/04/2023

A mestiçagem no Brasil
A obra trata sobre a mestiçagem a partir da construção identitária e da cor da pele no cenário brasileiro, sobretudo na análise de pesquisas voltadas ao branqueamento e a branquitude. É uma leitura necessária para a sociedade e interessados com a temática étnico-racial.
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Edi 06/12/2022

Esse livro traz um repertório coringa pra usar em redações, mas além disso, traz também a discussão sobre conceitos densos acerca do racismo e a formação do conceito de "mestiçagem". É uma leitura que vale a pena investir tempo.
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Indie.Ingrid 14/10/2022

Um novo olhar sobre a mestiçagem
Li para uma atividade acadêmica, mas me surpreendi com o conteúdo histórico, normalmente esses livros ficam em revisões filosóficas sem muito explicar, foi uma leitura muito esclarecedora
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Archie 31/12/2021

Excelente material sobre o tema
Fiquei positivamente surpreso com a leitura, mesmo tendo feito um pouco às pressas. Em complemento com autores como Silvio Almeida e Abdias Nascimento, Munanga faz um excelente trabalho de resgate de todas as questões histórias e culturais que construíram a ideia de mestiçagem, tanto a nível global quanto nacional. As políticas criadas em torno desse fenômeno nunca foram "simples" ou "intuitivas". Entender todas as políticas e ideologias por traz de uma coisa tão "natural" (como ele demonstra inicialmente) quanto a mestiçagem mostram em que tipo de sinuca de bico o Brasil se meteu, num contexto racial completamente distrito dos EUA e África do Sul. Leitura obrigatória para podermos argumentar e discutir com seriedade sobre a realidade racial no Brasil e os caminhos possíveis para trabalharmos juntos.

Questões como colorismo, políticas afirmativas e fraudes apareceram nessa última edição, e não deixo de dizer que foi muito satisfatório ver como o autor argumenta de forma brilhante e elegante contra quem é contra as políticas de ações afirmativas.
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Biblioteca Álvaro Guerra 29/10/2021

A edição atualizada do livro Rediscutindo a mestiçagem no Brasil, do professor Kabengele Munanga, é realizada em um momento de mudanças expressivas na sociedade brasileira e no contexto das relações étnico-raciais. O autor relê seu livro e neste insere novas análises, considerando o período de vinte anos que separam esta publicação da sua primeira edição, em 1999,
Ao longo desses vinte anos, o Brasil viveu um processo de aperfeiçoamento do Estado Democrático Brasileiro de Direito, em especial no período entre 2003 e o início de 2016, quando governos de esquerda comprometidos com a superação das desigualdades e sensíveis ás demandas dos movimentos sociais assumiram o governo federal e os de alguns estados e municípios. De 2016 até o ano desta nova edição, a sociedade brasileira vem passando por um sério momento, em que sua democracia tem sido posta em risco.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!


site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788551306017
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Lais Duanne 11/05/2021

Muito bom!
Não é um tipo de livro que é super fácil de compreender, mas é super possível ler por quem não é estudioso da área.

Traz um panorama histórico incrível sobre o processo de mestiçagem no Brasil, além de explicar as diferenças existentes entre as questões raciais no Brasil e estados unidos e essa edição acrescenta uma material muito com sobre cotas.
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Alcione.Ferreira 03/01/2021

Mestiçagem não é a prova de igualdade racial.
Quer entender melhor como a miscigenação (mestiçagem nos termos do autor) foi usada como um instrumento para tentar reforçar o racismo e enfraquecer o Movimento Negro no Brasil? Leia este livro.
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Roseane 10/05/2020

REDISCUTINDO A MESTIÇAGEM NO BRASIL – IDENTIDADE NACIONAL VERSUS IDENTIDADE NEGRA
Homens da pior qualidade invadiram esse território com sede extrativista. Assassinaram e escravizaram indígenas, paralelamente invadiram o continente Africano para uma caça brutal e sangrenta. Implementaram outras táticas, assediando e corrompendo os líderes de lá em troca de arma de fogo e outros objetos de valor. Dessa forma construíram o tráfico negreiro, atravessando homens, mulheres e criança transformados em objetos/moeda.

Usurparam conhecimentos técnicos na agricultura, na agropecuária, na medicina, no tratamento dos metais, na tecelagem, nas negociações, a força física, na capacidade reprodutiva. Com efeito, os que não morreram foram jogados as ruas. “Alforriados”.

Mulheres negras não só foram submetidas ao trabalho forçado, como também foram sequencialmente estupradas para satisfazer a ânsia sexual dos colonos. Eram em menor número e vulneráveis em decorrência do sistema escravocrata. Viraram nova fonte de renda uma vez feitas de prostitutas pelos Portugueses.

Na literatura eram retratadas como trabalhadeira e cozinheira, mas por outro lado como “sedutora”, “lasciva”, “sedenta pro sexo”. Falácias! A sexualidade da mulher negra brasileira foi forjada na violação de seu corpo.

Historicamente, no intuito de desencorajar a copulação, houve estatuto onde a mulher negra e os filhos poderiam ser confiscadas, decreto lei que prometia chicotada a que procurasse prazeres carnais com as negras, nobres que se casassem com mulatas perderiam o título, mulheres negras proibidos de dar nome de branco a seus filhos, mulatos provindo de mãe escrava eram automaticamente eram escravos. Mas a relação de poder do branco colono sobre o corpo da mulher negra não foi abalada.

Vender corpo negro foi proibido e fazer trabalhar a força debaixo de tortura física também. Precisavam então formar uma classe trabalhadora, mas sem incluir o “resto humano” que aqui estava.
Índios e negros não eram bem-vindos a sociedade brasileira e o estado não se responsabilizou por eles. A imigração europeia toma um grande impulso e tinha dois propostos: impulsionar a economia e fazer desaparecer a "mancha negra"

Apartar como nos EUA e África do Sul era perigoso e criticado. Consideravam que se deixassem os negros enquanto grupo, eles poderiam se multiplicar em números com risco de tomada do poder. A revolução do Haiti era um pesadelo real.
O preconceito aqui é o de “marca” ou de “cor” e não o biológico como bem disse o Oracy Nogueira. Quanto menos traços negroides indisfarçáveis, melhor.

Consequentemente a separação e rivalidade entre o grupo de mestiço lamentavelmente surgiu pois há uma aquarela de cores entre o preto e o branco.

A balela da raça única, a etnia brasileira, nada mais era do que uma estratégia genocida tão bem estudada por Abdias do nascimento.

Gilbert Freyre em 1930, ignorou o estupro na relação colonial e insistia em dizer que as relações sexuais interraciais foram de forma harmoniosa. Em seus escritos alegava que com escassez de mulheres brancas se fez necessidade a aproximação sexual dos colonos com a escravizadas negras e indígenas, e que tudo ocorreu de forma harmoniosa devido a flexibilidade natural do português.

Foi ele também que incentivou a unificação das culturas, mas essa união era pautada em apagar as suas identidades étnicas.

O “melhorar”, “civilizar” significava tornar mais branco. O sincretismo cultural teve sim o seu valor para a manutenção de nossas tradições, ou era isso ou era nada. Mas hoje já temos ferramentas para a identificação e valorização de tudo aquilo que foi deturpado, embranquecido.

O candomblé é negro, o acarajé é comida de Oyá, a capoeira é negra, o samba é negro, a constelação familiar é sabedoria ancestral negra e por ai vai.

O rodar de cabelões na Umbanda, os curadores de museus que reduzem as culturas não europeias a primitivas, o a tentativa de não permitir o sacrifício de animais no ritual de matriz africana, a bossa nova, o alisar do cabelo, a contratação apenas de pessoas brancas, a naturalização da ausência de negros nas universidades... sao questões a serem repensadas.

Lembro de outras leituras que Pierre Verger louvava a assimilação, o apagamento protagonismo negro de sua própria cultura que era “incrementada” com a cultura branca. Monteiro Lobato se preocupava com progresso do país, achava ele, então simpatizante da Ku Klux Klan, que o atraso se devia a presença dos indesejáveis.

Kabenguele traz em seu livro expoentes negros na política e principalmente na literatura, todos mestiços, que mantinham o discurso do orgulho de terem “alma branca”.

A arianização dos considerados “superiores” se dava através do casamento e posse de terra. Acessavam a classe da nobreza. Os “inferiores” tinham de ser eliminados. A passividade era desejada e enfraquecia o sentimento de solidariedade com os negros indisfarçáveis. Ditos como “o dinheiro branqueia”, “o preto rico é branco” ou “banco pobre é preto” faz pensar que a condição econômica poderia fazer mudar de raça.

A comunidade negra se unia contra o preconceito que no Brasil era muito incisivo, mas ao mesmo tempo mantinham a ideologia do branqueamento. Anunciavam na impressa negra produtos de alisamento de cabelo, regras de como se comportar como um civilizado.

Os mestiços eram tratados pelos teóricos como desequilibrados, fracos fisicamente e sem o intelecto dos ancestrais superiores (o branco) e mesmo assim acima dos negros na intelectualidade.

Darcy Ribeiro foi um lutador pela educação para correção das desigualdades, mas achava que o racismo brasileiro era melhor do que o Apartheid da Africado Sul de do Jim Crown dos Estados Unidos. Darcy foi refutado por Oracy Nogueira que afirmava que todas as formas de racismo são abomináveis.

Havia um problema na construção da nação, um problema negro. Racismo era assunto e problema de preto. O movimento negro foi perseguido pela política ditatorial. A Frente Negra que se tornou partido político foi diluído pelo governo. Líderes negros foram presos, debate racial foi proibido.

A partir da década de 70 a pauta ressurge, um dos maiores expoentes foi o Teatro Experimental negro. Grupo esse responsável pelo resgate da identidade negra. Publicações e debate sobre questões raciais retomaram no brasil mestiçado.

Em 1980 historiador Clovis Moura resgatou do censo a descrição de 136 cores diferentes de auto identificação Foram 136 formas do brasileiro fugir de sua realidade étnica para estar mais próximo do modelo tido como superior, o branco.

A falta de identificação do negro enquanto grupo, dificultava o diálogo e a organização para exigir reparação histórica.

Os mestiços no tempo colonial eram os utilizados para atividades econômicas e militar. Ganhavam cargos como o de capitão do mato ou de caçador de fugitivos. Os que se comportassem como branco eram lidos como melhores. Estavam em maior número no grupo de alforriados. Mas não podemos esquecer muitos tiveram a história como a de Luiz Gama que foi vendido pelo próprio pai branco.

Com o mito do bom selvagem de Rousseau, os indígenas tiveram uma revalorização e as civilizações incas e maias uma certa aceitação. Na Grécia antiga a mestiçagem étnica não era problema pois o importante era pertencer a uma cultura. Os critérios Romanos não eram raciais, mas de status.

Os filósofos da era do Iluminista se esforçaram para manter a supremacia branca. Voltaire considerava o mestiço uma anomalia. Maupertuis supunha que o primeiro negro nasceu de um casal de brancos com sêmen contaminado. Para Kant, filho de outra raça, infalivelmente era um bastardo. Edward Long defendia que mulatos não seriam capazes de reproduzir assim como as mulas. Quando aparecia casais mulatos com filhos ele dizia que o verdadeiro pai podia ser um banco ou um negro (chamou geral de corno).

O mito da democracia racial encobria os conflitos raciais. A leitura desse livro é essencial para quem que saber de onde vem o branqueamento genocida da população brasileira.
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