Um Lugar Escuro

Um Lugar Escuro Leonardo Zegur




Resenhas - Um Lugar Escuro


9 encontrados | exibindo 1 a 9


Camille 02/11/2011

http://revistainnovative.com/um-lugar-escuro
Um Lugar Escuro foi uma surpresa agradável. Leonardo tem uma escrita contagiante e é muito bom em prender a atenção do leitor para a história. Neste livro, ele conta a história de um homem feio, não qualquer feio, e sim "de doer" e que, por isso mesmo, sofre bullying desde quando era pequeno. Atualmente é um homem de coração bom, que foi levado a ter um pensamento não aceitável que o faz considerar, por exemplo, matar alguém. "Assim estaria fazendo alguma mudança", é a desculpa e justificativa dele.

Uma crítica à sociedade e seus valores, Leonardo transborda em todos os sentidos. Não que isso seja exatamente ruim, na verdade, é um jeito bem positivo para se criticar valores impregnados em nossa sociedade: aumentando-os é possível ver bem suas consequências internas, psicológicas e externas, nas ações. É exatamente nisso que está o encanto do livro, que permanece em cima de uma linha pequena, equilibrado. O problema de exagerar é se tornar clichê e/ou chato. No caso, o exagero não se tornou um problema. Entretanto, em alguns momentos, fica levemente forçoso.

"Essa mesma sociedade que me critica pelas mortes que causei, não critica as pessoas que me mataram. Olhe para mim, eu não sou mais nada, estou destruído pela sociedade e seu comportamento para com pessoas como eu."

Muito bem desenvolvido, conhecemos o personagem desde sua infância, já que suas memórias – e vivências – o cercam e são as principais responsáveis por fazer dele quem ele é. A frase "o homem é o resultado do meio" não poderia ser melhor empregada senão neste livro. Por isso o personagem, por mais que cometa crimes um tanto absurdos e de formas tão cruéis, é justificado em si mesmo. Ele não é só mais um louco qualquer, nem é louco por conta de drogas. Não. Ele já foi bom, ele teve um coração (e, nota-se, ainda tem) bondoso. Sua visão que foi distorcida. Por quem?

Seus pensamentos e sentimentos – da personagem – estão tão presos um no outro, tão juntos, que não resta saída a não ser viver em meio a desejos absurdos, insatisfação pessoal e com o meio no qual vive, fazendo uso de várias estatísticas para provar o quão errado algo é. Ele é feio, e por isso as pessoas lhe tiraram valor. Não o conheceram antes de se afastar, julgaram pela cor, pela aparência e o transformaram em um tipo de pessoa que qualquer um teme ao mesmo tempo em que quer ajudar, fazer algo para mudar o que, aparentemente, não poderia ser mudado.

Explorando o Brasil, o Rio de Janeiro, a diferença entre as classes sociais, os diversos meios onde uma pessoa pode ser criada, Zegur cria um incrível livro que tem muito de positivo, juntando tais elementos, interligando-os de uma forma original e tornando viável a aproximação do leitor com o personagem cujo nome, por sinal, qual é?
Zegur 02/11/2011minha estante
www.umlugarescuro.site.com.br
umlugarescuro.blogspot.com



B.atriz 08/11/2011minha estante
Adorei a resenha e o livro. É punk... ao mesmo tempo em que é romântico, é agitado, tira o fôlego e traz um baita conteúdo não somente sobre o Rio de Janeiro e sua sociedade em geral, mas de história do Brasil. As cenas de bullying me emocionaram porque eu pude ver, como as pessoas que eu sacaneava na escola, se sentiram e como isso pode ter afetado a vida delas. A leitura é agradável e flui em uma velocidade que se não houver outro compromisso que não o livro, só dá pra parar na página 197 (última).


Carem Guerreiro 25/11/2011minha estante
Eu ainda não tive a oportunidade de ler o livro, mas de acordo com o que li aqui, eu adoraria fazê-lo. Gosto muito de livros que tem o Brasil e seus problemas como foco. Eu tenho um blog se precisar de divulgação do livro é só falar, o farei com o maior prazer. :)


Liachristo 26/11/2011minha estante
Ainda não li o livro mas já está na minha lista de desejados, quem sabe não ganho de Natal?
A história parece ser bem densa e interessante. A narrativa parece que flui fácil e rápida, pelos comentários que li a respeito do livro e por sua resenha. Como a Carem, tbm tenho um blog literário e se precisarem de ajuda na divulgação estou ao dispor. Sucesso Zagur!


Josy Carvalho 26/11/2011minha estante
Nossa ainda nao li o livro mais depois que li a resenha fiquei com vontade de ler ^^


Elton SDL 09/12/2011minha estante
Pretendo realizar aquisição do livro brevemente. Todavia, a julgar pelo potencial do Leonardo Zegur, como ser humano e como escritor, espero uma leitura grandiosa de uma grande obra.
É triste observar que há pouco apoio e divulgação para autores nacionais tão excelentes. Todavia, quando o trabalho é bom e bem feito, essas barreiras serão transpassadas, cedo ou tarde.
Parabéns, camarada, Zegur! Em breve lerei Um Lugar Escuro, para confirmar o que já sei: Um ótimo livro, de um ótimo autor.


Andressa Leite 18/12/2011minha estante
Que legal, quando eu resenhei o livro também utilizei da palavra surpresa. O livro é bom mesmo.




Aione 07/12/2011

Novamente, enfrentarei o desafio de resenhar um livro que, para mim, foi um dos melhores do ano. Talvez essa resenha devesse ter sido feita logo após o término da leitura, quando estava em meio a um turbilhão de diferentes emoções. Entretanto, preferi primeiro as digerir, a fim de refletir tanto sobre o que li quanto sobre o que senti.
Dizer que a narrativa de Leonardo Zegur é impactante seria pouco. Sua escrita, que prende a atenção e traz o leitor para dentro da história, é um tapa na cara a cada página, de tão forte é a crítica social embutida nela. Ademais, a narrativa é direta e choca com a violência de algumas cenas.
O personagem principal não tem nome e mal é descrito. O que sabemos é ser magro, de pele meio amarelada e considerado feio, tão feio a ponto de causar repugnância nas pessoas, afastamento e isolamento social. Passar a vida sendo vítima de bullying e rejeição o destruiu e acredito que essa destruição seja a responsável pelo personagem não ter nome na história: sua exclusão social foi tanta que sua identidade foi perdida. Ainda, a ausência do nome torna possível que o personagem seja qualquer cidadão brasileiro, vítima dos mesmos problemas. O título, "Um Lugar Escuro", é uma alusão ao psicológico do personagem, ao que sua alma se tornou.
“Toda semente do mal que lançaram em minha alma germinou e agora não há nada que possam fazer para me parar. Antes, o fato de ser rejeitado era apenas problema meu, agora se tornou um problema social.”
página 22
Ao mesmo tempo em que é dotado de uma extrema feiúra, o personagem também é inteligentíssimo, culto e com um forte espírito crítico. Sua válvula de escape, vício e único meio onde se sente aceito é a internet, na qual pode expor seus pensamentos e emoções, além de se relacionar com outras pessoas sem sofrer o preconceito por sua aparência: o fato de não mostrá-la permite que as outras pessoas se aproximem.
Seu espírito crítico aliado a todo seu sofrimento o transformam em alguém revoltado, que passa a agir segundo suas próprias leis, já que não mais acredita nas que regem a sociedade, privilegiando uns em detrimento dos outros. A todo momento, Leonardo Zegur nos mostra as falhas da sociedade, os crimes cometidos por uma minoria beneficiada por se enquadrar nos padrões aceitos socialmente e que permanecem impunes. Essa acaba por ser a maior justificativa do protagonista para suas atitudes, a qual se repete por diversas vezes na história.

“Sinceramente, só quero que entenda quem sou por de trás da imagem estigmatizada que possa fazer de mim. Não me importo com a caracterização que a lei me venha impor. A nossa lei é permissiva quanto a determinados erros e radical contra outros. A sociedade, junto com a lei é indulgente – por exemplo – com os fumantes que matam ou causam dolo de forma passiva com doenças relacionadas ao tabaco. Por outro lado, quem mata mesmo sem intenção de matar é indiciado por crime. Seria ingenuidade afirmar que as pessoas que fumam desconhecem os riscos que causam aos que estão próximos. Não quero justificar meus erros, mas acho que isso é apenas reflexo de um sistema em colapso. Caras como eu são apenas sintomas de uma sociedade doente, pôr a culpa sobre mim não mudará nada, ao contrário, só acobertará o real problema.”
página 21

“E é por isso que hoje vejo que é preciso um colapso no comportamento social, para que se agrida esse mecanismo imutável que leva a sociedade sempre pelo mesmo caminho. Quem sabe assim as coisas começam a mudar.”
página 71

Uma característica da obra é a erotização da mulher, cuja beleza é sempre vista de uma maneira sensualizada. Tal aspecto aliado à aproximação entre o protagonista e a favela (a qual passa a habitar em determinado momento) de forma que apresentem características semelhantes, lembraram-me de “O Cortíço”, de Aluísio Azevedo, obra representativa do Naturalismo, vertente do Realismo no Brasil.
Outro artifício de Leonardo para nos fazer refletir, além das críticas sociais, é a retirada das máscaras durante a história. O autor é direto ao mostrar o porquê de certas atitudes das pessoas de um modo geral, sem fazer rodeios.

”As garotas dizem que só querem dançar, mas isso é papo furado, elas querem se sentir cobiçadas, querem ver quantos caras as abordam por noite e com isso tirar um percentual de popularidade e do quanto são sensuais e atraentes. Como se isso fosse referência, uma vez que os garotos do Rio de Janeiro aceitam qualquer garota – principalmente depois de bêbados – não há mérito em dizer que conheceu três, cinco ou dez rapazes. A maioria ali só está carente, tentando esquecer seus problemas, afogar suas dores num beijo, desprezar antigos amores. Pois bem, como todo mundo eu também queria uma garota, não vou negar.”
página 38

Acredito ter encontrado apenas um ponto que poderia ser tomado como negativo, mas que pouco influencia na leitura. Leonardo se utiliza de algumas falas do protagonista para inserir dados de pesquisas que fundamentam sua opinião. Entretanto, alguns são muito específicos e detalhados e, mesmo considerando o desenvolvimento intelectual do personagem, parecem ser difíceis de serem memorizados em uma situação real, o que, nestes momentos, dão uma leve sensação de artificialidade nos diálogos. Fora estes momentos, em todos os outros as conversas são fluidas e naturais.
Fui tomada por diversos sentimentos e reflexões durante a leitura. Pensei em minhas atitudes, senti revolta e desânimo por me dar conta de tantas falhas existente na estrutura social, tanto nas formas de governo quanto na própria população, além de uma modificação na minha forma de enxergar os motivos que levam alguém a entrar no mundo do crime. Quero deixar claro que não concordo com nenhum tipo de violência, não acredito que essa seja a solução para algo. Mas o que Leonardo Zegur faz é uma humanização dos que levam essa vida, dos que são marginalizados pela sociedade. Além disso, deixa óbvio que a violência vai muito além do ato físico da agressão, também se dá de maneira igualmente, ou até mais, destrutiva ao ferir os sentimentos de uma pessoa, e que atire a primeira pedra quem nunca praticou tal ato com o outro.
Imaginei que, finalizada a leitura, seria tomada por um estado deprimido por me deparar com tantos problemas sem solução aparente, devido a suas gigantes proporções. Porém, fui invadida por um surpreendente sentimento de compaixão e pela certeza do poder do amor sobre alguém. Acima de qualquer motivo, o que leva alguém a ser cruel é a ausência do amor, em qualquer forma. Ao sentir amor, pratica-se a compaixão e, às vezes, um simples ato de bondade e carinho pode fazer toda a diferença. O que senti ao terminar a leitura foi essa vontade de praticar a compaixão, de procurar fazer a minha parte com pequenos gestos que podem significar algo para alguém e, talvez, esse alguém, se tocado pelo mesmo sentimento, levasse-o adiante, criando, dessa maneira, uma corrente de amor. Talvez seja fantasioso ou utópico ter esses pensamentos, mas tê-los é o primeiro passo para se tomar uma atitude ao invés de simplesmente continuar sentada conformada com o caos de uma sociedade corrompida.
Para finalizar, já que sei que me estendi, só tenho a parabenizar o autor por seu excelente trabalho e por ter me possibilitado essa leitura que, indubitavelmente, tornou-se uma de minhas favoritas. Este não é um livro cuja finalidade seja unicamente o entretenimento, é um que perturbará suas reflexões a fim de abrir não só seus olhos, mas, principalmente, sua mente.
B.atriz 13/12/2011minha estante
Parabéns pela resenha Aione, o autor já havia me falado de sua resenha e concordo com ele, ficou realmente boa. Acho que capturamos as mesmas ideias quanto ao fato de o personagem não ter ?nome? nem ?face? (ponho entre aspas porque ele tem nome e face, mas não são citados no livro). O próprio título é perfeito como alusão ao personagem, à este lugar escuro onde o colocam e porque não dizer, onde ele mesmo se coloca. Parabéns também pelas escolhas dos trechos da obra, não poderia ter escolhido melhores, apesar de que o livro no todo é tão bom que se torna uma tarefa quase impossível, selecionar um ou outro trecho (a vontade que se dá é de por o livro todo). Sobre o que você disse de O Curtíço, já havia dito isso ao autor, ele tem um jeito de escrever que me lembra os clássicos, mas de um jeito bom. Naquele jeito gostoso de escrever, com ritmo e poesia na escrita, com descrições objetivas e perfeitas de detalhes, sem rodeios. Muito bom!


Andressa Leite 18/12/2011minha estante
Concordo com sua opinião a respeito do livro. Achei bem interessante o fato do personagem não ter nome.




Amy 20/11/2011

Uma trama para ser lida e lembrada pela qualidade e pela ousadia
[Introdução]

A temática é a chave de entendimento da trama. O livro tem estilo, toma partido de algo e isso é muito importante (pois releva a maturidade dos fatos narrados). Ele não se deixa levar em pequenos detalhes, Leonardo consegue explicar o todo em poucas páginas.

[Narrativa]

Tem a predominância de detalhes e impressões do protagonista. O romance é contado em primeira pessoa e em nenhum momento foge disso. Mantendo-se muito bem em suas argumentações. O discurso dele é tão convincente e seguro que é um contraste com suas ações perante as mulheres e o mundo. Mas isso não o deixa enfraquecido. Pois nem sempre somos o que queremos ser. Esse é um dos pontos fortes que a trama propõe de modo bem honesto. Ela se desenvolve de maneira bem simplista. Mas quando o protagonista sofre mudanças durante o percurso seu discurso muda um pouco, pois o ambiente em que vive permite esse desabafo, essa nova crença. Esse novo modo de vida que a vida preparou para o mesmo.

[Temáticas]

Nelas há muitas críticas sobre a sociedade em que vivemos como um todo, seja política, econômica ou social. Nele há afirmações bem negativas quanto ao comportamento do brasileiro em geral. Entre eles ele descreve o bullying das escolas, o preconceito referente a minoria, o racismo e muitos outros assuntos dos quais nem sempre autores tem peito para criticar com argumentos válidos. Faz um “panorama” da cidade do Rio de Janeiro e suas diferenças, suas crenças e suas verdades.

São temáticas que não são ilusórias, estão presentes no nosso cotidiano de maneira banalizada pela mídia (espetacularizada). A questão do feio de como é visto marginalizado e iludido é uma temática bem constante. Vivemos numa sociedade de valores papais, qualquer piadinha sem graça toma proporções absurdas. E o que acontece quando há retalhações negativas? Quando as portas são fechadas? Reações tão nocivas quanto.

[Momento Favorito]

O momento favorito não é uma citação em si (juro que tentei selecionar somente uma parte, mas não consegui x.X). É quase o todo do livro Um Lugar Escuro, pois metade do desenho demonstra a realidade do qual o protagonista está inserido. E a outra metade está um ideal esboçado pelo mesmo durante a trama como um todo.

[Considerações Finais]

É um livro que aborda temáticas pesadas e de forma bem condizente. Revela traços de um personagem muito inseguro mas que possuí impressões sobre o mundo que muitos seguros não tem conhecimento (ainda fico em dúvida quanto a isso). Possui um enredo amadurecido, portanto é uma trama para ser lida e lembrada pela qualidade e pela ousadia.

Para conferir ela na íntrega (imagens e nota): http://thislovebug.net/macchiato
B.atriz 13/12/2011minha estante
São tantas resenhas que tem sido difícil ler todas, mas consegui um tempinho para ler mais uma e quero dar minha opinião. Adorei esta resenha, li o livro e concordo em todos os aspectos com esta resenha. O autor realmente consegue estruturar um personagem praticamente real diante de nós, como se só faltasse toca-lo para ter certeza de que está lá. E tudo isso logo nas primeiras páginas. Adorei a simplicidade como a história de desenvolve e os detalhes de descrição, que são perfeitos, injetando-nos imediatamente naquele ambiente, sem ser cansativo. Definitivamente está entre os melhores livros da minha vida.


Andressa Leite 18/12/2011minha estante
Verdade, não tem como selecionar um momento favorito, o livro inteiro é bom.




Cris Compagnoni 02/12/2011

UM LUGAR ESCURO é completamente diferente de tudo o que tenho lido nos últimos tempos, hoje minha mesinha de cabeceira está lotada de fantasia, ficção científica, mitologia, literatura infanto-juvenil; tive um choque de realidade, ta, esse livro pode até ser ficção, mas me pareceu muito real, eu me vi na pele do protagonista, eu senti tudo o que ele descreveu sentir, histórias escritas em primeira pessoa fazem isso comigo, mergulho em um turbilhão de emoções que, naquele momento, são minhas também.

Essa é a história de um cara que não está dentro dos padrões de beleza da nossa sociedade, um cara feio que sempre foi discriminado, excluído, sofreu bullying, nunca foi de fato aceito pela sociedade. Sofreu com a ditadura do belo, com a rejeição das garotas, e decidiu resolver as coisas do seu próprio jeito, com as próprias mãos.

Ler esse livro me fez pensar em muitas coisas, principalmente no que diz respeito à sociedade atual, essa mesmo em que vivo, pois apesar da história ter como pano de fundo o Reio de Janeiro ela se encaixaria perfeitamente na minha cidade, em todas as cidades que conheço e, infelizmente, tenho que concordar com o protagonista que enquanto sujeitos sociais nós estamos no fim do poço. E qual é o meu papel nisso tudo? Será que estou do lado dos que discriminados ou no dos discriminam? Pois mais que seja difícil e triste admitir isso, eu consigo me ver dos dois lados.

É, o choque de realidade foi tão grande que, a história apesar de ser completamente envolvente, pra mim foi uma coadjuvante, os argumentos do protagonista para justificar as suas ações me fizeram refletir muito sobre quem eu sou nesse contexto social em que estou inserida. Ainda não sei se o considero uma vítima, ou um assassino, mas é um personagem muito inteligente, e os que têm essa característica geralmente costumam me cativar, ganhar a minha admiração e simpatia.

Assassinato é uma palavra pesada, é difícil de associá-la a esse personagem, mas é assim que ele começa a agir a partir do momento em que decide que nenhuma garota bonita vai lhe humilhar duas vezes, lhe desprezar, ferir os seus sentimentos, todas que o fazem acabam tendo o mesmo fim trágico: a morte. Em algumas páginas eu o achei um lunático, em outras lhe dava razão; nunca um personagem bagunçou assim o meu raciocínio, tem aquele “q” de Machado de Assis: será que a Capitu traiu ou não o Bentinho? Será que esse personagem tem algum distúrbio ou ele é realmente uma vítima da sociedade que apenas foi um pouco longe demais?

Não esperava que fosse gostar tanto desse livro, a lista de livros que quero ler esta imensa e pretendia deixar este no final, mas aí fui dar uma olhadinha e, curiosa do jeito que sou não consegui largar mais, um dia e meio foi o tempo que levei pra ler, isso que parei várias vezes para refletir sobre aquela filosofia ali exposta. Terminei de ler, mas não de pensar, e não consigo chegar à conclusão alguma, adoro esse efeito que apenas as boas histórias causam.

Aproveitando que o autor pode vir a ler essa postagem, gostaria de deixar registrada aqui uma pergunta: qual o nome desse personagem? Isso é uma coisa que me atormenta enquanto leitora, adoro histórias em primeira pessoa porque consigo me sentir realmente no lugar de que a conta, talvez o protagonista ter um nome me distancie um pouco disso eu sei, mas nem que o nome seja revelado lá no finalzinho, até pra fazer um suspense, eu preciso saber.

http://criscompagnoni.blogspot.com/2011/11/um-lugar-escuro.html
B.atriz 13/12/2011minha estante
Cris, sem duvida o livro Um Lugar Escuro é diferente de tudo que todos nós temos lido ultimamente. Ele vem contra essa maré de modismo americano e romances CTRL+C, CTRL+V. Ler este livro definitivamente nos faz pensar, não é apenas uma leitura agradável e viciante, é visceral, é pujante, nos faz suspirar e eu particularmente chorei no final e fiquei do lado dos que amam o protagonista. Só quem leu o livro sabe porque e me entende. Concordo com você Cris quando diz que a história passa a ser uma coadjuvante, assim como todos os personagens, em vista da verossimilhança da realidade descrita e o protagonista em si. Assim como você, ninguém esperava gostar tanto deste livro, ele chegou como qualquer outro, prometendo emocionar, proporcionar momentos intensos e blábláblá... mas só quando mergulhamos em seu miolo e desvendamos todos os significados de cada palavra usada pelo autor é que sentimos todas as sensações fantásticas dessa viagem que é a leitura de Um Lugar Escuro. Eu também terminei de ler, mas não de pensar... alias, até hoje penso sobre tudo o que li neste livro. Mais que recomendado, um livro para você dizer que foi um dos melhores que já leu!


Andressa Leite 18/12/2011minha estante
Nos meus favoritos desse ano constam também muitos de fantasia, ficção científica, mitologia, literatura infanto-juvenil. Gostei bastante desse, o que eu achei que não aconteceria.




Fernanda 19/12/2011

Resenha Um Lugar Escuro
Quando li o título do livro, muitos temas me passaram pela cabeça, até que li a sinopse que diz que se trata de bullying. Achei o tema bem interessante e quando meu exemplar chegou, coloquei como prioridade para ler (apesar de ter demorado um bocadinho para ler, isso nada teve haver com a qualidade do livro e sim com assuntos pessoais meus que me tiraram o tempinho da leitura).

O livro gira em torno de um cidadão de classe média que não teve a "sorte" de nascer lindo e rico (sorte entre aspas mesmo, porque isso pode ser sorte ou não, depende da visão de cada um). O personagem teve uma infância marcada por brincadeiras nem sempre agradáveis que marcaram sua vida e sua fase adulta é um mar de solidão. Aqui a gente a gente percebe que o bullying tratado no livro não é somente aquele de escola que tanto estamos ouvindo falar, também fala de bullying na fase adulta da vida.

Conforme avançamos na leitura, vamos entrando em contato com uma realidade que muitas vezes ignoramos, que fingimos não ver, ou que para alguns...realmente não importa. Entramos em contato com a realidade do mundo que vivemos; com as atitudes muitas vezes contraditórias de uma mesma instituição; com os valores super importantes para a sociedade e que muitas vezes não são nada além de aparências; oom a forma das pessoas tratarem as outras; com a forma de enxergarmos a vida ao redor.

O livro é forte, intenso, muito interessante e que toma uma posição e a defende. Aqui não tem espaços para um "talvez isso", os temas citados são colocados com muita firmeza e de maneira bem direta. Não há parágrafos "rocambole" no qual enrolammmm a gente até o final dele para descobrirmos o que ele realmente quer dizer. Aqui o pensamento do personagem é mostrado de forma direta e objetiva.

Um livro que todos deveriam ler, pois nos faz pensar muito em nossas atitudes, em nossos valores, livro que fala sem medo da realidade. Realidade essa que muitos tem medo de escolher um lado, de formar uma opinião. Tenho certeza que todos que lerem esse livro, estarão marcados de forma a pensar na realidade, marcados de forma que seus cérebros virem a atenção para um assunto, talvez....banal para alguns, mas que provoca uma grande onda lá na frente, que lá na frente provoca marcas em muitas pessoas.

Super recomendada esta leitura!!
Quero dar os parabéns ao autor Leonardo, pela atitude de falar em temas tão delicados em um livro. Parabéns por falar numa realidade que as pessoas precisam ver, parabéns pela história forte e marcante.
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Elton SDL 18/03/2012

Um Lugar Escuro - Resenha
Resenha extraída de:

http://eltonsdl.blogspot.com.br/2012/02/resenha-um-lugar-escuro.html



Em uma sociedade de moldes contemporâneos que é reflexo direto do que vemos descrito em Um Lugar Escuro, tornou-se lugar comum nos depararmos com muitos "autores", mas poucos "escritores". Adjacentemente a isso temos como produto consequente muitos livros publicados. Mas, poucas obras literárias. Portanto, se ao abrir o livro em questão, degustar suas primeiras páginas aguardando uma literatura suave e segura, melhor seria se o jogasse de lado e saísse à procura de algo que não ponha em risco sua paz de espírito.
Um Lugar Escuro é uma cusparada direta e selvagem na cara do leitor nacional - tão habituado a leituras alheias e sossegadas. Ainda mais para a sociedade carioca - alvo maior da flechada fulminante de Zegur - que tem por obrigatoriedade sentir uma lança em brasa traspassar seus miolos.


O livro UM LUGAR ESCURO, baseado em uma história real de Leonardo Zegur, primeiro de sua carreira como escritor, aborda temas atuais como discriminação, bullying e vício em tecnologia e internet. A história foi baseada em elementos da vida de dois amigos do autor.

O autor define o livro como um romance psicológico naturalista, em que narra a história de um jovem carioca, morador da Zona Norte, tentando coexistir em uma sociedade onde é discriminado por não possuir os padrões exigidos pela cultura popular local. Na tentativa de se posicionar dentro de outra realidade, o jovem se transforma numa pessoa que nunca quis ser, sofrendo assim com as consequências deste comportamento.

A trama, que acontece no Rio de Janeiro, dentre muitos bairros, Quintino e Encantado, mostra que para lidar com o sentimento de rejeição, o protagonista acaba se envolvendo em uma onda de assassinatos canalizados em moças jovens e bonitas. Com a divulgação destas notícias nos tabloides, o jovem atrai seguidores em todo Brasil que se identificam com suas causas.

Para que o leitor pudesse participar integralmente e se colocar como personagem principal da trama, o autor, de forma proposital, preferiu não dar nome ao protagonista. Além disso, o livro mostra um Rio de Janeiro sobre outro ponto de vista, presumindo consequências desencadeadas pelas falhas do sistema que rege a sociedade.

Com um texto denso e extremamente visual, UM LUGAR ESCURO, sinaliza que a vida em uma sociedade complexa não é tão simples. Cada minuto que se passa é uma vitória, vencendo todo tipo de preconceito.



É com a destreza hábil de um contistas que o escritor Leonardo Zegur desenvolve a narrativa de seu inquietante romance. Sim, pois ele consegue com êxito contar a saga do "justiceiro carioca" lançando mão de uma linguagem enxuta e direta, mas, ainda assim rica e completa (elementos que nem sempre são sinônimos; não é o caso de Zegur, obviamente). Permeando toda a história - que na verdade é tão somente o pano de fundo para algo mais grandioso - estão críticas sociais, políticas e culturais ácidas e sem rodeios, fazendo o gelo fino que a sociedade ostenta se romper, revelando-nos assim, a verdadeira superfície até então oculta. Esses disparos feitos pelo autor são aproveitados durante todo o desenrolar do texto, figurando como a "cereja no topo do bolo" literária.

Como foi visto no escrito supracitado, o personagem principal não possui nome - fato que remete aos personagens do Mestre Graciliano Ramos, em uma de suas obras mais ambiciosas, Vidas Secas. O próprio autor afirma que recurso tão engenhoso foi utilizado a fim de que todo e qualquer um que se deparasse com o personagem principal, pudesse ter um grau de identificação maior. E isso é verdadeiro, tanto que se torna impossível não se enxergar nele em um ponto ou noutro, uns mais outros menos. O "Sem nome" é a síntese simbólica perfeita que encarna os céus e infernos de todos nós, vivendo situações que já nos atingiram em dado momento de nossas existências - da mesma forma que, apesar da sociedade alvo ser a carioca, ela figura tão somente como uma grande metáfora para todas as sociedades existentes, suas falhas, vícios e deslizes. Ainda se tratando do desditoso heroi (ou anti-heroi, isso vai ser relativo ao leitor) da trama, o fato de ele não possuir nome nos mostra ainda o que uma pessoa pode se tornar perante às massificações e efeitos gerais que a sociedade tende a surtir no indivíduo - um ser sem identidade, personalidade, alheio e alienado, existindo somente; não vivendo.
É nesse ponto um tanto existencial do livro que, as duras penas vividas pelo "Inominável" faz uma relação intertextual com as obras de J.D. Salinger (O Apanhador no Campo de Centeio) e do francês Albert Camus (O Estrangeiro). Lembra Salinger no que diz respeito ao modo peculiarmente seco e mal-humorado, embargado em tom de revolta ao narrar. E a parcela camusiana se dá no que diz respeito aos efeitos do meio sobre o homem, gerando uma máquina esquizoide de carne e osso, sem dimensões de propósito (apesar de que, enquanto Marsault, personagem de Camus vive inerte e mergulhado em alienação, alheio ao que lhe ocorre, o heroi de Zegur toma posicionamento crítico e reflexivo sobre os eventos que o afetam e age em prol de modificações).
São elementos que denotam o tom naturalista do livro e levanta um questionamento antigo, surgido no século XIX: É o homem produto do meio ou apenas agente modificador do mesmo? Para Zegur, os parâmetros comportamentais e sócio-culturais, o ser como um todo, é resultado direto da influência do meio. E as forças modificadoras, apesar de existentes, não são nada além de meros suspiros trepidantes se comparados à força devastadora do locus. É uma perspectiva aterradora, se pensarmos bem - todavia, existente, lamentavelmente real, somente um tanto obscurecida pelas nuvens.

Como história, a obra nos deleita com uma prosa gostosa e de fácil acesso, com um ritmo cadenciado que insurge em todas as linhas. As características de romance policial mediante as ações do protagonista, dão um tom peculiar de mistério e devaneio. Apenas o final se desenrolou rápida e abruptamente demais, dando a falsa sensação de que o autor "estava com pressa". Além disso, alguns erros de revisão são catados em meio à panela, aqui ou acolá - quanto a isso, deve-se irrelevar, pois o fato está ligado a questões editoriais, comerciais e de produção; e quem conhece os moldes do mercado há de ser conivente.
Leonardo Zegur nos presenteia por todo o livro, apresentado-nos a teoria a qual chama de "A Tirania do Belo". Um interessante tratado e análise de um mal invisível que nos rodeia como um espírito maldito, sem todavia nos darmos conta, por vezes. A repetição ligeiramente excessiva e um tanto igual de tal tese, que distribui-se ao longo das páginas, é que faz com que se pense "Ok, já entendi isso."
No mais, a despeito dos pequenos titubeios (perfeitamente comuns e compreensíveis), Um Lugar Escuro não se deixa ofuscar. Pois, a qualidade da obra está calcada no seu substrato primordial: a essência. E a essência, caros leitores, esparrama-se aos montes nessa venturosa construção literária que, ao tempo que joga personagem e leitor nos recantos mais sombrios da vida, ilumina e traz à luz da compreensão monstros viscosos e peçonhentos que necessitam ser exterminados.
Não seria exagero de minha parte, de forma alguma, posicionar o escritor Leonardo Zegur na condição de "um dos maiores autores ascendentes da literatura brasileira." Portanto, de pé senhoras e senhores - aplaudam Leonardo Zegur, porque, Um Lugar Escuro é o que há.

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Jacqueline 24/01/2012

publicada originalmente em www.mybooklit.blogspot.com
Minha opinião:
Um lugar escuro foi uma leitura surpreendente. O autor conseguiu abordar o tema: bullying, de uma forma totalmente diferente da qual estou acostumada a ler.

O livro é narrado em primeira pessoa, por um personagem masculino, cansado de sofrer com a tirania do belo. O personagem em questão não tem nome, mas isso não faz a menor diferença, quando tudo o que o leitor deseja é descobrir avidamente o que acontecerá com ele nas próximas páginas.
O livro não possui muitos diálogos, mas a narração transcorre com tanta rapidez, que eu nem senti falta.
Um lugar escuro é um verdadeiro thriller psicológico, que fará o leitor ficar vidrado na mente do personagem até a última página.
O personagem principal resolve se "vingar" das pessoas que o fizeram sofrer quando ainda era uma criança, trazendo a tona toda a sua problemática atual. Ele usa o descaso e o sofrimento com o qual teve que lidar na infância e adolescência, para justificar sua ira contra aqueles que "se acham" perfeitos e desprezam o outro só por ser diferente e não possuir o mesmo tom de pele alvo, ou por não possuir uma beleza exterior que alcance os seus padrões.
Em muitos momentos ele soa como frio, calculista, psicopata, e em outros como um jovem inteligente que não teve oportunidades na vida e só busca o seu espaço na sociedade.

"A preferência é uma manifestação de distinção, que não necessariamente represente algo irrefutável, ao passo que o preconceito sim, muitas vezes impossibilita uma escolha distinta daquela permitida por ele mesmo" (pág.28)


O protagonista conhece Ludmila, em sua tentativa de se esconder na favela. Ludmila é uma moça humilde e simples, e aos poucos se afeiçoa a ele. Disposta a permanecer ao lado dele, até nos momentos mais difíceis, Ludmila o apóia e tenta demonstrar o quanto ele é especial para ela. Mas talvez ele não perceba a tempo para mudar a sua situação.
Um lugar escuro é uma crítica muito bem construída contra a sociedade tirana, que favorece os mais abastados e se esquece daqueles que não possuem escolha.
Leonardo traz um relato visceral e um retrato real, não só da cidade do Rio de Janeiro, mas de tantas outras cidades, que sofrem com a "vista grossa" das autoridades para muitos problemas emergentes.
Além do bullying, o livro aborda questões como a venda de remédios tarja preta sem receitas, o monopólio de algumas prestadoras de serviço, o descaso e a precariedade dos transportes públicos, exclusão social, preconceito, violência e outros assuntos, com uma linguagem clara e objetiva.
Os meus sentimentos para com o personagem principal, durante a leitura do livro foram variados e intensos: senti pena, raiva, choque, tristeza, inconformidade.

"(...)Eram todos iguais, tinham no rosto a face estigmatizada pela tirania do belo, essa entidade invisível que paira por toda a sociedade e que nos invade desde pequenos através da aprendizagem social que salienta a apreensão de conhecimento por observação do comportamento dos demais." (pág.36)

Ao terminar a leitura, o personagem principal e seus dilemas, permanecem um bom tempo na mente do leitor.
Se você quer uma leitura inesquecível , Um lugar escuro é o livro recomendado.
Quero agradecer ao autor a oportunidade de ler o exemplar.
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LilianSinfronio 14/03/2012

Um Lugar Escuro


Até onde a aparência pode delimitar a formação de personalidade e caráter em uma pessoa? O que é o feio? E como uma pessoa pode ser tão feia a ponto de ser eternamente rejeitada? É culpa da aparência, das pessoas más que ela encontrar ou do alto padrão que a sociedade tem imposto? Essas são só algumas das questões que ficaram martelando minha cabeça nesse carnaval, enquanto sentia que tinha alguma coisa errada comigo, com o mundo e todas as pessoas... É. O livro me deixou assustada.

Me peguei buscando o traço ácido do Rubem Fonseca da minha adolescência na escrita de Leonardo Zegur. A dura realidade dos marginalizados, e não falo de segregação racial ou econômica. Aqui ele fala da possibilidade da distorção de caráter de um homem sofrido, de alguém que sempre foi infeliz.

Não posso negar que em alguns momentos senti pena e empatia pelo protagonista – que não conhecemos o nome – mas essa durou pouco. Acredito que mesmo com toda a adversidade que a vida (ou as pessoas) possa nos impor, sempre temos a escolha de fazer o melhor, perdoar, mudar, de sair do Lugar Escuro.

Quem nunca conheceu alguém que se escondia nas redes socais para não precisar ter o tão temido contato real. Alguém de baixa auto-estima que tem medo de falar ao telefone com quem conhece pelo bate papo. Eu conheço vários – e durante um período da minha adolescência ate fui uma dessas – mas quando isso te torna doentio e o retorno não é mais possível? Esse é nosso protagonista.

O autor parece querer mostrar a todo instante a fonte da “loucura” do jovem, ou pode ser porque é escrito em primeira pessoa e os pensamentos dele sempre se concentram nas mesmas idéias obcecadas. O fato é que ele odeia o Rio de Janeiro, a cultura do belo, a sociedade que permite que ele seja relegado ao desprezo e, principalmente, as mulheres que o ignoram e o olham com descaso e nojo.

O livro tem um inicio perturbador e instigante, percebi poucos erros de concordância e ortografia – nada que atrapalhasse o andamento da leitura- mas não me empolguei como esperava. Minha única leitura do carnaval. Tem que haver algo errado comigo...
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