Licianne0 20/03/2010
Destacarei duas das partes que me chamaram a atenção. Primeiro, quando a autora faz um comentário sobre o canário: "Incha as pluminhas do pescoço com o seu canto, maior do que ele, maior que a janela, e a casa, e a rua. Vê-se bem que só para cantar é que ele foi criado". Mostrando como a sensibilidade está acima do que é palpável, dos limites que pode superar e como é difícil medir o que é sensível.
Outra parte que me chamou a atenção foi quando em um dia de chuva, juntou-se os animais dentro de casa, e então a autora conta: "Há uma tal naturalidade no encontro dessas vidas que todos parecem compreendidos e tranquilos. Certamente é por isso que não falam". Aparentemente infantil, no entanto fantástica. Como se a linguagem verbal existisse apenas para a tentativa de consertar a nossa incompreensão, o desentendimento, sendo uma forma de expressão de certa forma inferior. E o silêncio seria a verdadeira harmonia.
É um livro cheio de lirismo, uma verdadeira poesia. Lembranças são contadas de forma que o leitor volte no tempo e enxergue os fatos com os olhos do passado. Muito bonito, recomendo.