Camila Lobo 25/04/2016Resenha: A Garota Dinamarquesa (Por Livros Incríveis)ATENÇÃO: Em alguns trechos da resenha, separo Einar de Lili. Não só para facilitar o compreendimento do texto, como também pelo fato do Einar definir a Lili como se fosse uma outra pessoa, com outro cérebro, dividindo o corpo com ele. Espero que compreendam e boa leitura! :3
A Garota Dinamarquesa trata-se de um romance baseado na vida de Lili Elba, pioneira no movimento trans. Tudo começa quando a mulher de Einar Wegener, Greta, pede para que ele pose com o vestido de sua modelo que não pôde comparecer no dia para que ela possa terminar sua pintura. A partir desse momento, Einar passa a se vestir cada vez mais com seu alter ego, Lili, o que provocará grandes mudanças na vida de todos ao redor do casal.
Estava bem animada com essa leitura, não só pela grande vontade de assistir o filme, mas príncipalmente pelas críticas positivas e premissa interessantíssima.
O livro conta como o pintor Einar Wegener, após posar como uma moça para um quadro de sua esposa, passa a perceber que ele não sabe quem realmente é. Ao mesmo tempo que é apaixonado por Greta e pela intimidade que eles têm, também se sente atraído por outros homens e pelo mundo feminino. Logo, ele passa a se vestir com frequência como Lili, aflorando de vez seu lado feminino enquanto frequenta a sociedade como o que ele realmente era por dentro: uma mulher.
A leitura inicia-se de modo lento e eu diria que até mesmo arrastada, o que me fez desanimar um pouco com o livro. Felizmente ele pega ritmo depois, tornando-se mais fluído, interessante e com uma carga emocional gigantesca, conforme a história avança com os dilemas de Einar e Lili, e com a coragem, dedicação e amor de sua esposa, Greta.
Para mim, ela é a melhor personagem do livro, pois demonstrou enorme força de vontade para ver seu marido e Lili felizes. Apoiou a ambos em todos os momentos, sendo muitas vezes a única que acreditava em Lili. A relação de intimidade que ambos mantinham no casamento foi algo formidável e o autor conseguiu mostrar esse aspecto ao leitor de forma intensa e clara, permitindo assim, uma melhor compreensão da situação.
Pois era essa a luta ineuxarível de Greta: a necessidade perpétua de estar sozinha, mas sempre amada, e sempre amando.
Já Lili é uma personagem maravilhosa, apesar de ter me parecido um pouco caricata em alguns momentos. Entretanto, a personagem era o toque de leveza do livro, tornando-o mais singelo. Uma grata surpresa foi o irmão de Greta, Carlisle, que antes de entrar de fato na história me parecia uma pessoa dura, mas que mostrou-se gentil e atencioso com Lili, tornando-se um personagem bem construído.
Em minha opinião, o ponto mais interessante da história foi como o autor conduz a questão do transsexualidade naquela época. Afinal, estamos falando da década de 1920 e 1930 e de como Lili foi a primeira mulher a se assumir trans, tendo realizado a cirurgia. Hoje em dia, inúmeras pessoas ainda reagem extremamente mal a esse assunto, naquela época então raríssimo era os que compreendiam. Ao menos no livro (já que o autor avisa que grande parte é romantizada), Einar e Lili chegam a procurar 4 médicos que oferecem curas absurdas ao problema deles. Nesse ponto, A Garota Dinamarquesa retrata de forma bruta e cruel tal situação, já que Einar não sabia o que realmente se passava com ele, precisando de respostas que felizmente, ele encontrou depois.
Intenso e emocionante, o livro que inspirou o filme estrelado por Eddie Redmayne e Alicia Vikander possui um final bonito, mas que me causou ligeira confusão, visto que é bem poético. É um belo romance para conhecer duas mulheres fantásticas, uma tendo lutado pelo amor, outra pelo direito de ser quem realmente era, e ambas pela felicidade.
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