Aione 18/09/2011 André é um tecnólogo em informática muito ligado à internet. Um dia, ao organizar seu escritório em casa, encontra um desenho feito por ele há muitos anos representando o Deus dos Céus da mitologia egípcia, Hórus. Tal deus apresenta uma conexão com uma cruz, conhecida por Ankh, a qual desperta a curiosidade de André, que não demora a procurar mais sobre o peculiar objeto na internet.
Maravilhado com sua simbologia, André passa a pesquisar possíveis locais de compra do amuleto pela internet. Mas seu desejo não é o de ter um amuleto qualquer e sim um de fato especial, proveniente do Egito, se possível. E é quando ele recebe um misterioso email, que mudará toda sua vida como um mortal.
“Vampiro Victtor” é uma obra que narra, em primeira pessoa, a transformação vampírica de André, mesclando a ficção com elementos da mitologia egípcia, lendas, tecnologia e traços da vida do próprio autor, André Victtor.
Sua narrativa é simples e permite um bom andamento da leitura. Apesar de os capítulos serem longos, isso não desacelera o ritmo da história, possível de ser lida rapidamente. O livro, também, é curto, contém apenas 164 páginas, e há um bom espaçamento entre os parágrafos, além de as letras não serem pequenas. Não há muitos diálogos no livro, o que para alguns pode ser cansativo. Em minha opinião, os diálogos aqui não se fizeram tão necessários pelo conteúdo do livro, recheado de mitos, lendas, passagens bíblicas e reflexões.
Achei a história interessante, principalmente por mesclar ficção com a vida do autor, o que dá um ar de mistério, fazendo-nos perguntar diversas vezes se alguns fatos são, de fato, ficção. Sobre isso, o autor, no prefácio, faz uma declaração sobre os fatos e personagens serem fictícios, apesar de incitar o suspense e o tom sombrio do livro com a seguinte frase:
"Entretanto, uma coisa é certa: a maldição do vampiro existe e é bem mais real do que se pode acreditar."
Um ponto negativo, que achei, foi com relação ao desenvolvimento da história. A narrativa do autor, apesar de simples, acaba se assemelhando a um diálogo, como uma história contada por alguém em uma conversa ou em um email. O livro é um relato de acontecimentos, mas acredito que teria achado mais interessante se fosse escrita como uma história, que nos fizesse sentir estar acontecendo naquele momento, participando e visualizando as situações descritas. Além disso, a escrita como relato tornou alguns momentos descritos muito superficialmente e acredito que seria interessante entendê-los mais a fundo, vê-los acontecer com mais detalhes. Talvez o desagrado tenha acontecido por eu, antes de iniciar a leitura, ter esperado uma narrativa diferente, criando, assim, uma expectativa com relação ao livro. Entretanto, acredito que a construção da história dessa maneira tenha sido uma estratégia do autor para, mais uma vez, mesclar a ficção com a realidade, já que temos a sensação de a história ser real por ser escrita dessa forma.
Uma sugestão minha para o autor é com relação à sinopse atrás do livro. Felizmente só a li ao término da leitura, mas não teria gostado caso tivesse a lido antes, uma vez que ela é mais um resumo da obra do que, de fato, uma sinopse. Ela conta praticamente todo o livro, inclusive acontecimentos finais da história e para quem a ler, pode criar uma expectativa diferente do que é encontrado no livro, por pensar que a sinopse narra os acontecimentos iniciais. Como a edição é uma publicação independente, contendo o selo “Clube dos Novos Autores”, acredito que, em futuras revisões, essa seja uma mudança possível de ser realizada.
Ainda sobre o livro ser uma publicação independente, parabenizo o autor pela sua ótima escrita, mesmo que a estrutura da narrativa não tenha me agradado totalmente. Não me recordo de ter encontrado quaisquer erros ortográficos ou gramaticais, o que costuma ser comum nesses casos, além de todo o livro ser bem escrito.
Recomendo “Vampiro Victtor” para todos aqueles que se interessam pela temática vampírica, mas por sua característica mais oculta e não como mais uma história como tantas publicadas atualmente. A temática, aqui, é inter-relacionada com a mitologia egípcia e, inclusive, com passagens bíblicas, trazendo uma visão, pelo menos para mim, inédita até o momento.