Chilly_shady 19/05/2011
Resenha descritiva da obra “Aparelhos Ideológicos de Estado” de Louis Althusser.
O texto “Aparelhos Ideológicos de Estado” escrito por Louis Althusser e a sua introdução dada por J. A. Guilhon Albuquerque, dividido em uma longa introdução e outros dezesseis subtítulos aborda o tema dos “Aparelhos Ideológicos de estado”. Trata de como esse mecanismo afeta a nossa sociedade de consumo e como é responsável pelos modos de produção materiais tão importantes nesse tipo de sociedade. Ainda comenta como cada aparelho ideológico (de ideologias) reproduz esses modos de produção material na sociedade.
Na introdução feita por J. A. Guilhon Albuquerque, o autor diz que seguirá passo a passo o texto de Louis Althusser. No começo Guilhon separa o texto de Althusser em quatro linhas de pensamento: 1- A que não é no campo das ideias que as ideologias existem, as ideologias são materiais. 2- A divisão do trabalho é implicada através das relações de produção, assignando assim um lugar na produção. 3- O reconhecimento do lugar, onde a ideologia leva através de mecanismos. 4- Existência de um conjunto de práticas que auxilia as ideias na sujeição. O autor fala que o texto de Althusser trata da ideologia na infra-estrutura e na superestrutura, ou seja, na questão da reprodução social. Diz que nos próprios mecanismos ideológicos estão vivos dentro da reprodução das forças produtivas de trabalho. A qualificação é de suma importância para a reprodução e desenvolvimento das forças produtivas de trabalho. Althusser diz que “toda formação social para existir, ao mesmo tempo em que produz, e para poder produzir, deve reproduzir as condições de sua produção.” Ou seja, reproduzir as forças produtivas e as relações de produção. Em seguida o autor começa a narrar os tipos de reprodução das condições de produção que estão inseridas no contexto do Estado.
O autor segue dizendo que é impossível haver produção sem a reprodução dos meios de produção. Renovação de matéria-prima, instalações, etc. Althusser menciona o mecanismo que é necessário para a produção e reprodução, capital movendo-se rapidamente pelo globo, no qual ele nomeia de “fio sem fim”. Em seguida é mencionada a reprodução da força de trabalho, movida pelo salário, que segundo o autor, não representa a quantidade de força de trabalho exercida pelo trabalhador e sim a quantia indispensável para que haja continuidade na reprodução de trabalho suprindo as necessidades básicas do trabalhador (alimentação, vestuário, etc).
Na próxima parte da obra, o autor volta a tratar sobre o que é sociedade e enuncia Infra-estrutura e superestrutura. Infra-estrutura é a “unidade” de forças e relações de produção. A superestrutura engloba duas “instancias” ou “níveis” segundo o autor, o jurídico político e a ideológica. O próximo passo do autor é analisar a ideologia por trás do Estado e do Direito. O autor classifica o estado como uma “maquina” utilizada pelas classes dominantes sobre as classes operárias. Também diz que segundo teorias Marxistas o Estado é antes de tudo um aparelho de Estado, regido por inúmeros fatores que se completam. O autor ainda menciona a importância na separação do que é Estado e o que é aparelho do Estado. O autor entra finalmente na questão de o que são esses Aparelhos Ideológicos de estado. Deixa claro que são “realidades apresentadas sob a forma de instituições distintas e especializadas”, por exemplo: Igrejas, escolas públicas ou/e privadas, a família, o jurídico, a imprensa, a cultura.
Em vários momentos Althusser comenta as diferenças entre os Aparelhos Ideológicos de Estado e os Aparelhos de Estado (repressivos). Menciona que os AIE são na sua maioria de domínio privado e os AE são de domínio público. A principal diferença entre os dois, segundo o autor é que os AE agem por meio da violência e os AIE agem por meio da ideologia. Os Aparelhos de Estado são regidos pela repressão (secundariamente também são regidos pela ideologia, pois nenhum aparelho é totalmente repressivo, até mesmo o exército conta com ideologias incluídas).
Depois da leitura e reflexão das ideias de Althusser sobre o estado, é impossível não pensar na questão escola. Segundo Pesce (2008, pág. 36) a escola é vista como um espaço de reprodução cultural em que o ensino garante a reprodução da estrutura das relações de poder. Ou seja, a escola é o mais poderoso aparelho ideológico do Estado, pois nela estão incluídos todos os outros aparelhos ideológicos, família, igreja, jurídico e até as divisões de poder para melhor reproduzir e classificar a reprodução da força e da produção de trabalho.
REFERÊNCIAS
• ALTHUSSER, Louis “Aparelhos Ideológicos de Estado”, GRAAL, 1976.
• CAVASSIN Regina Back, MORAES Taiza Mara Rauen, (Orgs.) “ Letras, Reflexões e ações docentes.” Editora UNIVILLE, 2008.