A noiva do tigre

A noiva do tigre Téa Obreht




Resenhas - A Noiva do Tigre


12 encontrados | exibindo 1 a 12


Ladyce 30/09/2011

Folclore europeu em nova roupagem
Assim como milhões de pessoas hoje, cresci com as imagens dos contos de fadas dos desenhos animados de Walt Disney. São encantadores apesar de estarem longe das histórias ouvidas e recontadas por nossos antepassados, reunidas no século XIX por Andersen ou pelos Irmãos Grimm. Mesmo depois de ter o desenho animado BAMBI rejeitado por educadores atuais, sob a alegação de triste demais para as crianças de hoje, podemos dizer que Walt Disney foi o precursor dos contos de fadas limpinhos, engraçadinhos, passados pela assepsia americana, histórias com maldades limitadas, sem crueldade, diluídas dos terrores de antanho, que a turma do politicamente correto, hoje, entende como o preferencial para a proteção emocional de nossas crianças. É importante, no entanto, lembrar que a maioria dos contos de fadas tem raízes no folclore europeu, em crenças seculares, ainda vivas nas imaginações das pequenas aldeias, tecidas com os preconceitos culturais de séculos. Essas antigas histórias refletem a cultura de povos que lutaram pela sobrevivência nos mesmos lugares, nas mesmas regiões geográficas, rejeitando bravamente invasores de outros grupos, outras tribos. A repetição dessas histórias folclóricas, até hoje é comum e muitas vezes o pouco que resta de uma identidade cultural, que luta para sobreviver. São justamente essas lendas que adicionam grande encantamento à narrativa de A NOIVA DO TIGRE, de Téa Obreht [Leya: 2011].

Esse romance parece um produto criado pela necessidade de honrar uma herança cultural rica, de não deixar morrer a memória de um povo. Passado na antiga Iugoslávia – que tinha aproximadamente a área total do estado do Piauí e hoje está subdividida em 6 países [Croácia, Bósnia-Herzegovina, Eslovênia, Macedônia, Sérvia e Montenegro e um protetorado da ONU Kosovo] – parece natural que o choque das guerras, o medo do extermínio, da perda da memória coletiva, esteja presente nos sobreviventes. Mas o que surpreende nessa narrativa é a habilidade da autora de não situar o romance em nenhum lugar específico além dos Bálcãs, [ela nasceu em Belgrado, hoje parte da Sérvia]; não especificar a época [exceto que foi depois das guerras] e fazer a transição de uma possível narrativa realista para uma narrativa onírica sem emendas. Um feito extraordinário.

No romance acompanhamos uma pequena viagem feita por Natália, uma médica, que tendo perdido o avô recentemente, aproveita a missão de inoculação de crianças de uma aldeia distante, para recolher os objetos de uso pessoal de seu avô que morreu longe de casa, num lugarejo de fácil acesso à cidade costeira onde a vacinação ocorre. Nesse ínterim, ela relembra o avô, as histórias que ele contava. E ficamos a par de alguns mitos e crendices que ainda estão presentes nos dias de hoje, relativos aos rituais de enterro e salvação das almas dos mortos.

Um fato curioso a respeito do texto é a linha de emenda entre o real e o folclore, entre as lendas e o que se passa no mundo moderno: um produto literário, O LIVRO DA JÂNGAL de Rudyard Kipling. Para os que, como eu, tiveram seus anos de juventude envolvidos com escotismo, a figura de Shere Khan, o tigre malvado e bandido das histórias contadas pelo escritor inglês, serve de imediato ponto de conexão entre o real e o imaginário. A presença dessa obra literária em todos os capítulos do livro nos lembra da importância que uma história, que um conto, pode ter para o seu leitor e por fim, como a memória cultural é enriquecida por aqueles livros ou histórias que nos tocam, e que passam a fazer parte de quem somos.

A NOIVA DO TIGRE foi o romance vencedor do prestigiado Orange Prize para ficção por autora mulher. No Brasil, teve uma tradução fluente de Santiago Nazarian, mas teve também algumas falhas de edição que fazem o leitor ter reler para entender. Cito aqui um único exemplo, mas existem outros. “Voltando de Zdrevkov, parei em Kolac para pegar as balas das crianças, segurando a caixa da loja de conveniência do posto de gasolina quando ia fechá-la.” [sic](página 191, abertura do capítulo 8). Para os amantes de um romance de ficção fantástica esse é um excelente livro. Para os que gostam de uma forte voz narrativa também. Há poucos diálogos, e como nas histórias baseadas na memória oral, há alguma repetição. Mas o encantamento prevalece.
Nath @biscoito.esperto 05/10/2011minha estante
Comprei o livro por causa da sua resenha, adorei mesmo! Mal posso esperar para iniciar a leitura!
Beijos




Susan.Kelle 01/09/2021

Gostei muitocda estrutura narrativa do texto, de ver como fatos do passado e do presente se ligam pra contar a história. Amei conhecer um pouco das comidas e instrumentos desse povo, mesmo que a autora não tenha nos dado detalhes destas coisas foi muito interessante pesquisar um pouco sobre essa cultura tão diferente. Achei os personagens muito cíveis em suas frustrações e anseios. Com certeza uma super Leitura.
comentários(0)comente



@viajantedaleitura1 07/04/2012

Na verdade este livro não é bem o que eu esperava. Trata-se da vida de um velho doutor, contada por sua neta, suas lembranças e crenças se aliando ás circunstancias que envolveram sua morte...Uma mistura de real e ficção.
comentários(0)comente



petite-luana 02/04/2016

Téa Obreht é uma jovem autora nascida em 1985 na cidade de Belgrado, hoje capital da Sérvia, mas que outrora foi parte da extinta Iugoslávia, território que veio a ser subdividido em 6 países: Croácia, Bósnia-Herzegovina, Eslovênia, Macedônia, Sérvia e Montenegro (além de um protetorado da ONU: Kosovo). Fazer parte da Península Balcânica significa ter, de alguma forma, contato com uma cultura diversa e fragmentada entre diferentes povos, que compartilham raízes, mas se diferenciam em seu desenvolvimento. Em seu livro de estreia "The Tiger's Wife" (no Brasil, lançado pela editora LeYa como "A noiva do tigre", com tradução de Santiago Nazarian) a autora costura na história exatamente essa bagagem histórica da fragmentação de um povo e sua cultura, e acredito que isso foi o que fez este livro ganhar o Orange Prize para ficção por autora mulher em 2011, com mérito.

O livro narra a trajetória da jovem médica Natalia, que juntamente com sua melhor amiga Zóra, vão em missão de paz vacinar algumas crianças órfãs acolhidas pelo Frade Antun em um vilarejo da Península Balcânica chamado Brejevina, que se localiza em uma região fronteiriça. Antes de chegar ao vilarejo, Natalia recebe a ligação de sua avó comunicando o falecimento repentino de seu avô numa cidade chamada Zdrevkov, alegando não saber porque ele estava lá, a avó lamenta a morte do marido ter ocorrido nesse lugar desconhecido, de onde o corpo foi enviado sem seus pertences, impedindo assim o costume de seu povo de fazer uma cerimônia de luto por 40 dias com os objetos do falecido para que ele encontre paz.

O grande movimento da narrativa está na forte ligação entre Natalia e seu avô, assim como a avó, Natalia vasculha em sua memória circunstâncias que possam ter levado o avô a morrer tão longe de casa, e promete a avó entrar em contato com o hospital e tentar reaver os objetos. Já em Brejevina, Natália descobre que a cidade na qual o avô morreu é um lugar próximo e enquanto aguarda para vacinar as crianças, poderia ir até lá, ela fica hospedada na casa dos pais de frade Antun, o senhor Barba Ivan e sua esposa Nada, e em meio a essa missão, Natalia presencia as crenças que transitam pelo lugar que foi invadido por ciganos que procuram o corpo de um familiar ali enterrado, de encontro a essas crenças, Natalia lembra de crenças comentadas por seu avô e retoma lembranças de momentos passados ao lado dele, sua trajetória de vida e como também se tornou médico em meio a um território em zona de guerra que desmembrava países. Natalia passa a se lembrar do grande apego do avô ao livro "O livro da selva" de Rudyard Kipling, seu fascínio pelo tigre Shere Khan da história e a relação desse animal misterioso com as histórias que o avô contava sobre sua infância passada no pequeno povoado de Galina, que na época da Segunda Guerra Mundial fora isolado dos invasores alemães por um rigoroso inverno, e passou a ser assolado pela presença de um tigre e sua mística noiva; assim como lembranças da juventude do avô, acontecimentos misticos que ele acreditava ter vivenciado como médico do exército ao encontrar com um homem sem morte. Ao entrelaçar essas histórias, Natalia resgata sentidos e transforma a narrativa, que se dá em primeira pessoa, também em um resgate da tradição de um povo, compartilhando lendas, costumes e crenças de gerações passadas.

O livro transita entre realidade e fantasia, em uma linha tênue que acaba por compôr uma espécie de obra do realismo fantástico. Um romance que mantém vivo a memória de um povo refletido em suas histórias e representado pela sua cultura, um povo que luta para compreender sua própria identidade e não ser esquecido em meio a perda de território. Há um trecho no livro que me aproximou muito da dor relatada ali, e que acredito que resume bem o cerne da obra:

"A guerra tinha alterado tudo. Uma vez separadas, as peças que formavam nosso velho país não carregavam mais as características que representavam as antigas partes respectivas do todo. Coisas previamente repartidas cenários, escritores, cientistas, histórias tinham de ser distribuídas de acordo com seus novos donos. O Prêmio Nobel não era mais nosso, mas deles; tiramos o nome do nosso aeroporto de seu inventor louco, que não era mais uma figura popular. E o tempo todo dizíamos a nós mesmos que tudo acabaria voltando ao normal. Na vida do meu avô, os rituais que se seguiram à guerra eram de renegociação. Em toda sua vida ele fora parte de um todo não apenas parte, mas feito disso. Ele nascera aqui e aqui fora educado. Seu nome falava de um lugar; seu sotaque, de outro. Nada disso importava antes da guerra; mas, conforme o tempo passava e a Academia Militar não o convidava oficialmente para voltar a praticar medicina, ficou claro que um retorno à normalidade profissional não seria possível, e que ele teria de se manter com seus pacientes debaixo do pano até que resolvesse se aposentar." (p.139).

site: petite-luana.blogspot.com
Luís Henrique 02/04/2016minha estante
Boa Resenha!


petite-luana 02/04/2016minha estante
Obrigada, Luís Henrique.




Leitor Cabuloso 26/08/2012

Tomada pela dor da misteriosa morte do avô, a jovem médica Natalia, em missão de paz em um país da península Balcânica, relembra as mágicas histórias contadas por ele em sua infância. Narrativas que antes eram apenas fantasia despontam agora como pistas para ajudá-la a encontrar respostas que justifiquem sua recente perda. Porém, aos poucos, enquanto Natalia precisa enfrentar antigas superstições e segredos para salvar as crianças do vilarejo onde se encontra em missão, ela descobre sozinha a história mais fantástica – e jamais contada – do avô. Em uma brilhante mistura de mitos, perda e amor, Téa Obreht presenteia o leitor com um romance atemporal, que a coloca como uma das mais vibrantes e originais autoras de sua geração.

Foi essa a sinopse que me chamou a atenção em A Noiva do Tigre. Ficção é algo que leio quase que totalmente e um livro que a mistura com a realidade me pareceu deveras interessante.

A história nos é narrada por Natália. Ela está em uma missão de paz com o intuito de vacinar algumas crianças quando recebe a notícia da morte de seu avô. Logo no início do livro, sabemos que os dois são muito próximos. Sua avó, que lhe liga para dar a notícia, diz que ele avisou que iria encontrar Natália e morreu em uma cidade chamada Zdrevkov, que nenhuma das duas sabe a localização. Além de não saberem onde, ela descobre que os pertences do avô não foram enviados com o corpo, negando a família a chance do luto de 40 dias, costume da região.

Natália sabe – a única – das visitas de seu avô ao oncologista, mas a morte, motivo do seu avô ter supostamente mentido dizendo que iria encontrá-la e a localização da cidade são um mistério.

Ela decide continuar em sua missão e durante lembra-se dos momentos passados com o avô e das histórias que ele contava. Essas histórias – em particular a do Homem Sem Morte – foi o que mais me chamou a atenção no livro. Pra mim, ela ganhou mais destaque do que a principal – A Noiva do Tigre.

O Homem Sem Morte é carregado de suspense, humor e criatividade. Tudo é mesclado de uma forma que nos deixa presos ao livro, ansiosos por mais. A narração de Téa contribui bastante. Ela tem o dom de ser detalhista sem ser chata.

A história principal, que deu nome ao livro, é interessante e nos prende até certo ponto, porém achei o final tão repentino que me desagradou.

Um detalhe que me incomodou no decorrer do livro, foram palavras que me são estranhas, como rakija e paislei, provavelmente o vocabulário da Ioguslávia onde a autora nasceu, mas que não tem nenhuma nota de rodapé ou glossário para explicá-las. Algumas você acaba descobrindo o que significa, outras, não.

A Noiva do Tigre é um livro curto com uma boa narrativa que deixa a leitura agradável. O livro vale a pena ser lido. É realmente impressionante ser um romance de estréia.
comentários(0)comente



Samuel 04/04/2013

Meu preferido
"Ele não é de todo surpreendente, mas sua proposta é inovadora, são contos, lendas, mitos que se cruzam entre realidade e ficção. Recomendo a leitura para quem quer ler algo diferente do que está acostumado, esse é um daqueles livros que devem ser "saboreados", ou seja, não lidos rapidamente, mas sim aos poucos, sentindo as emoções que nos são passadas, deixando as imagens se construírem em nossas mentes, Téa sabe como entrar na mente do leitor, sabe nos contar uma bela estória." Resenha completa em:

-http://www.nouniversodaliteratura.com/2012/11/resenha-noiva-do-tigre.html
TAcia.Hellen 23/01/2018minha estante
undefined


Cah 18/01/2019minha estante
Bem colocado :)




AnaCris 31/12/2020

Não julgue o livro pela capa (que é linda)
Talvez o problema seja minha dificuldade com realismo mágico. Mas, realmente, não se chega a lugar algum nesse livro onde começo, meio e fim não se conectam. A autora cria personagens interessantes, mas o desenvolvimento é ruim. Não perca seu tempo.
comentários(0)comente



Aninha 16/09/2012

Amor além do misticismo...
http://www.pucrs.br/gpt/resenha.php

Subtítulo: A verdade sobre a noiva e o tigre...

DEpois eu continuo digitando....
comentários(0)comente



Raísa 11/05/2014

A Noiva do Tigre, de Téa Obreht
Confiram a resenha no nosso blog:

site: http://atiadicto.blogspot.com.br/2014/05/a-noiva-do-tigre-de-tea-obreht_11.html
comentários(0)comente



Carolina2149 05/03/2024

Achei chato de ler...
Achei um livro muito custoso para ler, pra ter noção, eu esqueci que estava lendo ele e passei a ler vários outros. Kkkkkk
Achei uma leitura chata, história arrastada e confusa, envolve passado, presente e futuro, com uma trama de descobrir onde o vô da principal morreu e o pq dele ter escolhido morrer no local que foi encontrado. Fala de suas memórias e do homem sem morte, o livro só começa ficar melhor no final.
Não entendi pq ganhou tantos prêmios, mais pra quem gosta do gênero fantasia confusa, pode ir fundo.
comentários(0)comente



Rebeca.Ivanova 12/03/2024

Até que gostei
Li esse livro bem devagarinho e pra ser ser sincera eu gostei,mesmo me sentido por vezes perdida ou entediado nessa leitura ainda não me arrependo de ter lido.
A história tem elementos mágicos incríveis que compensam o ritmo lendo da escrita além de personagens super carismáticos como o avô da protagonista,o homem sem morte e por aí vai (menos a protagonista).
comentários(0)comente



12 encontrados | exibindo 1 a 12


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR