Rogério 08/02/2020
É uma ficção passível de retirar de nós grandes reflexões.
Esse livro me surpreendeu bastante, tanto pela história interessantíssima, quanto pela moral que podemos absorver dela. Resolvi ler esta obra depois de ter visto o famoso filme "Náufrago", que, salvo engano, foi inspirado nas Aventuras de Robinson Crusoé. Como sempre achei bastante empolgante o que se sucede com o protagonista do filme, desde a sua chegada à ilha, até a volta para casa, resolvi ver como se desenrolava a novela escrita por Daniel Defoe. Depois de muitos ótimos livros cristãos, tive a resolução de ler uma boa ficção. Acontece que maravilhosamente, encontrei uma excelente lição, também, na história de Robinson Crusoé.
Explico. Crusoé era um inglês, descendente de alemães, que era averso à religião e ao bom-senso. Mesmo diante dos avisos paternos de que não empreendesse uma vida de viagens ao redor do mundo, o jovem resolveu desobedecer e passou por diversas desventuras que marcaram a sua vida. Após sobreviver a um naufrágio, chegando a uma ilha inabitada, e depois de refletir bastante sobre a sua longa história até aquele amargurado momento, Robinson Crusoé percebeu o quanto Deus tinha sido misericordioso com ele e que, apesar de merecer a morte por sua vida dissoluta e desobediente, sua vida foi poupada milagrosamente.
Entre os achados no navio naufragado, estava duas Bíblias, em que Crusoé se deleitou e conheceu, finalmente a verdadeira fé. O que mais me marcou neste livro foi a sua menção de que, muito embora tivesse o azar de parar em uma ilha isolada em algum lugar da América, e apesar de não ter esperanças de salvação, havia encontrado a misericórdia do Senhor Jesus, e que tal fato, por si só, era grande motivo para alegria. Assim, concluiu que era infinitamente melhor estar sozinho em uma ilha inabitada, sem as facilidades da vida cotidiana, mas com Cristo, do que estar em meio aos seus conterrâneos ingleses, ou até mesmo no Brasil com sua próspera plantação sem a companhia do seu Deus.
Aí há, então, o desenvolvimento do caráter de um homem que passou a enxergar a misericórdia do Senhor em cada pequeno detalhe de sua vida. Em cada vitória conseguia perceber a mão do Eterno. Até mesmo nos fracassos aparentes Robinson Crusoé conseguia distinguir atos de grande livramento, ocasiões estas que, se fossem distintas, sabia que encontraria sofrimento ainda maior, senão a morte!
As aventuras de Robinson Crusoé é uma ficção, uma novela, um famoso livro, mas com uma história da qual podemos retirar algumas joias. Ao longo da leitura desta obra me questionei: quanto tenho sido grato a Deus pela justiça de Cristo a mim imputada? Quantas vezes e com quanta sinceridade agradeci por ter tido a chance de me deparar com o Evangelho? Em quantos momentos de sofrimento ou desespero consegui distinguir a misericórdia e a obra de Deus, tal como disse o apóstolo Paulo em Romanos 8, quando afirma que "todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus"? Podemos retirar boas reflexões dos 28 anos que Crusoé permaneceu na ilha, no norte da América do Sul.
Contudo há, também, contrapontos com relação à conduta do ser humano que nos fazem pensar: quão facilmente a sociedade europeia dos séculos XVI e XVII poderia tirar a vida de semelhantes em nome da justiça... São fatos sociais que nos fazem questionar. Se eu tivesse em situação tal, em que dadas as circunstâncias deveria enfrentar o dilema de atirar contra outro homem; será que executaria tal atitude?
Enfim. Este é um livro excelente, na minha opinião.