O Lado Negro de Camelot

O Lado Negro de Camelot Seymour M. Hersh




Resenhas - O Lado Negro De Camelot


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Luiza 14/07/2021

Sujeiras politicas
Li este livro com uma certa dificuldade, me dispersei muitas vezes... Embora seja um primoroso trabalho de pesquisa, a obra não é o que eu estava buscando ler.

Este livro de Hersh é excelente, já foi citado por outros biógrafos, e, de fato, aprendi muita coisa não dita e não publicada sobre a Era Kennedy. Contudo, às vezes eu me perdia em meio a tanto nome de tanta gente do governo dos EUA, da CIA, da Máfia, do FBI, das forças armadas, Cuba, URSS, Vietnã, China..

Além disso, imaginei que, pelo título, as histórias estariam focadas nas sujeiras e encobrimentos da vida íntima do presidente, envolvendo seus alcoviteiros, a primeira-dama, sua família e seus casos amorosos. O autor até aborda essas questões, mas bastante "en passant", e apenas para fazer link direto com a política.

Enfim, a leitura teve que ser ser lenta e cuidadosa (ao menos foi assim pra mim, falha minha)

Um detalhe que me incomodou foram as "notinhas" de rodapé (que de "inhas" não tinham nada, a não ser a fonte minúscula). Eram MUITAS "notinhas" de rodapé... e extensas. Por serem impressas em fonte muito pequena, a leitura ficou difícil r cansativa, parecia letra das antigas bulas de remédio! (E eu estou acostumada a ajustar aumentar a fonte nos dispositivos eletrônicos, o que é uma mão na roda).
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Embora já conhecesse algumas sujeiras do governo Kennedy, eu ainda guardava algumas ideias "românticas" a respeito do presidente carismático, fogoso e bonitão (e adorava a figura obstinada de Robert Kennedy, com aqueles lindos olhinhos azuis e sorriso de coelhinho).

Há uma documentário/série da Netflix (excelente produção, aliás) que mostra Robert Kennedy como um grande político, um pai e marido dedicados, um herói cuja missão foi injustamente interrompida... (a verdade é bem outra)

Também quero citar o livro "Os últimos dias de John F. Kennedy", escrito por Bill O?Reilly e Martin Dugard: extremamente comovente, chorei de pena de Jack, lamentei a dor da primeira-dama, esposa dedicada e, depois, viúva, chorei de pena do querido Bobby coelhinho... (A história é tão maquiada que faz a gente se apaixonar por Camelot).

Bom... como escrevi, a verdade é muito outra.

Os Irmãos Kennedy (e devemos, com certeza, incluir o irmão mais jovem, Teddy e, acima de todos, o patriarca Joseph Patrick, raiz da árvore de frutos podres) eram sujeitos mimados e promíscuos que se consideravam acima do bem e do mal... e que não hesitariam em mandar matar quem quer que atrapalhasse seus planos políticos ou quem quer que sujasse a imagem do clã, tão bem forjada com base em mentiras e acobertamentos...

Se eram obcecados em matar um líder tão importante como Fidel Castro, porque não mandariam eliminar uma atriz desequilibrada pronta a causar escândalos? Não duvido de nada (leiam o livro de Jay Margolis: "The Murder Of Marilyn Monroe: Case Closed" - Bobby está lá, e muito envolvido, como sempre.)

O belo JFK, priápico, mas muito doente, fomentava a guerra em silêncio. Bobby, o "politico dedicado", era obcecado em matar Fidel e era odiado por muita gente - máfia, CIA etc.

Enfim, Seymour Hersh aborda muitos assuntos interessantes, mas é essencialmente político, abordando principalmente a política internacional de seu governo. Aprendi um pouco mais sobre essa época que considero tão icônica (são as duas décadas que antecederam meu nascimento, 1969, e prepararam o terreno para os anos 70), mas não foi raro me dispersar... Talvez a partes "chatinhas" fossem necessárias, mas torna o livro mais denso.

A obra é boa, bem conceituada, referenciada por outros autores, mas não é leve e divertida como o bombástico "Nêmesis: Onassis, Jackie O e o triângulo amoroso que derrubou os Kennedy", escrito pelo aclamado escritor e jornalista investigativo Peter Evans (que, aliás, foi entrevistado por Hersh para "O Lado Negro de Camelot")
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ABAIXO, ALGUNS TRECHOS DESTACADOS:

...ainda havia muitos perigos que ameaçavam seu caminho até a presidência. Pelo menos quatro mulheres poderiam controlar seu destino. Uma delas era Marilyn Monroe, a deusa do cinema americano, cujo caso com Kennedy começara um pouco antes da eleição de 1960 e continuaria depois que ele foi para a Casa Branca.

Alguns dos relatos publicados dizem que a relação Kennedy-Monroe começou em meados dos anos 50, quando o segundo casamento de Marilyn, com o astro de beisebol Joe di Maggio, estava terminando e ela estava começando um romance com o escritor Arthur Miller, que se tornaria seu terceiro marido. Seu caso com Kennedy, segundo todos os relatos, estava no auge durante a campanha presidencial. Muitos dos encontros aconteceram em Santa Mônica, na casa de Peter e Patricia Lawford, cunhado e irmã de Kennedy, que eram muito amigos de Marilyn. Foram publicadas algumas especulações de que Marilyn ficara grávida de Kennedy e que fizera um aborto no México; talvez nunca se saiba a história completa, mas relatos do caso e do aborto foram publicados várias vezes desde o suicídio dela e do assassinato dele.

...a atração ia além do sexo. Marilyn tinha um senso de humor sutil e uma tenaz vontade de aprender. "Marilyn fazia Jack rir", explicou Patricia Newcomb, que trabalhava como agente de publicidade de Monroe no início da década de 60. Também havia uma ligação familiar que ia além dos Lawford. Charles Spalding, que era amigo íntimo e confidente de Kennedy desde o final dos anos 40 até o assassinato do presidente, lembra claramente de uma visita particular de Marilyn à propriedade da família em Hyannis Port, onde foi recebida com entusiasmo como amiga de Jack - apesar de ele estar casado.

A única pessoa próxima a Kennedy a discutir publicamente a indicação à vice-presidência nos trinta e cinco anos seguintes foi Evelyn Lincoln, sua secretária pessoal, que disse ao jornalista britânico Anthony Summers estar convencida, em meados da década de 60, de que J. Edgar Hoover e Johnson tinham conspirado. Hoover era conhecido por ser íntimo de Johnson - viviam na mesma rua, a noroeste de Washington - e por anos forneceu a Johnson informações a respeito da vida privada de Kennedy. Em Official and Confidential, a biografia de Hoover escrita por Summers, publicada em 1993, Evelyn Lincoln é citada como tendo dito que Johnson "vinha usando toda a informação sobre Kennedy que Hoover conseguia - durante a campanha, mesmo antes da Convenção. E Hoover estava por trás da pressão feita sobre Kennedy na Convenção... a respeito de seu envolvimento com mulheres, fatos do passado de Joe Kennedy e qualquer coisa que ele pudesse cavar. Johnson estava usando isso como uma forma de obter influência sobre Kennedy. Este estava furioso, porque eles o tinham colocado em um beco sem saída. Estava completamente encurralado...

Joseph P. Kennedy fez mais do que investir seu tempo e dinheiro na sua incansável campanha para eleger o filho presidente, em 1960. Arriscou a reputação da família - e o futuro político de seus filhos Bobby e Teddy - fazendo um acordo com Sam Giancana e o poderoso sindicato do crime organizado de Chicago.

Richard Nixon não tinha ilusões a respeito do que aconteceu em Illinois, mas preferiu não pedir a recontagem, como alguns líderes republicanos queriam. Muitos norte-americanos consideraram a sua decisão de não contestar a legitimidade da eleição um dos seus melhores momentos. Em suas memórias, "RN", ele foi franco ao admitir que sua decisão foi baseada no seu próprio interesse: "E o que aconteceria se eu exigisse a recontagem e fosse revelado que, apesar da fraude, Kennedy era o vitorioso? Charges do 'perdedor despeitado' seriam uma constante e acabariam com qualquer possibilidade de uma futura carreira política." Nixon estava certo. A recontagem em Illinois estava nas mãos do Partido Democrata, e não chegaria nem perto de contar a verdadeira história da eleição.

Os articuladores das operações secretas da CIA estavam seriamente considerando uma série de operações igualmente infantiloides, incluindo o uso de um pó depilador que faria cair a barba de Castro.

Nixon, um político pragmático por excelência, já se considerava derrotado, mas apenas ele e alguns de seus auxiliares mais chegados sabiam disso. A população, fascinada com o charme e o estilo de seu oponente, enxergava muito pouco do verdadeiro John F. Kennedy, e jamais perceberia a profundidade de seu cinismo e obstinação.

Havia cheiro de assassinato no ar, na CIA e na Casa Branca, enquanto o novo governo (de JFK) tomava posse. Alguns altos funcionários da CIA souberam em janeiro que o novo presidente iria ser muito mais duro do que qualquer pessoa de fora pudesse imaginar; logo antes da posse, o presidente-eleito Kennedy pediu a Richard Bissell, diretor da CIA para operações clandestinas e espionagem, que criasse dentro da Agência condições formais para assassinatos políticos.

Durante boa parte de sua vida adulta, Kennedy sofreu de uretrite não-gonorreica, uma dolorosa infecção venérea. Apesar dos tratamentos contínuos, ele continuou com a doença até morrer. Os patologistas da Marinha que realizaram a autópsia de Kennedy na noite de 22 de novembro de 1963 encontraram evidências de clamídia, contou-me um oficial do alto escalão militar durante uma entrevista. As anotações da autópsia não foram publicadas a pedido da família Kennedy, acrescentou o oficial.

O arquivo médico colocado à minha disposição para este livro revela que Kennedy vinha sendo tratado de uma série de doenças venéreas desde 1940, e que frequentemente sentia dores agudas ao urinar. Kennedy estava sendo continuamente re-infectado e, presumivelmente, infectando suas parceiras. A queixa mais frequente de Kennedy era "ardência" e "amolecimento da próstata". O tratamento incluía uma dose maciça de antibióticos e leves massagens na próstata.

Na opinião de Wolfe, os arquivos de Herbst mostram que Kennedy "estava claramente sofrendo de uma doença bacteriana sexualmente transmissível chamada uretrite não-gonorreica". A doença venérea de Kennedy só foi formalmente diagnosticada pela comunidade médica no final da década de 60, disse Wolfe, sendo hoje conhecida como um infecção por clamídia". "Inicialmente, era considerada mais como um incômodo do que como uma doença séria", acrescentou Wolfe, "especialmente por médicos que não sofriam dela". A doença é facilmente transmissível às mulheres, criando riscos específicos. A clamídia pode danificar o trato reprodutivo da mulher, tornando-a incapaz de ter filhos, apesar de provocar sintomas físicos leves. Em 1997, foi estimado que infecções por clamídia não-tratadas eram responsáveis por trinta e cinco por cento da infertilidade entre as mulheres norte-americanas. As injeções de cortisona que Kennedy precisava para controlar o mal de Addison (outra doença grave que ele tinha) podem ter aumentado seu apetite sexual. Os efeitos colaterais do esteróide, para muitos usuários, incluem aumento da sensação de confiança e poder pessoal e um marcado aumento da libido."

Em 1961, Kennedy teve a chance de livrar-se de um envolvimento americano no Vietnã do Sul. Em vez disso, optou, silenciosa e indiretamente, por entrar em guerra, com o apoio da vasta maioria dos seus mais graduados conselheiros militares, que pediram que mandasse tropas Americanas e confrontasse o expansionismo soviético no sudeste asiático.

Robert Kennedy, que havia recentemente atuado no canal clandestino de comunicações entre Kennedy e Khrushchev, recebeu outro encargo no outono de 1961: se tornou articulador de uma nova tentativa americana de assassinar Fidel Castro e derrubar seu governo. O entusiasmo de Bobby pela missão e sua insistência para cumpri-la fizeram com que o procurador-geral de trinta e cinco anos fosse o funcionário mais temido e desprezado no governo.

Até sua morte em 1968, Robert Kennedy repetidamente negou que ele ou o irmão tivessem algo a ver com as tentativas de assassinato de Fidel Castro. As negativas mais explícitas se deram durante suas entrevistas, gravadas em abril e maio de 1964, na Biblioteca Kennedy. Perguntado se tinha havido alguma tentativa de assassinar Fidel Castro durante o governo do irmão, ele disse:
- Não.
- Ninguém tentou?
- Não.
- Nem pensou nisso?
- Não.

Ele tinha um plano maravilhoso para se livrar de Castro. O plano consistia em espalhar o boato de que a Segunda Vinda de Cristo era iminente e que Cristo estava contra Castro, (que) era o antiCristo. E isso seria espalhado por Cuba e numa data qualquer, haveria uma manifestação... Naquele momento ? isto é a mais pura verdade ?, na linha do horizonte, haveria um submarino norte-americano que viria à tona, e soltaria fogos de artifício na costa de Cuba. E esta seria a manifestação da Segunda Vinda e Castro seria derrubado... Alguém chamou este esquema de "Eliminação por Iluminação"

Ellen Rometsch tinha ido à Casa Branca duas noites antes para uma festa nudista na piscina. Havia uns cinco caras e doze garotas na piscina coberta da Casa Branca.

"Sabe, fico com enxaqueca se não pego um rabo diferente todo dia" (Presidente JFK, em conversa com Bobby Baker).

A partir de julho de 1963, e durante os meses seguintes, a prostituta alemã Ellen Rometsch ajudou Kennedy a precaver-se das dores de cabeça. E fofocou sobre isto.

Ela descreveu festas nudistas na piscina da Casa Branca em que todo mundo corria por lá pelado. Houve uma ocasião em que Jackie chegou em casa e havia uns cinco caras e doze garotas na piscina coberta da Casa Branca.

Aparentemente, a primeira-dama fazia o possível para evitar tais surpresas. Quando viajava para a Europa ou outro lugar qualquer, Jacqueline Kennedy sempre telegrafava ao presidente antes de seu retorno.

Houve uma ocasião em que ela estava "voltando um dia antes do planejado". Os funcionários na sala de comunicações entenderam a verdadeira mensagem da primeira-dama:

"É melhor você mandar seus amigos embora da Casa Branca".

Mesmo a bordo do Air Force One o presidente foi forçado a usar um suporte rígido que se estendia dos ombros à virilha - conseqüência de uma tentativa de captura malfeita na borda de uma piscina durante uma viagem de campa- nha na Costa Oeste. Hugh Sidey, correspondente da revista Time na Casa Branca, recordou em entrevista para este livro que, dois meses antes do fim, uma mulher de suas relações ?chegou para mim e contou como Kennedy tentou agarrá-la na piscina. Ela se deslocou e [o presidente) caiu dentro da piscina, machucando as costas?. O suporte manteria o presidente erguido para as balas de Lee Harvey Oswald.
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Paulo Roberto 25/03/2013

Tema Sensacional
O tema desse livro é sensacional, os bastidores do Poder na Era Kennedy, com toda a corrupção, sexo, envolvimento com a Máfia etc., porém o livro é bem cansativo, a maneira como o Autor contou a história tornou o livro um pouco burocrático, mas ainda acho que vale muito a pena lê-lo, principalmente para aqueles que pensam que a corrupção e políticos pouco éticos são exclusividade do Brasil e de países da América Latina.
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