Diário de Bitita

Diário de Bitita Carolina Maria de Jesus




Resenhas - Diário de Bitita


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Luciano 01/08/2021

"Felicidade é uma lenda que os homens criaram"
Quantos relatos dolorosos. Ainda mais quando a gente tem em mente todas as coisas pelas quais ela ainda passaria, como relatado em "Quarto de despejo". Uma escrita impactante.
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Marcelo217 30/05/2021

Triste realidade do negro no inicio do século XX
Antes de ler o Quarto de despejo, lembrei que o Diário de Bitita conta a história da Carolina Maria de Jesus antes de mudar pra São Paulo e assim resolvi ler a sequência da autora.E, NOSSA! Como essa mulher sofreu!

Lembro que a professora falou algo sobre a escrita dela ser tratada como algo exótico pela crítica, uma vez que os relatos são crus. Também disse para não levar os relatos ao pé da letra, uma vez que a editora dos livros que mantinha um controle sobre a própria Carolina.

A história em si tem uma narração quase infantil. Conta a trajetória da autora em forma de relatos curtos sobre o cotidiano da infância até a idade adulta da autora. Muito preconceito, muita discriminação (até mesmo da família). Rejeitada por todos, a Carolina nos prova ser uma mulher forte e resiliente ao passar pela vida miserável, mostrando que seu ato de maior bravura foi resistir e continuar viva.

Muitos fatos me deixaram angustiado com o quão mal ela foi tratada durante a vida. Foi tida como louca, como desonesta, feiticeira etc. além das concepções chocantes da autora, de forma ingênua, a retratar o racismo e agir com resignação frente a ele. Viver sempre sob os caprichos de alguém, ter paciência extra e não lamentar por viver no mundo dos brancos. Muito triste ela dizer que não entrou no mundo pela porta da frente e sim pelo quintal.

No quesito histórico, ela contextualiza e cita autores como Luiz Gama e Castro Alves, abolicionistas. Cita Rui Barbosa e Tiradentes como mártires de luta pela igualdade, além da contextualização política da época com Getúlio Vargas e a esperança de dias melhores para quem era negro e pobre na época. A todo momento na história há fatos que mostram a hierarquização das raças e denúncia às políticas públicas do Brasil, especificamente em Minas Gerais e São Paulo, no início do século passado.

O que ela relata é a perpetuação da realidade. Esses diários contam a vida de quase 100 anos atrás e ainda hoje negros e pobres continuam perecendo na sociedade opressora e das políticas públicas que só beneficiam aos ricos.
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Rodrigo 22/11/2022

Uma menina forte
Que força Carolina Maria de Jesus já demonstrava desde a infância!
Se hoje viver em um país racista é difícil, no século passado era quase impossível.
Inúmeras lições de resiliência!
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Renata (@renatac.arruda) 29/07/2018

Meu primeiro contato com Carolina Maria de Jesus foi através desse livro, uma leitura que foi visceral pra mim. Carolina assume a voz de criança/adolescente de forma convincente e não apenas para contar memórias de sua infância, relembrando toda a luta que travou para conseguir sair de sua cidade e embarcar para São Paulo, onde esperava encontrar oportunidades para uma vida melhor, mas também para questionar a sociedade da época, não poupando críticas também às pessoas com as quais convivia, se mostrando desde cedo uma pessoa introspectiva e mais dada à reflexão e à leitura que aos bailes tão apreciados por seus vizinhos.

Publicado postumamente nos anos 80, bem depois da escritora ter chamado atenção com Quarto de Despejo (que pretendo ler em novembro para o @leiamulheres_campogrande), o diário faz parte do projeto literário da autora, discutindo questões sobre raça, gênero e classe que são pertinentes ainda hoje. Os relatos de Carolina dão nó na garganta e mostram com crueza a realidade de pessoas humilhadas, exploradas e abandonadas algumas décadas após a abolição da escravidão.
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"Agora já estava compreendendo que, entra governo, sai governo, o pobre continua sempre pobre. Os sonhos de melhores dias não eram para nós. Nós vivíamos como São Lourenço na grelha incandescente", escreveu sobre Vargas. "Quem estava fazendo aquela revolução eram os ricos. Mas eles revoltam-se por quê? Quem deveria e deve revoltar-se somos nós os pobres, que trabalhamos sem melhorar a nossa condição de vida, ganhamos apenas as unidades que não cobrem as nossas necessidades. Temos que ficar semi-alfabetizados porque o curso superior está ao alcance dos poderosos somente".
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Em alguns momentos, quando consegue emprego ou moradia em um lugar que a trata de forma decente, ela logo se diz cansada daquela vida e volta para a miséria de Sacramento. Porque o que ela queria não era viver servindo alguém, mas que seu trabalho a permitisse ter sua própria casa de telhas e comida farta. Carolina se pinta como uma pessoa orgulhosa, rejeitada por uma sociedade que não a desejava, mas ainda assim ousando não se conformar. Recomendo forte.

Em: https://www.instagram.com/p/BlbfeYjnUoQ/

site: https://www.instagram.com/p/BlbfeYjnUoQ/
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z..... 16/07/2019

Obra póstuma, publicada na década de 1980, segundo as informações, como uma das últimas de Carolina, que entregou a jornalistas franceses. Antes de nosso país, teve edições na França e Portugal.

É um livro muito interessante, em que Carolina resgata memórias da infância e adolescência, porém, estas vão além de sua biografia e, tal qual 'Quarto de despejo' no impacto revelador sobre a favela, constitui-se também em um relato visceral sobre a sociedade preconceituosa, machista, exploradora e injusta no cotidiano do país.

Bitita (Carolina na infância), de maneira pragmática tem a percepção e descoberta de muitas coisas de seu contexto, provocando-lhe reações que variam entre a ingenuidade da menina e a criticidade da escritora. Ilustrando o primeiro aspecto, o posicionamento da menina em desejar ser homem ou em não querer ter ninguém quando crescer (reflexos ao que via do machismo) e, no segundo aspecto, observações sobre a história da escravidão em nosso pais, com considerações sensacionais.

O racismo, a exploração do pobre e a opressão à mulher são os temas mais presentes, em exemplos práticos observados e vivenciados por Bitita.

Chama também atenção o posicionamento idealista da menina, motivado e esperançoso de transformações pelo que lia e valorizava nos livros. Por conta disso, no contexto em que vivia de desapego a eles, muitos a interpretavam erroneamente e até mesmo canalizavam para mais preconceito, quando a viam com seus livros. É o que contou quando, no entusiasmo pela obra-prima de Camões, era rotineiramente vista com o clássico e um dicionário para ajudar na leitura. O povo dizia que era coisa de feiticeira e só podia ser o livro de São Cipriano. Diante dos fatos, persistia o entusiasmo da menina pela educação, pelo saber transformador, expressos na literatura... Alicerce para o que a motivaria em "Quarto de despejo'.

As histórias são ambientadas na segunda e terceira década do século passado, iniciando em Minas Gerais (principalmente em Sacramento) até a mudança para São Paulo. Os fatores determinantes foram o que Bitita relatava: exploração, pobreza, racismo.

Finalizando, as obras de Carolina são marcadas pela simplicidade textual e este livro é diferenciado nesse sentido. Tive impressão de ser, textualmente falando, o mais elaborado.
Gostei bastante, depois de "Quarto de Despejo" é a obra que mais curti de Carolina. Instiga muitas reflexões, infelizmente, ainda por coisas recorrentes em nossa realidade.
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Fernando 20/07/2019

Quando nascemos, choramos, e o choro é o prenúncio da auréola de infelicidade que há de cingir a nossa fronte. Todos que nascem sofrem

CMJ, DdB.
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Ana Clara 20/10/2022

Um livro muito bom, me surpreendeu
Diário de Bitita nos mostra como a parcela, infelizmente, mais oprimida da população enxerga o mundo e como vive.
Apesar de não ser um livro novo, é muito atual, principalmente em relação aos pensamentos filosóficos e políticos nele presentes
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saralupion 29/09/2020

Assustadoramente atual
Embora o livro tenha sido escrito em 1977, as problemáticas abordadas ainda são tão atuais que a leitura chega a ser agonizante. Isso não quer dizer que você não deve fazer a leitura, muito pelo contrário!! Não podemos fechar os olhos para o racismo estrutural e que nós reproduzimos. Ler as palavras de Carolina Maria de Jesus é prazeroso mesmo em temas pesados.
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Marina 03/01/2021

As agruras de nascer mulher, negra, brasileira
Depois de ler "Quarto de despejo: diário de uma favelada" e "Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada", eis que tenho o privilégio de ler este livro. É impressionante o modo como a autora nos leva a viajar para um Brasil profundo, um Brasil dos anos de 1920, passando pelos anos de 1930, e conhecemos as dores da formação do povo brasileiro a partir da vida de Carolina, nascida em Sacramento no estado de Minas Gerais. A escritora revela detalhes de um Brasil pós abolição em que a população negra, após ser "libertada" é deixada às margens do Brasil, sem perspectiva, sem saída, sem comida, casa, educação, saúde, Carolina questiona "Que liberdade é essa?", em que homens negros são perseguidos pelos soldados e policiais apenas pela cor de sua pele e, infelizmente, é possível estabeler uma profunda relação entre este período e os dias atuais, quase cem anos depois o que mudou? Parece que muito pouco, em alguns momentos, apesar das lutas e conquistas. Este livro é a denúncia de um Brasil que muitos (as) não querem ver, todas e todos precisamos conhecer nosso passado a fim de compreender o presente e contribuir na construção de um futuro mais justo, menos desigual, menos cruel, sem opressão, sem racismo. Que história dolorida, em muitos momentos recordei o livro "Tereza Batista cansada de guerra", de Jorge Amado, com muitas diferenças, claro, principalmente pelo fato de Tereza ser uma personagem fictícia e Carolina ter sido mais do que real, o que me lembrou foi que ambas representam o povo brasileiro, histórias que se repetem, dores que não se apagam, feridas que não cicatrizam, até quando? - temos todos e todas nós, repito, responsabilidade em conhecer nossas doloridas raízes para tentar fazer nossa parte para a construção de um Brasil menos desigual.
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Natalia 18/05/2022

Faltas
"Eu olhava o dinheiro e pensava: ?Sem este papel ninguém vive. Ele nos domina, e predomina na nossa vida! Os que têm bastante são fortes, são respeitados, são os dono do leme; quem não o tem em grandes quantidades, é joão-ninguém, pé-rapado, são os desconsiderados, são os fracos.?"

Esse diário é uma leitura muito forte. Não necessariamente as experiências contadas serão as mais violentas que você já teve contato em uma obra de ficção; mas o fato de ser uma história real, contada com a crueza do cotidiano, dói. A vida de Bitita é descrita desde a infância, onde tudo era visto e entendido com muita ingenuidade, passando por cada descoberta com a compreensão cruel de como a realidade funcionava, até uma fase adulta de doença e desamparo.

Carolina Maria de Jesus em nenhum momento descreve sonhos de ser escritora, nem mesmo quando estava aprendendo a ler. Suas aspirações eram, em todo o tempo colocado no livro, moldadas pelo contexto vigente: racista, sem possibilidade de mobilidade social, sem assistência à saúde, sem amparo familiar e muito menos do Estado. Saber que eu tenho na minha lista um best-seller dessa autora e que ela morreu sem reconhecimento real dilacera e escancara tudo que ela constatou ao longo da vida sobre o que é viver no Brasil como mulher negra.

O pior é que continua atual.
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Pri 27/09/2020

Apesar do nome, o livro não é um diário. Ele está mais para um livro de memórias, porque foi escrito pela Carolina já adulta e não no formato de diário - o que, convenhamos, teria sido esquisito. Diário de Bitita fecha a "trilogia" da vida da autora, nos mostrando a infância dela. Nessa trilogia teríamos Infância (Diário de Bitita) - Favelada (Quarto de Despejo) - Ex-favelada (Casa de Alvenaria).
Gostei que o livro foi organizado por temáticas, porque tornam a leitura dinâmica e também por ser um indício de um certo amadurecimento de Carolina enquanto escritora. Gostei do livro de modo geral - ele diverte, nos faz refletir, tem uma leitura fluida. Eu gosto da forma como a autora escreve, sua espontaneidade, crueza e ao mesmo tempo sofisticação.
O que mais me marcou do livro é a solidão de Bitita, mas uma solidão não engolfada pela desesperança, porque a esperança, de uma vida melhor, é o que a move. Ainda assim, a solidão está lá, nas relações familiares, onde não tem uma pessoa que goste dela, pelo contrário, muitos parentes expressam de forma bastante explícita seus sentimentos negativos em relação à Bitita; nas amizades, quer dizer, na falta delas; na forma como ela vive, sempre sozinha, se virando sozinha, contando só consigo mesma e encontrando pouquíssimas pessoas que de fato a tratam com respeito, dignidade, que lhe pagam o que lhe é devido. Já vi pessoas usando a história da vida da Carolina para reforçar ideias distorcidas de meritocracia, mas isso é um erro; a vida dela é uma tragédia. Se não fosse a esperança, me pergunto se ela não teria algum dia tentado o suicídio, porque ela flerta com a morte, com o desejo da morte, algumas vezes. Mas esse é um pensamento errante e acho que eu não deveria ficar especulando, pode soar leviano.
Em resumo, gostei do livro e o recomendo fortemente.
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Ludmila 27/09/2020

Perfeito!
Diário para entender como a falta de oportunidades e de condições de inclusão do negros libertos fez o Brasil ter o racismo estrutural que temos hj.

Com palavras e estruturas tocantes, Carolina de Jesus mostra que a voz do não-hegemônico e oprimido tb faz literatura.
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Karoline67 09/03/2021

Não há palavras para Carolina
Conforme eu ia lendo Bitita, pensava como eu ia dar conta dessa resenha. O livro tem tantas passagens marcantes, tantas frases impactantes, tantos trechos sofridos que eu não consigo nem colocar aqui. Mas quando terminei, percebi que o livro tinha me deixado sem palavras. Carolina narra a história dela mesma, em uma infância de sofrimento, racismo, dor e subempregos análogos à escravidão e ainda assim nos dá uma aula de História, sensibilidade, força, literatura - obrigada por me encorajar a ler Os Lusíadas, Carolina! Sinceramente, foi um dos livros mais fortes, impactantes e sinceros que eu já li na vida. Não sei explicar o efeito de Bitita em mim, só sentir.
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Kell 20/01/2022

Surreal e duramente realista
A vida de Carolina Maria de Jesus, grande escritora brasileira, resumida em uma palavra:
Injustiça.

Injustiça racial, classicista, social, de todo tipo.

Nesse livro, foram reunidos escritos da Carolina ainda pequena (inicialmente com quatro anos) e ao longo de alguns anos.

Um fator que não me agradou: a escrita parece madura demais em certos pontos, e especialmente quando a Carolina estava com quatro anos, seus pensamentos pareciam evoluídos demais. Não diria que era uma criança narrando.

Mas a realidade brutal de Carolina - assim como a realidade de váries negres especialmente naquela época - era terrível. Chega foi ao ler algumas partes, pois não é como se fosse ficção. Aconteceu, e foi um horror.
E o quão descarado era o racismo nesse período...

Carolina passa por muita coisa e as narra aqui. Sua luta diária para simplesmente sobreviver, mesmo que precariamente, é dolorosa, mas real.

Esse livro é um daqueles que a gente precisa de vez em quando para nos lembrar de porquê lutamos, pelo quê lutamos, e quão longe estamos indo na batalha contra o racismo estrutural.
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