Farda Fardão Camisola de Dormir

Farda Fardão Camisola de Dormir Jorge Amado




Resenhas - Farda Fardão Camisola de Dormir


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Felipe 04/03/2011

Coisa de mestre
Jorge Amado é um mestre, sem dúvida um dos maiores escritores brasileiros e ninguém poderia se surpreender se alguém o colocasse com o maior de todos. Autor de clássicos como “Capitães de Areia” e “Gabriela, cravo e canela”, tem uma vasta biografia, toda em alto nível. Grande parte de seus clássicos se passam em seu estado natal, a Bahia, e são carregados de sensualidade e de tradições baianas oriundas da África. Este não é o caso de “Farda, fardão, camisola de dormir” que se passa no Rio e quase não sensualidade e referências as tradições africanas, e mesmo assim Jorge Amado consegue escrever um romance espetacular!
Como todas as histórias de Jorge, esta também gira em torno de algo inusitado. Um imortal da Academia Brasileira de Letras morre e a trama gira em torno da eleição para sua substituição. Logo no início o leitor é apresentado ao primeiro candidato, tido como favorito, um coronel do exército dito como torturado na ditadura do Estado-Novo, período no qual o livro se passa. Tal indicação não agrada os acadêmicos mais liberais que lançam um candidato azarão, um general do exército da reserva.
Então dar-se a batalha do Petit Trianon, onde nem o leitor mais astuto é capaz de prever o final. Jorge nos envolve de tal forma que não conseguirmos nos livrar dos personagens mesmo quando não estamos lendo seu romance, além disto torna a trama tão empolgante e surpreendente que justifica a leitura com calma de cada página escrita por ele.
Se não bastasse a narrativa de Jorge, e a história que ele conta em “Farda, fardão, camisola de dormir”, ele se passa em uma ditadura e denuncia as atrocidades cometidas pelo governo Vargas durante a II Guerra Mundial, a corrupção e as torturas incluídas. Isto, por si só, mostra a coragem de Jorge Amado, pois o romance foi publicado originalmente em pleno outro período ditatorial do Brasil no início dos anos 80, período em que se torturou tanto gente ou mais que na era Vargas. É genial a forma como Jorge denuncia as atrocidades de uma ditadura sem sequer fazer referência direta ao período em que o livro foi escrito e que denuncia. Coisa de mestre!
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Pedro.Gondim 25/02/2021

Oh, Santa Academia!
"? (...) Nas eleições realizadas nos últimos anos, houvera evidente abandono de alguns princípios que norteavam a escolha dos acadêmicos desde a fundação da Casa. Antes, a prioridade era dada aos expoentes das categorias superiores da sociedade. Hoje, a preferênciavai para os escritores, mesmo quando não possuem outra qualificação além da literária. A tal ponto que a Ilustre Companhia ficara sem representantes das Forças Armadas, um absurdo!" (p. 167)
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EvaíOliveira 16/03/2022

Quando o Estado Novo de Getúlio Vargas ainda flerta com o eixo nazifascista, a morte súbita e prematura do poeta Antônio Bruno abre uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Quem prontamente se candidata é o coronel Sampaio Pereira, chefe da repressão política do regime e simpatizante do nazismo.
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Rodrigo 04/07/2020

Manipulação
Nessa fábula contemporânea Jorge Amado mostra -nos o que o poder, o desejo, a manipulação é capaz de fazer na vida das pessoas. Lógico que temos as personagens femininas e fortes que só nosso escritor baiano consegue criar, como a Mariana, Cecília, Maria João e a Maria Manuela que mostram a força da mulher brasileira.
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@ninh@ 15/12/2021

FARDA FARDÃO CAMISOLA DE DORMIR - JORGE AMADO
O livro é fascinante, geralmente os livros que Jorge Amado escreveu são ótimos no início deste livro tive uma dificuldade em ler, pois achei um pouco monótono, quando chegou na página 130 em diante o desenrolar da história ficou interessante, não consegui mais de parar de ler. A história ficou gostosa de ler, ele possui um humor leve. O livro fala sobre a disputa por uma vaga na Academia Brasileira de Letras, menciona até sua eleição. O enredo retrata como viveu o personagem Antonio Bruno (Poeta de "A Camisola de dormir" ), ocorre durante a Segunda Guerra Mundial e Ascensão do Nazismo, o nosso país vivia no regime do Estado Novo, onde o autor sofria com a censura e a perseguição por sua filiação ao Partido Comunista. Pelo fato de o livro ter sido publicado ainda na época da ditadura, trazendo a tona o autoritarismo do passado, relatos daquela época da história.
A livro queria mostrar e despertar no leitor que ainda havia possibilidade de mudança e ainda poderia existir a liberdade de expressão.
Recomendo a leitura.

site: https://detalhefeminino.blogspot.com/2012/08/farda-fardao-camisola-de-dormir-jorge.html
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 11/06/2017

Jorge Amado - Farda, Fardão e Camisola de Dormir
272 Páginas - Editora Companhia das Letras - Relançamento: 18/09/2009.

Jorge Amado (1912-2001) nunca foi devidamente reconhecido por grande parte da crítica literária brasileira, talvez devido ao sucesso de público de seus romances ou em decorrência das adaptações para cinema, teatro e televisão, mas isso só comprova que a aceitação popular não é sempre incompatível com o valor artístico, a sua obra é atemporal e universal, como todo grande autor deve ser. Entre seus muitos romances, "Farda, Fardão, Camisola de Dormir", lançado originalmente em 1979, é ignorado na maioria das compilações bibliográficas sobre autor e, de fato está longe de ser o melhor livro de Jorge Amado, contudo, algumas peculiaridades merecem reflexão se considerarmos o momento histórico atual do Brasil e do mundo, uma época em que as ideologias de extrema direita e um apelo ao nacionalismo e xenofobia ameaçam as liberdades individuais.

Em 1940, o Estado Novo, instituído por Getúlio Vargas em 1937, mostrava perigosos sinais de simpatia com o avanço do regime nazista na Europa e mantinha um governo de forte repressão política no Brasil que duraria até janeiro de 1946, uma fase de obscurantismo na história nacional e mundial. O próprio Jorge Amado, militante comunista, foi obrigado a exilar-se na Argentina e no Uruguai entre 1941 e 1942, período em que fez longa viagem pela América Latina. Em 1945, foi eleito membro da Assembléia Nacional Constituinte, na legenda do Partido Comunista Brasileiro (PCB), tendo sido o deputado federal mais votado do Estado de São Paulo. A sua trilogia "Os Subterrâneos da Liberdade" retrata episódios ocorridos durante o Estado Novo (1937-45) e a resistência do Partido Comunista Brasileiro durante o período, tendo sido escrita em Praga, na Checoslováquia, onde ele viveu depois de ter sido exilado, em 1948.

Os anos quarenta foram portanto uma época bastante conturbada da política brasileira, particularmente difícil para Jorge Amado, mas a recriação ficcional deste período em "Farda, Fardão, Camisola de Dormir", tem uma abordagem muito mais leve do que em "Os Subterrâneos da Liberdade". Escrito bem mais tarde, em 1979, durante o final de outro regime de exceção militar (1964-1985), com o subtítulo de "Fábula para acender uma esperança", o romance mistura personagens ficcionais e históricos em sua narrativa para descrever a disputa de uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Após a morte do poeta Antônio Bruno, o coronel Sampaio Pereira, chefe da repressão política do regime e simpatizante do nazismo se candidata à vaga na Academia, ocorrendo então um movimento entre alguns veteranos acadêmicos contra a sua candidatura.

"Esta fábula conta como dois velhos literatos, acadêmicos e liberais, partiram em guerra contra o nazismo, a ditadura e a prepotência. Toda e qualquer semelhança com tipos, organizações, academias, classes e castas, figuras e sucessos da vida real será pura e simples coincidência, pois a anedota é produto exclusivo da imaginação e da experiência do autor. Reais são apenas a ditadura do Estado Novo com a Lei de Segurança, a máquina de repressão, as prisões cheias, as câmaras de tortura e o obscurantismo, e a Segunda Grande Guerra Mundial, desencadeada pelo nazifascismo, em seu pior momento, quando se dava tudo por perdido e a esperança fenecia." - Introdução (Pág. 13)

Jorge Amado, ele próprio eleito para a ABL em 1961, utilizou muito de sua experiência na instituição literária para mostrar o mundo de formalidades que envolvia as eleições e seus procedimentos secretos. No romance, a saída encontrada para fazer frente à candidatura do coronel Sampaio Pereira, que representava o regime autoritário da época, foi articular a anticandidatura de outro militar, de oposição, o general reformado Waldomiro Moreira. As divertidas estratégias utilizadas na campanha dos dois candidatos, que refletiam a senilidade de muitos dos quarenta acadêmicos, dão um tom bem-humorado e irônico ao romance, uma grande sátira sobre a vaidade humana.

A narrativa é totalmente ambientada na cidade do Rio de Janeiro, uma exceção à apaixonada tradição do autor de caráter regionalista que imortalizou com seus inúmeros personagens inspirados no povo simples da Bahia e suas tradições folclóricas e religiosas, sempre com muita sensualidade. Por sinal, mesmo com personagens eruditos e de avançada idade, Jorge Amado encontra espaço para descrever as apimentadas relações amorosas do falecido poeta Antônio Bruno, um sucesso com as mulheres da sociedade carioca da época. Enfim, um livro leve e agradável de se ler, com a marca do estilo único do autor que sabe como poucos contar uma boa história.
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André Ortelan 03/12/2021

Não comece a obra de mestre Jorge por aqui.
O meu conselho se dá pelo medo de você começar por este, decepcionar-se e nunca se deliciar com "Gabriela, Cravo e Canela", "Capitães da Areia", entre outros. Palavras de um verdadeiro fã que é este que vos escreve.
Honestamente, a história mostra potencial para ser, de fato, interessante e envolvente, mas não. Realmente não a achei nada disso.
Fora o desfecho surpreendente, Jorge Amado parece ter feito escavações rasas no enredo principal, que é a disputa por uma cadeira vaga na glamourosa e disputada Academia Brasileira de Letras entre dois candidatos "peculiares".
Além disso, o abundância de aparecimentos de personagens, com seus nomes, apelidos e sobrenomes completos, tendo cada um os fios de suas histórias pessoais puxados à exaustão, torna a leitura confusa, com excesso de informações dispensáveis (acima de todos, o falecido poeta que desocupou a cadeira, parecendo ser ele em si o tema principal do livro).
Afinal, apesar de tudo, podemos tirar conclusões pertinentes a respeito de temas sensíveis. Jogos de poder, a ética (ou falta dela) entre cidadãos ditos ilustres, ideologias radicais, entre outras análises melhores encaradas, quando lidas com nossos próprios olhos e valores.
Por conseguinte, concluo: não gostei, não indico, mas não me arrependo de ter lido.
Flávia Menezes 06/12/2021minha estante
André, não posso deixar de comentar aqui? Que resenha incrível! É tão difícil ver uma crítica bem feita e fundamentada, que tenho que deixar aqui meus parabéns por uma resenha tão bem pontuada! ????????????




Mumartins 03/08/2022

Uma mensagem de esperança
“Uma fábula para acender a esperança”, é como Jorge Amado se referia ao seu livro Farda Fardão camisola de Dormir. E de fato o é. A obra, ambientada na ditadura do Estado Novo, quando Vargas ainda flertava com o eixo fascista, busca tratar da sucessão de Antônio Bruno na Academia Brasileira de Letras. Bruno morreu de insatisfação após a tomada de Paris por parte dos nazistas, tendo em vista que ele era apaixonado pela cidade e que viveu grande parte de sua vida por lá. No entanto, apesar de seu desgosto, antes de morrer o poeta legou à posteridade um último poema: Canto de amor para uma cidade ocupada.
A disputa pela vaga na ABL se deu entre o Coronel Agnaldo Sampaio Pereira, ligado ao aparelho repressivo do Estado Novo e apoiador da Alemanha, e o general da reserva Waldomiro Moreira. A candidatura do segundo foi uma resposta, por parte de Mestre Afrânio Portela e outros literatos, que tinha o objetivo de afrontar Vargas e sua ditadura, tendo em vista que o General Waldomiro era um oposicionista ferrenho que participou, inclusive, da Revolução Constitucionalista de 1932. Mas até mesmo seus apoiadores discordavam de sua indicação, tendo apenas o apoiado com o objetivo de impedir a entrada de um nazista na instituição.
No decorrer da trama, as amantes de Bruno ajudaram a candidatura do general com o objetivo de honrar a cadeira antes ocupada pelo poeta. Mas ao longo do livro, Moreira demonstrou ser um tanto autoritário. A partir daí, o dilema que é instituído é de terem trocado o fascista pelo autoritário. O autor consegue dar um final esperançoso e nada óbvio para esta situação.
A obra é repleta de passagens que caracterizam a conjuntura social da época: as repercussões da Segunda Guerra no Brasil, o constante medo e a constante perseguição ao comunismo, a censura e a normatização do fascismo. A escrita de Jorge Amado é apaixonante e fluida, não obstante tratar de temas tão complexos. Ler Farda Fardão Camisola de Dormir é se debruçar sobre um dos momentos mais sombrios da história , mas também é um convite para nos tornarmos sujeitos pensantes sobre tempos de miséria humana.
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Lorenzo.Vidal 20/05/2021

Jorge Amado e sua fábula...
Meu segundo livro lido do gênio, li logo após de ler sua obra prima, Capitões de Areia, a régua estava alta, e não me decepcionou! Jorge Amado cria uma guerra entorno da morte de poeta Antônio Bruno, e nos faz refletir e questionar certas coisas, porém nos diverte facilmente com a ironia de certas situações. Não é perfeito (5/5) por conta das quebras narrativas. Os personagens são INCRÍVEIS! Recomendo esta fábula! Não irá se arrepender!
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Sa | @umadose.de.literatura 03/02/2024

Jorge Amado nunca decepciona
Uma história super interessante trazendo um período histórico obscuro, onde velhos literários da ABL tentam impedir que um coronel nazista se torne um imortal.
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Tina 25/01/2010

Um livro divertido. Totalmente diferente das histórias cruas do Jorge Amado. Com uma mensagem: Os malandros também envelhecem.
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DTK 09/01/2022

Brilhante
O livro tem como foco uma disputa por cadeira da Academia Brasileira de Letras, com mortes, reviravoltas, suborno e traições envolvidas.

Escrito como que na época do governo do Estado Novo conta com diversas referências políticas e literárias. Conta com um final inesperado e moral libertária como mais aprecio.

A história, como qualquer outra de Jorge Amado, é fluida e prende o leitor até o final, trazendo interesse em assuntos não antes contemplados. A partir do livro já estou convencida a conhecer mais profundamente nossos acadêmicos atuais da ABL.
Qualquer um que aprecie a obra do autor gostará também desse livro, eu indico.
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Gois 23/08/2021

Literatura e Guerra
Eu amo Jorge Amado. Tenho que assumir que esse não é um dos livros mais geniais dele, é mais uma anedota do que um livro, é mais uma metáfora do que algo real (mistura fatos e personagens reais com imaginarios). Ele faz um comparativo entre a luta da segunda guerra mundial e uma eleição da Academia Brasileira de Letras ( da qual Jorge Amado e a esposa fizeram parte). Aproveita para criticar ditaturas, criticar a hipocrisia da sociedade, falar da repressão ao livre pensar, e incentivar o comunismo (sim, claramente ele é a favor do comunismo no livro hehe). E claro, os temas habituais de amor, sexo, mulheres, poesia. O livro é interessante e ágil, em alguns momentos com escrita um pouco confusa, mas vale a leitura.
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