Minha Velha Estante 31/12/2015De cara fiquei completamente apaixonada pela sinopse do livro. E surpresa por saber que cada vez mais escritores brasileiros se rendem à literatura fantástica! E Ahmnat é um verdadeiro presente para quem gosta do gênero.
A capa é realmente linda e já vai alimentando a imaginação do leitor em relação ao que ele vai encontrar na história, com acabamento fosco e verniz prateado no título da capa e na borda, a diagramação é simples e ao início de cada capítulo vem uma folha inteira preta; as páginas tem uma gramatura maior e com isso são um pouco mais grossas, o que faz o livro parecer imenso.
A história começa no Egito Antigo com a jovem Ahmnat, que depois de uma vida sofrida e da morte trágica que teve, pede e ganha o posto de Morte com o intuito de poder se vingar de todos que a fizeram sofrer em vida. Mas toda a história irá se desenrolar a partir de uma aposta com o Destino. Ahmnat é hora cruel, ora doce, mas não tem como não torcer por ela. Uma mulher forte que sofreu horrores, mas resolveu encarar a vida de frente.
"Ouvi os gritos de todas as pessoas em meio às chamas que faziam sucumbir seu corpos frágeis. Seu frágeis corpos mortais. Casas, ruas, habitantes de uma civilização poderosa, agora incineravam a meu favor. Queimem desgraçados! Gritem por suas vidas! Sejam vocês os primeiros a sentir meu poder, a ajoelhar em dor diante de mim.'
Na história, o destino dos seres humanos é escrito por Destino, uma entidade milenar. Mas Destino é um garoto mimado que gosta de brincar com as vidas humanas. Ele se revolta contra Ahmnat, pois ela frustra o que ele escreveu para a sua vida tornando-se Morte, pois esse não era o seu destino. Sendo assim, ele vai tentar reescrever a vida de Ahmnat, mesmo que seja necessário trapacear.
Do Egito antigo até os dias de hoje, a história é, por vezes, contada pela própria Ahmnat a uma segunda pessoa, o único amor de sua vida, que ela não se permitiu destruir.
"Como lhe falei, o amor é uma doença que já existe em você. Existe em todos nós. Quando chegar a hora, ele acontecerá, e você não terá como impedi-lo. É como a morte. Está em todos nós. Quando chegada a hora, ela acontece, fria, inevitável."
O interessante da história é a mudança constante do seu rumo: o que é certeza em uma página, na página seguinte já não existe mais, e o que foi negado no capítulo anterior será confirmado no capítulo seguinte. Cada detalhe tem papel importantíssimo para o rumo que a história vai tomar.
O que me deixou um pouco incomodada foi o fato de que o autor baseia a sua narrativa em uma visão cristã para narrar a história, pregando a existência de um único Deus, falando de Jesus, dando motivos para Judas, explicando Céu e Inferno, e influenciado a postura de todos os personagens e nos levando a acreditar que nada é o que parece ser. Apesar disso, Julien tem uma escrita segura, que dá credibilidade à história. Escritor brasileiro de qualidade, que escreveu um romance internacional, sem regionalismo, e que não deve nada aos romances fantásticos da atualidade.
“Não tenho intenção de decepcioná-la, porém só há um Deus. Aquele que fez o mundo, que teceu o céu e modelou os homens.”
Ponto positivo para os fatos históricos relatados e justificados pela ótica do autor ao longo da história
"Não me entenda mal, mas acho que insistir no mesmo erro é a forma mais ignorante de masoquismo."
Ahmnat não me conquistou por completo, apesar da história ser bastante inusitada. Mas, indiscutivelmente, é um livro que merece sim ser lido, e com bastante atenção. Se lerei sua continuação? Claro!!! Quero saber como tudo vai acabar, se é que tudo um dia acaba...
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