hanul_ 17/02/2023
Que história perfeita.
Perfeito.
É pura e simplesmente assim que eu poderia descrever "A Fazenda Blackwood", o nono livro das Crônicas Vampirescas.
Antes de mais nada eu gostaria de falar que algumas passagens desse livro realmente me deram medo. A descrição dos fantasmas, de suas aparições, de seus feitos e os sentimentos e sensações do narrador nos fazem gelar enquanto estamos imersos na leitura. Somos enganados pelos fantasmas junto com o nosso protagonista dessa saga e mergulhamos de cabeça nos mistérios dessa história.
A ambientação faz jus a tudo, uma mansão de arquitetura fortemente influenciada por construções gregas na beira de um pântano, com uma ilha misteriosa onde vários fantasmas são vistos, só o cenário já é um banquete aos fãs das histórias góticas. As descrições são, como sempre, fantásticas e imersivas.
O enredo também é surpreendente, pois somos apresentados logo de cara a um mistério central e logo no início várias outras pontas soltas nos são dadas, que nos fazem querer saber "o que ele quis dizer com isso?", "O que será que isso significa?", "Hm, tenho certeza que isso vai ser importante mais tarde!". Então, não foi surpresa nenhuma quando eu me peguei agarrada às últimas páginas da história, querendo descobrir cada mistério e seguir cada ponta solta ao seu desfecho incrivelmente bem pensado.
Quinn, nosso narrador protagonista, é absurdamente gostável. Existe nele uma mistura perfeita de melancolia e alegria, raiva e alegria, paz e tormento. Ele parece simples a primeira vista, mas no desenrolar dos capítulos percebemos a complexidade desse vampiro recém nascido. Gostei muito dele como protagonista e como personagem, é fácil se identificar com algum traço dele.
Outra coisa que se destaca nesse romance é a complexidade e explicitude que Anne Rice trata certos temas nesse livro, coisa que eu simplesmente amei. Claro que, o primeiro livro das Crônicas (meu amado Entrevista Com o Vampiro) foi lançado em 1976 e já era "revolucionário" pois trazia abertamente uma relação homossexual explícita entre os personagens principais. Mas em a Fazenda Blackwood (lançado em 2000, quando, vamos lembrar, certas questões sociais ainda não tinham 2% do espaço que possuem hoje) Anne Rice explora e destrincha a família problemática e seu círculo vicioso de traumas, a questão da aids, estigma contra problemas psicológicos como a depressão, o preconceito com a homossexualidade, a "culpa católica" do adolescente se descobrindo bissexual e outras questões.
Tudo isso trazendo de volta o amado e eterno vampiro Lestat.
Em A Fazenda Blackwood passeamos por casarões, conhecemos vampiros que eram gladiadores e viram a destruição de Pompéia, somos envoltos por mistérios, nos assustamos com fantasmas e tudo isso enquanto temos, ao fundo, dolorosos problemas reais acontecendo.
Icônico.