letpitt 28/03/2024
"- Vamos continuar de onde paramos, Esther (...) Vamos fingir que tudo não passou de um sonho ruim.
Um sonho ruim.
Para a pessoa dentro da redoma de vidro, vazia e imóvel como um bebê morto, o mundo inteiro é um sonho ruim.
Um sonho ruim.
Eu lembrava de tudo."
Quando eu entrei na livraria, uma voz sussurrou no meu ouvido, quase me ordenando a comprar o livro. Eu sentia, no meu coração, que eu devia ler. Eu não sabia a história por dentro dele, embora sabia, obviamente, quem era Syvia Plath.
Lendo esse livro, eu nunca me senti tão espelhada. Nunca tive tanta conexão com os pensamentos e ações de um personagem, quanto tive com a Esther.
Para uma pessoa que já sofreu de depressão, ler os relatos de Esther me fez lembrar dos meus piores dias. Dias em que me sentia estranha e não sabia o porquê. Época em que tomar banho, ir para a faculdade, arrumar o quarto ou sair com amigos parecia inútil e vazio. Eu não me sentia compreendida por ninguém, parecia que a minha tristeza era tão única que ninguém poderia me ajudar. Me expressar, até mesmo para minha psiquiatra e terapeuta, era difícil.
Era a minha própria redoma de vidro.
Eu precisava da Sylvia nessa época. Tudo o que eu mais desejava era saber que não estava maluca, que eu não era um ponto fora da curva, que meus pensamentos cinzas e auto destrutivos eram passíveis de serem compreendidos.
Foi uma experiência muito emotiva e pessoal para mim ler esse livro, especialmente sabendo que a Sylvia tirou a própria vida após escrevê-lo. Ela se via na Esther, tão quanto eu me via, anos atrás.
Me doeu até mesmo terminar o livro, como se eu estivesse me afastando de uma amiga, de uma confidente.
Recomendo demais a leitura. Foi bom começar o ano de leituras com ele. ?