O Livro dos Insultos

O Livro dos Insultos HL Mencken




Resenhas - O Livro dos Insultos


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Paulo 21/06/2010

Recomendo - com ressalvas
Para mim, foi muito importante a leitura de "O livro dos insultos". Não por todas as ideias de H. L. Mencken, mas sem dúvida por sua atitude. Ele é uma avalanche sobre todas as hipocrisias.

O problema é quando põe seu brilhantismo a serviço de sua cabeça-durice. Porque também tem ideias tortas e tende a orgulhar-se delas. Parece considerar questão de honra ter opinião formada sobre cada centavo do universo, ainda que pela mais pura especulação desembasada.

Assim, se ele pode ser considerado um precursor da crítica no jornalismo, também é o pai da vã teimosia dos jornalistas que creem poder (=ser capazes) de opinar sobre todas as coisas, em especial sobre aquelas que conhecem lhufas e patavinas.
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jota 04/04/2024

MUITO BOM: antes de insultar alguém leia Mencken: insulte, sempre com conhecimento, (alguma) classe e inteligência
Assim como não se entra no mesmo rio duas vezes, como queria Heráclito há mais de 2.500 anos, não se relê um livro com a mesma cabeça de tempos atrás. Foi o que se passou comigo agora, depois de mais de 12 anos, na releitura deste O Livro dos Insultos, coletânea de textos retirados da obra de H. L. Mencken (1880-1956) principalmente aqueles escritos nas décadas de 1920 e 1930, trabalho esse executado por nosso conhecido Ruy Castro.

Penso que alguns textos me pareceram melhores da primeira vez, talvez por conta da descoberta de um autor que, como está registrado na capa do livro, “tinha a língua mais afiada do jornalismo americano” e isso me divertiu muito então. Mas, continuando, se Mencken aqui não insultou o grego Heráclito, no entanto, escreveu que “Não há registro na história humana de um filósofo feliz: só existem nos contos da Carochinha. Na vida real, muitos cometeram suicídio; outros mandaram seus filhos porta afora e surraram suas mulheres.” O marxista Louis Althusser estrangulou a própria esposa, lembram?

Não são apenas os pensadores os alvos de suas críticas e ironias, a lista dos “insultados” é imensa e envolve não apenas homens e mulheres, também religião, psicologia, economia, política, cultura, artes em geral etc. Paulo Francis, que escreveu um apêndice para a obra, dizia que “Mencken é atualíssimo.” Verdade, embora nem sempre seja agradável ou engraçado. Ele via na pintura uma arte menor, enquanto considerava essenciais a literatura, a música, a escultura e o cinema. Estas envolvem movimento, enquanto a primeira seria estática para ele.

Considerava, para espanto geral, Dostoievski, George Eliot, D. H. Lawrence, James Fenimore Cooper, Eden Phillpotts, Robert Browning, Selma Lagerlof, Gertrude Stein, Bjôrnstjerne Bjõrson e Wolfgang von Goethe os dez escritores mais chatos de todos os tempos. Isso mesmo, chatos. Apreciava imensamente Edgard Allan Poe, Mark Twain, Ambrose Bierce e Joseph Conrad, o que também ocorre com muitos leitores desde sempre.

Como se julgava possuidor de ouvidos mais sensíveis à beleza, pensava ser a ópera detestável e espalhafatosa, apresentada em cenários de mau gosto e quase sempre com música de segunda classe; para ele, uma soprano podia soar como uma araponga. Seus preferidos em música: Bach, Beethoven, Wagner, as valsas de Johann Strauss.

Se os textos iniciais e os mais longos não me pareceram tão empolgantes nessa releitura, no entanto, antes da metade do livro, as coisas voltam a melhorar e parecem ficar melhores quanto mais caminhamos para o final do volume. Ali vão estar frases que tornaram Mencken, não apenas um jornalista bastante conhecido, mas um autor citado no mundo todo, porque deixou registradas verdadeiras pérolas para nosso deleite. Como as seguintes, destacadas por Paulo Francis, sendo as duas primeiras das mais preciosas:

“Todo homem decente se envergonha do governo sob o qual vive.”

“A democracia é a arte e a ciência de administrar o circo a partir da jaula dos macacos.”

“A fé pode ser definida em resumo como uma crença ilógica na ocorrência do improvável.”

“Se Roosevelt [26º. Presidente dos EUA] achar que converter-se ao canibalismo pode lhe render votos, mandará engordar um missionário no quintal da Casa Branca.”

“Todo artista de alguma dignidade é contra seu próprio país. Pense em Dante, Tolstoi, Shakespeare, Rabelais, Swift e Mark Twain.”

Tem tudo isso e muito, muito mais. Tivemos algum Mencken por aqui? Com a mesma capacidade de insultar talvez não, mas o talentoso Millôr Fernandes (1923-2012) me veio à mente diversas vezes durante a releitura. Além de escritor ele desenhava muito bem; precisamos lembrar dele e reverenciá-lo sempre, como muitos americanos fazem com H. L. Mencken.

Lido entre 25 de março e 02 de abril de 2024.
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Reccanello 08/06/2023

Cruel!
Reunindo toda sua mordacidade e irreverência, o livro é uma compilação brilhante de insultos, sarcasmo e críticas afiadas, abrangendo décadas de trabalho do autor. Conhecido por sua perspicácia e seu humor ácido, Mencken era inigualável em seus comentários ferinos sobre uma ampla gama de temas, desde política e religião até literatura e cultura. Retrato da habilidade única do autor de provocar risos e reflexões simultaneamente, o livro é um deleite para aqueles que apreciam o poder da palavra afiada e do humor inteligente e desbocado.
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jota 05/10/2011

Insultos de alto calibre
Ruy Castro diz, no prefácio, que é difícil dizer exatamente o que o Mencken foi. Escrevendo, ele foi de tudo um pouco, mas acima de tudo foi um iconoclasta, ou seja, uma pessoa para quem nada é digno de culto ou reverência. Assim, ele escreve - sempre criticamente - sobre homens, mulheres, religião, moral, morte, economia, psicologia, governo, democracia, literatura, música, etc.

Basta ver o enorme índice do livro para se ter uma ideia da prolixidade de sua escrita. Na maior parte do tempo ele é engraçado. Algumas vezes é filosófico, irônico, preconceituoso ou alonga-se demais num assunto. Também não dá para concordar com tudo o que ele pensava (e o mundo mudou muito de sua época para nossos dias). Mas de todo modo, Mencken é sempre um pensador talentoso, irreverente e criativo – isso não se pode negar.

Mencken atira seus insultos contra tudo e contra todos, nada ou ninguém escapa. Mas em alguns tópicos dispara sua metralhadora mais intensamente ainda contra as instituições sociais e políticas. Como demonstram seus escritos sobre governo (parece até que está escrevendo sobre o nosso):

"Todo governo é composto de vagabundos que, por um acidente jurídico, adquiriram o duvidoso direito de embolsar uma parte dos ganhos de seus semelhantes." Ou ainda: "O governo [pode ser] visto não como um comitê de cidadãos escolhidos para tocar os negócios comuns a toda a população, mas como uma corporação separada e autônoma, devotada em primeiro lugar a explorar a população em proveito de seus próprios membros." Poxa, como isso é verdadeiro no caso brasileiro!

Depois disso ainda vem um tópico que se chama "Trabalhar Para o Governo". Já era bom naqueles anos de 1920-1930 nos EUA. De lá para cá e aqui, pelo que se lê em nossos jornais, deve ser mesmo uma delícia. Há funcionários do nosso (sic) Senado ganhando igual a um juiz da Suprema Corte americana.

Para finalizar: Mencken é um autor genial e engraçado e esta coletânea de textos é simplesmente ótima. Quem gosta de colecionar citações plenas de humor ácido vai encontrar uma porção delas aqui. É, lendo, castigamos os costumes...
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ßruno 15/03/2009

"o que aprendeu com ele"
Bom, com já faz algum tempo que o li (coisa de 6, 7 anos), não irei me lembrar de detalhes, capítulos ou coisa que o valha, ao invés disto vou me ater ao título que mencionei "o que aprendeu com ele". Talvez "dúvidas" seja até um título melhor, pois é exatamente isto que Mencken inspira, seu humor é como um soco no olho com efeito contrário, não que não doa ou não deixe marcas é que ao invés de lhe deixar com as vistas embaçadas como pode sugerir a analogia, após ele você ficará mais atento a tudo e todos, como as asneiras que lhe chegarem aos ouvidos ou que sairem de sua boca. Mencken aborda vários pontos da sociedade como bem cita a sinopse (ou o google, se preferir), e como crítico social é capaz de destrincha-los habilmente, mas o que mais me cativou foi a característica agnóstica como a frase, "A fé pode ser definida em resumo como uma crença ilógica na ocorrência do improvável." neste ponto lembro-me dele citar religiões, deuses e crenças, que em suas épocas influenciavam enormemente a vida das pessoas e que hoje recebem tanta atenção quanto está resenha.
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Dhyan Shanasa 17/04/2010

Crítica afiada vem da boca certa
Mencken é assombroso. Um dos poucos críticos que tive o prazer de ler e admirar. Geralmente os críticos são pessoas desprovidas de sensibilidade, buscando em formas de insultos galanteadores conquistar ou cativar determinado padrão de intelectual abastado. Mencken não é assim, e procura ao máximo expor a miséria das ideias humanas, tolhendo com elas e deixando-as transparentes para nós. Essa obra reúne várias críticas - se não todas -, que ele fez em vida. Desde comentários sobre mestres como Beethoven a resenhas indignadas sobre o que mais odiava na vida: o telefone. O Livro dos Insultos é um compêndio-primo, já que não é um livro de fato. Vale a pena lê-lo com atenção, observando as nuances de pensamento deste gênio. Mencken está para a crítica o que Caravaggio está para a pintura.
Só não sei como não o mataram na época!
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Marion 05/03/2024

Crítica a tudo
O autor tem crítica a todos os assuntos , poucas coisas o agradam mesmo vivendo em tempos diferentes do atuais.
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Tom C 02/05/2012

Política.
Especialmente quando trata da estupidez humana e da malandragem dos políticos, suas crônicas que já têm quase um século são atualíssimas. A simples leitura desses artigos fazem passar, como num filme, um a um, os expoentes políticos conhecidos, a imprensa e o votante.
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Julião 18/07/2014

Despojado, elegante e atrevido.
A primeira coisa que chama a atenção na leitura de Henry L. Mencken é o seu jeito despojado, elegante e atrevido de escrever. Parece uma combinação de Nietzsche com alguém um pouco mais debochado. Lógica implacável, mordaz, quase uma arma. E a alta qualidade da sua escrita nos conduz da primeira à última página como uma atividade muito fácil, super leve, como suspirar.

Sobre o seu atrevimento, basta dizer que - escrevendo principalmente nas décadas de 1910 e 1920 - ele sustenta teses nada convencionais como o determinismo e o darwinismo. Aliás, ele me surpreendeu enormemente quando defende que todas as pessoas devem consumir álcool moderadamente. E escreveu isso em plena Lei Seca norte-americana! Que audácia, que poderoso intelecto, que divertido esse H. Mencken. Ele combina perfeitamente bom humor, raciocínio lógico e agressividade.

O livro é delicioso de ler, divertidíssimo. Fala de tudo: do homo sapiens, do governo, da covardia humana, de crítica literária, do capitalismo, de biologia e, sem piedade alguma, de religiões.

Muito erudito, mas escrevendo para o leitor comum, no melhor estilo jornalístico que já vi, O Livro dos Insultos é imperdível! Muito recomendável.

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Alda 03/03/2013minha estante
Gostei da resenha Juliano. Me deixou com vontade de ler o livro.


Julião 19/03/2013minha estante
Pois: leia, Alda. =]




Gladston Mamede 10/01/2018

Nada como uma caneta apimentada para dar vida ao papel jornal. Amei ler Mencken. Inteligente, atrevido, ácido. Leitura provocante e deliciosa.
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pedrocipoli 09/02/2019

O "George Carlin jornalista" do início do século XX
Ler Mencken me lembra das maratonas que eu fazia dos especiais de George Carlin. O posicionamento de ambos é bastante parecido em muitos assuntos, em especial em política (“Todo governo, em essência, é uma conspiração contra o homem superior: seu objetivo permanente é o de oprimi-lo e manietá-lo.”) e em religião, em especial em relação à sensibilidade de ambos sobre o que há de errado com o mundo (ainda que essa sensibilidade extra seja algo que ele mesmo critique).
Mencken tem um posicionamento francamente ostensivo em relação à religião, sem deixar de lado o humor e o rigor da linguagem. Como George Carlin, Mencken parece ter treinado a melhor forma de expor qualquer assunto da forma mais elegante quanto possível. A escolha certeira de palavras, a evolução do raciocínio, as tiradas, desvios momentâneos e conclusões são certamente fascinantes. No fim das contas, mesmo que você discorde do argumento em si, ou mesmo do posicionamento, você acaba simpatizando com ele (semelhante ao segmento “Free floating hostility” de George Carlin - 1996).
Algumas “sacadas” são polêmicas em qualquer século (“O jovem teólogo costuma ser um sujeito ambicioso, mas meio preguiçoso, e, se ele estuda teologia em vez de osteopatia, marketing ou advocacia, é porque a teologia lhe oferece um atalho muito mais conveniente para o respeito público — além de lhe garantir um emprego.” ou “Imoralidade é a moralidade daqueles que se divertem mais do que nós.”. É um livro de ensaios com uma forte e relevante críticas social, mas que trabalha uma gama enorme de assuntos (até a importância da banheira!).

Alguns trechos:

“Depois de uma revolução, é normal que os vitoriosos tentem convencer os céticos dos prodígios que fizeram, não sendo difícil acontecer que enforquem os que discordam.” - (1789, 1917...)

“Em 90% dos homens — e em 99% dos marxistas, que dão muito mais valor ao dinheiro do que ele merece e não param de pensar nele por um segundo —, existe um impulso irresistível para se ajoelhar aos pés da riqueza, submeter-se ao poder que ela detém e enxergar toda espécie de superioridade nos ricos ou nos que se dizem ricos.” (lembra alguns partidos que passam o tempo todo dizendo a mesma ladainha pré-fabricada de “elite”, não?)

“Os verdadeiros pintores de categoria tinham pouco a dizer sobre a técnica de sua arte e pareciam não se dar conta de sua dificuldade.”

“Pode-se dizer com bastante segurança que qualquer artista de alguma dignidade é contra seu país, i. e., contra o ambiente em que Deus o plantou — assim como se pode dizer que aquele país também é contra o seu artista. Uma qualidade especial que faz deste homem um artista poderia ser definida como uma extraordinária capacidade de irritação, uma sensibilidade patológica às ferroadas que este ambiente lhe inflige. O artista difere de nós principalmente porque reage prontamente e de maneira incomum a fenômenos que nos deixam paralisados ou, no máximo, vagamente aborrecidos. Ele é, em suma, um sujeito mais frágil do que nós e menos apto a prosperar e se divertir sob as mesmas condições de vida que levamos.” - (como eu disse há pouco)

“O principal conhecimento que se adquire lendo livros é o de que poucos livros merecem ser lidos.” - (Sim. Em especial de palestrantes que lançam um livro por semana por aqui)

E o livro termina com:

“DEZ ESCRITORES MAIS CHATOS DE TODOS OS TEMPOS 1. Fiodor Dostoievski; 2. George Eliot; 3. D. H. Lawrence; 4. James Fenimore Cooper; 5. Eden Phillpotts; 6. Robert Browning; 7. Selma Lagerlof; 8. Gertrude Stein; 9. Bjôrnstjerne Bjõrson; 10. Johann Wolfgang von Goethe.”

Vale a leitura tanto para quem provavelmente discordará de 90% do livro, que sabe que o mundo não gira ao redor do próprio umbigo e está disposto a ver um ponto de vista diferente sobre uma variedade de assuntos (das mulheres até Beethoven). Vale também para quem acredita que concordará com o ponto de vista anarquista/libertário de Mencken, vendo até onde ele raciocinou sobre os temas abordados.
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Cleber 27/06/2023

Péssimo.
Sabe aquela pessoa ao seu lado que vive reclamando da vida toda hora o tempo todo? É esse autor. Um chato de galocha como diria sua avó. Ranzinza, mal humorado e pessimista Menken não acrescenta em nada sobre cultura, política etc. Um homem de mal com a vida. Nem perca seu tempo e dinheiro lendo esta bela porcaria.
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