JAlia372 29/03/2024
São Bernardo é um livro que retrata de forma objetiva a subjetividade do psicológico humano. O livro relata em primeira pessoa(ele mesmo descreve sua vida) a história de Paulo Honório, um homem bruto, direto e objetivo, que após sair da cadeia, busca a todo momento se tornar dono da fazenda(São Bernardo) em que fora empregado.
Ela se passa no momento do auge do capitalismo, do desenvolvimento industrial e modernista. Paulo representa um agente crucial no seu processo. Ele busca a todo momento lucrar e se desenvolver, ultrapassando barreiras sem preocupar em avançar rapidamente os limites impostos. Assim, trapaceia e passa por cima de fraquezas e problemas pessoais dos outros em busca de se desenvolver e ascender socialmente, conseguindo comprar a fazenda. Depois busca se relacionar com os bem sucedidos. Dessa forma, representava a classe burguesa à época.
Mas aí, a problemática emerge, e suas características de homem capitalista e controlador são fortemente retratadas. Casa-se com Madalena, uma professora instruída que observa as más condições as quais Paulo sujeita seus empregados, e a falta de compaixão, humanidade e sentimento como ser humano. Percebe-se a crítica dele à tia de sua esposa, que realizava vários trabalhos e não focava apenas em uma ação. Isso reforça a lógica fordista da 2°revolução industrial, em que as pessoas deviam habituar-se a fazer uma coisa, que as tornaria alienadas como robôs, incapazes de questionar o mundo a sua volta, pois deveriam seguir as regras impostas pelos donos dos meios de produção.
A excessividade de suas ações irá o destruir aos poucos. Perde a esposa(que suicida) e outras pessoas próximas, que não suportam seu comportamento e não aguentam viver subordinadas a ele.
A revolução de 1930 destrói seu comércio, fazendas,preços de produtos caem e pessoas que já não aceitavam as péssimas condições a que eram expostas por ele se revoltam e vão embora.
No fim da história é que o romance começa, ou seja, a vagareza, a melancolia da sua vida. É no relato do tempo real que Paulo utiliza a subjetividade, perdendo a noção do tempo, que antes era relacionado a capacidade de ação e domínio, mas que agora, por não ser mais ninguém, está atrelada a dor e arrependimentos. Após isso, finalmente percebe que sua vida não foi nem um pouco feliz, mas gerou o afastamento de todos ao seu redor, e aquela rapidez e frieza,(tão observada nos dias atuais, visto que estamos acostumados a velocidade de informações, pessoas, objetivos, e não paramos para valorizar as pequenas coisas) havia se transformando em dor, sofrimento e abandono.