São Bernardo

São Bernardo Graciliano Ramos




Resenhas - São Bernardo


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Hygão 30/05/2023

Tudo pelo poder.
Paulo Honório é uma representação fiel da ambição, pois para ele o material sempre vale mais do que o humano. Principalmente, quando não temos o nome do filho dele exposto na sua narrativa, ele não se interessava em família, mas sim em ter posse dela.
Graciliano é certeiro em fazer críticas camufladas nos trechos de São Bernardo da sociedade da época.
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beatriznottingham 23/05/2023

Terminei esse livro e senti tanta coisa que nem sei bem como explicar. A gente se comove, sente raiva, angústia, e vários sentimentos surgem acerca da relação do Paulo Honório e da Madalena. Recomendo demais!!
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Nietzsche2 14/05/2023

S.Bernardo
Lido “S. Bernardo” de Graciliano Ramos.

A narração dessa história é feita por Paulo Honório, um sertanejo que decide escrever um livro a respeito de sua vida numa tentativa de esclarecimento sobre suas atitudes.

Com um início bem complicado, de um impacto de escrita mais arcaica/regionalista vem a exigir bastante concentração, pois além de ter uma escrita “difícil” é informado muitas coisas em apenas uma frase.

Tive que ler os primeiros capítulos de duas a três vezes para me situar no que o autor estava escrevendo. Mas passado essa dificuldade inicial a história se desenrola de forma tão (ironicamente) gostosa.
Não dá vontade de largar e nem de terminar tão cedo. Lembra um pouco Dom Casmurro e O morro dos uivantes.

É de uma grandiosidade de escrita que chega até ser uma honra fazer essa leitura. Graciliano entrega um romance crítico, grosseiro e árido em uma história tão abundante de sentimentos reais por personagens tão secos quanto o sertão.
Maravilhoso demais!!!!
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Sabrina 08/05/2023

Graciliano é mesmo um gigante, segundo livro lido dele e cada vez mais me surpreende, tem uma escrita objetiva e por vezes até um tanto seca, mas que prende o leitor do início ao fim. Em São Bernardo a vida de Paulo Honório vai sendo desvelada perpassando por questões políticas e sociais como pano de fundo da obra. Tem tbm maldade, ciúme, desconfiança? Livrão!
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Fernando1355 24/04/2023

São Bernardo
Paulo Honório tem uma vida difícil na fazenda São Bernardo, mas tudo muda quando ele conhece Madalena, uma jovem professora muito mais jovem que ele, com a qual decide se casar, sendo de dois mundos diferentes, muitos desafios surgem dessa relação.
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THALES76 21/04/2023

O orgulho pode te lavar para muito longe, entretanto lhe deixará lá sozinho.
Diria que o livro é resumido já na primeira página, pois o autor nos apresenta quem é de fato Paulo Honório; um homem simples e ambicioso que torna-se fazendeiro e com a pretensão de ter um herdeiro decide casar-se com Madalena.
A trama é vista a partir da ótica de Honório, isto é, praticamente uma história autobiográfica. Nela, ele revela que deseja publicar o livro na forma de pseudônimo, e nesse momento percebo uma certa semelhança entre nós, porque ambos desejamos o anonimato, preferimos a invisibilidade ao invés de estar na vitrine.
Uma curiosidade é que Paulo não tem o hábito da leitura, portanto não desenvolveu bem a escrita; por isso escreve o livro de forma despretensiosa, sendo movido apenas pelo anseio de colocar pra fora seus sentimentos, da mesma forma que se faz num diário.
Como mencionei no segundo parágrafo, Paulo é uma pessoa muito ambiciosa e busca mais do que tudo a ascensão financeira, deixando como secundário o objetivo sexual. Sendo assim, sua prioridade é subir de vida e não casar-se.
Para o protagonista os fins justificam os meios, por isso entende-se que ele é uma pessoa polêmica. Apesar disso, não conseguimos defini-lo como bom o mal, visto que ajuda com suas ações ajuda no desenvolvimento da cidade, mas por outro lado é um patrão muito duro com seus empregados. Portanto nos deixa com esse sentimento ambíguo.
Sobre o casal protagonista é importante observar que os dois são pessoas espertas, mas que o conhecimento de ambos foi adquirido de formas diferentes; Madalena aprendeu lendo livros, por isso tem um aprendizado mais teórico; já Paulo Honório aprendeu com a vida, experenciando na pele tudo o que sabe, logo seu conhecimento é empírico.
Madalena, era a única pessoa que confrontava Honório. Por ser uma mulher de pensamento independente, assombrou muito seu marido que era deveras machista e acostumado a mandar em todo mundo. Assim, ele se viu muito confuso ao ser questionado várias vezes por sua esposa a respeito de suas atitudes.
Queria abrir aqui espaço para falar de um personagem que pode passar despercebido para a maioria das pessoas, um coadjuvante que chamou minha atenção. Seu Ribeiro, um major muito respeitado em sua cidade, um misantropo, igual a Heatchiclif. Ele não gosta de ninguém e nem por isso sai hostilizando os demais.
No fim Honório acaba sozinho, transformando-se numa pessoa insípida e amargurada. Tenho certo apreço pela melancolia, então o desfecho do livro me agradou.
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igsuehtam 18/04/2023

Ciúme
S. BERNARDO é um livro rápido, cheio de camadas, que perpassa entre passado e futuro. Você assitir a vida externa e interna de Paulo Honório, um homem de cinquenta anos, que vai se transformando, mudando gradativamente. Para mim foi um livro razoável, mas mesmo assim uma leitura difícil de largar. É aquele tipo de livro que quando você termina, ele continua.
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legarcia 17/04/2023

Pela busca do preenchimento existencial
Está aqui um livro que comecei de maneira despretensiosa, sem saber muito o que esperar e fui a cada capítulo sendo impactada positivamente com o que estava em minha frente.

Essa é uma obra que permite diversos focos interpretativos. Os que mais me chamaram a atenção em uma primeira leitura foram: a escrita como autoanálie, a questão social e a psicológica.

É muito difícil não pensar na conjuntura social quando lemos ?São Bernardo?, uma vez que a história nos apresenta a um personagem principal que representa todo um passado arragaido do Nordeste, mas o qual possui também uma lógica capitalista. Dessa maneira, é possível perceber a alteração de poderes e na discriminação de pessoas pelo espaço social ocupado por elas.

Então, Paulo Honório é esse sujeito que irá transbordar a lógica capitalista nas muitas áreas de sua vida. Podemos perceber isso quando ele decide escrever um livro e resolve utilizar-se da divisão do trabalho, mas logo percebe que não consegue, uma vez que a escrita de um livro representa um trabalho transcendental e individual, que não pode ser transferido a terceiros ou repartido. Além disso, Paulo enxerga tudo em termos coisificados, suas relações são baseadas no material, o que acaba gerando um vazio existencial.

Não obstante esses pontos interessantes, a visão que mais me tocou na obra foi a escrita suas reverberações no indivíduo. É como se, apesar de toda a rudeza da vida de Paulo Honório, houvessem frestas das quais emergissem a necessidade de preencher-se. E a tentativa de escrita representa exatamente uma resposta a esse mal estar.

Com o processo de escrita, algumas partes de sua vida vão clareando-se um pouco para Paulo Honório, que consegue percebe que errou, que há uma monstrualidade em si, mas essa percepção não é gera modificações perceptíveis em seu comportamento. E para mim, essa parte é dolorida: a realização de que por mais que reconheça a deformidade moral dentro de si, Paulo não consegue ser diferente. A escrita é, então, um apontamento para a ruptura de sua circunstância imediata e uma forma de tentar refletir sobre a sua realidade.

Dessa forma, a leitura dessa obra foi pra mim qualquer coisa que sensacional. Estou em um momento de reflexão acerca da importância da escrita de si para uma vida mais consciente e com mais autonomia, então esse livro foi como um presente. Recomendo-o fortemente!
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Lucas 14/04/2023

O que fazer e o que não fazer: para Graciliano Ramos, a maturidade literária chegou cedo
Pessoalmente como leitor, é difícil para este que vos escreve falar sobre o alagoano Graciliano Ramos de Oliveira (1892-1953): ele possui tantos predicados como escritor e como homem que fica complicado esquecer a sua história particular para falar de sua obra. Acima de tudo, um sobrevivente de uma trajetória de vida com muitos traços dramáticos, Graciliano Ramos é um dos meus portos seguros em termos de literatura. Ter um livro dele nas mãos parece transmitir uma certeza de que a frustração passará longe de suas linhas.

Essa ideia sofre um certo abalo, entretanto, quando se está diante de S. Bernardo, obra lançada em 1934 e o segundo trabalho literário do autor. Espera-se, diante disso, um estilo mais "verde" e não tão profundo quanto o desenvolvido posteriormente por Graciliano Ramos no espetacular e atemporal Vidas Secas (1938). Felizmente, o escritor não passou por esse problema, pois a obra já tem o nível de maturidade que se espera de um livro escrito por ele.

O enredo é simples: S. Bernardo é escrito em primeira pessoa por Paulo Honório, um alagoano do interior típico do final do século XIX. Os relatos dos seus primeiros anos são ignorados, mas ele possui pais desconhecidos e vivia vagando pelo mundo, com exceção de alguns momentos onde era amparado por Margarida, uma doceira que desenvolve com Paulo uma relação fora dos padrões do seu posterior comportamento. Quando criança, o protagonista era guia de um cego e ajudava a vender doces para sobreviver. Mas na idade adulta acontece algo que, se não é tão focado pela narrativa, acaba sendo fundamental para o caráter de Paulo Honório: ele, por ciúmes, esfaqueia um homem.

Este ato é o prelúdio da personalidade do protagonista-narrador: explosivo, trabalhador e determinado, ele aglutina para si características por vezes conflitantes, mas que denotam uma grande complexidade em sua construção (é o maior traço da maturidade literária precoce de Graciliano Ramos). Ao ser preso pelo esfaqueamento, ele aprende na reclusão a ler e a escrever, o que é a influência literal que o ato causa ao personagem, que nunca tinha sido (e nunca foi, de fato) muito ligado às letras.

Ao invés de pavimentar um caminho eventualmente diferente, a obtenção do alfabetismo despertou um espírito voraz em Paulo Honório. Ele regressa à Viçosa, sua cidade-natal (e que existe de fato, próxima de Maceió) e passa a contemplar a fazenda São Bernardo, local onde ele já havia trabalhado quando adolescente. A propriedade, então decadente, era gerida por Luis Padilha, indivíduo ocioso que acaba caindo numa armadilha mercantil proposta por Honório. De mãos atadas, Padilha acaba vendendo a propriedade a Paulo Honório, que prospera usando métodos bem questionáveis.

Neste e em vários outros momentos, Graciliano deixa nas linhas uma sutil crítica ao desenfreado espírito capitalista, que não pondera esforços ou escrúpulos em busca de um objetivo material. Travestido de um discurso individualista, de que tudo pode ser justificado ou avalizado se obtido com trabalho duro, esta marca que Graciliano Ramos usa para construir seu protagonista de S. Bernardo pode ter a ver com o seu futuro dentro do Partido Comunista Brasileiro (o autor chegou a ser preso pela ditadura de Getúlio Vargas em 1936), mas, se tomada num sentido menos político, ela inegavelmente conduz a várias reflexões válidas.

A que preço se vence na vida nesse aspecto mais material? A trajetória final de Paulo Honório responde esse dilema de forma magistral. Mas a sua secura e rigidez com relação aos seus "valores" sucumbem diante de Madalena, professora pela qual ele se encanta (não se apaixona por ela, isso parece inconcebível para Honório). Ao trazer tanta doçura e altruísmo diante de um mundo tão fechado, a secura e rigidez ressurgem com uma nova capa: a do ciúme doentio. Nem mesmo o filho do casal ameniza essa paranoia e ela arrasta todos os personagens do livro para um acontecimento impactante ocorrido no final da obra.

Paulo Honório era alguém rodeado de pessoas, como o capataz Casimiro Lopes, o padre Silvestre, o advogado Nogueira, o contador Ribeiro, o jornalista Azevedo Gondim, além dos já citados. Mas tudo, inclusive essas pessoas, se distanciam do protagonista... Algo natural na vida de todo mundo, mas que Graciliano Ramos não dramatiza, apenas naturaliza. O protagonista mesmo, é alguém que desperta certa aversão, mas não necessariamente ódio. Paulo Honório, que nunca foi um homem de fé ou um herói, encontra nas letras e na humildade da escrita das suas memórias um meio de encarar a vida após os seus cinquenta anos. Para alguém tão duro, teimoso e longe de ser uma pessoa correta, o peso da pena utilizada para escrever torna-se pesado e parece que, a medida que Paulo adentra nestas memórias, o peso parece ser ainda maior. Nota-se um personagem complexo, portanto, cheio de dilemas, eventuais arrependimentos e uma mente materialista em excesso, o que lhe traz muitas agruras.

S. Bernardo é um livro maravilhoso, é Graciliano Ramos no auge da sua forma já no seu segundo livro. Um enredo simples, duro e extremamente reflexivo, capaz de ensinar várias coisas, seja por meio de exemplos ativos (daquilo que se deve fazer) ou através de modelos de conduta imprópria, que ensinam aquilo que não se deve fazer ao se levar uma vida de muito trabalho e objetivos meramente materiais. Nesse choque, vemos uma narrativa direta e crua, que tal como a vida de nós todos, não é marcada somente com esplendores ou finais felizes.
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Karol 14/04/2023

Uma novela de época
Esse livro me foi emprestado e eu estava morrendo de medo de não gostar, até porquê não é muito meu tipo de leitura e sempre tive um receio em ler livros mais antigos, porém me surpreendi bastante, gostei muito da leitura e não conseguia desgrudar, parecia realmente uma novela de época da globo. claro que tem seus problemas de uma história antiga, racismo, escravos, machismo?mas acredito que quando se trava de livros desse tempo não tem como fugir. não posso negar que senti um pouco de dificuldade com as algumas palavras e ?jeitos de escrever? diferentes, bem característicos da época, mas no geral acredito que entendi tudo sim. o personagem do livro conta sua história sofrida e como conquistou o que tem no presente momento e no decorrer, como acabou perdendo tudo que amava. não sei se a história do personagem tem algo haver com o escritor do livro, não pesquisei mais sobre, mas é uma história que passa muita verdade, gostei bastante!
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Lucas1429 09/04/2023

Brutalidade versus Cultura
A história de São Bernardo é um relato pessoal em que nos conta Paulo Honório a história de sua vida, como se estivesse a meditar sobre ela. Ajudava um cego e vendia cocada quando criança, e depois começa a trabalhar na roça com esforço. Nessa época é preso por esfaquear João Fagundes porque este se envolvera com a mulher a quem Paulo Honório deveu sua iniciação sexual. Na prisão aprende a ler e lá nutre sua ambição de acumular grande riqueza.

Ao sair da prisão toma dinheiro emprestado e começa a tratar negociações comprar bois, plantar mamona ou algodão… até que inicia uma amizade interesseira com Luís Padilha, herdeiro da fazenda São Bernardo, em que trata horas a fio uma negociação que consegue comprar a fazenda.

Adiante ele consegue expandir o seu terreno, tendo para isso a ajuda de Casimiro Lopes, seu amigo, para matar um fazendeiro vizinho… várias das conquistas de Paulo Honório são passadas conseguindo por meio de várias pequenas e grandes injustiças e trapaças. Toma como ajudantes, Gondim, jornalista local, padre Silvestre e o advogado Nogueira, homem capaz de manipular os políticos locais. Toma também a ajuda de Ribeiro para a contabilidade, alguém que um dia chegou a ser uma autoridade local quando a “civilização” era ainda pequena e ele o único letrado do local. Por último também contrata Luís Padilha para alfabetizar seus empregados e agradar o governador de Alagoas, dando no entanto uma condição precária para a educação.

Quando Paulo Honório resolve, sem saber muito o porquê, que era necessário casar-se, porque queria um herdeiro. Resolve por buscar uma pretendente adequada e encontra assim a pessoa de Madalena. Casa-se e desde o casamento entende que Madalena era uma pessoa frágil e exigente. Não a compreende.

Uma vez em que recebe a vistita do Juiz Magalhães em sua casa e percebe sua conversa animada com Madalena, porque intelectual, Paulo Honório sente-se humilhado e com ciúmes e começa a torturar-se nesses ciúmes. O ciúme aumenta quando vê que Madalena escrevia uma carta para Gondim e começa a exigir explicações à Madalena.

Também não entende Madalena que sempre protesta a respeito de seu tratamento bruto com empregados e negligente com Luís Padilha, que necessitava de melhor condição para a educação, como a compra de material escolar.

Um dia Paulo Honório percebe Madalena escrevendo, e indo ver o trabalho de seus empregados vê uma folha no chão pensando ser de Madalena, e do trecho escrito começa a ficar tomado por ódio intenso de certeza que a carta era endereçada para algum homem. Saindo assim a procura da esposa, a encontra na igrejinha da fazenda a rezar e exigindo explicações ela simplesmente pede perdão a ele por todos os aborrecimentos que ela vem causando.

No dia seguinte, ouve gritos e descobre que Madalena se suicida e encontra na bancada uma carta de despedida para o marido. Dessa morte, algumas pessoas deixam a fazenda e Paulo Honório vê-se em solidão. É desse ponto em diante que ele justifica a necessidade de escrever sua história, sentindo um amargor progundo mas que sua condição bruta, áspera e de pouca cultura não o permite enxergar melhor o tamanho de sua dor, ainda que se esforce.

***

A história revela especialmente a rudeza de certas situações humanas do Brasil. Já ouvi relatos a respeito de haver uma pobreza mais humilhada no nordeste do que a que conheço em Minas Gerais, por exemplo, e de certo modo vejo isso confirmado na História. Paulo Honório é um homem bruto e ganancioso e não vê problemas em fazer o que for necessário para conquistar o que almeja.

O que ele não percebe ao fazer isso é que ele achata a condição humana para um estado miserável. Isso é especialmente visível em Madalena: uma mulher sensível e que tem caridade para com os empregados, e é preocupada com a condição precária da educação. No entannto Paulo Honório quer apenas uma espécie de garantia “formal” dessa educação. Uma vez a tendo, agrada o poder de Alagoas e isso se torna um instrumento de poder para o que almeja. Não importa a qualidade do que faz, apenas alcançar o que almeja.

Isso é especialmente revelador, porque vejo que isso não é muito diferente de qualquer política nacional. O que importa é dizer “quantas escolas, creches e hospitais” as políticas locais foram capazes de abrir, e assim garantir com isso a próxima eleição. A qualidade material do que é feito nunca importa. O resultado é amargarmos, como Paulo Honório, porque nessa condição bruta de achatar a condição humana nossa termina por ser como um suicídio, como ocorrido por Madalena, quem representa a sensibilidade e o desejo de coisas mais altas e melhores que não encontra espaço na vida privada de nada além da busca do mais imediato poder e riqueza.
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Katia.Borges 09/04/2023

Um livro com um personagem intenso e complexo.
São Bernardo é um livro de memórias.
- E para que serve um livro de memórias?
Serve para que os leitores se perguntem, afinal, por que teimamos em reencarnar no passado?
- Por distração. Para enganar o tédio das horas. Para nos punirmos. Isso é o que Pedro Honório responderia.

Pedro Honório é o personagem principal do livro ?São Bernardo?, escrito por Graciliano Ramos.
Madalena, D. Glória, Casimiro, Dr. Magalhães são os personagens criados por Pedro Honório para ajuda-lo a narrar sua trajetória de vida até os seus cinquenta anos.

O livro é um diálogo intenso e complexo sobre o que o personagem lembra e o que as suas memorias trazem a tona.

Assim, ao buscar nas lembranças fatos do seu passado, Pedro Honório vê a si mesmo como um homem ambicioso, bruto, insensível, confessa que tornou-se um assassino por acaso das circunstâncias, que não deseja casar por amor. Tendo uma origem muito pobre, orgulha-se do que conseguiu com os próprios esforços: a fazenda São Bernardo.
Por sua vez, nas linhas em que se entrega às reminiscências, Pedro Honório não passa de um homem inseguro, que tem tanto medo da morte quanto da solidão; não teve mãe ou pai, não conheceu irmãos. Ressente-se. Ao olhar-se no espelho da memória, ele se enxerga tão feio, tão sujo, tão maltratado que chega a duvidar se a própria mulher seria capaz de amá-lo.

Diante de um personagem tão ambivalente, o que concluir sobre Pedro Honório?
Não sei. O que posso afirmar a partir da minha experiência de leitura é que Graciliano Ramos construiu um dos personagens mais instigantes que conheço na literatura brasileira. Impossível não questionar o seu mau caráter e o que ele fez a Madalena. Mas se intento olhar para Pedro Honório, visto pelo avesso, como não me sensibilizar por suas perdas.

O que concluir sobre São Bernardo?
Um livro que deve ser lido por uma ótica atual, que nos fala acerca da capacidade que precisamos desenvolver para sabermos lidar com nossas memórias; e como ?as narrativas de si? podem nos levar a um conhecimento mais profundo acerca da nossa frágil condição humana.

Graciliano Ramos. Um gigante.
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