S. Bernardo

S. Bernardo Graciliano Ramos




Resenhas - São Bernardo


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Guilherme Tavares 02/06/2023

Um bom livro
A leitura de São Bernardo é para aqueles que estão cansados da literatura brasileira. Se temos como base autores como Machado de Assis, Mário de Andrade e Lygia Fagundes Telles notamos nesse livro uma direção narrativa completamente diferente. Inclusive, já li esse livro antes e não me lembrava de muita coisa por causa disso procurei reler. E já me adianto se alguém leu Vidas Secas, este livro é muito diferente. Não existe dramatização, não existe politização e não existe enrolação - este é um livro sólido sobre alguém pesado. O drama de Paulo Honório não é raro, mas também não é comum. Esta história é de um operário que vira mafioso para virar rico. Adquire sucesso, mas perde humanidade -simples assim. Eu particularmente gostei bastante da narrativa. A maneira como ele me prendeu foi rápida e durou até o final. Fiquei apenas com gosto amargo por esse livro ser tão diferente do geral e gostaria que a história fosse mais longa. Simples.
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joaoggur 01/06/2023

Graciliano; apoteose da literatura brasileira.
Impossível falar da literatura nacional sem citar o nome de Graciliano Ramos. Caçado na ditadura de Getúlio Vargas, atormentado por traumas e dilemas mentais, sua literatura é marcada pelo realismo exacerbado, não temendo em descrever a miséria deste país, tal qual a sua constante e incessante luta de classes. ?São Bernardo? fora seu primeiro romance, que o lançou aos olhos do modernismo.

?São Bernardo? seria uma fazenda no interior nordestino, e seu dono, Paulo Honório, é quem narra a história para nós. Quanto mais a história se passa, mais sentimos certa aversão ao protagonista, o ponto crucial da obra.

Tal qual a maioria dos livros do autor, posso dizer que o tema central da obra é a miséria humana. Miséria esta oriunda dos devaneios da ganância, capaz de persuadir os homens a cometer loucuras. Paulo Honorio, protagonista, preferiu ter uma vida em busca do lucro, do espólio, ao invés de simplesmente vivê-la. No ímpeto de querer afanar todas as riquezas para si, empobreceu sua própria alma.

Graciliano, já em seu primeiro livro, demonstra a sua exímia habilidade de mesclar uma profundidade psicológica com frases sucintas e descrições rápidas, uma marca registrada do autor. Conseguimos adentrar a mente do protagonista, e nos espantamos ao conhecer cada minúcia.

Recomendo fortemente a leitura. Graciliano já mostrava seu talento como um escritor realista. E o mesmo conselho que dou para todos os seus romances aplica-se neste; deve-se ler sabendo que, tal qual a história deste país, é um livro triste.
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Hygão 30/05/2023

Tudo pelo poder.
Paulo Honório é uma representação fiel da ambição, pois para ele o material sempre vale mais do que o humano. Principalmente, quando não temos o nome do filho dele exposto na sua narrativa, ele não se interessava em família, mas sim em ter posse dela.
Graciliano é certeiro em fazer críticas camufladas nos trechos de São Bernardo da sociedade da época.
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beatriznottingham 23/05/2023

Terminei esse livro e senti tanta coisa que nem sei bem como explicar. A gente se comove, sente raiva, angústia, e vários sentimentos surgem acerca da relação do Paulo Honório e da Madalena. Recomendo demais!!
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Nietzsche2 14/05/2023

S.Bernardo
Lido “S. Bernardo” de Graciliano Ramos.

A narração dessa história é feita por Paulo Honório, um sertanejo que decide escrever um livro a respeito de sua vida numa tentativa de esclarecimento sobre suas atitudes.

Com um início bem complicado, de um impacto de escrita mais arcaica/regionalista vem a exigir bastante concentração, pois além de ter uma escrita “difícil” é informado muitas coisas em apenas uma frase.

Tive que ler os primeiros capítulos de duas a três vezes para me situar no que o autor estava escrevendo. Mas passado essa dificuldade inicial a história se desenrola de forma tão (ironicamente) gostosa.
Não dá vontade de largar e nem de terminar tão cedo. Lembra um pouco Dom Casmurro e O morro dos uivantes.

É de uma grandiosidade de escrita que chega até ser uma honra fazer essa leitura. Graciliano entrega um romance crítico, grosseiro e árido em uma história tão abundante de sentimentos reais por personagens tão secos quanto o sertão.
Maravilhoso demais!!!!
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Sabrina 08/05/2023

Graciliano é mesmo um gigante, segundo livro lido dele e cada vez mais me surpreende, tem uma escrita objetiva e por vezes até um tanto seca, mas que prende o leitor do início ao fim. Em São Bernardo a vida de Paulo Honório vai sendo desvelada perpassando por questões políticas e sociais como pano de fundo da obra. Tem tbm maldade, ciúme, desconfiança? Livrão!
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Fernando1152 24/04/2023

São Bernardo
Paulo Honório tem uma vida difícil na fazenda São Bernardo, mas tudo muda quando ele conhece Madalena, uma jovem professora muito mais jovem que ele, com a qual decide se casar, sendo de dois mundos diferentes, muitos desafios surgem dessa relação.
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THALES76 21/04/2023

O orgulho pode te lavar para muito longe, entretanto lhe deixará lá sozinho.
Diria que o livro é resumido já na primeira página, pois o autor nos apresenta quem é de fato Paulo Honório; um homem simples e ambicioso que torna-se fazendeiro e com a pretensão de ter um herdeiro decide casar-se com Madalena.
A trama é vista a partir da ótica de Honório, isto é, praticamente uma história autobiográfica. Nela, ele revela que deseja publicar o livro na forma de pseudônimo, e nesse momento percebo uma certa semelhança entre nós, porque ambos desejamos o anonimato, preferimos a invisibilidade ao invés de estar na vitrine.
Uma curiosidade é que Paulo não tem o hábito da leitura, portanto não desenvolveu bem a escrita; por isso escreve o livro de forma despretensiosa, sendo movido apenas pelo anseio de colocar pra fora seus sentimentos, da mesma forma que se faz num diário.
Como mencionei no segundo parágrafo, Paulo é uma pessoa muito ambiciosa e busca mais do que tudo a ascensão financeira, deixando como secundário o objetivo sexual. Sendo assim, sua prioridade é subir de vida e não casar-se.
Para o protagonista os fins justificam os meios, por isso entende-se que ele é uma pessoa polêmica. Apesar disso, não conseguimos defini-lo como bom o mal, visto que ajuda com suas ações ajuda no desenvolvimento da cidade, mas por outro lado é um patrão muito duro com seus empregados. Portanto nos deixa com esse sentimento ambíguo.
Sobre o casal protagonista é importante observar que os dois são pessoas espertas, mas que o conhecimento de ambos foi adquirido de formas diferentes; Madalena aprendeu lendo livros, por isso tem um aprendizado mais teórico; já Paulo Honório aprendeu com a vida, experenciando na pele tudo o que sabe, logo seu conhecimento é empírico.
Madalena, era a única pessoa que confrontava Honório. Por ser uma mulher de pensamento independente, assombrou muito seu marido que era deveras machista e acostumado a mandar em todo mundo. Assim, ele se viu muito confuso ao ser questionado várias vezes por sua esposa a respeito de suas atitudes.
Queria abrir aqui espaço para falar de um personagem que pode passar despercebido para a maioria das pessoas, um coadjuvante que chamou minha atenção. Seu Ribeiro, um major muito respeitado em sua cidade, um misantropo, igual a Heatchiclif. Ele não gosta de ninguém e nem por isso sai hostilizando os demais.
No fim Honório acaba sozinho, transformando-se numa pessoa insípida e amargurada. Tenho certo apreço pela melancolia, então o desfecho do livro me agradou.
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igsuehtam 18/04/2023

Ciúme
S. BERNARDO é um livro rápido, cheio de camadas, que perpassa entre passado e futuro. Você assitir a vida externa e interna de Paulo Honório, um homem de cinquenta anos, que vai se transformando, mudando gradativamente. Para mim foi um livro razoável, mas mesmo assim uma leitura difícil de largar. É aquele tipo de livro que quando você termina, ele continua.
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legarcia 17/04/2023

Pela busca do preenchimento existencial
Está aqui um livro que comecei de maneira despretensiosa, sem saber muito o que esperar e fui a cada capítulo sendo impactada positivamente com o que estava em minha frente.

Essa é uma obra que permite diversos focos interpretativos. Os que mais me chamaram a atenção em uma primeira leitura foram: a escrita como autoanálie, a questão social e a psicológica.

É muito difícil não pensar na conjuntura social quando lemos ?São Bernardo?, uma vez que a história nos apresenta a um personagem principal que representa todo um passado arragaido do Nordeste, mas o qual possui também uma lógica capitalista. Dessa maneira, é possível perceber a alteração de poderes e na discriminação de pessoas pelo espaço social ocupado por elas.

Então, Paulo Honório é esse sujeito que irá transbordar a lógica capitalista nas muitas áreas de sua vida. Podemos perceber isso quando ele decide escrever um livro e resolve utilizar-se da divisão do trabalho, mas logo percebe que não consegue, uma vez que a escrita de um livro representa um trabalho transcendental e individual, que não pode ser transferido a terceiros ou repartido. Além disso, Paulo enxerga tudo em termos coisificados, suas relações são baseadas no material, o que acaba gerando um vazio existencial.

Não obstante esses pontos interessantes, a visão que mais me tocou na obra foi a escrita suas reverberações no indivíduo. É como se, apesar de toda a rudeza da vida de Paulo Honório, houvessem frestas das quais emergissem a necessidade de preencher-se. E a tentativa de escrita representa exatamente uma resposta a esse mal estar.

Com o processo de escrita, algumas partes de sua vida vão clareando-se um pouco para Paulo Honório, que consegue percebe que errou, que há uma monstrualidade em si, mas essa percepção não é gera modificações perceptíveis em seu comportamento. E para mim, essa parte é dolorida: a realização de que por mais que reconheça a deformidade moral dentro de si, Paulo não consegue ser diferente. A escrita é, então, um apontamento para a ruptura de sua circunstância imediata e uma forma de tentar refletir sobre a sua realidade.

Dessa forma, a leitura dessa obra foi pra mim qualquer coisa que sensacional. Estou em um momento de reflexão acerca da importância da escrita de si para uma vida mais consciente e com mais autonomia, então esse livro foi como um presente. Recomendo-o fortemente!
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Lucas 14/04/2023

O que fazer e o que não fazer: para Graciliano Ramos, a maturidade literária chegou cedo
Pessoalmente como leitor, é difícil para este que vos escreve falar sobre o alagoano Graciliano Ramos de Oliveira (1892-1953): ele possui tantos predicados como escritor e como homem que fica complicado esquecer a sua história particular para falar de sua obra. Acima de tudo, um sobrevivente de uma trajetória de vida com muitos traços dramáticos, Graciliano Ramos é um dos meus portos seguros em termos de literatura. Ter um livro dele nas mãos parece transmitir uma certeza de que a frustração passará longe de suas linhas.

Essa ideia sofre um certo abalo, entretanto, quando se está diante de S. Bernardo, obra lançada em 1934 e o segundo trabalho literário do autor. Espera-se, diante disso, um estilo mais "verde" e não tão profundo quanto o desenvolvido posteriormente por Graciliano Ramos no espetacular e atemporal Vidas Secas (1938). Felizmente, o escritor não passou por esse problema, pois a obra já tem o nível de maturidade que se espera de um livro escrito por ele.

O enredo é simples: S. Bernardo é escrito em primeira pessoa por Paulo Honório, um alagoano do interior típico do final do século XIX. Os relatos dos seus primeiros anos são ignorados, mas ele possui pais desconhecidos e vivia vagando pelo mundo, com exceção de alguns momentos onde era amparado por Margarida, uma doceira que desenvolve com Paulo uma relação fora dos padrões do seu posterior comportamento. Quando criança, o protagonista era guia de um cego e ajudava a vender doces para sobreviver. Mas na idade adulta acontece algo que, se não é tão focado pela narrativa, acaba sendo fundamental para o caráter de Paulo Honório: ele, por ciúmes, esfaqueia um homem.

Este ato é o prelúdio da personalidade do protagonista-narrador: explosivo, trabalhador e determinado, ele aglutina para si características por vezes conflitantes, mas que denotam uma grande complexidade em sua construção (é o maior traço da maturidade literária precoce de Graciliano Ramos). Ao ser preso pelo esfaqueamento, ele aprende na reclusão a ler e a escrever, o que é a influência literal que o ato causa ao personagem, que nunca tinha sido (e nunca foi, de fato) muito ligado às letras.

Ao invés de pavimentar um caminho eventualmente diferente, a obtenção do alfabetismo despertou um espírito voraz em Paulo Honório. Ele regressa à Viçosa, sua cidade-natal (e que existe de fato, próxima de Maceió) e passa a contemplar a fazenda São Bernardo, local onde ele já havia trabalhado quando adolescente. A propriedade, então decadente, era gerida por Luis Padilha, indivíduo ocioso que acaba caindo numa armadilha mercantil proposta por Honório. De mãos atadas, Padilha acaba vendendo a propriedade a Paulo Honório, que prospera usando métodos bem questionáveis.

Neste e em vários outros momentos, Graciliano deixa nas linhas uma sutil crítica ao desenfreado espírito capitalista, que não pondera esforços ou escrúpulos em busca de um objetivo material. Travestido de um discurso individualista, de que tudo pode ser justificado ou avalizado se obtido com trabalho duro, esta marca que Graciliano Ramos usa para construir seu protagonista de S. Bernardo pode ter a ver com o seu futuro dentro do Partido Comunista Brasileiro (o autor chegou a ser preso pela ditadura de Getúlio Vargas em 1936), mas, se tomada num sentido menos político, ela inegavelmente conduz a várias reflexões válidas.

A que preço se vence na vida nesse aspecto mais material? A trajetória final de Paulo Honório responde esse dilema de forma magistral. Mas a sua secura e rigidez com relação aos seus "valores" sucumbem diante de Madalena, professora pela qual ele se encanta (não se apaixona por ela, isso parece inconcebível para Honório). Ao trazer tanta doçura e altruísmo diante de um mundo tão fechado, a secura e rigidez ressurgem com uma nova capa: a do ciúme doentio. Nem mesmo o filho do casal ameniza essa paranoia e ela arrasta todos os personagens do livro para um acontecimento impactante ocorrido no final da obra.

Paulo Honório era alguém rodeado de pessoas, como o capataz Casimiro Lopes, o padre Silvestre, o advogado Nogueira, o contador Ribeiro, o jornalista Azevedo Gondim, além dos já citados. Mas tudo, inclusive essas pessoas, se distanciam do protagonista... Algo natural na vida de todo mundo, mas que Graciliano Ramos não dramatiza, apenas naturaliza. O protagonista mesmo, é alguém que desperta certa aversão, mas não necessariamente ódio. Paulo Honório, que nunca foi um homem de fé ou um herói, encontra nas letras e na humildade da escrita das suas memórias um meio de encarar a vida após os seus cinquenta anos. Para alguém tão duro, teimoso e longe de ser uma pessoa correta, o peso da pena utilizada para escrever torna-se pesado e parece que, a medida que Paulo adentra nestas memórias, o peso parece ser ainda maior. Nota-se um personagem complexo, portanto, cheio de dilemas, eventuais arrependimentos e uma mente materialista em excesso, o que lhe traz muitas agruras.

S. Bernardo é um livro maravilhoso, é Graciliano Ramos no auge da sua forma já no seu segundo livro. Um enredo simples, duro e extremamente reflexivo, capaz de ensinar várias coisas, seja por meio de exemplos ativos (daquilo que se deve fazer) ou através de modelos de conduta imprópria, que ensinam aquilo que não se deve fazer ao se levar uma vida de muito trabalho e objetivos meramente materiais. Nesse choque, vemos uma narrativa direta e crua, que tal como a vida de nós todos, não é marcada somente com esplendores ou finais felizes.
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Karol 14/04/2023

Uma novela de época
Esse livro me foi emprestado e eu estava morrendo de medo de não gostar, até porquê não é muito meu tipo de leitura e sempre tive um receio em ler livros mais antigos, porém me surpreendi bastante, gostei muito da leitura e não conseguia desgrudar, parecia realmente uma novela de época da globo. claro que tem seus problemas de uma história antiga, racismo, escravos, machismo?mas acredito que quando se trava de livros desse tempo não tem como fugir. não posso negar que senti um pouco de dificuldade com as algumas palavras e ?jeitos de escrever? diferentes, bem característicos da época, mas no geral acredito que entendi tudo sim. o personagem do livro conta sua história sofrida e como conquistou o que tem no presente momento e no decorrer, como acabou perdendo tudo que amava. não sei se a história do personagem tem algo haver com o escritor do livro, não pesquisei mais sobre, mas é uma história que passa muita verdade, gostei bastante!
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