S. Bernardo

S. Bernardo Graciliano Ramos




Resenhas - São Bernardo


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Claire Scorzi 28/03/2021

Seco. Contido. Poderoso.
Tivesse eu ainda entusiasmo, faria um vídeo disto. Não tendo mais, vai esta resenha que como sempre ficará aquém do livro.
Li São Bernardo na juventude; Embora reconhecendo mérito ao autor, vi frieza e distância na forma de narrar. Passaram-se anos. Fiz as pazes com Graciliano através de "Angústia", que continua meu favorito.
Porém reler depois de mais de vinte anos "São Bernardo" foi uma surpresa.
Primeiro: no dia que comecei, havia tentado começar outros livros: tudo soando pretensioso, fraco; eu mal passava das páginas iniciais. Aí peguei São Bernardo e veio a primeira alegria: antes da página 20, estava fisgada. Escrita seca, ágil, sem firulas e sem adornos, sem pretensão alguma - e poderosa. O que os outros autores - 3 ao todo - não tinham conseguido, Graciliano fez sem demora: me conquistou, me ganhou cativa para a sua história.
Que é uma grande história. De um 'made self man' brasileiro, Paulo Honório, que resolve contar sua vida. Há de tudo: violência, paixão, ciúme, ódio, revolta, ambição, desencanto, corrupção, reflexão sobre si e a vida, até sobre o ato de escrever. Acho que Lúcia Miguel Pereira tinha certa razão em ver um defeito no romance no fato de ser tão bem escrito - sendo o 'autor' um protagonista pouco instruído que se assume como autor do que lemos. Ao mesmo tempo, a força do livro é tal que passamos por cima desse defeito. É grande. É forte. Poderoso, como disse. Mergulhamos com Paulo Honório em tudo que nos conta, ao seu lado mesmo quando em desacordo com ele (e há muito com que discordar, aliás).
Não dei 5 estrelas por duas coisinhas que me incomodaram, e aqui, um aviso - darei spolier para explicar (não leia se não quiser saber detalhes do enredo):
- O suicídio de Madalena. Sendo ela uma pessoa boa, generosa, compassiva, só pode estar se matando porque o marido a maltrata grandemente. Aí, ela se suicida, mas - se era ela tão boa pessoa, não pensou no filhinho bebê que abandonava ao marido violento? Não teve escrúpulo de deixar nas mãos de Honório a criança indefesa?
- A referência feita por Paulo à carta deixada pela esposa destinada a ele. Graciliano não achou necessário citar sequer um trecho dessa carta, que seria tão importante para entendermos o ato último de Madalena, nós, leitores, mesmo que o marido não entendesse - Paulo só diz que a carta traz umas palavras difíceis que ele não entende. Seria este o propósito de Graciliano, deixar que nós imaginássemos a dita carta? Não sei. Pode ser, mas deu-me certa frustração.

Fim do spoiler -
Nada disso muda o fato de estar-se diante de um grande romance, decerto um dos nossos maiores. "Angústia" continua meu favorito. Mas, agora, "São Bernardo" não me fala de um escritor frio, mas sim artista, contido e seco e sutil naquilo que não diz, só insinua ou nos deixa especular. Grande.
Pavozzo 28/03/2021minha estante
Ah senhorita Claire! Não nos tente com pensamentos sobre gravar vídeos de novo... Só nos deixará passando vontade! rsrs.

Comentários belíssimos, como sempre.


Wallace 29/03/2021minha estante
#VoltaProYoutubeClaire


Claire Scorzi 29/03/2021minha estante
Infelizmente o entusiasmo necessário nunca voltou...


Marcio 29/03/2021minha estante
#VoltaProYoutubeClaire


Mayara Beatriz 29/03/2021minha estante
Não precisa voltar, só grava um vídeo, depois grava outro, depois outro srrsrs. Espero que um dia se entusiasme com o nosso entusiasmo ^^


Claire Scorzi 30/03/2021minha estante
Vocês são gentis, como sempre. :) Obrigada.


Cris 30/03/2021minha estante
#VoltaProYoutubeClaire


Cris 30/03/2021minha estante
Li São Bernardo durante as eleições, onde em minha própria casa e entre amigos, expor opiniões se tornou quase impossível. Chorei ao me identificar com a esposa, que se vê calada, silenciada, não validada. Sinto que o que a levou ao suicídio - mesmo reconhecendo aí um ato egoísta - foi perceber que seu espírito foi assassinado e ela não encontrou forças em si para se refazer. Foi tratada como fraca, menos...Que acreditou. Ñ viu saída.


Claire Scorzi 30/03/2021minha estante
Cris: Muito obrigada por colocar o que você achou.


Cris 30/03/2021minha estante
Eu que agradeço, Claire. Acho que destoei em pouco...masss


Karen 23/12/2021minha estante
? o que eu sinto lendo a primeira frase da resenha em uma única imagem. Que falta fazem os seus vídeos...


Sena 22/02/2024minha estante
Acabei de reler S. Bernardo e também gostaria de parte ou a carta toda de Madalena tivesse sido exposta. Em boa parte da narrativa fiquei pensando na Madalena e gostaria de ter visto pelos seus olhos (pela carta) mais dela, a relação com o Paulo e o que a levou a algo tão irreversível.




@tigloko 06/10/2022

Narrativa seca e brutal
O livro começa com Paulo Honório, dono da fazenda São Bernardo, que construiu sua reputação sem escrúpulos e sentimentos, escrevendo suas memórias desde a infância até se tornar um grande fazendeiro no sertão alagoano. Em determinado momento da sua trajetória, ele decide se casar para construir uma família. Já casado com Madalena, professora com uma visão de mundo totalmente diferente, o casamento entra em conflito por ele não conseguir entender a esposa e seguimos essa narrativa.

No início foi difícil entrar nessa história. O autor tem uma forma direta de escrever, sem dar muito contexto. Além da linguagem regional ser muito presente. Longe de isso ser algo ruim, apenas que foi dificil mergulhar no começo. Mas a partir do casamento eu não consegui largar o livro, até saber o que aconteceria. A leitura toma uma proporção frenética, mais pela tensão do que por grandes acontecimentos.

Tive aquele sentimento de bomba relógio nessa leitura. Como se a qualquer momento fosse acontecer uma desgraça, elevando o nível de tensão a cada página. Muito relacionado pelo ciúme doentio que Paulo tem por Madalena. Não lembro de ter lido uma narrativa que tratasse o ciúme de forma tão realista, brutal.

O tema de arrependimento também ecoa bastante durante o livro, já que acompanhamos um Paulo perdido nas memórias da sua vida passada e no casamento com Madalena. Se ou como ele poderia mudar os fatos passados, se ele faria algo diferente, são partes bem triste.

E ainda pra fechar, tem muito contexto político da época, algo que gosto e é sempre bem vindo.

Poderia falar bem mais desse livro mas já ficou claro que gostei muito, recomendo!
Fernanda 08/10/2022minha estante
Não acredito que depois dessa resenha estou tentada a ler Graciliano Ramos ? muito boa ???


@tigloko 08/10/2022minha estante
Obrigado Fernanda ? que bom q gostou! Fico feliz.




Mateus 25/08/2011

Grande parte dos alunos das escolas brasileiras não gostam de ler e não sentem nenhuma atração pelos livros. Na verdade não grande parte, mas a maioria. E por que isso ocorre? A resposta está nos livros nacionais que os professores os obrigam a ler. O que era pra ser um estímulo à leitura, acaba se tornando um empecilho para os jovens.

Felizmente consegui perder meu preconceito por livros brasileiros há algum tempo atrás, após ler livros nacionais que acabei gostando bastante. Com São Bernardo, porém, me voltou o desânimo em relação a tais livros. Uma leitura nem um pouco atrativa, extremamente egocêntrica e de história vazia. Aí está um ótimo exemplo de porque os jovens não gostam de ler. Sendo obrigados a ler algo assim, é impossível pegar gosto pela leitura.

São Bernardo é narrado por Paulo Honório, um homem que carrega a angústia no coração e resolve contar sua história. Vai desde sua juventude pobre, passando pela conquista da fazenda São Bernardo, até chegar à grande fazendeiro, tudo isso marcado por grandes dificuldades. Uma história direta e nada mais. Sua importância histórica é indiscutível, pois foi uma das obras mais importantes do modernismo. Mas de resto não tem nada a acrescentar.

O que há de pior em São Bernardo são os personagens secundários quase sem característica alguma. Como é Paulo Honório quem conta a história, tudo no livro gira apenas em torno de suas opiniões e pensamentos. Sua personalidade sem dúvida é fascinante, e duvido que exista nos livros brasileiros alguém igual. Mas os outros personagens, que surgem no desenrolar do livro como peças quase imóveis do cenário, deveriam ganhar mais espaço, pois só assim a leitura se tornaria interessante. Ou não.

E quanto a sua história, tudo parece conspirar para que seja extremamente monótona e fácil de abandonar. Li cada página pensando em parar, e apenas cheguei ao fim porque precisava terminar um trabalho sobre ele. Mas é claro que o livro tem toda uma filosofia por trás de sua narrativa, pois se não não seria um clássico. Porém li, entendi e posso dizer que não gostei. Graciliano Ramos jamais.
Ariadne 29/08/2011minha estante
Querido, Modernismo é meio barra mesmo... Mas confesso que um representante do Romantismo em Portugal me deixou traumatizada... Fuja de "Amor de Perdição"... rsrs


Mateus 01/09/2011minha estante
Se nem os livros Modernistas brasileiros eu aguento, imagina os portugueses? Pode deixar que fico longe deles. Hehe' ;)


Bruna Britti 11/09/2011minha estante
Acho que estímulo a leitura é deixar cada um ler o que quiser, o que infelizmente isso está longe de acontecer nas escolas. Por isso os brasileiros logo cedo pegam o desgosto pela leitura. Existem livros maravilhosos de escritores brasileiros da atualidade que, infelizmente, não ganham tanto destaque porque estamos sempre valorizando apenas os clássicos. Enfim, tive a mesma sensação que vc. Li porque precisei, pra fazer uma prova da faculdade, mas minha vontade foi parar a cada página, rsrs.


Milena Karla - Mika 23/03/2012minha estante
Também estou tendo que fazer um trabalho sobre Graciliano Ramos. Uma chatice devo admitir. Até hoje não li nenhum livro brasileiro que realmente me fascinou.


Ana 02/06/2012minha estante
Não acho que a leitura de autores nacionais de outrora seja negativa. Certamente que o prestígio é merecido; São Bernardo é uma obra consagrada e merece respeito. Pode não ter sido, a meu ver, absolutamente fascinante, mas também não creio que seja motivo para desânimo. Graciliano Ramos não merece o preconceito que recebeu entre a juventude. Obviamente que deve se levar em consideração a época em que o livro foi escrito - os aspectos, já hoje não considerados inovadores, na época de publicação tiveram sua importância, até hoje reconhecida. A literatura do século passado tem seu valor. Uma pena que nem todos o reconheçam.


Milena Karla - Mika 15/06/2012minha estante
Concordo Mateus, sou louca para ler um Livro de Jô Soares. Soube que ele escreve muito bem. É realmente ruim ser obrigado a ler Livros tão chatos e monótonos.


Bruno Oliveira 08/01/2013minha estante
Acho esse debate muito legal porque vejo um problema real nele: as obras clássicas frequentemente são pesadas e difíceis de apreender sobretudo porque a educação geral das pessoas é medonha, por isso, são julgadas "chatas" ou qualquer bobagem assim, o que acaba fazendo com que as pessoas abandonem a leitura crendo que leitura se resume à isso. O ruim é que a escola é o espaço onde justamente o clássico deveria ser apresentado, onde as pessoas poderiam ser formadas com o que há de melhor na cultura de seu país, já que quando saírem não terão que ler esse tipo de obra e poderão ir, por exemplo, para literatura de massa que vocês citaram, Jô Soares, Paulo Coelho e qualquer coisa do tipo.

O ideal seria melhorar a educação das pessoas ao ponto que um clássico se torne uma coisa incrível independentemente de se gostar, achar chato ou qualquer avaliação subjetiva do tipo. Porém, dadas as condições brasileiras acho que isso não virá tão cedo. Particularmente, eu gostaria que quando jovem me tivessem apresentado outros clássicos os quais me motivariam mais a ler para que hoje, com mais cultura, eu pudesse voltar aqueles de difícil digestão, como Lima Barreto, São Bernardo e livros do tipo.


Caroline Gurgel 09/05/2013minha estante
Mateus, penso exatamente da mesma forma que você. Brasileiro não gosta de ler porque é obrigado a ler livros chatíssimos e rebuscados quando ainda não tem maturidade pra isso. Lembro de ter sido obrigada a ler livros como Vidas Secas, São Bernardo, entre outros, quando muito nova na escola e aquilo vira sinônimo de obrigação das mais insuportáveis. Está na hora disso mudar, os clássicos nacionais devem ser inseridos no nosso dia a dia aos poucos, misturados com livros divertidos, de autores contemporâneos, livros de fantasia... Enfim, esperamos que isso mude, não é?! :)


Sergio 11/08/2013minha estante
Se vc pensa isso desse livro então se vc leu algum do Jose de Alencar vc queimou ele na primeira pagina né? Pq o cara tem o tedio e a monotonia em cada ponto, e no caso do dom casmurro , por exemplo q tem uma tematica parecida vc tentou o suicidio


Sergio 11/08/2013minha estante
Na escola me pediram pra ler um livro pra fazer trabalho pela primeira vez em 1986, tava na terceira serie, a professora pediu Vinda Com a Neve, é livro infantil, próprio pra alguem q tem 9 anos, depois ela foi pedindo os do Pedro Bloch, tudo livro infantil, como eu já lia quadrinhos foi tranquilo, agora na 8 serie a professora pediu pra ler Senhora, eu desejei q ela queimasse no inferno, e hj com 36 anos se vc falar em José de Alencar perto de mim vc esta tentando fazer um inimigo


Mizael 21/09/2013minha estante
Sinceramente não compartilho nem um pouquinho que seja de sua opinião. Primeiro, não acho nem um pouco chata e monótona a leitura de S. Bernardo nem muito menos Graciliano Ramos, ao que me parece é "chato e monótona' pra quem não entende o por que do livro ser feito dessa forma. Segundo, para Tuila Ziliotto, acho, sinceramente, que leituras como Graciliano divertem muito, e mais tem uma significação diferente a cada vez que leio. Não é à toa que tenho um cachorra chamada Baleia. Terceiro, me desculpe a sinceridade Matheus, você leu S. Bernardo obrigado, e diferindo do que você disse, VOCÊ NÃO ENTENDEU O LIVRO, vc o leu apenas pelo simples (des)prazer da obrigação, o que a meu ver, lhe bota uma venda nos olhos impedindo de ver o além-horizonte desse livro. Adoro esse livro, assim como Vidas Secas, sou fã de Graciliano e acredito que suas obras além de divertir bastante nos fazem pensar, são livros que não acabam quando acabam. Provocam, como li um dia desses, um êxtase literário, um ótimo indicador de um bom livro. PS. Nicholas Sparks é sim uma "literatura de papel higiênico".


Mateus 29/09/2013minha estante
Acho que o mais fascinante das pessoas é que cada uma possui uma opinião diferente, né Mizael? Achei bem legal tudo o que você disse em relação a São Bernardo, e é bem perceptível em suas palavras o quanto você gosta das obras do Graciliano Ramos. Mas minha opinião está expressa no que eu disse aí em cima, e nada mais. Achei chato mesmo, monótono e super cansativo, e ponto final. Ter lido obrigado para a escola pode ter contribuído para isso, mas já li outros livros na mesma situação, como Iracema e Memórias de um Sargento de Milícias, e que eu acabei gostando muito. Dizer que não entendi ou que não estava no momento certo para a leitura são só desculpas esfarrapadas para um livro que eu não gostei de verdade. Tenho um respeito enorme pelo Graciliano Ramos, e sei bem o quanto o autor contribuiu para enriquecer a literatura brasileira, mas infelizmente os livros dele não são do meu agrado e pronto. A Tuila disse certo aí embaixo, existem a "literatura de papel higiênico", que é a que todo mundo lê e é só para diversão (estilo Nicholas Sparks), e os livros clássicos, que são pra instruir, despertar nosso senso crítico. Com sinceridade, eu gosto muito de livros clássicos, mas se for pra ler algum, eu fico com os clássicos mundiais ou até mesmo com José de Alencar, que acho bem mais agradável e com uma narrativa mais bela do que o Graciliano. Pelo menos tenho a honra de ter lido e dado minha opinião, ao contrário de tanta gente que diz que odeia literatura brasileira mas não sabe quase nada a respeito. O importante é tentarmos diversificar nossas leituras, criar um senso crítico e respeitar a opinião de cada um como estamos fazendo.


Muan Murt 07/10/2013minha estante
E um livro não monótono para você é exatamente o que? Dragões cuspindo jetskis em anões assassinos de golfinhos? Ou as trapalhadas do "50 tons de cinza"? Ou as terríveis aventuras de "Eu Sou o Numero Quatro"? São Bernardo traz consigo dezenas de criticas sociais e analises possíveis que provavelmente você não captou. Impossível uma obra como essa ser considerada monótona. Sua opinião é superficial e não me instiga nem um pouco.


Arsenio Meira 14/01/2014minha estante
Olá Mateus,
Respeito sua opinião (é, aliás, a obrigação de todos respeitar o pensamento divergente); porém não concordo com sua análise. "São Bernardo", de fato, requer um pouco de maturidade, e essa maturidade pode ser trabalhada com o pessoal mais novo. É um romance pleno. Um joia rara. O fato de o Narrador centrar suas opiniões não justifica o vazio do enredo; Paulo Honório exteriorizou as suas reflexões; a partir delas, as denúncias sociais são explicitamente grafadas pelo gênio do escritor alagoano. Até mesmo Graciliano, que escreveu o romance em 1934 (!!) entendeu o absurdo que é, quando um ser humano tenta anular o outro. Naquela época a coisa mais comum entre as gentes, era subjugar a mulher. Quando o homem, fosse da cidade ou do campo, pisava nas mulheres, ficava tudo por isso mesmo. Fosse em São Paulo, no Rio ou no sertão de Pernambuco. Até nisso, é um livro pioneiro. Pouca gente no Braisl olhava para tal questão. Outro ponto: o livro foi escrito em plena ditadura Vargas, e mostra como a ambição é capaz de matar um ser humano. É um petardo contra o próprio Getúlio, que de político bonachão, passou a torturar, prender e matar quem estivesse pelo meio do caminho. A garotada precisa conhecer isso, e também, como nem tudo são cinzas, a face iluminada da personagem Madalena. E, por fim, Graciliano escrevia em dois parágrafos o que muita gente graúda por aí não consegue escrever em 5 páginas. E isso, definitivamente, não é para qualquer um. Mas o seu ponto de vista, assim como o de outros que concordaram, precisa ser preservado ao máximo, de modo que a minha discordância é meramente isso: uma questão, cujo meu ponto de vista é diferente do seu. E nada mais. Nem eu sou mais inteligente que você e vice-versa. O importante é o diálogo. Abraços.


Júlia da Mata 13/02/2014minha estante
Gostei bastante da sua resenha, mantendo a sua opinião sem se importar se as pessoas não concordam. Concordo contigo quando diz sobre os jovens brasileiros não lerem por conta da maneira que os professores nos obrigam a ler livros chatos. Até hoje, mesmo sendo uma leitora avida, sofro com isso, mas sobre o que diz sobre o livro, vou me abster até ter lido o livro e ter uma opinião própria.

Além disso, parabéns pela boa resenha.


Thiago Ernesto 07/03/2014minha estante
Mateus, devo discordar da sua análise. São Bernardo é escrito de acordo com a visão de Paulo Honório, de modo que a falta de descrição dos personagens seja uma marca de seu egocentrismo. Creio que este romance é ainda melhor que Vidas Secas também de Graciliano. Graciliano Ramos escreve com um pessimismo em relação aos humanos e é um mestre nas palavras. Na minha humilde opinião, logo após Machado, excluindo a genialidade de Guimarães Rosa com seu neologismo, é o escritor que mais bem domina nossa língua e sabe construir uma história. Graciliano sempre!


Ed Ribeiro 03/03/2015minha estante
São Bernardo é top! O que tu gosta de ler Mateus?


Ana 20/07/2015minha estante
Pouco atrativo para a juventude brasileira? Com certeza. Chato? Talvez. Agora, HISTÓRIA VAZIA? JAMAAAAAIS!!!


relamounier 23/11/2015minha estante
Engraçado que eu sempre fui uma leitora voraz, aprendi a ler pouco antes dos 4 anos, antes mesmo de ir para escola, de pura curiosidade - minha mãe era professora e eu ficava o tempo todo prestando atenção quando ela estava preparando aula.
E desde os 11 anos, quando li Memórias Póstumas de Brás Cubas com acompanhamento de uma tia que era professora de português, tenho profundo carinho pela literatura clássica brasileira.
Estou relendo S. Bernardo agora e me surgem novos questionamentos acerca da reitificação, da maneira genial como o livro é todo estruturado na divisão do trabalho, na maneira como foi escrito na língua coloquial sem que isso comprometesse a qualidade literária.
Tenho muita dificuldade em ler são esses livros escritos em massa, que até bastante gente gosta. Escritores como "Nicholas Sparks", "John Green", "Stephanie Meyer", "Dan Brown" não me descem com facilidade, principalmente quando tento ler um segundo livro deles e vejo que é praticamente igual na estrutura ao anterior.
Às vezes noto muita gente com dificuldade de sair da zona de conforto, taxam um livro como ruim ou enfadonho porque o mesmo possui palavras que não conhecem ou porque têm informações que precisam ser digeridas, analisadas, repensadas. Sempre gostei daquilo que me fazia procurar o dicionário, me gerava perguntas e até uma certa dificuldade, misturando lazer e conhecimento.
Não gosto de livros "Sessão da Tarde", mas claro, isso é uma questão pessoal.


mpin 27/08/2017minha estante
Verdade. A forma como literatura é ensinada no Brasil ainda é muuuuuuito canônica. Li esse livro na faculdade, também. Não me marcou pelos motivos que você cita. Hoje em dia a faculdade mudou bastante a forma de se ensinar literatura, mas essa abordagem canônica ainda resiste. Eu sou formado em Letras, mas só me reconciliei com a literatura depois de velho, escolhendo minhas próprias leituras, sem preconceitos. Vou da literatura mais pop à de mais alto nível. Mas os professores insistem em se refugiar apenas nos clássicos e se sentem inseguros de abordar com mais seriedade os aspectos técnicos que fazem uma história funcionar desse ou daquele jeito. Pena.


Maleno Maia 06/12/2017minha estante
Devido a sua resenha negativa vou correr para ler avidamente, pois eu adoro clássicos brasileiros. Já li muitos e todas as escolas literárias. Nunca tive problemas com clássicos; aliás, sempre me instigaram e dou graças a Deus que a escola me os ofereceu (eu não via como obrigação) e assim aumentei minha paixão por eles. Meu gosto pelos livros nacionais foi por conta da escola. Como sou grato a ela.


Jeze 13/12/2018minha estante
Discordo de sua opinião.


Caio 25/12/2018minha estante
Discordo. Para mim a literatura brasileira é ótima, no meu caso, sempre tive dificuldade em Machade de Assis mas APRENDI a ler e agora entendo a sua mensagem. O problema tbm é que as pessoas só querem ler coisas fáceis, simples de acordo com ela sabe, dificil as pessoas pegar um livro dificil pq tem preguiça ou nao tem vontade de aprender algo mais dificil e novo. Eça de Queirós outro exemplo de leitura realista detalhista, alguns não gostam pela linguagem, estilo mas adoro e já li 3 livros dele. Eu gosto e prefiro livros dificeis e que tenha muitas citações.


Caio 25/12/2018minha estante
Graciliano é um grande representante e gosto muito li tres livros dele (Vidas Secas terminando), Caetes e São Bernardo e falo para vc: Vlw mt a pena.


Elomar 27/05/2019minha estante
É por causa de pessoas como essa que as embalagens de xampu vem com manual de uso, pois se não elas são capazes de ingerir o conteúdo do frasco.


strangrish 16/07/2019minha estante
eu gosto muito da literatura brasileira mas graciliano ramos é um caso a parte, um absurdo de chato...


Ednaldo 03/10/2020minha estante
Cada um tem seu próprio mundo na cabeça, por isso há muitas visões. Já li São Bernardo há muitos anos atrás, e para mim foi emocionante, vivi ao lado de Paulo Honório sentimentos fortes que só quem pode sentir é quem desenvolve uma sensibilidade de sentir a dor do outro. Talvez não seja a leitura desses clássicos que seja chata ou monótona, os mundos de hoje parecem serem muito pequenos para abraçar a profundidade de um universo tão rico e vasto, menos chato...


Anderson 27/10/2020minha estante
Que discussão incrivel nos comentarios, haha. Acho que depende bastante do modo em que o conhecimento da literatura é apresentado, pois foi justamente na escola através de um seminário dessa obra que eu me apaixonei por Graciliano Ramos, modernismo melhor movimento literário junto com o realismo


Thales.Santos 05/11/2020minha estante
A primeira coisa a se considerar é o caráter político de Graciliano, q inclusive foi preso na era Vargas por ser comunista. Suas impressões políticas estão impressas no romance.

O livro começa com Paulo citando os personagens pela divisão do trabalho. N sabemos quase nada sobre eles, apenas suas profissões. N sabemos nada tmbm sobre o próprio Paulo, q só é revelado o nome pro final do primeiro capítulo e suas características no segundo capítulo. Mas ainda assim já fica claro como o Paulo é o catalisador daquele universo. Ele é um homem de ações e todas as ações é deflagrada por ele.

Tmbm fica claro como o Paulo vê TD como uma propriedade a ser conquistada. Até msm suas relações. Por isso msm os personagens n são tão explorados, pq eles estão ali para serem manipulados conforme a necessidade do narrador. Pra ele é tudo lucro ou prejuízo. Vale lembrar a forma como ele narra sobre o incidente na pedreira, como se a morte de homens se resumisse a prejuízos e ND mais. o pode diminuir os prejuízos.

A única que foge disso é Madalena, q n aceita ser apenas um objeto a ser possuído e q não aceita a forma bruta e desumana que ele trata os trabalhadores. O primeiro desentendimento entre eles, após 8 dias de casado, é sobre questões financeiras, pois ela acha injusto o salário do Ribeiro. Os outros dois desentendimentos , advinha? Questões financeiras tmbm

Outro ponto é o contexto histórico. É uma época marcada por banditismo, disputas por terras e coronelismo. Disputas de terras marcadas por bala e sangue, como fica evidente com o assassinato de Mendonça. Outro era a "ameaça comunista", q aterrorizava os cidadãos (como até hj). Isso tmbm fica evidente em diversas partes. As conversas entre o Paulo, Gondim e Nogueira me pareceu uma forma do Graciliano mostrar como as pessoas eram desinformadas sobre o assunto e suscetíveis a propagandas anticomunistas das mais bizarras.

Enfim, vc n gostar da obra é compreensível. Mas dizer q a "história é vazia" e "nada a acrescentar" é um total absurdo. Espero q um dia vc pegue o livre para uma releitura e veja o quão enganado vc estava.


Milena Karla - Mika 12/11/2020minha estante
Gente, essa resenha é de 9 anos atrás, acalmem-se.


Eduardo 23/11/2020minha estante
O enredo de S.Bernardo é muito simples, é verdade. Porém, Paulo Honório não destaca os outros personagens porque, para ele, eles são irrelevantes, são meras criaturas para obedecer a ele, indivíduo extremamente egocêntrico. A linguagem de Graciliano é bem objetiva. Não acho ele chato de ler.


Ariadne 31/01/2021minha estante
Hahaha. Vivi para ver os comentários (que eu iniciei) durar nada menos que 09 anos e o fluxo ainda tá seguindo. Seguinte: não mexam com o meu Teteus hahaha. Abraços, pessoal!


Mateus 01/02/2021minha estante
Ariadne, rindo muito do seu comentário hahaha meu eu de 26 anos de hoje se sente envergonhado pelos comentários do Mateus de 16 anos, mas vida que segue. Minha cabeça e meus gostos mudaram totalmente e, hoje, sempre pego algo da literatura brasileira para ler. Até pensei em apagar essa resenha, mas acho que vale para ver meu amadurecimento. Quando reler o livro, o que pretendo fazer em breve, volto aqui para atualizar a resenha.


Ariadne 03/02/2021minha estante
Apague não. Minha visão de mundo hoje também é diferente.


Vitor 26/03/2021minha estante
Esse comentário é antigo, não sei se o autor dele ainda pensa do mesmo jeito. Mas, assim... jamais poderia estar mais longe da razão. Com todo o respeito. Graciliano foi um gênio. São Bernardo é uma obra-prima, um mergulho nas trevas do coração de um homem atormentado, um triunfo literário de rara composição, geometricamente pensada. Um livro maravilhoso. Leiam.




Renato375 03/07/2021

Que marretada!
O livro é revolucionário e dramático! Permite várias leituras, e todas elas serão impressionantes.

Graciliano Ramos escreve com com uma brutalidade tão sensível que me deixou desnorteado.

Encadernação: 5/5
Fonte: 5/5
Espaçamento: 5/5
Cor do papel: amarelado
Preço: R$ 34,90
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Pedro.Gondim 06/08/2020

Política e o Campo
"Cinquenta anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa a vida inteira sem saber pra quê! Comer e dormir como um porco! Como um porco! Levantar-se cedo todas as manhãs e sair correndo, procurando comida! E depois guardar a comida para os filhos, para os netos, para muitas gerações. Que estupidez! Que porcaria! Não é bom vir o diabo e levar tudo?" (p. 229)
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Bruna 25/04/2011

Enxuto, cru e brutal. É o que resume São Bernardo, um romance rápido e forte, rígido.

Paulo Honório escreve sobre sua vida de maneira seca, quase que indiferente, sem se prender a detalhes e descrições. Entretanto, em alguns momentos, ele nos surpreende com digressões e desequilíbrios. Nem dá pra dizer qual das duas posturas do narrador é a melhor.

E o final, bem... é espetacular.

Leiam.
Pedróviz 08/05/2011minha estante
Fiquei com vontade de reler.




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mac 15/06/2021

Surpreendente
Não esperava que a história se desenvolvesse dessa forma. Um livro clássico, talvez o melhor do autor que eu já tenha lido. Chocante, nu e complexo.
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Joyce.Gabrielle 04/11/2023

Incrível
Essa é uma história muito simples, a roda não é reinventada aqui, mas a forma como os cenários são descritos, os dias, as pessoas, os sentimentos, isso deixa essa leitura muito instigante. Gostei muito.

Li para a matéria de Literatura Brasileira II e me encantei. Foi o meu primeiro contato com Graciliano Ramos e agora quero ler tudo que ele escreveu.
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Jana 06/10/2021

Ótimo
Como diz o meme, "ótimo livro, me deu depressão, recomendo". Calma, gente, é so uma brincadeira para ilustrar o quanto um livro nos impactou. A reflexão do personagem no fim do livro é foda, eu estava lendo no trem e nem dormi de tão interessante que foi (quase sempre o sono me vence quando tô lendo no trem voltando do trabalho hahaha). Primeiro livro que li do autor, quero ler mais
.
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joaoggur 01/06/2023

Graciliano; apoteose da literatura brasileira.
Impossível falar da literatura nacional sem citar o nome de Graciliano Ramos. Caçado na ditadura de Getúlio Vargas, atormentado por traumas e dilemas mentais, sua literatura é marcada pelo realismo exacerbado, não temendo em descrever a miséria deste país, tal qual a sua constante e incessante luta de classes. ?São Bernardo? fora seu primeiro romance, que o lançou aos olhos do modernismo.

?São Bernardo? seria uma fazenda no interior nordestino, e seu dono, Paulo Honório, é quem narra a história para nós. Quanto mais a história se passa, mais sentimos certa aversão ao protagonista, o ponto crucial da obra.

Tal qual a maioria dos livros do autor, posso dizer que o tema central da obra é a miséria humana. Miséria esta oriunda dos devaneios da ganância, capaz de persuadir os homens a cometer loucuras. Paulo Honorio, protagonista, preferiu ter uma vida em busca do lucro, do espólio, ao invés de simplesmente vivê-la. No ímpeto de querer afanar todas as riquezas para si, empobreceu sua própria alma.

Graciliano, já em seu primeiro livro, demonstra a sua exímia habilidade de mesclar uma profundidade psicológica com frases sucintas e descrições rápidas, uma marca registrada do autor. Conseguimos adentrar a mente do protagonista, e nos espantamos ao conhecer cada minúcia.

Recomendo fortemente a leitura. Graciliano já mostrava seu talento como um escritor realista. E o mesmo conselho que dou para todos os seus romances aplica-se neste; deve-se ler sabendo que, tal qual a história deste país, é um livro triste.
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Lara 24/09/2011

S. Bernardo - Graciliano Ramos
Escassez de adjetivos, profusão de verbos e sujeitos. Característica marcante de Graciliano Ramos, o relato direto constitui a narrativa de Paulo Honório, dono da fazenda S. Bernardo. Terminei de ler o livro sensibilizada com Honório, na minha visão e interpretação, as atitudes que ele tomou com as pessoas ao seu redor e para alcançar suas metas foram reflexo de ter sido uma vítima da vida.
Sartre dizia que não importa o que a vida fez de você mas o que você fez do que a vida fez de você. As ações de Honório a partir das circunstancias às quais a vida lhe submeteu só o deixaram mais embrutecido e acabaram, no final, desgostando ele próprio.
Madalena, a mulher com quem se casa, na minha opnião, é a voz de Graciliano falado mais alto, é o fator humanizador. Ela se revolta contra as atitudes dele para com seus empregados e acaba por imprimir na alma bruta de Honório certo sentimento. Os personagens secundários também são muito interessantes, Padilha, que perde S. Bernardo, o fiel Casimiro Lopes, tubarão a ladrar e até mesmo as corujas da torre da igreja. Eu gostei muito do livro e recomendo.
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Marcia 23/08/2023

Minhas impressões sobre o livro
Mais um grande livro pra conta!
Literatura Brasileira ???
E que livro!
Um clássico da nossa literatura que recomendo a todos.
Nesse livro conheci Paulo Honório, um homem rústico, do nordeste brasileiro, trabalhador, bem capitalista e nenhum pouco preocupado com o outro. Para ele os fins justificam os meios... Teve vários momentos que senti vontade de lhe dar uma surra kkk mas em outros senti dó. Ao ler o livro é importante nos atentarmos a época que vivia Paulo Honório e sua história de vida. Mas isso não justifica suas atitudes, de forma nenhuma, mas compreendemos um pouco do porque de tanta brutalidade, da falta de empatia. Há outros personagens muito interessantes e os diálogos que tem com Paulo Honório são demais.
Paulo Honório terá uma esposa e seu relacionamento com ela é outro ponto que gera conversa pra dias.
Uma excelente leitura, riquíssima tanto em comportamento como no cenário da vida cotidiana e das pessoas.
Valeu!!! Deixo minha dica de leitura para vocês.
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Marcos 13/07/2021

Enérgico e impactante
São Bernardo nos conduz por uma história dura e forte, que contada por Paulo Honorio é um relato de um homem que sofreu e fez muitas pessoas sofrerem. Seu fim é de uma melancolia que condiz com a forma como levou sua vida. Um ótimo livro, recomendo!
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