S. Bernardo

S. Bernardo Graciliano Ramos




Resenhas - São Bernardo


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Tonha 24/07/2021

Edificante, realista
Muitos não se atraem pela escrita de Graciliano Ramos, e concordo que de início ela possa parecer estranha e até incômoda. Mas eu já estava familiarizada com ela por ter lido Vidas Secas. Ele tem uma escrita crua, simples, só diz o necessário. A história é confusa no começo, mas conforme o desenrolar dos fatos conseguimos nos situar. É um livro edificante, não tanto quanto Vidas Secas, na minha opinião, mas ainda sim nos traz uma boa visão da vida no sertão, dos pensamentos de um homem bruto, que é o Paulo Honório. Gostei.
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João 01/04/2021

São Bernardo é uma obra na qual sua data de lançamento é anterior ao outro grande sucesso de Glaciliano Ramos, Vidas Secas, onde também retrata a vida do sertanejo, porém em uma ótica diferente pois na seguinte história temos a visão de um dono de terra opressor, cenário divergente de Vidas Secas.
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O livro se inicia com Paulo Honório, onde é narrador do livro sendo escrito em primeira pessoa, descrevendo como ele delegou as funções para a realização do próprio livro, posteriormente cita a origem da sua vida trabalhando e almejando uma vida melhor, e seu sonho, que era ter a posse da fazenda São Bernardo, local onde trabalhou parte da sua vida e que posteriormente passou a ser sua.
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Paulo era o estereótipo de homem do sertão da época, chucro, sem estudo, aprendeu a ler quando foi preso, não apoiava o ensino e sim o árduo trabalho, pois segundo ele só assim teria um propósito ou uma vida digna. Nesta narrativa é abordado vários acontecimentos e de uma forma sincera o mesmo relata como se portou diante das situações vividas.
Digamos que o ponto mais marcante da trama é a sua relação doentia de ciumes com sua esposa Madalena, em que aos poucos vemos como isso se desenrola de uma forma totalmente abusiva resultando num trágico fim.
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Com uma pontada de sarcasmo o Paulo Honório parece estar conversando com o leitor, e na maioria das vezes da para sentir uma certa culpa em seus dizeres (porém de uma forma orgulhosa) devido a sua postura tomada em determinados acontecimentos.
Uma ótima leitura para quem quer ler algo que retrate o sertanejo da década de 1930, rico em expressões e dialetos da época, onde no início pode causar estranheza, mas depois flui facilmente.
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Marcinhow 26/05/2021

O oprimido que se torna opressor.
Paulo Honório, órfão, pobre, ex-presidiário e semi-analfabeto que constrói um Império conquistado de formas honestas e desonestas (dependendo do ponto de vista), que após pedir para um "amigo" escrever sua história, devido as suas limitações com as palavras, decide escrever ele mesmo suas memórias, já que não gostou das palavras rebuscadas usadas pelo outro.

Como li recentemente O Grande Gatsby, foi impossível para mim não comparar a vida desses dois personagens em alguns aspetos.
Também, acredito que mais comum, encontrei algumas semelhanças com o clássico Dom Casmurro.
Mas o livro tem sua personalidade, e quando você engata na leitura, é quase impossível largar o livro, querendo saber logo onde o enredo irá te levar.
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Henrique Fendrich 23/07/2020minha estante
Esse é bão mesmo.


23/07/2020minha estante
Um dos livros da minha vida. Depois de Angústia, este é meu Graciliano favorito.


Maria 23/07/2020minha estante
Não li Angústia. Ainda. Partiu colocar na lista. :-P




Taty 04/02/2021

Como ainda não conhecia a escrita de Graciliano Ramos?? Sensacional! A forma como a história se desenvolve é precisa, direta. Como se todo excesso fosse retirado, ficando apenas a essência. Incrível!
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Celsin 21/06/2021

O pio da Coruja
São Bernardo é uma obra-prima, gostei mais dele do que ?Vidas Secas?, achei mais direto, a história mais rica e profunda.

No início achei que leria sobre um novo Dom Casmurro, o que não acontece. Paulo Honório, o principal, é quem escreve o livro (nenhum dos seus amigos e conhecidos quis lhe ajudar), o que destaca a solidão do personagem no momento em que escreve, porém, sem julgar sua esposa ele confessa todos os seus ciúmes doentios e brutalidades para com ela e os outros. Diferente de Dom Casmurro, Paulo Honório não se vitimiza e sim assume seus erros.

De origem pobre, P. H. é um homem ambicioso, trabalhador, honesto e que quer conquistar riquezas, propriedades e, fugindo de si mesmo e do seu passado, ele é incapaz de ter empatia com as pessoas que o cercam e acha que são objetos onde ele os utiliza ao seu bel prazer!

Isso muda quando conhece Madalena e casa-se com ela. Um pouco mais à frente, tomado pelo ciúme, Paulo Honório se vê sem caminhos a trilhar, quando percebe que a esposa não se submete ao seu jeito opressor e machista de ser (acredito que era o jeito bruto dos homens do antigo agreste).

Com um choque de realidade e consciência, inclusive em uma passagem, quando ele lembra do tempo em que tudo era mais fácil de controlar e as coisas prosperaram, ele vai aos poucos mudando seu jeito Casmurro e começa a enxergar seus atos falhos já com 50 anos!

Apesar de ser um livro do início dos anos 30 e usar muito palavras nordestinas, foi super tranquilo e rápido até de se ler. Na edição que li, contou com um texto fazendo uma análise sobre toda a questão gramatical e da literatura, com dissertações e passagens sobre os personagens principais e a transformação do narrador, referências políticas e de época?Foi uma experiência incrível!
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Fabio Shiva 25/01/2018

Simplesmente brutal!!!
Esta pungente tragédia nordestina é tão forte e contundente porque é, sobretudo, uma tragédia essencialmente humana. Paulo Honório, protagonista e narrador de “São Bernardo”, é tão universal quanto Édipo ou Hamlet, em suas ações e motivações. Se Édipo age porque não sabe, e Hamlet não age porque sabe, talvez Paulo Honório seja aquele que age para descobrir que não sabe...

Otelo e Dom Casmurro são outras figuras clássicas evocadas nesta poderosa obra, por conta do avassalador ciúme de Paulo Honório. Ao contrário de seus ilustres predecessores, contudo, o ciúme do herói de “São Bernardo” não nasce do amor, mas do sentimento de posse, que coisifica pessoas e relações. Madalena recusa-se a ser um mero objeto possuído, tal como a fazenda de São Bernardo, e por ousar expressar opiniões próprias incorre na ira ciumenta de Paulo Honório.

A prosa de Graciliano Ramos é poderosa e angustiante, enxuta ao extremo, onde não há sequer uma vírgula sobrando. A narrativa é de uma aridez tamanha que deixa a garganta da gente seca, implorando por uma gota de umidade! Isso aliado a uma concepção literária das mais altas, a serviço de um profundo questionamento sobre o sentido da vida humana e da ordem do mundo, imaginem! Tudo considerado, em minha opinião teria sido merecidíssimo se Graciliano tivesse sido o primeiro brasileiro a ganhar o Nobel de Literatura...

A edição que li traz, após o magistral romance, um ensaio crítico de João Luiz Lafetá, muito interessante, de onde copio algumas ideias para referência futura:

* “Sumário Narrativo” X “Cena”: “O ‘sumário narrativo’, explica-nos Norman Friedman, ‘é a exposição generalizada de uma série de eventos, abrangendo um certo período de tempo e uma variedade de locais’; a cena, por sua vez, implica a apresentação de detalhes concretos e específicos, dentro de uma estrutura bem determinada de tempo e lugar.” (177)

* “V. Propp demonstrou que os contos populares se constituem sempre em torno de um núcleo simples: o herói sofre um dano ou tem uma carência, e as tentativas de recuperação do dano ou de superação da carência constituem o corpo da narrativa” (V. Propp, Morfologia del cuento). (179)

* “O romance, segundo Lukács, é a história da busca de valores autênticos por um personagem problemático, dentro de um universo vazio e degradado, no qual desapareceu a imanência do sentido à vida” (G. Lukács, A Teoria do Romance). (195)

* “Como afirma Lukács, a mais humilhante impotência da subjetividade manifesta-se menos no combate contra estruturas sociais vazias do que ‘no fato de lea estar sem forças diante do curso inerte e contínuo da duração’.” (196)

Curiosamente, em seu brilhante e extenso ensaio o crítico deixa de mencionar dois aspectos que muito chamaram minha atenção:

1) O cachorro da fazenda chama-se Tubarão, em um rico e sugestivo paralelismo com a cachorra Baleia de “Vidas Secas”.

2) O que para mim sintetizou de forma brilhante a coisificação (ou reificação) de pessoas e relações em “São Bernardo” é o filho de Paulo Honório de Madalena, “franzino e amarelo”, rejeitado por todos, que é destituído até mesmo da simples dignidade de um nome. Ele é apenas o “menino”. Brutal!!!

E viva a Literatura Brasileira! Viva Graciliano Ramos!

http://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com.br/2018/01/sao-bernardo-graciliano-ramos.html


site: https://www.facebook.com/sincronicidio
Juliana 26/01/2018minha estante
Suas resenhas são sempre inspiradoras. Quantos não foram os livros que li por causa delas! Fugi desse livro na época da escola, e hoje mais velha, estou fazendo o seguinte experimento: dar uma chance a minha pessoa de aceitar as indicações dos meus professores.


Fabio Shiva 27/01/2018minha estante
Oi Juliana, fiquei muito feliz com seu comentário, que alegria saber disso!
Sobre os livros que nos obrigam a ler na escola, acho que simplesmente não funciona obrigar a pessoa a ler tendo que decorar fatos e nomes para depois fazer uma prova, e ainda esperar que a leitura seja agradável e proveitosa! Lembro de "Iracema" do José de Alencar, que odiei quando li na escola, e tempos depois, ao reler por livre e espontânea vontade, amei!


faelfloriano 07/02/2018minha estante
Terminei de ler o livro hoje, justas as suas palavras!


Carolina 08/02/2018minha estante
As resenhas do Fabio dão vontade de ler os livros mesmo


Fabio Shiva 15/02/2018minha estante
Gratidão, amigos!


Nathalia.Ramos 02/04/2018minha estante
Tenho esse livro em casa, comecei mas não terminei. Agora quero saber da história :D


Fabio Shiva 17/04/2018minha estante
Que bom, Nathalia! Boa leitura!




Michele 14/08/2021

Na mente do opressor
Uma história narrada pelo ponto de vista do opressor, exatamente o oposto do que temos em Vidas Secas. É interessante ver que, apesar do protagonista reconhecer, em alguns momentos, que age de forma rude e despropositada e desejar corrigir seu comportamento, na hora de o fazer, acaba sempre caindo novamente naquilo que o faz ser quem é.
Terminei a leitura odiando o fato de ter criado empatia pelo Paulo Honório, kk conflitos de um leitor.
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Sofia Dionísio 30/12/2023

Um daqueles que fica pro resto da vida
Bem, por onde começar? Esse livro é fantástico. Espetacular do começo ao fim. Talvez não a melhor edição, mas é o que tinha de melhor na biblioteca. Muita das análises sobre ele se focam no nível alegórico da história que, sim, é muito bem articulado e querendo ou não o mais relevante em termos históricos, "a contradição do Brasil que se moderniza tecnologicamente mas ainda é truculento e atrasado culturalmente" e tudo mais, mas o que mais me encantou nessa história foi seu nível mais "superficial", por assim dizer, onde os personagens ainda são personagens, são "pessoas" antes de serem símbolos. E nisso, nesse ponto, a história me destrói. A cena do Paulo e da Madalena de noite, ele tomado por paranoia e ela tomada por ansiedade, por pânico... aquilo é só tão visceralmente humano, me faz lembrar de momentos horríveis que passei em relacionamentos abusivos, e ele joga isso tão bem, e do ponto de vista do abusador!! E toda a relação do Paulo Honório com a sua autoimagem, com a sua masculinidade... isso me fascinou tanto que acho que vou fazer uma IC na faculdade sobre. Entrou para minha lista de favoritos, com certeza! No fim, até comprei um para mim, já que esse que li era da biblioteca, só para poder emprestar para as pessoas e fazer mais gente ler.
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jade martins 30/09/2021

maldito Paulo Honório homem detestável e miserável mas que me fez compadecer por ele. uma vida pobre e sem nenhuma alegria, nem o filho conseguiu fazer brotar isso nele. morre com a culpa no peito e sem nenhuma conquista.
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CAMBARÃ 29/09/2020

Inesperado
Esse escritor sempre me surpreende com sua prosa impecável.
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1Newton 19/08/2021

Cinquenta anos gastos sem objetivo.
"Por que não acompanhei a pobrezinha? Nem sei. Porque guardava um resto de dignidade besta. Porque ela não me convidou. Porque me invadiu uma grande preguiça."
Cinquenta anos pode ser bastante tempo jogado fora. No entanto, nunca é tarde demais para se tenta mudar...algumas coisas poderiam ter sido completamente diferentes caso Paulo tivesse ido atrás da Madalena.
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