Fabiane Ribeiro 23/08/2013
Resenha de Dark Life - Vida Abissal, de Kat Falls
Dark Life (Vida Abissal, no Brasil) se passa em um mundo pós-apocalíptico, em que a maioria das porções de terra do planeta foi engolida pelo oceano. As cidades que restaram em terra firme tornaram-se um caos, nas quais as pessoas vivem amontoadas, em quartos pequenos, e muitas famílias entregam seus filhos ao governo para viverem em pensionatos. É chocante como as cidades em terra são tratadas como “cidades verticais”.
Alguns seres humanos aventuraram-se a viver no fundo do oceano e a explorar a vida abissal.
A história gira em torno de Ty, um garoto de quinze anos, o primeiro a realmente nascer no fundo do mar. Ty vive no Território Bêntico, junto de sua família, em uma fazenda submarina. Os moradores desse território cultivam suprimentos em estufas, e também criam seres oceânicos, como cardumes diversos, para garantirem seu sustento.
As fazendas são incrivelmente descritas no livro, protegidas com cercas de bolhas, para que as criações não escapem e para que os tubarões não invadam. As casas são arquitetas pelo pai de Ty, e, quando os humanos que vivem no Território Bêntico estão dentro dos prédios submersos, eles vivem normalmente, como se fosse em terra, pois há todo um tipo de construção especial e ar pressurizado. Entretanto, quando estão se locomovendo pelo oceano, ou estão em submarinos, ou estão nadando – com seus trajes de mergulho e preenchendo seus pulmões com liquigênio (Super criativo!E, um pouco, estranho, rs)
Uma gangue de criminosos (Gangue Calamar) tem saqueado os navios de suprimento que são enviados para os moradores do Território Bêntico, causando caos e pânico entre os moradores – sobretudo quando eles passam a saquear as fazendas submarinas também. O livro começa quando Ty – que sempre quebra as regras de segurança – encontra um submarino abandonado, cheio de sangue em seu interior. Dentro do veículo, ele conhece Gemma, uma garota da sua idade, que vive no Topo. Ela desceu ao fundo do mar após fugir de seu pensionato para procurar o irmão – ele é tudo o que restou de sua família. Entretanto, no decorrer do livro, vamos descobrir que o irmão de Gemma estava envolvido com questões complicadas e que encontrá-lo pode significar pôr tudo em perigo.
Gemma e Ty acabam fazendo uma grande amizade enquanto travam sua busca submarina e, inclusive, vivem um romance adolescente (pouco explorado na narrativa, talvez seja um gancho para as continuações do livro). A busca acaba se tornando numa questão de sobrevivência, quando o governo decreta que os próprios moradores do fundo do mar devem encontrar a Gangue Calamar, senão os fornecimentos de suprimentos irão ser interrompidos, o que acabará forçando os moradores a voltarem ao Topo e a perderem as criações que tanto se esforçaram para desenvolver em solo submarino.
Os pontos fortes do livro são as descrições de lugares maravilhosos do oceano, as criaturas e, inclusive as caronas – com baleias ou golfinhos! Além de ter um clímax bem construído ao longo da trama, em que Ty se envolve com os bandidos da Calamar, estando frente a frente com o líder (“O Sombra”) diversas vezes. O final tem pontos surpreendentes e algumas reviravoltas inesperadas quanto à história e aos próprios membros da Gangue Calamar.
O livro também traz a questão de que a pressão submarina afeta de alguma forma o cérebro das crianças que lá vivem, levando-as a desenvolverem Dons Abissais. Esse é um ponto explorado mais pro final do livro, que, provavelmente, também será mais abordado nas sequências.
A diagramação do livro está bem bacana, eu nunca havia lido um livro em papel couche, gostei da experiência. A capa também é bem bonita, só senti falta de orelhas.
A linguagem é bem adolescente e a “viagem” um pouco grande em alguns pontos, mas se você tem mente aberta para essas coisas, vale a pena ler. Eu gostei bastante da leitura, foi completamente diferente de tudo que já li, então recomendo. Consegui chegar a ficar sem fôlego em algumas cenas estendidas no oceano aberto.
O livro tem continuação, já lançada nos EUA e a Disney comprou os direitos de levá-lo às telas do cinema, mas o desenvolvimento ainda é bem inicial (vale a pena dizer que os direitos para rodar o filme foram comprados antes mesmo de o livro chegar às livrarias!)