Karina 02/04/2024O filho de mil homensMinha primeira experiência com uma obra de Valter Hugo Mãe!
Em "O Filho de Mil Homens", o autor nos presenteia com uma narrativa comovente e reflexiva, mergulhando nas complexidades das relações humanas, na busca pela aceitação e pelo amor incondicional. Nesta obra, somos apresentados a Crisóstomo, um pescador solitário de 40 anos que anseia por um filho para preencher o vazio de sua vida, e para compartilhar a jornada da vida, do amor e do aprendizado.
“Farto como estava de ser sozinho, aprendera que a família também se inventava.”
Nos capítulos seguintes, conhecemos outros personagens e suas histórias, todas marcadas por tragédias pessoais e transformações profundas que ocorrem por meio de encontros inesperados.
A partir de uma narrativa poética, o autor nos conduz a explorar temas como homofobia, preconceitos diversos e relações familiares. Em meio a essas reflexões, Valter Hugo Mãe nos ensina que toda dor pode ser ressignificada pelo acolhimento, pelo respeito e pelo amor, e que a verdadeira felicidade reside na aceitação de quem somos e no que podemos nos tornar.
"Deve nutrir-se carinho por um sofrimento sobre o qual se soube construir a felicidade."
Embora a linguagem por vezes seja dura e desafiadora, refletindo os preconceitos e a ignorância da sociedade retratada, Mãe nos conduz pelas mentes e pelos corações de seus personagens, revelando tanto suas fraquezas quanto sua força interior. Ele lança luz sobre a marginalização e a infantilização de certos grupos sociais, como vemos no tratamento dispensado à mulher com nanismo, cuja identidade é constantemente diminuída e reduzida a um objeto de pena e exposição.
No entanto, apesar das adversidades enfrentadas pelos personagens, a mensagem central da obra é de esperança. Mãe nos lembra da importância de nos aceitarmos como somos, de aceitarmos os outros em suas plenitudes e de reconhecermos o poder transformador do amor e da compaixão.
É uma leitura que eu recomendo pela sua sensibilidade, por trazer tantas questões importantes e por mostrar que as famílias, unidas por laços sanguíneos ou por afinidade, podem, juntas, fazer com que cada indivíduo se torne melhor e alcance o dobro da felicidade.