DANIZINHA 19/12/2017Anna de AssisPublicada pela BestBolso, a biografia de Anna de Assis, escrita pela filha Judith Ribeiro de Assis em depoimento a Jeferson de Andrade, é marcada por uma tragédia amorosa. Casada com o escritor Euclides da Cunha, autor de Os sertões, ela se envolve amorosamente com Dilermando de Assis, um soldado do exército, 13 anos mais jovem.
Os dois se conheceram na pensão em que ela morava com os filhos, no Rio de Janeiro, enquanto Euclides fazia a cobertura jornalística da Guerra de Canudos (1896-1897), na Bahia, para o jornal O Estado de São Paulo. No entanto, o adultério foi revelado por Anna anos depois, quando Euclides retorna da Amazônia, da fronteira entre Brasil e Peru, onde permaneceu de 1904 a 1906.
Mesmo estando casada com Euclides, Anna engravida de Dilermando por duas vezes: o primeiro filho do casal foi registrado como se fosse de Euclides, que proíbe qualquer contato entre a mãe e a criança, até que esta morre por inanição; e o segundo é “uma espiga de milho no meio do cafezal”, nas palavras de Euclides, que reconhece as diferenças entre os seus filhos legítimos, todos morenos, e o de Dilermando, loiro.
Irredutível diante de todos os pedidos de Anna pelo divórcio, Euclides prefere manter as aparências de um casamento bem arranjado em função da sociedade patriarcal em que viviam, no entanto, transforma-o em um caos doméstico, atormentando Anna com chantagens e ameaças.
Até que, em 15 de agosto de 1909, ocorre a tragédia da Piedade, um dos mais célebres crimes passionais do país. Euclides da Cunha, armado, segue pela Estrada Real da Santa Cruz e invade a casa de Dilermando e de seu irmão Dinorah, desferindo-lhes tiros que os acertam. Para defender-se, Dilermando empunha sua arma e acerta o alvo, matando Euclides e sobrevivendo ao atentado.
Em 04 de julho de 1916, outra tragédia. Dilermando mata Euclides Filho que pretendia matá-lo para vingar a morte do pai. Por conta deste segundo crime, Anna perde a guarda dos filhos do primeiro casamento e, enquanto o marido esteve preso, ela sustentou sozinha sua família - ela teve 10 filhos, ao todo - com a venda de bolos e doces.
Embora tenha sido absolvido pela justiça nos dois casos, Dilermando foi condenado pela sociedade como o assassino do escritor Euclides da Cunha e de seu filho. No entanto, para ele, o seu crime foi ter amado uma mulher casada, aos 17 anos, cujo marido vivia ausente e sequer era lembrado.
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