Gustavo 11/01/2013Resenha Souvenir - Therese Fowler - Desafio Literário 2013 (Janeiro: Tema livre)Meggie e Carson são amigos de infância que se apaixonaram na adolescência e, através de um amor puro, passaram a planejar o resto da vida juntos. Porém, de maneira surpreendente e repentina, Meg termina tudo com Carson para se casar com Brian, seu chefe rico que lhe oferece “casa, comida e roupa lavada” em troca do perdão das dívidas dos pais de Meg.
Dezesseis anos depois, acompanhamos a vida de Meg, uma bem sucedida médica obstetra responsável pelos partos complicados dos afortunados da cidade, a qual se divide entre o trabalho prazeroso, mas desgastante, a filha Savannah, descobrindo a vida com um namorado mais velho, e o marido Brian, mais preocupado com os jogos de golfe e as ações da Bolsa de Valores.
Paralelamente, acompanhamos Carson, um bem sucedido astro de rock, ocupado entre os preparativos para o seu casamento com Val, uma linda atleta 12 anos mais nova que ele, às voltas com a compra da mansão em Malibu.
Apesar da vida corrida de Meg e Carson, um está constantemente presente na vida do outro, mesmo que a distância os tenha separado. Meg sempre tem no carro os CDs de Carson; este, por sua vez, sempre se lembra de Meg enquanto prepara seu casamento.
Num encontro ocasional, Meg revê Carson. Ela, já com os sintomas de uma doença debilitante, tenta disfarçar sua condição física. Ele, envolto com seu casamento, tenta disfarçar sua condição emocional.
Therese Fowler percorre a vida de Meg e Carson com graciosidade, alternando entre os dois, e nos deixando a par dos sentimentos que ambos não conseguem deixar de lado. Ao mesmo tempo, acompanhamos as vidas de todos que se envolveram direta ou indiretamente entre os dois: o pai de Meg, Brian, Savannah, as irmãs de Meg, os pais de Carson. Porém, isso não deixa o livro chato, e o que parece enrolação torna-se um pano de fundo para a construção do caráter dos personagens principais. Destaque para Savannah, cujo envolvimento com Kyle proporciona as cenas mais angustiantes do livro.
Até onde é viável utilizarmos a razão em detrimento do amor? Até onde podemos no envolver com o trabalho sem que deixemos de lado nossa família e, principalmente, nossos filhos? Até que ponto podemos ter domínio sobre nosso corpo (e nossa vida) sem que deixemos que as leis naturais atuem sobre nós?
Raiva, angústia, pena, revolta, emoção, complacência, comoção (as passagens em que Meg conta sobre sua doença foram sempre emocionantes) são emoções que se fizeram presentes no livro. E se podemos encontrar essas coisas em um livro, creio que o livro tenha cumprido seu objetivo.
Souvenir é um bom livro, daqueles que te fazem ficar parados, olhando para o nada, refletindo sobre sua vida ao virar a última página.