A Lebre Com Olhos De Âmbar

A Lebre Com Olhos De Âmbar Edmund de Waal




Resenhas - A Lebre Com Olhos De Âmbar


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Ladyce 12/04/2012

Um livro inesquecível
Texto com contexto, biografias e memórias, uma saga familiar que conta a história do mundo no século XX: este é um livro inesquecível; uma série de biografias que leem como romance, uma memória familiar escrita através de um processo detetivesco. Não há melhor combinação de elementos para seduzir o leitor ainda mais quando se trata de uma narrativa bem escrita, sensível, desapegada quando poderia ser melodramática, quase irônica como todo bom inglês consegue ser. Em um parágrafo: isso é A LEBRE COM OLHOS DE ÂMBAR, de Edmund de Waal [Intrínseca: 2011].

O autor recebe de herança uma coleção de netsuquês – pequenas esculturas-botões de acabamento de artigos de vestuário japonês. Herda-os de seu tio-avô embrulhados em histórias de família, em aventuras transcontinentais e perseguição nazista. Inicialmente, quando meus amigos me falaram desse livro, suspeitei que se tratasse de algo semelhante a MEMÓRIAS DO LIVRO de Geraldine Brooks, [Ediouro: 2008] onde participamos de uma pseudo-arqueologia da Hagadá de Sarajevo, ou até mesmo a saga de uma família judia vista através da passagem de um espelho, de geração em geração, como aconteceu com o livro da brasileira Chaia Zisman, O ESPELHO [Sete Letras: 2006]. Hesitei inicialmente porque me pareceu que eu iria embarcar em um modismo narrativo e tudo indicava que me exporia mais uma vez a um truque ficcional que já se achava “cansado” antes mesmo da primeira página ser lida. Mas me enganei.

Antes de escrever essa resenha procurei entrevistas com o autor, que até a publicação desse livro não era um escritor, mas um afamado ceramista, conhecido e respeitado internacionalmente. Reconheço que ele se sai melhor com a palavra escrita, pensada e bem colocada do que com a palavra falada, sobre a qual sua timidez parece levar a melhor… No entanto, foi através dos vídeos de entrevistas com o autor que vim a conhecer sua grande familiaridade com os trabalhos do escritor francês Proust. Não só porque Proust foi amigo do primeiro colecionador de netsuquês e tetravô do Edmund de Waal, mas porque de Waal, formou-se em inglês, e admitiu ter-se apaixonado, lido e relido, os volumes de Proust, através dos anos. Esse conhecimento não só justifica a prosa límpida, delicada e precisa de que se utiliza na composição das biografias a que se dedica, como explica a visão de “Busca do tempo perdido” que transmite através de seu texto.

Digo isso porque parte do charme dessa narrativa é a sensação que o leitor tem de que presencia, através de pequenos detalhes do cotidiano, a vida como ela era no último quarto do século XIX em Paris, no início do século XX em Viena, durante a ocupação nazista da Áustria e durante os anos de reconstrução do Japão após a Segunda Guerra Mundial. Os detalhes baseados em pesquisa incansável dos diversos membros da família retratada nos dão a sensação de conhecer o dia a dia dos bem-sucedidos protagonistas. E entramos sem nos darmos conta, num mundo semelhante ao dos contos de fadas, dos multimilionários banqueiros, de suas paixões e de sua magnanimidade. Esse texto, bem escrito e detalhista, é fascinante, não importa que geração se encontre retratada. E o contexto vem nas entrelinhas, nas reticências e meias palavras, mais eloquentes do que se poderia imaginar, que descrevem o preconceito antissemita tecido nas sociedades da época, até mesmo por aqueles cujas vidas e sobrevidas dependiam do patrocínio, do mecenato, da tutela dessas mãos judias.

Quando pensamos na história do século XX temos a tendência a vê-lo partido ao meio: antes e depois da Segunda Guerra Mundial. Podemos datar quase todos os aspectos sociais, políticos e artísticos pela guerra. E aqui, nesse volume, tratando de episódios que começam mais de cem anos antes e que se desenvolvem por mais de cinquenta anos depois, descobrimos que de fato, só há um único assunto que caracteriza o século XX: o preconceito generalizado, indiscriminado, politizado. A guerra não foi o ponto da virada que acabou redimindo as últimas décadas do século XX. Ela foi a essência do que veio antes e do que foi feito depois. Assim como a loucura coletiva da Inquisição caracterizou o século XVI, o século XX comungou da mesma fonte, fazendo seu, um único tema, o antissemitismo. Todo o resto, aspectos políticos, sociais, emocionais, financeiros, de uma maneira ou de outra se encontram nesse preconceito. Mesmo que ele não seja abordado diretamente como acontece nesse livro, ele é visivelmente, a “éminence grise”, o “modus operandi”, a força motora que impulsionou o mundo.

Edmund de Waal não escreveu esse livro para que descobríssemos a essência do século XX. Ele escreveu de maneira encantadora a história da vida de seus antepassados usando a coleção que netsuquês, que os unia, como ponto de partida e de ligação entre gerações. E elas o foram, todas essas 264 mini esculturas japonesas. Mas talvez pela compactação dos eventos em poucas páginas, pela delicadeza da narrativa, pela riqueza de detalhes apresentados nos episódios, nas décadas, no século retratado, a leitura de A LEBRE COM OLHOS DE ÂMBAR pede uma observação com um ponto de vista mais distante que abrace, de uma só vez, todas as situações complexas e ache o denominador comum, o fio da meada do que está sendo apresentado. De modo que a biografia particular se torna uma história do mundo ocidental visto por olhos quase neutros de um escritor que é ceramista, de um descendente de banqueiros que trabalha para sobreviver, de um inglês, membro da igreja anglicana que se volta para seus antepassados judeus. É estamos, de fato, diante da história do século XX.
GilbertoOrtegaJr 12/04/2012minha estante
resenha linda adorei


DIRCE 23/04/2012minha estante
Estou em dúvida se a leitura desse livro, me proporcionaria maior prazer que a leitura desta sua resenha, Ladyce.
Tenha uma feliz semana.
bjs


Tania 28/08/2012minha estante
Admiro quem tem este poder de nos encantar com uma resenha tão bem escrita e sucinta. Amei


Ladyce 28/08/2012minha estante
Obrigada Tania, Dirce e Gilberto.


Ladyce 02/03/2013minha estante
Nanci fico muito feliz de ver que você parece tão entusiasmada quanto eu fiquei com este livro. Não só porque não a levei para um "mau caminho", mas principalmente por ver que a maneira que De Waal tem de relatar sua procura, uma narrativa tão orgânica como a feitura de um pote de cerâmica, de círculo em círculo, de volta a volta moldando o barro, foi tão sedutora para você quanto para mim. Obrigada pela linda notinha. Bj da Ladyce


Eva Luna 15/01/2019minha estante
Estava em dúvida sobre ler esse livro, após ler sua resenha e a do Gilberto, minhas dúvidas se dissiparam, muito boa sua resenha, adorei. Vou comprar o livro e ler. Obrigada! beijos Ladyce!




GilbertoOrtegaJr 13/08/2016

A lebre com olhos de âmbar – Edmund de Waal
Um flâneur é comumente uma pessoa que passeia por um bairro ou região especifica para experimentá-la, mas no caso de Edmund de Waal eu o vejo com um flâneur, mesmo que aquilo que ele não tenha andado ou experimentado aquilo que ele descreve no seu livro A lebre com olhos de âmbar, e é claro ele não poderia andar e experimentar aquilo que é narrado pelo simples fato de estar sendo narrados fatos que aconteceram a muitos anos atrás, porém ele passeia de forma segura e meticulosa sobre a história de uma coleção de netsuquês, que pertencem a sua família a várias gerações, e é em meio ao ato de passear por esta história ele leva o leitor não só a conhecer a história dos netsuquês, como também uma bela aula sobre a história dos judeus na Europa durante boa parte do séculos dezenove e vinte, além, é claro de conhecermos a história da própria família do autor.

Quando Edmund de Waal herdou do seu tio-avô Ignace uma coleção de 264 netsuquês (pequenas esculturas em marfim, feitas por artesões japoneses, em geral nenhuma maior do que uma caixa de fósforo), ele não imaginava quantas histórias estavam envolvidas, direta ou indiretamente, com estas esculturas. Ele só sabia que elas estavam na posse de sua família a muitas gerações. E foi a partir da noção de que conhecer a história destas esculturas o ajudaria a conhecer também um pouco da história da sua própria família.

O primeiro dono dos netsuquês foi o tetravô de Edmund, Charles Ephrussi, editor de uma revista de artes e amigo pessoal de Proust (e que Edmund de Waal afirma ter sido uma das inspirações para o personagem Swann, que é um dos principais personagens dos primeiros volumes de Em busca do tempo perdido). Charles sempre esteve profundamente envolvido com a arte, e ao aderir ao japonismo que existia nos salões franceses da época, ele decide adquirir à pouca sua coleção de netsuquês. Posteriormente ele passa a ser vítima do antissemitismo da época gerado pelo caso Dreyfus.

Viktor Ephrussi ganha os netsuquês como presente de casamento, mas apesar disso eles acabam ficando no quarto de vestir de sua mulher, Emmy, que não se importava muito com eles, ao contrário os interesses dela eram roupas e amantes. Após ela os netsuquês passam a ficar por um tempo com sua filha Elisabeth que assim como toda sua família demonstra grande apreço pela cultura, ela chegou inclusive a se corresponder com Rainer Maria Rilke, e foi uma das poucas mulheres da época ao ingressar em uma faculdade de direito.

É nesta parada em Viena que temos talvez uma ampliação, não intencional, do foco que o autor deu a história dos judeus na Europa central, e consequentemente no quanto este povo sofreu, sobretudo com o avanço das tropas nazistas em Viena, quando eles foram acusados de tudo aquilo que não estava dando certo na sociedade da época, não sendo raro, inclusive, que muitas pessoas acreditassem que os judeus estavam usurpando as pessoas que realmente eram de Viena.

O último dono dos netsuquês, antes de que eles cheguem as mãos de Edmund de Waal, foi Ignace, tetravô de Edmund e gay, ele passou a viver no Japão após a segunda guerra mundial. No mesmo lugar ele fundou sua empresa e arranjou um companheiro.

Como disse perfeitamente, o também escritor, Julian Barnes, em um dos elogios na capa do livro; “de maneira inesperada, combina a microarte das miniaturas com a macro história, em um efeito grandioso. ” Estas palavras são as mais exatas ao descrever a história desta coleção, em A lebre dos olhos de âmbar o que começa como uma coleção de pequenas esculturas, aos poucos por meio da narrativa de Edmund de Waal, vai ganhando sentidos mais amplos, a cada vez que são contextualizados, como em bonecas matrioskas, surge um feito em cadeia, começando om uma coleção de esculturas, que se transforma em um importante volume de memórias de uma das mais influentes e tradicionais famílias europeias, passa por uma breve história da arte no século vinte, e que finaliza quando o leitor tem diante de si um grande panorama da história dos judeus na Europa, e consequentemente uma aula de história sobre alguns dos mais importantes acontecimentos do século vinte.

Em meio a tantas informações fica a impressão ao leitor de que a prosa de De Waal, é cansativa e detalhista, e aí o leitor só estará parcialmente errado, é uma prosa extremante detalhista sim, mas nem um pouco cansativa, o autor consegue passar ao leitor um grande número de informações de forma interessante e com uma escrita extremamente elegante. Se por um lado fico feliz em saber que esta coleção permanece e que nela tantas histórias se entrelaçam, eu também fico triste por ter acabado a leitura deste livro, que li de forma voraz e posso garantir, é com toda certeza uma das minhas melhores leituras deste ano, e passou a fazer parte dos favoritos da minha vida.

site: https://lerateaexaustao.wordpress.com/2016/08/14/a-lebre-com-olhos-de-ambar-edmund-de-waal/
Julianna 15/08/2016minha estante
Parece ser uma leitura fascinante!


Eva Luna 15/01/2019minha estante
Pela resenha Da Ladyce e da sua, vou comprar o livro. Adorei sua resenha! Perfeita




Deborah Kufner 13/06/2020

Meio termo
Ouvi falar muito bem desse livro. Pessoas que adoraram a obra e julgaram os que não gostaram com frases sem sentido como "quem não aprecia arte, não gostará", ou "quem não gosta de livros, não gostará", das quais discordo veementemente.

Não apreciei essa leitura. Ela se baseia na descrição minusciosa de Edmund de Wall que herda do tio avô os netsuquês que atravessam a história do mundo durante mais de um século: a história da família Ephrussi.

Ressalto que considero com carinho a delicadeza e primor com que esse livro foi escrito e a dedicação de seu autor. Julgo por vezes uma obra realizada para a família Ephrussi.

Porém trata-se de uma história repleta de muitas descrições. São descrições perfeitas de ruas, prédios, fotos, roupas, obras de arte, pessoas e cidades em pelo menos 80% de suas páginas. Uma outra parte se trata da história da família em meio à primeira e segunda guerras mundias. Essa pequena parte do livro é bastante interessante, mas foi preciso alcançar 70% dele para finalmente o livro me prender. Não existe interesse em continuar uma leitura descritiva, já que você não lembrará de absolutamente nada segundos depois, não modifica ou acrescenta, na minha opinião. Seu final continua com descrições de mais cidades e mais algures habitados pela família Ephrussi. A leitura é bastante enfadonha.

Num contexto geral, a história é interessante, o sofrimento que a família milionária judia enfrentou são profundamente angustiantes, embora com grandes privilégios. Interessante também saber que a família conheceu Prust e adquiriu obras famosas de pintores como Monet.

A postura com que Edmund descreve sua família é bastante pomposa, vangloriando diversas coisas e pessoas. Isso é perfeitamente compreensível quando se trata de família, por vezes, mas para uma total estranha como eu, foi bem maçante.

Gostaria de ter gostado.
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jota 01/04/2012

Edmund e os netsuquês
Na capa deste livro está escrito: "Você tem uma obra-prima nas mãos." (Sunday Times). Abro o volume e encontro vários jornalistas e escritores (são treze citações) falando maravilhas dele - incluindo Julian Barnes, autor inglês que aprecio bastante. Isso me conduz para o seguinte: realmente tenho um livro fabuloso à minha frente ou então ele é tremendamente chato.

Sim, é um livro tremendamente interessante este A Lebre Com Olhos de Âmbar, ainda que para desfrutá-lo completamente sejam necessários alguns conhecimentos de história e geografia europeia, literatura e arte em geral (mas também é sempre bom aprender alguma coisa nova e é esta outra função da literatura, não?).

A lebre com olhos de âmbar é a mesma da capa do livro - uma miniatura do animal, um netsuquê em marfim, parte de uma coleção de 264 minúsculos objetos japoneses de grande valor, nunca maiores do que uma caixa de fósforos. Mas para quem não colecionada nada, nem mesmo livros, que interesse tem aprender acerca dos netsuquês?

Ou mesmo conhecer a história da família do autor do livro, na verdade não exatamente um escritor (embora formado em literatura pela prestigiada Cambridge), mas um ceramista, ainda que um dos mais famosos do mundo, Edmund de Waal?

Tem muito interesse, pois este é um livro extremamente bem escrito, embora seja bastante erudito, mas se você já leu o ótimo Tudo Que É Sólido Desmancha no Ar, de Marshall Berman, e gostou, é provável que vá gostar deste também, pois os dois livros guardam semelhanças de estilo e têm alguns assuntos em comum.

De volta ao primeiro parágrafo, mais do que os leitores são os críticos literários e os acadêmicos que definem se um livro é uma obra-prima ou não. Mas parece ser o caso deste A Lebre com Olhos de Âmbar, que tem mesmo pinta de ser uma. Lembro-me do entusiasmo com que o saudoso jornalista cultural do Estadão, Daniel Piza, poucas semanas antes de falecer subitamente, colocou o livro de Edmund de Waal como uma de suas melhores leituras de 2011.

Dentre muitas, uma das passagens mais curiosas é quando de Waal trata de Marcel Proust e seu Em Busca do Tempo Perdido. Ficamos sabendo que um parente distante do autor, Charles Ephrussi, serviu de modelo para o Charles Swann de Proust. Igualmente desfilam por essas páginas todos aqueles personagens mundanos da Belle Epoque, notadamente os pintores franceses, também artistas vienenses e até mesmo Sigmund Freud. E, claro, a história da avenida (ou anel urbano) mais bela e famosa da Áustria, a Ringstrasse.

O avô paterno do autor era holandês e a avó austríaca, do clã Ephrussi, banqueiros, empreendedores, artistas, etc., gente importante durante o império austro-húngaro, mas também por vezes discriminada por ter origem judia (e depois perseguida na II Guerra Mundial). Mas não é apenas de sua família, de Viena ou de uma coleção de 264 netsuquês japoneses (a lebre é apenas um deles) que de Waal trata aqui, mas de muitos assuntos fascinantes. E apesar de tanta informação, em nenhum momento a literatura de de Waal é aborrecida.

Para o crítico do Estadão, Antonio Gonçalves Filho, de Waal faz assim uma mistura da prosa de Marcel Proust (“evoca o passado familiar com notável riqueza de detalhes”) e da de W. G. Sebald (“cruza fatos reais e ficção com enorme talento”). Para o já citado Daniel Piza, de Waal “fez uma espécie de mescla entre relato de viagem e ensaio cultural, à maneira de um Claudio Magris (Danúbio), mas que no fundo (ou na superfície) tem a simplicidade de uma narrativa de família.”

Importante também é que Edmund de Waal faz ao longo do volume várias referências a um notável autor austríaco, Joseph Roth (1894-1939) - sem nenhum parentesco com o americano Philip Roth, também de origem judia -, com poucos livros traduzidos para o português ainda. Sua obra-prima é A Marcha de Radetzky, de 1932, (há uma conhecida peça musical de Johann Strauss Sr. com este mesmo nome, mas de 1848), em que narra, através da história de uma família, a decadência do império austro-húngaro (via imperador Franz Joseph). Foi publicado pela Difel em 1984 e é difícil de ser encontrado. Espero que a Companhia das Letras, que já publicou Berlim (em 2006) e Jó (em 2008), também reedite A Marcha de Radetzky por aqui.

Depois de tratar da questão judaica na Áustria (são muitas páginas para refletir sobre a crueldade humana), finalmente, próximo do final vemos os netsuquês voltarem para o Japão, através do tio do autor, Ignace Ephrussi. E de lá, com a morte dele, viajam para a casa do autor em Londres. Onde se encontram desde 2009.

Foi uma bela viagem literária e cultural essa. E assim, A Lebre Com Olhos de Âmbar vai diretamente para minha lista das melhores leituras de 2012.

Lido entre 15 e 31.03.2012.
jota 02/03/2013minha estante
Fabuloso mesmo este livro, Nanci, que se lê como a um bom romance. E cheguei a ele através do saudoso Piza do Estadão dos domingos, de onde retirei muitas dicas de música, cinema e literatura: ele faz uma grande falta, sem dúvida. Há outros jornalistas culturais respeitáveis, mas Daniel era assim uma espécie de guia para várias escolhas minhas. Bem, note que, mais do que resenhas críticas, acho que faço resumos de livros (alguns até exagerados), e o motivo é simples (ou complexo, depende). Cuido muito bem dos livros enquanto estão comigo, mas não os coleciono; nem mesmo aqueles de que mais gosto (exemplo: O Apanhador no Campo de Centeio, do Salinger). Esse desapego não significa, no entanto, que de vez em quando não sinta saudades deles ou dos personagens, pelo contrário. Penso também que não tê-los à mão facilmente torna esse sentimento mais forte, não de perda do livro perdido, a la Proust, mas de certa nostalgia ou algo assim que não sei explicar direito o que é, mas que, de todo modo, me agrada. E isso acontece também com filmes. Aquele filme que não tem na locadora ou não passa na tevê, e que você sente vontade de rever, parece ser muito melhor do que às vezes realmente é; podemos nos decepcionar numa segunda vez ou gostar mais ainda: tudo é meio relativo nessas questões, embora nada disso seja einsteiniano (risos), ainda bem. De qualquer maneira, Machado de Assis parece melhor nas releituras do que quando o líamos na escola ou para o vestibular, não? Outros livros nem tanto. De volta ao começo: às vezes recorro aos meus (longos) resumos em busca de alguma informação postada ali ou quando acredito que reler aquilo pode me dar algum prazer novamente. No livro do Edmund de Waal há várias coisas que calam fundo na gente, mesmo que pouco daquilo que está ali escrito, no fundo (ou na superfície, como diria Daniel Piza) tenha algo a ver diretamente conosco, com nossa história ou memória: é algo que vai além dessas coisas... É mais ou menos por aí.




Christiane 24/07/2021

Edmund de Wall é um conceituado ceramista, um dos mais importantes do mundo. Ele recebe de herança de seu tio-avô a coleção de miniaturas japonesas, os netsuquês que pertencem a sua família há várias gerações, e parte em busca da história destes pequenos objetos reconstruindo conjuntamente a história de sua família e também dos principais eventos que ocorreram no mundo no final do século XIX e século XX.

Um livro delicioso de ler, um mergulho na história, mas também nos costumes sociais de cada época, falando do convívio social, de arte, da política, mas também da vida da mulher e de todas as sutilezas que envolvem estas vidas.

De Waal não se contentará em levantar a história, ele irá aos locais, irá reviver, sentir, perceber, ele precisa também imaginar e ter a percepção dos netsuquês em todos os locais onde ficaram. Ele nos fala muito do tato, que estas miniaturas precisam ser manipuladas, e algo que me chamou a atenção no livro é a textura de sua capa, é impossível pegar o livro e não sentir algo diferente, uma capa que parece um feltro como o que estava na vitrine dos netsuquês.

A história começa em Paris no século XIX, 1871-1899, onde Charles os adquiriu em uma loja em Paris. Iremos entrar em contato com uma época de artes, Renoir, Proust, Manet entre outros, a Belle Époque. Charles dará as 264 miniaturas como presente de casamento ao primo Viktor, então é a hora de Viena - a Viena fin-de-siècle, de 1899 a 1938. Passamos pela Primeira Guerra Mundial e até a Segunda Guerra quando a família será despojada de tudo por serem judeus. Neste momento se dispersam pelo mundo, mas os Netsuquês são salvo pela fiel Anna, que permanecerá em Viena e os esconderá dos nazistas. Anos depois eles serão entregues a Elisabeth, avó de Edmund e ficarão com Iggie seu tio-avô que os levará de volta ao Japão onde ficarão até a morte deste e serem entregues a Edmund que inicia esta busca e história que nos conta neste livro. Ele ainda irá a Odessa onde tudo começou, onde se formou a fortuna da família Ephrussi.

Um livro extremamente interessante, que nos mostra a história vista de vários ângulos, pelo lado dos homens da família, e pelo lado das mulheres, que nos fala da Europa, mas também do Japão, para nos contar a história de 264 miniaturas, pequenos objetos que rodaram o mundo e sobreviveram as guerras sem se dispersarem. A cada procura que De Wall empreende, ele sempre levará um deles em seu bolso, pois foram feitos para serem tocados, para estarem na vida.
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Katia.Scott 21/01/2024

Com fotos ilustrativas
Uma Saga familiar, um livro inesquecível, fotos de personagens retratados e biografias pesquisadas pelo escritor, sobre seus antepassados.
No final do século XIX, partem de Odessa-RU, como prósperos comerciantes de grãos (Le Rois du Blé) e depois estabelecem-se no inicio do século XX na Paris, banqueiros e empresários, patrocinadores das artes, de Renoir, de Degas, descobrimos histórias desses mestres do impressionismo. Mais tarde, o bisavô do escritor, estando em Viena, como banqueiro, ajuda na reconstrução de uma das mais belas ruas da cidade a Ringstrasse.

Através da escrita delicada sobre o cotidiano destes antepassados que sentimos a tragédia da Guerra Nazista, as injustiças e inconcebível crueldade aos judeus e aos seus próximos, com desfecho na imobilização e pulverização dos seus descendentes. 

Tantos detalhes e tantas informações sobre a história do mundo, transformam esse em  uma leitura que guardarei na memória, como chave das respostas de fatos e eventos universais.
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Camila Félix 03/06/2021

Salvei esse livro na lista de ‘quero ler’ anos atrás, creio que algum outro livro que li falava dele, ou que estava em alguma das várias listas de indicações que já li na minha vida. O caso é que ele nunca estava disponível na biblioteca, todas as vezes que me lembrava dele e procurava aparecia ‘ocupado’ no sistema. E também não existia PDF até outro dia que, por acaso, encontrei em alguns desses sites de pirataria que dependo quase tanto quanto dependo de comer frutas e verduras para permanecer saudável. A questão é que nem me lembrava mais por qual motivo queria tanto ler esse livro desse autor que nunca ouvi ninguém mais falar, só sabia que toda vez que lembrava da capa ou do título sentia uma necessidade urgente de saber o que acontecia.
O livro não é dos maiores, 318 páginas é um tamanho comum, mas o terminei com a mesma sensação de ter terminado um livro de 800, 1000 páginas. São camadas e mais camadas de informações, em ambientes, épocas e sentimentos diferentes. Pois a história desse livro é de um sensível ceramista inglês que ganha uma relíquia da família, uma coleção de 264 netsuquês, mini esculturas da tradição japonesa, e sai em busca da origem desses objetos. Edmund frequenta arquivos, busca em livros de memórias e mesmo romances, intercalando entre registros pessoais das dificuldades e sensações, reconstrói toda a biografia familiar com toques de romance.
Esse livro só tem a base não verbal para ser escrita pela posição de sua família, riquíssima, com importância até mesmo cultural em todas as cidades que habitaram. Nem se eu fosse especialista em biografia conseguiria fazer esse registro da minha família, antes da minha bisavó não há nem registro de nascimento.
Enfim, uma leitura grandiosa, sem dúvidas entre as mais importantes do ano, e de anos. Uma experiência diferente de leitura também, uma mistura muito complexa e inteligente. Uma escrita sempre cheia de imagens, descrições, de forma que conseguimos adentrar nos ambientes, nos eventos, nas cidades de outras épocas e realidades. Livro inesquecível.
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Gabriel 25/07/2020

A Condição tátil de todo mistério
Diante da estrutura desse livro me sentiria uma trapaceiro se não iniciasse discorrendo sobre sua própria natureza de objeto nas minhas mãos, nas minhas estantes, por tantos anos. Em uma escala incomparavelmente menor à narrativa deste livro que perfila séculos de jornada, imigração e expatriação pelo olhar de objetos inanimados, também tenho minha dose de aventura e deslocamento geográfico na qual a obra de Edmund de Waal me acompanhou.

Me seduzi pelas circunstâncias mais superficiais deste livro e por sorte ganhei ele de presente aos 16 anos por mãos de uma colega com quem mal tenho contato hoje. Acabei nunca estabelecendo prioridade para ele, então mesmo que se destacasse na minha humilde coleção de livros - que, nos últimos anos, tem sofrido agressiva expansão em quantidade - demorei até 2020 em meio à inércia da pandemia para lê-lo. Até que esse derradeiro momento chegasse, este livro foi morar comigo na favela, depois ficou enclausurado em caixas de papelão sendo reenviado para diferentes depósitos junto a quase todos os meus outros pertences enquanto eu não tinha nem sombra da possibilidade de uma casa, desabrigado, com um teto sobre minha cabeça apenas por favor. Podendo receber luz do sol e umidade novamente, este livro passou por mais um par de remessas de encaixotamento e mudança até minha família estar refém de uma situação desastrosa na mão de gente mal intencionada. Hoje leio ele num quarto-e-sala que, com muitos problemas, é o melhor apartamento que habitei em anos. Um alívio resguardado em uma nova etapa de vida, tranquila o bastante para estabelecer as próximas fases, os próximos sonhos.

Tenho muito receio do meu apego ao material, mas guardo ainda teimosamente uma coleção de livros muito desnivelada para o tamanho das casas que venho morando. Penso em ir para outros países, mas a ideia de me distanciar de todas essas coisas, das grandes e das pequenas, que emolduraram minha tranquilidade e meu tédio por tantos anos, parece alienante, como se me destituísse de alguma propriedade intelectual garantida unicamente pelo acumulo de informações e textos aos quais venho me dedicado laborioso.

Claro, tem outros objetos muitos: um violão, um par de castanhosas, bonequinhos de infância que guardo por capricho, um daruma com apenas um olho pintado (ainda). Mas os livros, particularmente, são curiosos nesse potencial individualizante. Todos vêm, necessariamente, de tiragens. Pelo menos em alguma outra casa tem outro livro igual a algum meu. Como se traços dos quais me apropriei se pulverizassem pela vida de pessoas que nunca vou conhecer. E ainda assim este apego gentil e intoxicante parece definitivo e único.

Os netsuques sob os quais Edmund se debruça são dotados, diferente dos livros, de singularidades muito específicas, cifradas no mais ínfimo talhe que lhes confere forma. E as formas são múltiplas, cômicas ou silenciosas, criativas ou cerimoniosas. Vindas para a Europa durante uma febre de fetichismo estético exacerbado com a vida japonesa, essas pequenas miniaturas foram de artigos de luxo até brinquedos e fugitivos de guerra. Ao princípio do livro Edmund parece deixar clara sua intenção de tornar os objetos e os lugares verdadeiros protagonistas deste livro-investigação, contando uma história por meio de todo endereço e toque que os netsuques já receberam. E, imediatamente, ao mesmo tempo se contradizendo e comprovando o que quer afirmar, Edmund de certa forma perde o controle de sua narrativa e é forçado a ir para direções inusitadas acompanhando as mãos que tanto manusearam estes artefatos.

A primeira parte desta investigação, dedicada a uma Paris cosmopolita, apresenta como pano de fundo diversas loucuras de época como imensas colunas sociais detalhando com precisão inventários de nobres e intelectuais apenas pelo prazer de uma competição insossa sobre masturbação plástica por "quem tem o gosto mais refinado". É quase um antecedente histórico da cafonice que caracteriza a vida de burgueses até hoje. Aqui tudo está de acordo com o pressuposto do livro. É com a ida da coleção para Viena, na condição de presente de casamento, que os itens ganham novas formatações, mais ocultas, mais pessoais, emoldurando fantasias e histórias contadas por uma mãe a seus filhos.

Já se torna impossível contar sobre os netsuques sem contar sobre as famílias que os carregam e preenchem de significado. Se torna inviável quando esta família - judia - é praticamente expulsa da Áustria e impedida de ir adiante também em meio ao levante nazista que desestruturou toda Europa e trouxe à tona todo antissemitismo pulsante naquelas terras para se beneficiar dele enquanto política de ódio maquinada com requinte.

Resgatadas da mansão, então tornada base de alguma função militar nazista, por uma empregada tão dedicada quanto apagada das lembranças seletivas dos membros principais da família, os netsuques terminam sua improvável viagem (até o momento) voltando para o Japão na mão de um dos herdeiros deste clã tão morbidamente combalido por uma constante perseguição, por uma herança tenebrosa de não-pertencimento e estrangeirismo onde quer que se estabeleçam raízes.

Não valeria a pena contar essa história - ou sequer, de fato, haveria história para contar - se o autor não abraçasse a infusão definitiva entre os objetos e seus detentores, a mistura entre ser e ter que elabora, muitas vezes maliciosamente, nossas intenções e personalidades. Somos vastamente definidos pelas coisas que nossos dedos aflitos alcançam e tateiam desde a infância e, por meio das superfícies decoradas, supomos a textura do resto do mundo. A dureza com a qual os relatos que Edmund consegue costurar em uma narrativa sempre envolve a materialidade para apresentar em seus estados - imutáveis, transitórios ou destruídos - certas circunstâncias subterrâneas das pessoas que por ali passaram, que ali tocaram. Ainda assim esses objetos nunca estão frios ao toque, mas sim repletos de calor humano ali depositado. Engrandece muito ao texto as dualidades e contradições que ele reconhece, como o financiamento com o qual a comunidade judaica alemã e austríaca contribuiu para a primeira guerra numa esperança alucinada de formarem assim uma definitiva validação de sua nacionalidade, ou o apagamento dos criados e pessoas que tanto auxiliaram seus antepassados e mesmo assim não tiveram quase nenhum reconhecimento, além dos erros financeiros e traições que fizeram parte de sua árvore geneálogica.

Bem ao final do texto, já tendo tanto relatado sobre os adultérios de sua bisavó, o autor relembra como, contando sobre isso, sua avó afirmava ter sofrido e se amargurado destes eventos. É o que leva Edmund a refletir sobre o quanto essas histórias, por serem suas, devem ser tornadas objetos e assim trafegarem adiante, como os netsuques os fazem. As vezes o prazer secreto destas coisas cujo significado só pode ser alcançado pelo seu toque, está em seu particular. É querer e conseguir ir para um lugar no passado, apenas você, sem mais ninguém. Uma memória coletiva e universal portátil, tornada só sua para o acesso ante ao tato.
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Ed 12/06/2017

Uma obra de arte
Esse livro é uma verdadeira obra de arte, não indicaria pra qualquer pessoa, é um livro pra quem realmente gosta de ler. É um livro pra ser apreciado. Amei.
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Fabiana 23/08/2014

Surpreenda-se
"A lebre com olhos de âmbar" é uma obra ímpar, singular em todos os sentidos. Você não vai compará-la a nenhum outro livro. Cada etapa irá surpreender-lhe, sem dúvida, se você estiver disposto a isso... se você gostar de História, de Arte, de Viagens, de histórias sobre a 2ª Guerra Mundial, de visitar de pés descalços os fragmentos biográficos de vidas que você não conhece, mas com as quais se sente ligado por meio das linhas que desenham a História Global, transformando o mundo numa aldeia... Surpreenda-se e acompanhe Edmund de Waal em suas interrogações, suas inquietudes... e faça-se a si mesmos as suas próprias. "Você tira um objeto do bolso e o coloca na sua frente e começa Você começa a contar uma história" (p. 314). Aventure-se! Vale a pena entreter-se com estas páginas de Vida.
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Valério 24/06/2016

Começa mal, termina muito bem
Até a metade do livro, arrastei na leitura de "A lebre com olhos de âmbar". E já imaginava classificando-o com apenas duas estrelas. A não ser que o leitor seja um entusiasta de arte. E, imaginando que o livro continuaria assim até o final, pensei em abandoná-lo, o que muito raramente faço com um livro, mesmo com os que considero chatos.
Mas o autor passou metade do livro contando como a família Ephrussi montou seu catálogo de peças de arte, incluindo os netsuquês (pequeninas esculturas japonesas esculpidas em madeira ou marfim que prezam pela perfeição de detalhes e são raros (e caros, muitas vezes) objetos de colecionadores).
Contudo, do meio em diante, a família Ephrussi, judia, se vê envolvida nos principais acontecimentos históricos do século XX.
Uma família de multimilionários judeus, proprietária de um grande e próspero banco, se vê miserável e em grande parte assassinada pelo nazismo.
A história se torna comovente, dolorosamente verdadeira e trágica. Uma grande obra, que nos coloca no lugar de pessoas reais que, apesar de extremamente poderosas, se viram subjugadas pelo segundo maior mal que atingiu a humanidade no século XX: O nazismo, que só não foi pior que o comunismo, seja em crueldade, seja em número de mortos.
Uma história nostalgica e bem contada. A não ser pela primeira metade. Mas Edmund de Waal está redimido.
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IvaldoRocha 11/12/2016

Tire um objeto do seu bolso e o coloque diante de si. Você começa a contar uma história.
Isto aparece na primeira página do livro e as duas páginas seguintes, contem simplesmente elogios rasgados dos melhores e maiores jornais, revistas, escritores e críticos do mundo.
Elogios mais que merecidos, trata-se de um livro diferente de quase tudo que já se viu, não só pelo conteúdo, mas também pela sutileza e elegância que é contado.
O livro recebeu o prêmio Costa Book de melhor biografia de 2010, o mais importante prêmio dedicado a escritores de língua inglesa residentes na Grã-Bretanha e Irlanda.
Autor do livro, o renomado ceramista inglês Edmund Waal, é descendente do clã dos Ephrussi o maiores exportadores de trigo do mundo durante o século 19, a família se espalhou estrategicamente pela Europa e diversificou suas atividades tendo fundado seu próprio Banco. Na época o clã dos Ephrussi era comparado em poder e riqueza aos Rothschild.
A lebre com olhos de âmbar é um netsuque, pequeno objeto japonês entalhado em madeira ou marfim, que faz parte de uma coleção de 264 netsuquês. Esta coleção foi apresentada a Edmund Waal quando estava em viagem ao Japão, pelo seu tio-avô Iggie de 84 anos, que contou sobre seus pais que tinham recebido a coleção de Charles Ephrussi como presente de casamento.
Iggie entrou no Japão ao fim da Segunda Guerra, lá conheceu Jiro filho de uma família de fabricante de tamancos, por quem se apaixonou e viveram juntos por 41 anos. Quando Iggie morreu, Jiro deixou a coleção de Netsuques para Edmund e este resolveu fazer toda a trajetória da coleção de netsuques ao longo do tempo, descobrindo e contando assim a história de sua família.
A história por si só já seria interessante, mas Charles Ephrussi conviveu com os maiores pintores, escritores e pensadores do século 19, tendo patrocinado e ajudado vários deles como Monet, Renoir e Degas.
Não deixa de ser curiosa a passagem em que Renoir, estava precisando de dinheiro e Charles convenceu sua amante Louise a ajudar.
Foram pintados dois quadros um da irmã mais velha de Louise, Irene e de acordo com a correspondência de Charles Ephrussi: “o segundo quadro bastante adocicado das meninas mais novas, Alice e Elisabeth. As duas meninas tem o cabelo da mãe. Elas estão diante de uma cortina cor de vinho escura, aberta para revelar um salão ao fundo, de mãos dadas, como que para ganharem confiança – um confeito rosa e azul de drapeados e fitas... Não tenho certeza se Louise gostou”. O quadro trata-se do Rosa e Azul (1881) que faz parte do acervo do MASP desde 1952.
Enfim você irá reviver, ou melhor, viver a história do século 19, a efervescência da Europa, suas guerras e constantes mudanças geopolíticas, o antissemitismo, a ascensão do nazismo, o pós-guerra e a reconstrução do Japão.
Não é pouco para uma coleção de netsuquês.
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