A Lebre Com Olhos De Âmbar

A Lebre Com Olhos De Âmbar Edmund de Waal




Resenhas - A Lebre Com Olhos De Âmbar


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Katia.Scott 21/01/2024

Com fotos ilustrativas
Uma Saga familiar, um livro inesquecível, fotos de personagens retratados e biografias pesquisadas pelo escritor, sobre seus antepassados.
No final do século XIX, partem de Odessa-RU, como prósperos comerciantes de grãos (Le Rois du Blé) e depois estabelecem-se no inicio do século XX na Paris, banqueiros e empresários, patrocinadores das artes, de Renoir, de Degas, descobrimos histórias desses mestres do impressionismo. Mais tarde, o bisavô do escritor, estando em Viena, como banqueiro, ajuda na reconstrução de uma das mais belas ruas da cidade a Ringstrasse.

Através da escrita delicada sobre o cotidiano destes antepassados que sentimos a tragédia da Guerra Nazista, as injustiças e inconcebível crueldade aos judeus e aos seus próximos, com desfecho na imobilização e pulverização dos seus descendentes. 

Tantos detalhes e tantas informações sobre a história do mundo, transformam esse em  uma leitura que guardarei na memória, como chave das respostas de fatos e eventos universais.
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LPR 28/01/2023

Esse livro é uma viagem pela Europa, com foco na família Ephrussi, literalmente a biografia definitiva desta família, a família do autor.

A ?desculpa? do livro é sobre os netsuquês, os 264 netsuquês. E com isso Edmund volta a Europa de antes da Bela Época, ? La Belle Époque?, passando pelas duas guerras, pelo Japão até os dias atuais. E com uma bela mistura da história dos netsuquês, as suas ?aventuras? , com a família Ephrussi, é uma bela viagem da opulência da arte; da família que viveu a época, dando a sensação que era ficção, mas era tudo real; a Viena é a cidade principal do livro, e com a ascensão do anti-semitismo na Áustria adjunto Hitler, a invasão da Alemanha a Áustria começa a mudança da família Ephrussi.

Vale a pena a leitura, pela viagem pela arte, arquitetura, personagens históricos, momentos que mudaram a rota da humanidade, e uma escrita que demora a envolver, tanto que o livro não consegue ser fechado.
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Christiane 24/07/2021

Edmund de Wall é um conceituado ceramista, um dos mais importantes do mundo. Ele recebe de herança de seu tio-avô a coleção de miniaturas japonesas, os netsuquês que pertencem a sua família há várias gerações, e parte em busca da história destes pequenos objetos reconstruindo conjuntamente a história de sua família e também dos principais eventos que ocorreram no mundo no final do século XIX e século XX.

Um livro delicioso de ler, um mergulho na história, mas também nos costumes sociais de cada época, falando do convívio social, de arte, da política, mas também da vida da mulher e de todas as sutilezas que envolvem estas vidas.

De Waal não se contentará em levantar a história, ele irá aos locais, irá reviver, sentir, perceber, ele precisa também imaginar e ter a percepção dos netsuquês em todos os locais onde ficaram. Ele nos fala muito do tato, que estas miniaturas precisam ser manipuladas, e algo que me chamou a atenção no livro é a textura de sua capa, é impossível pegar o livro e não sentir algo diferente, uma capa que parece um feltro como o que estava na vitrine dos netsuquês.

A história começa em Paris no século XIX, 1871-1899, onde Charles os adquiriu em uma loja em Paris. Iremos entrar em contato com uma época de artes, Renoir, Proust, Manet entre outros, a Belle Époque. Charles dará as 264 miniaturas como presente de casamento ao primo Viktor, então é a hora de Viena - a Viena fin-de-siècle, de 1899 a 1938. Passamos pela Primeira Guerra Mundial e até a Segunda Guerra quando a família será despojada de tudo por serem judeus. Neste momento se dispersam pelo mundo, mas os Netsuquês são salvo pela fiel Anna, que permanecerá em Viena e os esconderá dos nazistas. Anos depois eles serão entregues a Elisabeth, avó de Edmund e ficarão com Iggie seu tio-avô que os levará de volta ao Japão onde ficarão até a morte deste e serem entregues a Edmund que inicia esta busca e história que nos conta neste livro. Ele ainda irá a Odessa onde tudo começou, onde se formou a fortuna da família Ephrussi.

Um livro extremamente interessante, que nos mostra a história vista de vários ângulos, pelo lado dos homens da família, e pelo lado das mulheres, que nos fala da Europa, mas também do Japão, para nos contar a história de 264 miniaturas, pequenos objetos que rodaram o mundo e sobreviveram as guerras sem se dispersarem. A cada procura que De Wall empreende, ele sempre levará um deles em seu bolso, pois foram feitos para serem tocados, para estarem na vida.
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Camila Félix 03/06/2021

Salvei esse livro na lista de ‘quero ler’ anos atrás, creio que algum outro livro que li falava dele, ou que estava em alguma das várias listas de indicações que já li na minha vida. O caso é que ele nunca estava disponível na biblioteca, todas as vezes que me lembrava dele e procurava aparecia ‘ocupado’ no sistema. E também não existia PDF até outro dia que, por acaso, encontrei em alguns desses sites de pirataria que dependo quase tanto quanto dependo de comer frutas e verduras para permanecer saudável. A questão é que nem me lembrava mais por qual motivo queria tanto ler esse livro desse autor que nunca ouvi ninguém mais falar, só sabia que toda vez que lembrava da capa ou do título sentia uma necessidade urgente de saber o que acontecia.
O livro não é dos maiores, 318 páginas é um tamanho comum, mas o terminei com a mesma sensação de ter terminado um livro de 800, 1000 páginas. São camadas e mais camadas de informações, em ambientes, épocas e sentimentos diferentes. Pois a história desse livro é de um sensível ceramista inglês que ganha uma relíquia da família, uma coleção de 264 netsuquês, mini esculturas da tradição japonesa, e sai em busca da origem desses objetos. Edmund frequenta arquivos, busca em livros de memórias e mesmo romances, intercalando entre registros pessoais das dificuldades e sensações, reconstrói toda a biografia familiar com toques de romance.
Esse livro só tem a base não verbal para ser escrita pela posição de sua família, riquíssima, com importância até mesmo cultural em todas as cidades que habitaram. Nem se eu fosse especialista em biografia conseguiria fazer esse registro da minha família, antes da minha bisavó não há nem registro de nascimento.
Enfim, uma leitura grandiosa, sem dúvidas entre as mais importantes do ano, e de anos. Uma experiência diferente de leitura também, uma mistura muito complexa e inteligente. Uma escrita sempre cheia de imagens, descrições, de forma que conseguimos adentrar nos ambientes, nos eventos, nas cidades de outras épocas e realidades. Livro inesquecível.
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Gabriel 25/07/2020

A Condição tátil de todo mistério
Diante da estrutura desse livro me sentiria uma trapaceiro se não iniciasse discorrendo sobre sua própria natureza de objeto nas minhas mãos, nas minhas estantes, por tantos anos. Em uma escala incomparavelmente menor à narrativa deste livro que perfila séculos de jornada, imigração e expatriação pelo olhar de objetos inanimados, também tenho minha dose de aventura e deslocamento geográfico na qual a obra de Edmund de Waal me acompanhou.

Me seduzi pelas circunstâncias mais superficiais deste livro e por sorte ganhei ele de presente aos 16 anos por mãos de uma colega com quem mal tenho contato hoje. Acabei nunca estabelecendo prioridade para ele, então mesmo que se destacasse na minha humilde coleção de livros - que, nos últimos anos, tem sofrido agressiva expansão em quantidade - demorei até 2020 em meio à inércia da pandemia para lê-lo. Até que esse derradeiro momento chegasse, este livro foi morar comigo na favela, depois ficou enclausurado em caixas de papelão sendo reenviado para diferentes depósitos junto a quase todos os meus outros pertences enquanto eu não tinha nem sombra da possibilidade de uma casa, desabrigado, com um teto sobre minha cabeça apenas por favor. Podendo receber luz do sol e umidade novamente, este livro passou por mais um par de remessas de encaixotamento e mudança até minha família estar refém de uma situação desastrosa na mão de gente mal intencionada. Hoje leio ele num quarto-e-sala que, com muitos problemas, é o melhor apartamento que habitei em anos. Um alívio resguardado em uma nova etapa de vida, tranquila o bastante para estabelecer as próximas fases, os próximos sonhos.

Tenho muito receio do meu apego ao material, mas guardo ainda teimosamente uma coleção de livros muito desnivelada para o tamanho das casas que venho morando. Penso em ir para outros países, mas a ideia de me distanciar de todas essas coisas, das grandes e das pequenas, que emolduraram minha tranquilidade e meu tédio por tantos anos, parece alienante, como se me destituísse de alguma propriedade intelectual garantida unicamente pelo acumulo de informações e textos aos quais venho me dedicado laborioso.

Claro, tem outros objetos muitos: um violão, um par de castanhosas, bonequinhos de infância que guardo por capricho, um daruma com apenas um olho pintado (ainda). Mas os livros, particularmente, são curiosos nesse potencial individualizante. Todos vêm, necessariamente, de tiragens. Pelo menos em alguma outra casa tem outro livro igual a algum meu. Como se traços dos quais me apropriei se pulverizassem pela vida de pessoas que nunca vou conhecer. E ainda assim este apego gentil e intoxicante parece definitivo e único.

Os netsuques sob os quais Edmund se debruça são dotados, diferente dos livros, de singularidades muito específicas, cifradas no mais ínfimo talhe que lhes confere forma. E as formas são múltiplas, cômicas ou silenciosas, criativas ou cerimoniosas. Vindas para a Europa durante uma febre de fetichismo estético exacerbado com a vida japonesa, essas pequenas miniaturas foram de artigos de luxo até brinquedos e fugitivos de guerra. Ao princípio do livro Edmund parece deixar clara sua intenção de tornar os objetos e os lugares verdadeiros protagonistas deste livro-investigação, contando uma história por meio de todo endereço e toque que os netsuques já receberam. E, imediatamente, ao mesmo tempo se contradizendo e comprovando o que quer afirmar, Edmund de certa forma perde o controle de sua narrativa e é forçado a ir para direções inusitadas acompanhando as mãos que tanto manusearam estes artefatos.

A primeira parte desta investigação, dedicada a uma Paris cosmopolita, apresenta como pano de fundo diversas loucuras de época como imensas colunas sociais detalhando com precisão inventários de nobres e intelectuais apenas pelo prazer de uma competição insossa sobre masturbação plástica por "quem tem o gosto mais refinado". É quase um antecedente histórico da cafonice que caracteriza a vida de burgueses até hoje. Aqui tudo está de acordo com o pressuposto do livro. É com a ida da coleção para Viena, na condição de presente de casamento, que os itens ganham novas formatações, mais ocultas, mais pessoais, emoldurando fantasias e histórias contadas por uma mãe a seus filhos.

Já se torna impossível contar sobre os netsuques sem contar sobre as famílias que os carregam e preenchem de significado. Se torna inviável quando esta família - judia - é praticamente expulsa da Áustria e impedida de ir adiante também em meio ao levante nazista que desestruturou toda Europa e trouxe à tona todo antissemitismo pulsante naquelas terras para se beneficiar dele enquanto política de ódio maquinada com requinte.

Resgatadas da mansão, então tornada base de alguma função militar nazista, por uma empregada tão dedicada quanto apagada das lembranças seletivas dos membros principais da família, os netsuques terminam sua improvável viagem (até o momento) voltando para o Japão na mão de um dos herdeiros deste clã tão morbidamente combalido por uma constante perseguição, por uma herança tenebrosa de não-pertencimento e estrangeirismo onde quer que se estabeleçam raízes.

Não valeria a pena contar essa história - ou sequer, de fato, haveria história para contar - se o autor não abraçasse a infusão definitiva entre os objetos e seus detentores, a mistura entre ser e ter que elabora, muitas vezes maliciosamente, nossas intenções e personalidades. Somos vastamente definidos pelas coisas que nossos dedos aflitos alcançam e tateiam desde a infância e, por meio das superfícies decoradas, supomos a textura do resto do mundo. A dureza com a qual os relatos que Edmund consegue costurar em uma narrativa sempre envolve a materialidade para apresentar em seus estados - imutáveis, transitórios ou destruídos - certas circunstâncias subterrâneas das pessoas que por ali passaram, que ali tocaram. Ainda assim esses objetos nunca estão frios ao toque, mas sim repletos de calor humano ali depositado. Engrandece muito ao texto as dualidades e contradições que ele reconhece, como o financiamento com o qual a comunidade judaica alemã e austríaca contribuiu para a primeira guerra numa esperança alucinada de formarem assim uma definitiva validação de sua nacionalidade, ou o apagamento dos criados e pessoas que tanto auxiliaram seus antepassados e mesmo assim não tiveram quase nenhum reconhecimento, além dos erros financeiros e traições que fizeram parte de sua árvore geneálogica.

Bem ao final do texto, já tendo tanto relatado sobre os adultérios de sua bisavó, o autor relembra como, contando sobre isso, sua avó afirmava ter sofrido e se amargurado destes eventos. É o que leva Edmund a refletir sobre o quanto essas histórias, por serem suas, devem ser tornadas objetos e assim trafegarem adiante, como os netsuques os fazem. As vezes o prazer secreto destas coisas cujo significado só pode ser alcançado pelo seu toque, está em seu particular. É querer e conseguir ir para um lugar no passado, apenas você, sem mais ninguém. Uma memória coletiva e universal portátil, tornada só sua para o acesso ante ao tato.
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Deborah Kufner 13/06/2020

Meio termo
Ouvi falar muito bem desse livro. Pessoas que adoraram a obra e julgaram os que não gostaram com frases sem sentido como "quem não aprecia arte, não gostará", ou "quem não gosta de livros, não gostará", das quais discordo veementemente.

Não apreciei essa leitura. Ela se baseia na descrição minusciosa de Edmund de Wall que herda do tio avô os netsuquês que atravessam a história do mundo durante mais de um século: a história da família Ephrussi.

Ressalto que considero com carinho a delicadeza e primor com que esse livro foi escrito e a dedicação de seu autor. Julgo por vezes uma obra realizada para a família Ephrussi.

Porém trata-se de uma história repleta de muitas descrições. São descrições perfeitas de ruas, prédios, fotos, roupas, obras de arte, pessoas e cidades em pelo menos 80% de suas páginas. Uma outra parte se trata da história da família em meio à primeira e segunda guerras mundias. Essa pequena parte do livro é bastante interessante, mas foi preciso alcançar 70% dele para finalmente o livro me prender. Não existe interesse em continuar uma leitura descritiva, já que você não lembrará de absolutamente nada segundos depois, não modifica ou acrescenta, na minha opinião. Seu final continua com descrições de mais cidades e mais algures habitados pela família Ephrussi. A leitura é bastante enfadonha.

Num contexto geral, a história é interessante, o sofrimento que a família milionária judia enfrentou são profundamente angustiantes, embora com grandes privilégios. Interessante também saber que a família conheceu Prust e adquiriu obras famosas de pintores como Monet.

A postura com que Edmund descreve sua família é bastante pomposa, vangloriando diversas coisas e pessoas. Isso é perfeitamente compreensível quando se trata de família, por vezes, mas para uma total estranha como eu, foi bem maçante.

Gostaria de ter gostado.
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Biblioteca Álvaro Guerra 10/01/2020

Edmund de waal, um dos mais importantes ceramistas da atualidade, era fascinado pela coleção de 264 miniaturas japonesas entalhadas em madeira e marfim guardadas no apartamento do tio-avô, que vivia em tóquio. Nenhuma daquelas peças era maior do que uma caixa de fósforos e, no entanto, seu valor revelou-se grandioso.

Empreste esse livro na biblioteca pública.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788580570908
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Juliana 23/12/2019

Uma bibliografia cativante
"Dizia, ele me conta, que depois que ele se fosse, eu deveria cuidar dos netsuquês. Eu era o próximo. São 264 netsuquês nessa coleção." E assim embarquei nesta cativante bibliografia da família Ephrussi, originários de Odessa, os maiores exportadores de trigo do mundo. Viena e Paris, em seus anos de esplendor, seguidos pela trágica ocupação nazista, perdas e separações. Memórias de uma família, relatos delicados e envolventes, até chegar em Tóquio no ano 2001. Ótimo!
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Stella F.. 09/10/2019

Os Netsuquês
Uma leitura deliciosa! Pelo assunto, eu achei que apesar de falar de guerra e dificuldades de uma família judia, não ia gostar muito, porque o enfoque do autor eram os objetos, netsuquês, passando por vários países. A cada parte ele enfatiza um membro importante da família Ephrussi. Inicia com Charles, filho do fundador da família em Odessa, Rússia. Eles vão enriquecendo e conquistando fortuna em Paris, Viena e depois Japão. No meio disso tudo tem a guerra e a perseguição aos judeus. O primeiro personagem adorei. Ele era um mecenas e amigo de Proust, Rilke e muitos pintores importantes. Proust tem a inspiração de Swann, seu personagem de Em Busca do Tempo Perdido nesse seu amigo, mecenas das artes em Paris.
Charles foi amigo de vários pintores e ajudou-os quando em dificuldades, além de fazer parte do círculo social de Paris. Apesar de judeu, e muitos serem contra sua facilidade de entrar na sociedade fechada e fazer fortuna, ele circulava com desenvoltura e até fez parte de um quadro, Almoço dos Remadores de Renoir. Inicialmente era apenas um colecionador de quadros e de alguns badulaques, mas aos poucos tornou-se entendido de arte, ditando muitas vezes moda, e passou a escrever artigos e livros sobre o assunto. E passou a ser reconhecido como ótimo crítico de arte, causando inveja a muitos. Charles adorava expor seus netsuquês para que fossem manuseados pelas pessoas que frequentavam seus salões.
“Charles adentrava aparentemente sem esforço os formidáveis e elegantes salões do momento, cada um deles um campo minado de geografias poéticas, artísticas e religiosas do gosto aristocrático, ferozmente contestadas.”
Charles dá os netsuquês a seu primo Viktor que está instalado em Viena. Casado com Emmy, uma linda mulher da sociedade, que troca de roupa a cada evento. Possuía uma aia, Anna, que será importante para salvar os netusuquês. Viktor na realidade é interessado em livros e incunábulos, mas deve tomar conta do banco da família, não sendo bom em negócios. Perde tudo com a guerra e a perseguição aos judeus, um segundo momento, em que não passam mais a ser bem vistos, mesmo que antes fossem importantes para o progresso de qualquer cidade. Tinham filhos: Elisabeth (avó do autor), Gisela, Ignace (Iggie) e Rudolf. Emmy possuía amantes e adorava quando as crianças ficavam com ela em seu quarto de vestir. Os netsuquês ficavam em seu quarto e as crianças brincavam com eles, mas não ficavam à mostra para as visitas, não era adequado. Elisabeth, filha do casal, adora poesia, assim como sua avó materna. Em um dado momento se corresponde com o poeta Rilke, mas no futuro vai seguir outro caminho.
Viktor perde quase tudo, quase não conseguem sair de Viena. Torna-se apátrida. Tudo acaba sendo uma questão política e de interesses. Quando vêm o ataque aos judeus todos esquecem de suas amizades e ficam em cima do muro.
Mas o livro nos fala dos objetos de arte, das casas imponentes, grandes mansões, grandes famílias e o caminho percorrido pelos netsuquês e como cada parte da família que ficou com esses objetos lidou com eles.
Os netsuquês, que fez o autor Edmund de Waal, ir atrás da história de sua família, foi adquirido em Paris nos anos 1870, pelo primo de seu bisavô, o supracitado Charles Ephrussi. Ele os deu ao primo Viktor von Ephrussi, de presente de casamento, que vem a ser o bisavô do autor. No final os objetos são passados a Iggie (Ignace), irmão de Elisabeth, que ao final da vida os deixa de herança ao autor.
“Como os objetos são manuseados, usados e passados adiante não é apenas uma questão de algum interesse para mim. É a minha questão.”
E através desses bibelôs japoneses - que tiveram sua época em Paris com a moda do japonismo -, ele consegue conhecer parte da história de sua família que começou na Rússia e continua em Londres.
Recomendo muito o livro! Uma grata surpresa!

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Leila de Carvalho e Gonçalves 16/07/2018

264 Netsuquês
Desde o final do século XIX, os Ephrussy formavam uma família de financistas judeus riquíssimos e respeitados, porém, após a Segunda Guerra Mundial, o que restou de sua fortuna foi uma coleção de 264 miniaturas japonesas. Chamadas netsuquês, elas servem para prender uma pequena bolsa ao quimono e na internet, há várias fotografias desses adornos cujos formatos vão desde frutas e animais até cenas de sexo.

O famoso ceramista britânico Edmund de Waal (Ephrussy pelo lado materno) é atualmente
o herdeiro dessas raras esculturas e através delas decidiu contar a história de seus antepassados, uma diáspora familiar que teve início na Ucrânia há cinco gerações e já percorreu três continentes.

Quanto aos netsuquês, eles foram adquiridas por Charles Eprussy em Paris. Filho caçula do braço francês da família, ele era um "bon vivant" e mecenas que além de defender e apoiar os impressionistas, foi amigo pessoal de Marcel Proust. Ele aparece no famoso quadro de Renoir, "Almoço dos Remadores", e serviu de inspiração para Charles Swann, personagem do romance "Em Busca do Tempo Perdido".

Contudo, cansado da coleção, ele resolveu oferecê-la de presente de casamento para um primo, Viktor, que residia em Viena. Inadequada para a decoração do palácio, as miniaturas acabaram guardadas servindo de brinquedo para os quatro filhos do casal.

Percorrendo duas Guerras Mundiais, De Waal apresenta declínio econômico de uma elite judia cujos bens foram espoliados pelo regime nazista. Sem qualquer privilégio, boa parte de seus parentes acabou morrendo nos campos de concentração. É surpreendente como esses netsuquês conseguiram escapar da ganância de Hitler e foram contrabandeados para a Inglaterra onde seus avós viviam.

Até chegar aos dias de hoje, ainda há muita história para contar. As pesquisas do autor levaram cerca de dois anos e exigiram constantes viagens, inclusive, a Tóquio onde seu tio-avô Ignace, antigo dono da coleção, morou durante várias décadas.

De acordo com o escritor Julian Barnes, "esse livro combina de forma inesperada a micro arte das miniaturas com a macro da história num efeito grandioso?. De Waal com seu olhar sensível e elegante de artista, transmite "a percepção de que Deus, às vezes, pode estar nos detalhes". Boa leitura!
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MrDurden 25/02/2018

Sobre histórias pessoais...
"Não são apenas as coisas que levam histórias consigo. As histórias são também um tipo de coisa."

Uma herança recebida serve como ponto de partida para a busca de uma relação entre os objetos herdados — 264 miniaturas de esculturas japonesas —, e os lugares por onde esses objetos passaram desde que foram criados. Waal revisita a história de sua família, de origem judia, e nos conduz de forma minuciosa por quase dois séculos de História da Europa e suas transformações: seja através da história da pintura ou da literatura, seja por marcos históricos como o antissemitismo, as duas grandes guerras e todo o horror que se espalhou pela Europa. Uma jornada que nos ensina muito sobre o poder do tempo e sobre a sutileza das histórias pessoais que se perdem, que resistem, que se reinventam.
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Fátima Lopes 07/10/2017

Degustação
Alguns livros são escritos para serem "devorados" através de leitura rápida, voraz.Não é o caso desta obra, feita para ser saboreada com um pouco mais de lentidão e prazer. A trama é uma mescla muito bem dosada de história (principalmente das mudanças trazidas pelas duas guerras mundiais) com tocantes lembranças familiares.
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Juliana.Cantuaria 22/07/2017

Uma aula de história
Vi que muitos abandonaram esta leitura. Compreendo a razão, pois o livro realmente é denso, e necessita de pesquisas paralelas para acompanhamento dos acontecimentos. Além disso, ele é recheado de expressões em outras línguas, e de nomes de artistas ilustres de outras épocas, que, a primeira vista, podem fazer com que a leitura seja difícil e um tanto monótona. O leitor precisa ter maturidade para apreciar a obra.
Não recomendo a leitura dinâmica. Particularmente, levei mais um ano para lê-lo, pois tenho o costume de ler várias livros ao mesmo tempo, e este em especial exige certa pesquisa e conhecimentos prévios.
O enredo é genial, pois uma simples curiosidade acerca de objetos antigos na família, os netsuqûes, pequeno objetos de origem japonesa, feitos artesanalmente com riqueza de detalhes com diversos materiais, abre o caminho a uma incrível viagem ao passado. O autor, Edmund de Waal, nos presenteia com a história de sua família, e ao mesmo tempo, com um pedaço não contado da história do mundo.
Recomendo apenas aos leitores que já ultrapassaram a necessidade de leitura com fins de entretenimento.
Weverton 26/07/2017minha estante
Realmente é uma leitura que se deve ler com calma, quando lido da forma certa e muito prazeroso. ?


Falbo 04/07/2018minha estante
Bem colocado ! É um livro denso, mas qdo se passa da superfície é um livro delicado como os netsuques e peofundo como os sentimentos refletidos neles Amei


Weverton 07/10/2018minha estante
??




Ed 12/06/2017

Uma obra de arte
Esse livro é uma verdadeira obra de arte, não indicaria pra qualquer pessoa, é um livro pra quem realmente gosta de ler. É um livro pra ser apreciado. Amei.
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Tana 30/03/2017

Muito bom! Acompanha a saga de gerações de uma família judia, desde Odessa, passando pela Paris dos impressionistas e de Proust, pela Viena de antes e depois da ocupação nazista, até chegar à Tóquio . Uma bela viagem através do tempo e de importantes acontecimentos históricos. Vale muito a pena!
Fernando 01/04/2017minha estante
Tenho interesse em lê-lo...


Tana 02/04/2017minha estante
Vale a pena! Foi uma feliz surpresa! =)




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