Sergio Carmach 17/05/2012
Como falei na resenha do primeiro volume de Nas Trevas e na Luz, a história de Gisele não divide os personagens em apenas dois lados (o do bem e o do mal). Além da turma do Lorde das Trevas e do grupo dos humanos, temos também o pessoal que compõe uma estranha organização, a OGA, que ora parece bem-intencionada, ora parece voltada para o mal. No segundo volume, vemos alguns dos diversos personagens migrando entre os três vértices desse triângulo, formando uma interessante teia de dissidências e reencontros.
Enquanto acontece essa tomada final de posição dos personagens, Sara, a protagonista, não se vê apenas em meio às batalhas na terra devastada, mas também em uma batalha entre a ilusão e a realidade, pois Stella – uma guerreira que venceu o Lorde das Trevas no passado – passa a viver em seus sonhos (algumas “conversas” que elas tiveram lembram os diálogos travados entre os antigos cavaleiros Jedis e Luke Skywalker. “Você tem a força!” rsrs). As muitas revelações surgidas no decorrer do livro aumentam ainda mais a impressão de que a verdade não passa de fantasia.
Conforme a história avança, segredos vão sendo desvendados e passamos a entender as verdadeiras motivações, os temores e as mágoas de alguns personagens centrais. As revelações de Zidane, líder da OGA, são capazes de gerar uma série de reflexões no leitor. Torna-se até difícil julgá-lo. Na minha opinião, essa é uma das partes mais inspiradas e profundas do livro. O discurso do personagem, por mais tresloucado que pareça, também remete a um tema relevante e que interessa ao jovem de hoje: a conscientização ecológica. Até que ponto os homens são culpados, direta ou indiretamente, pelas desgraças que acontecem a eles? Até que ponto eles as merecem? A história de Gisele, aliás, é rica em metáforas, através das quais questiona as atitudes humanas, os medos, as fraquezas do espírito...
O segundo volume de Nas Trevas e na Luz é mais repleto de sentimentos que o primeiro. Não se pode negar que a autora conseguiu criar cenas de grande impacto emocional nessa continuação, principalmente nos momentos em que personagens importantes partem. A longa narrativa da batalha final também é um espetáculo à parte, não se limitando ao tradicional embate entre o bem e o mal. Ela vem carregada de dilemas mais complexos e artimanhas psicológicas, envolvendo também os seres elementais.
Não sei se vocês perceberam rsrs, mas, nesta resenha, optei por narrar as impressões que a história passa em vez de focar nos personagens. Não me preocupei em transmitir o que Caio, Lince, Maiden, Sobá, Zidane, Fell, Pablo etc. fizeram ou deixaram de fazer, mas em tentar passar para o leitor a riqueza dessa história, que, apesar de juvenil, tem muito a oferecer. Podemos dizer que este meu texto é uma visão adulta de uma história adolescente. Com esse enfoque, talvez eu ajude os potenciais leitores a enxergarem no livro mais que uma simples aventura em que a luz busca triunfar sobre a treva. Pois é... Repleto de magia e fantasia, os dois volumes de Nas Trevas e na Luz contam uma história que fala de reconciliação e redenção e que traz belas mensagens para seu público-alvo.
http://sergiocarmach.blogspot.com.br/2012/05/resenha-nas-trevas-e-na-luz-volume-ii.html