Resenhas - Os Autos das Barcas

Deghety 01/05/2019

Os Autos das Barcas
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Os Autos da Barcas é dividido entre Inferno, Purgatório e Glória.
Me lembrou muito Auto da Compadecida, só que Vicente foi um crítico menos humorado.
Esse jogo de versos é genial, a rima quase se prolonga ao próximo personagem. A primeira vez que li algo dessa forma foi em Cyrano de Bergerac.
Os Autos das Barcas é uma crítica social e moral ferrenha, que dispara, principalmente, contra a burguesia e o clero. (Tanto que houve censuras por parte da igreja) .
Os dois primeiros Autos, Inferno e Purgatório, são mais difíceis de compreender, mas felizmente há dezenas de notas para explicarem. Já o terceiro Auto, a Glória, os versos possuem uma linguagem comum, mas não é por essa razão que achei o melhor dos 3. Achei melhor porque o confronto entre as almas, anjo, morte e diabo é mais intenso e consistente.
A morte se apresenta quase como um Poncio Pilatos, o Diabo é como um juiz autoritário, no entanto seus argumentos melhor desmascaram a hipocrisia do seres humanos, seres humanos esses que tentam se isentarem de suas culpas atribuindo-lhas a sociedade ou a dureza do mundo.
Muito bom o livro, mas tenho plena consciência que terei de relê-li para compreender melhor o cerne de toda a peça.
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#desafioliterárioskoob2019