O mundo de Homero

O mundo de Homero Pierre Vidal-Naquet




Resenhas - O Mundo de Homero


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Jhoe 23/03/2023

Naquet consegue fatiar objetos presentes na cultura grega e externalizá-las sob os dois poemas homéricos. Evidente a preocupação do autor com o aspecto literário, sua veracidade e suas lacunas. Um dos motivos que leva-o a preferir e edenificar mais a Ilíada do que a Odisséia. A primeira obra se atenta a aspectos da morte heróica, um morrer acordado entre os deuses, esses últimos descritos ao longo dos capítulos com grande proximidade física, de ações etc., com os humanos que guerrearam por 10 anos no estreito de Dardanelos, em Tróia.

O segundo texto, Odisseia que deriva de Odysseus, o amado e persistente Ulisses, trata da morte espontânea, das mazelas do mundo grego que existiram em meio a ação humana, em meio aos objetos dotados de sua historicidade. Se atentarmos para os amigos de Ulisses que são mortos e outros transformados em porcos, veremos como a literatura homérica auxilia a pensar as estruturas gregas de pensamentos, comportamento, ação e outros.

Naquet faz o percurso ao longo dos 9 capítulos elencando sempre a atividade grega como principal e paralelo ao mundo dos deuses. Esses se aproximam grandemente como fica claro no livro dos humanos, são deuses imortais (foram gerados) tiveram principio de nascimento, não são eternos, como o deus cristão da cultura abraahamica que nunca nasceu, é onipotente, onipresente e onisciente para toda a eternidade de acordo com a biblia.

Os deuses da Grécia intercedem, como na luta entre Heitor e Aquiles, eles se submetem a outros, a ver pela trindade (Zeus, Hades e Poseidon), inclusive, com Hades não se submetendo ao poderoso e maior do panteão egípcio, Zeus. Portanto, são centenas de elementos que Vidal se propõe a refletir, não debate extensamente sobre todos, acredito não ser o principal objetivo deste. Mas consegue dar ensejos de reflexões que vão desnudando a literatura homérica, considerado a maior e fundadora da cultura escrita, literária e balizada do ocidente.
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Gabriel685 06/03/2023

Muito Bom
É um livro bem introdutório, mas não deixa de ser completo. Pierre se mostra um apaixonado por Homero e conhece bastante sobre o mundo grego, além de ter um vasto entendimento da recepção de Homero ao longo dos anos.

Para quem quer ler um texto de apoio, vale muito a pena!
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Procyon 03/03/2022

O mundo de Homero, narrado por Vidal-Naquet ? comentário
O presente livro é do historiador francês Pierre Vidal-Naquet, conhecido por seus estudos através da mitologia grega. ?O mundo de Homero? é um livro de divulgação a respeito dos poemas homéricos. Naquet traz uma síntese, bastante pertinente, a respeito dos conhecimentos relacionados ao mundo em que Homero, criador da Ilíada e da Odisséia, teria vivido. A leitura é bastante acessível, por onde o autor fornece ao leitor, mais do que respostas, perguntas retóricas ao longo de todo o livro. Tal obra é também repleta de ilustrações coloridas, representando alguns acontecimentos da mitologia grega através de objetos materias da arte helênica (em sua maioria taças e vasos). Desse modo, o leitor consegue se permitir a descobrir um pouco mais sobre a Grécia Antiga, que influenciou não somente o poeta mítico qie chamamos de ?Homero?, mas também toda a civilização ocidental da posteridade.

Segundo o próprio autor, ?O mundo homérico é um mundo poético?. Dessa forma, o livro constrói sua tese principal por meio do retorno à poesia, por meio do esquematismo de algumas apropriações filosóficas, históricas, sociológicas e geográficas das duas epopéias homéricas, fundadoras da literatura ocidental. Discute-se, também, a chamada ?questão homérica?, que se refere a um debate que existe sobre a existência do(s) escritor(es) grego(s), bem como à discussão em torno da verdadeira identidade do(s) autor(es) da Ilíada e da Odisseia. Além disso, Naquet também narra a relação de textos homéricos com a realidade histórica ? por exemplo: no século passado, Schliemann achava ter descoberto o sítio exato de Tróia na colina turca de Hissarlik; hoje, contudo, os arqueólogos e os historiadores não têm tanta certeza, mas, em compensação, outros aspectos da sociedade grega arcaica, como o surgimento da pólis, são compreendidos de forma mais adequada ?, e, tomando como base os estudos sobre as epopéias de Kosovo, Naquet também oferece um conjunto de hipóteses bastante plausíveis relativas à gênese, e à gestação, da Ilíada e da Odisseia.
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jota 10/10/2020

BOM (principalmente para interessados em Grécia Antiga, questões homéricas)

Ao findar o livro do francês Pierre Vidal-Naquet o que vem à mente do leitor é que parece haver mais dúvidas e perguntas a se fazer acerca de Homero e seus dois poemas do que certezas para quem pretende conhecer o passado grego clássico através de suas obras, Ilíada e Odisseia. O mesmo acontece finda a leitura de outro volume importante sobre o mesmo assunto, O Mundo de Ulisses, do historiador anglo-americano Moses I. Finley, que me pareceu leitura mais atraente e profunda do que este O Mundo de Homero.

De todo modo, mesmo acreditando que um homem chamado Homero tenha existido de fato, tanto Finley quanto Vidal-Naquet pensam que os dois poemas épicos foram obra de mais de um homem, não apenas de um único autor, mas até mesmo de múltiplos autores. Além do que, é bom lembrar que Homero (ou Homeros, na hipótese de ele ser mais de um autor, conforme a maioria dos especialistas aceita) não era um historiador, mas um aedo, um poeta cantor (ou aedos, poetas cantores). E que tenha vivido cerca de quatro séculos após os acontecimentos que narra em suas obras.

Grosso modo a Ilíada (referência a Ilion, ou Troia) gira em torno do décimo e último ano da guerra de Troia e tem como personagem central Aquiles, aquele do calcanhar vulnerável, o mais valoroso dos guerreiros gregos. Por seu lado, a Odisseia trata do retorno de Ulisses a Ítaca, depois dessa mesma guerra, fato que lhe consumiu dez anos. Todas essas questões são esmiuçadas por Vidal-Naquet, hipóteses são levantadas, afirmações são confrontadas com objetos que foram descobertos em escavações etc. Ou seja, até certo ponto os poemas podem sim, constituir fontes historiográficas para o estudo da Grécia clássica. Foi mais ou menos isso que deduzi, da mesma forma que me ocorreu quando findei a leitura do livro de Finley tempos atrás.

O Mundo de Homero segue nesse tom e Vidal-Naquet vai colocando para o leitor, sempre com base nos dois poemas e também recorrendo a outros autores clássicos gregos (Finley, no caso, se refere a Ésquilo, Heródoto, Sócrates), questões que envolvem história e geografia da antiga Grécia, a distinção entre gregos e troianos, como se dava a guerra, a morte e a paz entre eles, o culto aos deuses e como as divindades agiam sobre os homens (a favor, contra ou muito pelo contrário), a vida nas cidades gregas, seus habitantes, a estratificação social (reis, artesãos, mendigos), a poesia etc. Conforme vai explicando as coisas, o autor associa seu texto a imagens de objetos, esculturas, restos arqueológicos etc.: são várias páginas com belas ilustrações para o leitor desfrutar. Ele finaliza a obra com um capítulo intitulado As questões homéricas.

Nesse capítulo, o nono, Vidal-Naquet diz que tem de ser mais preciso, ou seja, vai concluir o livro, então volta à questão da autoria dos poemas, das modificações que os textos podem ter sofrido porque eram transmitidos oralmente, se antes de Homero havia outros poetas épicos, também examina outras obras que seriam a “continuação de Homero”, como ele afirma. Enfim, passa por 1922, ano da publicação do gigantesco romance de James Joyce, Ulisses, e termina em 1992 citando Omeros, poema do escritor antilhano Derek Walcott, ganhador do Nobel naquele ano, “que transforma os personagens de Homero em pescadores das ilhas Caraíbas falando um inglês com influência crioula e francesa”. É isso, então: a odisseia continua... E a Ilíada também.

Lido entre 04 e 08/10/2020.
Neferet 13/12/2020minha estante
Você acha interessante ler primeiro Ilíada e a odisseia , ou ler esse livro primeiro pra ter uma base de apoio


jota 16/04/2021minha estante
Pergunta difícil, mas penso que ler Homero diretamente, sem antes ter outros livros de apoio fica complicado. Nunca li nenhum deles por inteiro, apenas trechos.




Lima Neto 02/09/2009

interessantpissimo livro não só sobre os livros de Homero, mas sobre os questionamentos feitos acerca do escritor, do personagem, de toda a "polêmica" envolvendo Homero. "O Mundo de Homero" é mais do que uma "crítica literária", é uma analise profunda não só do suposto escritor de "Iliada" e de "Odisseia", mas da história dos primórdios da Grécia antiga.
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Ju Padilha 18/03/2009

Documento Histórico!
Pierre Vidal faz uma análises dos poemas homéricos, a Ilíada e a Odisséia, como fontes históricas primárias. São encarados como obras literárias de uma época, é justamente este contexto histórico que o autor tenta desvendar nas entre linhas dos poemas. Há momentos em que Vidal aponta anacronismos, a diferença entre o tempo que foi relatado e o tempo que foi vivido por Homero, que mistura passado e presente em seus épicos...um verdadeiro louvor ao passado glorioso!! Este livro é bacana de ler depois da leitura da Odisséia ou da Ilíada!
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