spoiler visualizarVanderlei 03/11/2018
Bacana aprender conceitos bastante úteis pra serem usados em diversas situações. Começando pelos incentivos, cujo compreensão é fundamental pra se entender o que estimula as pessoas, e assim o sistema, a agirem tanto para o bem quanto para o mal. São eles incentivos sociais (como a vergonha, por deixar de exercer o dever cívico não votando ou não recolhendo a sujeira do cachorro e recebendo olhares como julgamento); também econômicos e morais. Muitas vezes os 3 são acumulados - como em relação aos incentivos para que se pare de fumar cigarros: pois existem taxas para deixá-los mais caros($); são proibidos em locais de convívio, o que incentiva socialmente; e o governo americano diz que terroristas angariam fundos a partir da venda de cigarros, influenciando moralmente -.
Bastante explorado no capitulo sobre corretores e a klu klux klan é o conceito de ”assimetria das informações”, que é basicamente quando uma parte detém acesso privilegiado a informações que a outra não possui, tirando proveito a partir disso. Como especialistas, que omitem informações a clientes para o próprio benefício.
Outro ponto apresentado que considero relevante é o paralelo que muitas vezes fazemos equivocamente entre causalidade (causa-efeito) e correlação (que embora haja algo em comum, não é exatamente a resposta). Exemplificando e aproveitando pra incluir outro conceito, o paralelo equivocado é feito também em relação aos “Riscos”, como o medo de avião, já que é comprovado que carros sofrem muito mais acidentes. Entretanto a correlação com a morte leva a essa dedução instintiva. E, sobretudo, o medo da morte em curto prazo – iminente, como também o livro salienta.
Entre as páginas 140 e 142, onde essa discussão interessantíssima é travada, é introduzido também o “princípio do controle”, dando continuidade ao que falávamos no parágrafo acima. A impressão de poder controlar algo reduz o medo e nos conduz a fazer associações ilógicas, como o medo de avião, conduzido por outros, ao invés do carro, conduzido por nós.
“Tão importante quanto o fator controle é aquilo que Peter Sandman chama de fator pavor”, assim ele explica outros tipo de correlação feitas de modo ilógico, como o do perigo iminente, já citado (preferindo a retórica de políticos sobre proteção a ataques terroristas ao invés de questões de saúde, mesmo que ataques cardíacos ocorram com muito mais frequência) ; e o pavor atuando da mesma forma (uma morte mais horrenda pelo terrorismo do que uma mais fulminante e instantânea pelo problema no coração).
O assunto é concluído através de uma equação. “Risco=perigo+indignação”. A indignação é manipulável, podendo fazê-la aumentar (no caso de questões ambientais), ou diminuir (em uso de carnes bovinas contaminadas). Ou seja, riscos que controlamos são fonte de menos indignação do que os que estão fora do nosso controle(familiaridade), mesmo que sejam estes menos ameaçadores. ex: morte por afogamento em piscinas e por tiro. “Quando o perigo é grande e a indignação pequena, a reação do público é insuficiente... Quando o perigo é pequeno e a indignação grande, a reação é exacerbada”.
Entretanto, a correlação, de uma perspectiva dos dados possui grande importância, como vemos na página 152. “correlação não é senão um termo estatístico que indica se duas variáveis caminham juntas”. Contudo, avaliar essa correlação se complica quando estão dispostas centenas de variáveis. Para isso, o economista faz uso de um recurso chamado “análise de regressão”. “A analise de regressão é a ferramenta que capacita um economista a ordenar enormes pilhas de dados. Isso é feito tornando artificialmente constante todas as variáveis, salvo as duas que desejamos examinar para depois demonstrar como as mesmas se correlacionam”. Dessa forma é possível avaliar o efeito quando são confrontados por manipulação dados distintos.
Enfim, tudo isso é calcado num desafio à sabedoria convencional, o famoso senso comum, que crava dogmas sem que eles sejam necessariamente verdadeiros. O livro é uma bela pedida nesse sentido, de estimular a investigação da verdade através de análises criteriosas no mais puro estilo socrático, de constante questionamento.