Babele 21/08/2021
Sexo, vodka, anfetamina e strokes?
O primeiro contato que tive com este livro, se não me engano foi em meados de 2012. Tinha acabado de concluir o ensino médio e toda essa narrativa despojada e rebelde da Camila soava "foda demais" para uma adolescente que estava caminhando para a vida adulta e não sabia de nada sobre o mundão, nem mesmo o que queria ser, tão pouco o que deveria fazer.
Não que eu quisesse ser exatamente como uma Camila da vida, mas esse livro me despertou interesse em escrever no estilo na Clara Averbuck. Talvez ter a coragem da Camila também, a desenvoltura, o estilo, essa vibe sem papas nas línguas de falar o que pensa e de fazer o que quer. Mas a nossa realidade é totalmente diferente, não é mesmo? Sabemos que essa impulsividade juvenil, dependendo da gravidade, pode trazer muito prejuízo e consequências para o futuro.
O livro possui uma linguagem bem atual, bem cara de blog pessoal. Ele é narrado pela jovem Camila, que muitos azucrinam falando que é a própria Clara. De fato para mim isso não é nenhum pouco importante, pra quê ficar enchendo com isso?
O livro gira entorno de suas aventuras na grande São Paulo e o seu "pulinho em Londres". É regado a vodka, anfetamina (ou a falta de dinheiro para comprá-las) e sexo. Mostra também, os perrengues que ela passa ao tentar ser reconhecida como escritora, na dificuldade que é conseguir um trabalho e a chatice que por vezes pode se tornar a rotina da vida.
Ao reler, percebi que minha opinião diante do livro não mudou tanto, é uma leitura simples e rápida, despojada, cheio de devaneios e conclusões da própria personagem e continuo achando divertido!
Clara faz com que a personagem se aproxime e se identifique com o leitor, seja com uma música (Strokes, já gostei tanto rs), um palavrãozinho aqui e ali, ou algum fato corriqueiro tal como cozinhar de óculos ou não gostar de lavar louça e até mesmo se comparar com uma Máquina de Pinball.
Alguns trechos achei meio controverso, ela fala sobre auto aceitação, mas algumas vezes a própria Camila solta um: "Já basta ser pobre, se
também inventar de ficar gorda vai ser foda".
Mas enfim não espere mudar a sua vida com ele, nem mesmo a Clara gosta tanto do seu livro primogênito, como ela mesmo afirma nas redes sociais.
Acredito que os próximos livros já dá para ver a evolução da escritora.
E pra quem não conseguiu extrair ao menos uma coisinha positivo do livro, meus pêsames rs.
Segue alguns trechos/frases que gostei:
“Preciso de novidade constante.”
"Amor não é contrato."
"Qualquer
um é genial às vezes."
"Preciso é dar um jeito de arrumar o caos que eu sou."
"Mas amor nenhum ameniza a irritação de
ver duas semanas de louça fossilizando na pia."
"Algumas pessoas achavam que eu era louca, mas eu nem era. A não ser que espontaneidade seja loucura. Loucura é falta de noção. Espontaneidade não é falta de noção. Então estamos conversados."
"Minha desgraça é sempre engraçada."
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