Aline Marques 06/05/2018"A nota certa soa certo, a nota errada soa errado." [IG @ousejalivros]Há um custo para ser como todos os outros, se encaixar, pertencer.
Marcelo é um jovem com interesses incomuns e restritos, seu comportamento atípico não é bem recebido socialmente e, por isso, seu círculo de amigos não vai muito além dos profissionais e alunos da Paterson, uma escola especial para pessoas com deficiências.
Arturo, como pai, acredita que passou da hora de Marcelo enfrentar o mundo real, afastando-se da segurança das rotinas e ambientes conhecidos, tendo que superar novos desafios e emoções.
O diagnóstico de Marcelo não é uma incapacidade, afinal. Mas ajudaria que todos o vissem exatamente como ele se sente, e compreendessem que sua "zona de conforto" está mais para uma necessidade do que para um tipo esquisito e dispensável de preferência.
Stork convida o leitor a pensar e ver o mundo como o seu protagonista, não apenas por se tratar de uma narrativa em primeira pessoa, e sim por ser baseada na empatia, no respeito e na construção de conceitos intrínsecos ao caráter de pessoas reais e imperfeitas. O melhor tipo delas.
Assim como a música que apenas Marcelo escuta, essa história é uma demonstração do valor (e força) da humanidade presente na individualidade e diversidade.
Sem mencionar, é claro, a luta para manter-se fiel a si mesmo, mesmo que isso signifique ir contra todas expectativas.
Há muito mais entre o certo e o errado do que uma simples linha. No final, tudo se trata da melhor escolha que se poderia fazer, e da certeza de que a opressão jamais deve ser um padrão.