Jose506 03/08/2023
Além do Bem e do Mal
Nietzsche pode ser difícil, mas mais do que isso, ele pode ser indigesto para alguns. O que você sabe sobre o bem e o mal? Parece uma questão que já foi resolvida: existe o bem e o mal, é intuitivo, é básico, é tradicional, é religioso, é bíblico. No entanto, é preciso investigar:
"Mas uma curiosidade como a minha continua sendo o mais agradável dos vícios - perdão! Quis dizer que o amor à verdade é recompensado no céu e até mesmo na terra."
Para isso, é necessário um psicólogo nato, um gênio do coração, um perscrutador de almas, um historiador, um deus. Procura-se por homens seletos, verdadeiros e novos filósofos, o espírito livre, o professor nato, os de outra fé. A democracia é uma decadência e diminuição do homem; são necessários espíritos fortes, originais, capazes de transvalorar. É preciso rever a hierarquia de poder e de importância. Como a compaixão se comporta na religião e no homem nascido para comandar? Como dialogar com as profundezas do homem eremita? É uma vaidade que os filósofos têm de não querer ser entendidos.
Nietzsche conversa com o solitário; aquele que usa máscaras para esconder sua genialidade; o que enxerga com os olhos e com as mãos; aquele que não tem o medo que alguns psicólogos têm: de ver pessoas incríveis sucumbirem. Ele convoca esses para o novo tipo de homem que ele propõe: Napoleão, Goethe, Beethoven, Stendhal, Heinrich Heine, Schopenhauer, Richard Wagner. Um novo tipo de homem capaz de superar os valores tradicionais, um "bom europeu", com uma visão ampla e crítica da história e da cultura, que não se deixa levar pelo fanatismo ou pelo ressentimento, que valoriza a diversidade e a criatividade, com vontade forte e independente, buscando a sabedoria e o conhecimento, sendo artista e filósofo.
Uma mistura de raças, uma síntese das qualidades opostas, uma transvaloração de todos os valores.
Os leitores estão dispostos a participar do experimento cultural que ele está propondo? Têm a coragem de ir além do bem e do mal?