Genealogia da Moral

Genealogia da Moral Friedrich Nietzsche




Resenhas - Genealogia da Moral


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medderao 03/06/2022

Leitura difícil mas recompensadora
Apesar de achar que o último capítulo não tem a poesia e a veemência do restante da obra, não posso deixar de dizer que Genealogia da Moral é Nietzsche em grande forma, em excelente expressão.

A quem interessa a questão dos desafios éticos e a história da moral esse livro é leitura obrigatória!
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Pedro 13/09/2021

?
Aaaaaaa vey q ódio,eu tinha feito uma resenha enorme pra esse livro,mas o skoob não salvou!!!!E agora não vou escrever de novo não ?
Margô 14/12/2021minha estante
Rssss... já aconteceu o mesmo comigo!???




Estefania 31/03/2021

Leitura difícil e controversa em alguns momentos. Já está programado pra releitura.
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Leandro.Battu 11/04/2021

Primeiro livro desse filósofo que leio. Interessante como ele entende o bem e mal. Ele também deixa bem claro a sua repulsa pela religião. Ele explica os motivos do homem "fraco" se refugiar na religião (apenas para dar um sentido ao sofrimento), se eu interpretei corretamente. Acho que preciso reler o livro novamente para compreender melhor o pensamento do Nietzsche.
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Marcos 20/06/2021

Terei de reler
Sabe quando você lê uma frase e, por distração, todo o sentido dela fica vago e você só pega o sentido de uma palavra isolada? Senti isso nesse livro. Algumas reflexões do Nietzsche me faziam divagar enquanto lia e, quando tentava retornar, não sabia onde havia começado a divagar e perdia toda a reflexão que ele trazia. Creio que o livro trás uma reflexão profunda, que foi base para o ateísmo e para alguns jogos de Assassin's Creed (sim, nem eu esperava que algumas das reflexões trazidas no jogo tinham Nietzsche como base). As elocubrações de Nietzsche viajam pela genealogia da moral (como o nome do livro diz, apesar de eu não compreender o que queria dizer antes de ler), é sobre as origens de bem e mal (no sentido de que bem e mal, pecado ou virtude, são todas perspectivas da cultura humanas e não naturais - nesse caso ele busca trazer os questionamentos sobre a noção de bem e mal para os cristãos). Creio que ele fala muito mais do que captei, por isso o que teci aqui talvez esteja errado. Vale a leitura para toda pessoa que goste de ir além (Plus Ultra).
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Lista de Livros 05/11/2017

Lista de livros: Genealogia da Moral – Friedrich Nietzsche
Parte I:
“A rebelião escrava na moral começa quando o próprio ressentimento se torna criador e gera valores: o ressentimento dos seres aos quais é negada a verdadeira reação, a dos atos, e que apenas por uma vingança imaginária obtêm reparação. Enquanto toda moral nobre nasce de um triunfante Sim a si mesma, já de início a moral escrava diz Não a um “fora”, um “outro”, um “não-eu” — e este Não é seu ato criador. Esta inversão do olhar que estabelece valores — este necessário dirigir-se para fora, em vez de voltar-se para si — é algo próprio do ressentimento: a moral escrava sempre requer, para nascer, um mundo oposto e exterior, para poder agir em absoluto — sua ação é no fundo reação.”
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“O que revolta no sofrimento não é o sofrimento em si, mas a sua falta de sentido: mas nem para o cristão, que interpretou o sofrimento introduzindo-lhe todo um mecanismo secreto de salvação, nem para o ingênuo das eras antigas, que explicava todo sofrimento em consideração a espectadores ou a seus causadores, existia tal sofrimento sem sentido. Para que o sofrimento oculto, não descoberto, não testemunhado, pudesse ser abolido do mundo e honestamente negado, o homem se viu então praticamente obrigado a inventar deuses e seres intermediários para todos os céus e abismos, algo, em suma, que também vagueia no oculto, que também vê no escuro, e que não dispensa facilmente um espetáculo interessante de dor. Foi com ajuda de tais invenções que a vida conseguiu então realizar a arte em que sempre foi mestra: justificar a si mesma, justificar o seu “mal”; agora ela talvez necessite de outros inventos (por exemplo, vida como enigma, vida como problema do conhecimento). “É justificado todo mal cuja visão distrai um deus”: assim falava a primitiva lógica do sentimento — e apenas a primitiva? Os deuses como amigos de espetáculos cruéis — oh, até onde essa antiquíssima ideia ainda hoje não permeia a nossa humanização europeia! Consulte-se Calvino e Lutero, por exemplo. É certo, de todo modo, que tampouco os gregos sabiam de condimento mais agradável para juntar à felicidade dos deuses do que as alegrias da crueldade. Com que olhos pensam vocês que os deuses homéricos olhavam os destinos dos homens? Que sentido tinham no fundo as guerras de Troia e semelhantes trágicos horrores? Não há como duvidar: eram festivais para os deuses; e, na medida em que os poetas sejam nisso mais “divinos” que os outros homens, eram também festivais para os poetas... De igual modo os filósofos morais da Grécia imaginaram depois os olhos do deus a observar a luta moral, o heroísmo e o autossuplício do virtuoso: o “Hércules do dever” estava sobre um palco, e sabia disso; a virtude sem testemunhas era algo impensável para esse povo de atores.”
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Mais em:
http://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2017/10/genealogia-da-moral-uma-polemica-parte.html
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Parte II:
“O melhor é certamente separar o artista da obra, a ponto de não tomá-lo tão seriamente como a obra. Afinal, ele é apenas a precondição para a obra, o útero, o chão, o esterco e adubo no qual e do qual ela cresce — e assim, na maioria dos casos algo que é preciso esquecer, querendo-se desfrutar a obra mesma. A inquirição sobre a origem de uma obra concerne aos fisiólogos e vivisseccionistas do espírito: jamais absolutamente aos seres estéticos, aos artistas!”
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“O ideal ascético significa precisamente isto: que algo faltava, que uma monstruosa lacuna circundava o homem — ele não sabia justificar, explicar, afirmar a si mesmo, ele sofria do problema do seu sentido. Ele sofria também de outras coisas, era sobretudo um animal doente: mas seu problema não era o sofrer mesmo, e sim que lhe faltasse a resposta para o clamor da pergunta “para que sofrer?”. O homem, o animal mais corajoso e mais habituado ao sofrimento, não nega em si o sofrer, ele o deseja, ele o procura inclusive, desde que lhe seja mostrado um sentido, um para quê no sofrimento. A falta de sentido do sofrer, não o sofrer, era a maldição que até então se estendia sobre a humanidade — e o ideal ascético lhe ofereceu um sentido! Foi até agora o único sentido; qualquer sentido é melhor que nenhum; o ideal ascético foi até o momento, de toda maneira, o mal menor par excellence. Nele o sofrimento era interpretado; a monstruosa lacuna parecia preenchida; a porta se fechava para todo niilismo suicida. A interpretação — não há dúvida — trouxe consigo novo sofrimento, mais profundo, mais íntimo, mais venenoso e nocivo à vida: colocou todo sofrimento sob a perspectiva da culpa... Mas apesar de tudo — o homem estava salvo, ele possuía um sentido, a partir de então não era mais uma folha ao vento, um brinquedo do absurdo, do sem-sentido, ele podia querer algo — não importando no momento para que direção, com que fim, com que meio ele queria: a vontade mesma estava salva. Não se pode em absoluto esconder o que expressa realmente todo esse querer que do ideal ascético recebe sua orientação: esse ódio ao que é humano, mais ainda ao que é animal, mais ainda ao que é matéria, esse horror aos sentidos, à razão mesma, o medo da felicidade e da beleza, o anseio de afastar-se do que seja aparência, mudança, morte, devir, desejo, anseio — tudo isto significa, ousemos compreendê-lo, uma vontade de nada, uma aversão à vida, uma revolta contra os mais fundamentais pressupostos da vida, mas é e continua sendo uma vontade!... E, para repetir em conclusão o que afirmei no início: o homem preferirá ainda querer o nada a nada querer...”
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Mais em:

site: http://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2017/10/genealogia-da-moral-uma-polemica-parte_25.html
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Daniel 12/12/2011

genealogia da moral
Em quais condições o homem inventou os juízos de valor expressos nas palavras bem e mal e que valor possuem tais juízos? Estimularam ou barraram o desenvolvimento até hoje? São signos de indigência, de empobrecimento, de degeneração da vida? Estas são as perguntas que norteiam todo livro deste pensador, considerado como um dos mestres das suspeitas, acompanhado por Freud e Marx.
Todos os conceitos são construídos socialmente num processo histórico. Sendo desta forma, Nietzsche procura em quais lugares históricos do pensamento da humanidade a moral e ética nasceram. Analisa a criação de conceitos fundamentais para a eticidade atual dentro do contexto em que foram criados.
A noção de conceitos criados humanamente é já, em si mesma, uma crítica à filosofia platônico-socrática, a qual ensina que os conceitos e idéias não podem pertencer ao mundo sensível, posto que os sentidos são enganosos, e por isso ficam “flutuando” no mundo das idéias...
Nietzsche não está preocupado em descobrir se foi alguma divindade que ordenou ou não quais preceitos morais deverá seguir a humanidade, pois já chegou à conclusão de que os preceitos morais dizem respeito aos homens e mulheres apenas, logo não são transcendentes, porém, imanentes à natureza.
O livro se divide em tratados, a saber:
1. A origem de “bem e mal” e “bom e mau”;
2. Falta, má consciência e fenômenos;
3. O que significam ideais ascéticos?

Não há como negar que Nietzsche seja polêmico, dada a forma como ele escreve seus textos, que sempre estão acompanhados de uma boa “pitada” de crítica apimentada. Entretanto, não se pode desprezar o pensamento de uma pessoa só por contrariar o pensamento de uma maioria, pois nem sempre a maioria fala a verdade. Em verdade, temos grandes exemplos de grandes maiorias cometendo graves equívocos.
Escreve em forma de aforismos, que segundo o próprio Nietzsche, requer uma arte de interpretar, isto é, aforismos são pedras a serem lapidadas com calma. Para compreender bem seus aforismos é preciso ser quase vaca, é preciso ruminar.
No primeiro tratado, o filósofo separa moral em duas espécies: a moral de escravos e a moral de senhores.
Ele entende por nobre aquele em quem há uma afirmação positiva de si-mesmo, aqueles que eram os dominadores, os poderosos, os senhores; nobre é aquele que age positivamente na construção de seu si-mesmo por meio de si-mesmo. Difere-se do ressentido na medida em que para sentir-se feliz e bom precisa partir de si mesmo para tal, não de outrem.
O ressentido, por sua vez, é aquele que para construir sua felicidade, precisa comparar-se a um outro que lhe é diferente, um não-mesmo (um que não seja si-mesmo); este outro a quem se compara lhe é superior. Desta comparação nasce a inversão de valor “bom” e “mau”: “Bom sou eu, que sou inferior ao nobre (aquele que age) e mau é o nobre que, por ser superior a mim, me inferioriza”. Note-se que o ressentido sofre nesta comparação que ele mesmo faz, sente-se retraído, ofende-se. Ao comparar-se culpa o nobre (que lhe é superior) como causador de sua inferioridade. O ressentido, portanto, é aquele que sofre uma ação, e apenas por meio desta ação sofrida é que age, isto é, reage.
Essa moral ressentida é a moral de escravos que cria valores negativos em relação ao outro e ao próprio sujeito ressentido.
O sim que o nobre diz, diz a si-mesmo; o não que o fraco (ressentido) diz, não diz a si-mesmo, mas a um que não é si-mesmo, a um não-mesmo, negativiza o superior e o diferente de si. É exatamente sob este aspecto que surge o niilismo, que nada mais é do que todo este processo do ressentimento em negar, em dizer não à vida, à vontade de potência que é inerente à vida e à natureza.
No segundo tratado, o autor descreve a origem da má consciência, que é exposta como os instintos reprimidos que não se exteriorizaram e então se voltam para dentro, contra o homem mesmo que possui esses instintos; e da noção de dívida, proveniente das relações entre credor e devedor, é que surge a idéia de culpa.
No último tratado, sobre o ideal ascético, o filósofo batalha contra os negadores compulsivos, ou seja, aqueles que negam a vida, a natureza, os princípios básicos de vida.
Para resumir de forma simples, porém, contundente o que significam os ideais ascéticos para este homem, que eu considero, um dos mais ousados filósofos, podemos usar uma frase do próprio livro:
“O ideal ascético tem sua origem no instinto de proteção e de salvação própria a uma vida em degenerescência.”
Há muito o que se aprofundar nesta pequena frase e podemos seguir os mesmos caminhos de Nietzsche para entende-la.
O ideal ascético professa, direta ou indiretamente (mais indiretamente do que diretamente – os leitores de Nietzsche entenderão bem se eu falar em becos, valados e lugares escuros), que a vida não é um fim em si mesmo, porém apenas um meio para se chegar a uma outra vida que estaria no além. Explicando de outra forma, a vida é enxergada como uma ponte, um teste, uma passagem... A vida ascética é vida post-mortem.
Nas palavras de Friedrich:
“Um modo monstruoso de apreciar a vida não é um caso excepcional na história humana; constitui um dos estados, de fato, dos mais gerais e mais duradouros”.
Este ideal, portanto, foi visto pela sociedade como o único ideal possível de ser vivido. Não houve nenhum outro ideal que lhe servisse de oposição (pelo menos os que tentaram não conseguiram).
Nietzsche também critica os cientistas modernos como aqueles que possuem em seu interior a força propulsora do ideal ascético, pois acreditam ainda na existência da verdade, são seus defensores.
A gênese do ideal ascético se encontra justamente no ponto em que o homem sentiu necessidade de dar sentido para o sofrimento, como vemos:
“O homem, o animal mais corajoso e mais acostumado ao sofrimento não diz não ao sofrimento em si; ele quer, ele até o procura, supondo que lhe seja indicado, um sentido de que seja portador, um para além do sofrimento. É o vazio de sentido do sofrimento, não o sofrimento, que constituía a maldição que pesava sobre a humanidade até hoje – e o ideal ascético lhe oferecia um sentido!”
Traduzamos isso: Contra a falta de sentido, contra a falta de certeza, contra a natureza da mudança, presente na vida, nasce o asceticismo, dando um sentido ao “por quê” do sofrimento, retirando do homem o perigo do niilismo. Entretanto, as conseqüências são bem piores do que se imaginava, criou-se um homem ressentido em relação à vida... Poderia parecer melo-dramático, mas podemos usar até a palavra mágoa neste contexto. Esta mágoa, porém, é reativa, pois se trata de estar magoado profundamente com a vida, de tal maneira que a ação do homem agora converge para nega-la, e, tendo reagido assim, construir todo um ideal pós-morte, onde exista uma outra vida, mais digna, mais aceitável e sem... Sofrimento!
Concluindo a resenha, sinto necessidade de acender uma lamparina nesta escuridão e trazer para mim os olhares de todos os que criticam Nietzsche (os que leram comentários sobre ele e não suas obras mesmo). Por meio do perspectivismo proposto pelo autor, devemos levar em consideração todos os pontos de vista... Entretanto, quais seriam os pontos de vista mais aceitáveis? Respondo: Aqueles que não denigrem, nem pretendem destruir a beleza da natureza e da vida no aqui e no agora!
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Cdmm 22/10/2020

Chatíssimo
Apesar de ter avançado no pensamento filosófico a escrita é chatíssima, arrogante, pedante, insuportável. Acho que é o homem mais chato do mundo. Foi um suplício.
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gaturna 28/02/2023

Um livro curto mas denso, mostrou a caminhada de conceitos e valores (moral) desde o início da civilização até o homem moderno, e como aos poucos tal homem foi adoecendo, tornando-se uma vítima da ma consciência
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frsco 10/02/2023

O melhor dele até agora
Esse livro é muito bom.
é um além do bem e do mal só que uma versão melhorada, direto ao ponto e com mais reflexões que deixam o leitor pensativos mesmo.
tem menos misoginia e menos dos preconceitos dele nesse livro.
gostei mto recomendo
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Nena 04/07/2016

Ler Nietzsche nunca é fácil, por mais habituado q já esteja à sua escrita. Já li alguns livros e sempre me pego discordando e concordando com seus pontos de vista. Mas uma coisa é fato, ele era uma pessoa q conseguia posicionar-se e defender suas ideias como poucos. Mesmo em uma época de tanto moralismo e conservadorismo. O Bom vs Mal é amplamente e brilhantemente explorado em aforismos. Livro q vale a pena ler.
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Paulo Silas 24/02/2016

Denso, complexo e muito profundo. Em que pese a aparente pequenez da obra, é um dos livros em que Nietzsche mais disseca os temas abordados. Para que a leitura possa fluir e ser melhor compreendida, é necessário que o leitor esteja habituado com os escritos do filósofo. O alerta em tal sentido é dado pelo próprio Nietzsche no prólogo do livro:

"Se este livro resultar incompreensível para alguém, ou dissonante aos seus ouvidos, a culpa, quero crer, não será necessariamente minha. Ele é bastante claro, supondo-se - e eu suponho - que se tenha lido minhas obras anteriores, com alguma aplicação na leitura: elas realmente não são fáceis."

O livro é dividido em três dissertações, cada qual com uma análise filosófica/psicológica/antropológica profunda de questões atreladas à moral e sua genealogia.

A primeira parte da obra (""Bom e mau", "bom e ruim"") se aprofunda em sobre como o ser humano chegou à sua condição atual, preso à moral arraigada na sociedade, de modo que o autor acaba buscando respostas na origem da cultura. A instituição de agrupamentos das pessoas (comunidades) ganha um respaldo na pesquisa do filósofo, a fim de constatar as origens das definições morais. É uma busca pela valoração dos valores. O que originou e definiu o bom como sendo bom e o mau ou ruim como sendo mau ou ruim? Não obstante a dissecação explorativa feita por Nietzsche, há conjuntamente a destruição dos valores constatados na pesquisa do autor.

A segunda dissertação (""Culpa", "má consciência" e coisas afins") demonstra que há um forte liame entre os impulsos do homem e as conquistas culturais. Os instintos produzem a consciência (ou má consciência), as quais são responsáveis pelas formalizações culturais das comunidades: direito, religião, trabalho e política. Nesta parte do livro há uma notória análise psicológica-antropológica da história da cultura e seus reflexos e consequências até hoje existentes.

Na terceira e última parte da obra ("O que significam ideais ascéticos?") está a conclusão que levam as duas primeiras dissertações do livro. O ideal ascético é destrinchado, exposto e novamente estruturado a fim de compreendê-lo integralmente. É a ânsia pelo nada, a necessidade de se criar algo para que possa haver um conforto e supressão dos instintos. O ideal ascético é personificado no sacerdote, o qual reúne e direciona todo o ressentimento dos fracos, dos escravos, do rebanho para dentro dos próprios, se insurgindo contra os dominantes e adotando os ideias da moral de acordo com a criação destes próprios. A profundidade da exposição feita em tal ponto é surpreendente.

"Genealogia da Moral: uma polêmica" foi escrito originalmente para complementar a obra anterior, "Além do Bem e do Mal", vez que Nietzsche retoma e cita inclusive passagens do outro livro. É uma escrita robusta, profunda, erudita e em vários pontos complicada. Cada parágrafo da obra gera muita reflexão e interessantes interpretações. É um livro que deve ser lido e relido, cada vez mais com o intuito de tentar melhor compreender o turbilhão de mensagens transmitidas pelo filósofo.

Recomendo!
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Eduardo Mendes 30/12/2022

Valores morais são fruto de um processo histórico e opressor.
Genealogia da Moral foi o meu primeiro contato com uma obra de Nietzsche, e sem dúvida uma das leituras que mais gostei de fazer em 2022. Tive uma experiência interessante, a linguagem não é tão rebuscada (pelo menos nesta obra), sua linha de raciocínio é clara e lógica.

Certamente não sou capaz de fazer um resumo que explique toda complexidade dos pensamentos do autor, mas de forma geral, em Genealogia da Moral, Nietzsche discute a origem dos sentimentos morais e chega a conclusão que a definição dos valores do que chamamos de “moralidade” estão ligados a divisão de classes (nobres e plebeus). Ele explica também como a religião teve e tem papel crucial na propagação de tais conceitos.

Nietzsche começa a obra investigando a raiz da palavra “bom” na busca por compreender a sua origem, ele descobre que a palavra alemã schlecht (mau) é idêntica à schlicht (simples). Daí, chega-se a schlichtsweg (simplesmente), que traz desde suas origens a função de designar o homem simples: plebeu.

Sua teoria explica também como os nobres e poderosos se apropriam dos “valores” denominados por eles mesmos como atos de bondade e nobreza, para a partir daí se definir o que é bom: (nobre, superior). Em oposição a essa difusa noção de bondade surge o “baixo”, o “plebeu”, o “vulgar”, considerado ruim ou mau.

Ou seja, a essência do nosso entendimento sobre o que é bom ou mau coloca na cabeça do plebeu (o pobre) que ele não é bom, e que todos os exemplos de superioridade e bondade estão ligados às classes dominantes da época, que obviamente é detentora de toda força política, social e capital.

Pra Nietzsche, a promessa de uma recompensa na vida posterior, que é a base das religiões, coloca o homem sempre como submisso a Deus. Sua proposta é que tais valores sejam reinterpretados (o que ele chama de transvaloração), já que os ditos “valores morais” são apenas fruto de um processo histórico e opressor.

Indico fortemente a leitura, pra quem gosta do tema.


site: https://jornadaliteraria.com.br/genealogia-da-moral/
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