Ju 17/04/2013CordelunaEspanha, séc. XI.
Sancho, um nobre guerreiro, está disposto a seguir seu senhor por onde for preciso. Filho mais velho de uma numerosa família, tem o apoio do pai para cumprir seu dever, indo com dom Rodrigo até mesmo para o desterro. Corajoso e destemido, torna-se um soldado de destaque. Generoso, nunca se esquece da família e de todos que ama. Apaixonado, não sabe fazer nada pela metade.
Guiomar, donzela nobre, vive somente com a madrasta após a morte do pai. É uma garota que acredita no amor, e que quer que este seja o motivo de seu casamento, ao contrário de muitas moças da época, que levavam mais em conta a proteção, segurança e respeito que poderiam alcançar com o matrimônio.
O caminho desses dois se cruza em uma tarde de festejos, em que Sancho, junto com seus companheiros, cumpre a missão de entregar alguns presentes ao rei, após terem obtido uma grande vitória. Seu senhor, dom Rodrigo, também conhecido por El Cid, pretende, com isso, que o rei comece a perceber o erro que cometeu banindo-o de suas terras.
"Então a viu. (...) Sancho pensou que nunca, em toda sua vida, tinha visto uma imagem tão bela e, independentemente de sua vontade, sentiu que seu coração voava para junto daquela donzela desconhecida. Gostaria de aproximar-se, dobrar o joelho à sua frente e oferecer-lhe sua espada. Para sempre. (...) Guiomar olhava o jovem guerreiro como se ele fosse uma aparição, um arcanjo descido do céu para terra. (...) Sem saber quem era, soube, no entanto, que aquele era o homem com quem ela tinha sonhado toda sua vida e que nenhum poder do mundo poderia separá-la dele."
Espanha, tempos atuais.
Um grupo de jovens atores é escolhido para fazer parte de um importante projeto: a recriação de uma parte da história, mais precisamente da época do séc. XI em que El Cid foi desterrado pelo rei Alfonso e começou a alcançar sucesso na conquista de mais territórios. Entre esses garotos, encontra-se Sérgio. Um jovem ambicioso que pretende mostrar seu valor. E também Glória, uma garota segura de si, que sabe que possui talento e quer descobrir se usá-lo é o que quer para sua vida. O grupo é levado para um antigo mosteiro e, pouco depois de chegarem ao local, Sérgio e Glória se encontram. Ao primeiro olhar, algo inexplicável acontece.
"Tinha sido... Como tinha sido? Como encontrar-se com alguém que só existe na própria imaginação, como ver na vida real a figura de um sonho, como recuperar algo enormemente valioso que se achava perdido para sempre, como... como apaixonar-se, simplesmente?"
Perdoem-me pelos quotes gigantes, rs, mas foram realmente necessários. Cordeluna nos apresenta uma história linda, ou melhor, duas histórias lindas. Na verdade, histórias bem parecidas, separadas por quase 1000 anos. O mesmo casal se reconhece instantaneamente, obstáculos parecidos se apresentam a eles. Para que possam finalmente usufruir do seu amor, terão que vencer uma pessoa que os persegue há vários séculos.
Sou louca por histórias de amor, acho que vocês já devem ter percebido. Essa me conquistou bem rápido. Torci tanto por um final feliz! E sofri absurdamente em todos os momentos em que algo deu errado.
Minha leitura fluiu muito bem. Não que eu tenha lido o livro super rápido. Ele contém bastante informação e, por isso, precisei de pausas para absorver tudo. Conhecemos a história que se passa no séc. XI ao mesmo tempo que a história dos tempos atuais.
Não consegui definir por qual personagem me apaixonei mais. Já a que eu mais odiei, é bem fácil nomear: dona Brianda, a madrasta de Guiomar. Que pessoinha mais mesquinha, burra, invejosa e infeliz! E o pior é que ela é daquelas que não sossega enquanto todo mundo ao seu redor não se torna completamente infeliz também.
Sobre o título... talvez vocês queiram entendê-lo. Cordeluna é o nome de uma espada mágica, dada a Sancho por seu pai. Mais um quote gigante, não me matem, rs, é que ele a descreve melhor do que eu conseguiria.
"- É Cordeluna - disse Ramiro Láinez com um leve tremor na voz -, a espada dos nossos antepassados. Tem esse nome por causa deste emblema gravado na lâmina, vês? Um coração e uma lua que se sobrepõem. E a empunhadura tem uma pedra tão especial que parece feita do próprio coração da lua. Observa-a!
Sancho contemplou-a extasiado, sem se atrever a tocá-la: era uma pedra grande e ovalada, de uma cor leitosa como a luz da lua cheia sobre rochas brancas, e em seu interior pareciam mover-se lentamente volutas coloridas de fumaça. Sem que ninguém lhe explicasse, sentiu que era uma pedra viva, uma pedra mágica."
A Editora Biruta classifica seus livros infantis e juvenis em várias categorias. Cordeluna pertence à categoria Leitor Crítico, que engloba textos com trama mais complexa que impliquem em interpretações mais elaboradas. Maior quantidade de informações, vocabulário mais rico, temas de interesse dos jovens. O livro é indicado para jovens a partir dos 14 anos. Além de tratar de uma época que eu amo, a Idade Média, ele ainda trabalha de verdade o vocabulário. Posso testemunhar isso porque tive que consultar algumas vezes o dicionário.
É muito difícil encontrar um trabalho editorial tão lindo quanto esse. Me deparei com ilustrações muito fofas durante a leitura e, os pequenos detalhes, como letras bem trabalhadas no início de alguns parágrafos e os números das páginas na cor azul, fizeram toda a diferença.
Super recomendo a leitura para todos! Amei demais Cordeluna, como eu já suspeitava que fosse acontecer.
Publicada originalmente em: http://entrepalcoselivros.blogspot.com.br/2013/04/resenha-cordeluna.html.