Um Falcão no Punho

Um Falcão no Punho Maria Gabriela Llansol




Resenhas - Um Falcão no Punho


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Sabrina 13/07/2018

Um falcão no punho (diário I)
? [Lido] Um falcão no punho é o primeiro diário da autora Maria Gabriela Llansol publicado pela editora Autêntica aqui no Brasil.

Llansol é uma escritora portuguesa que começa a publicar seu trabalho em 1962 com o livro de contos Os pregos na Erva. Tem por volta de 26 livros publicados de gêneros inclassificados, sua escrita (ou escritura) se forma a partir das diferentes formas e possibilidades da língua falada e escrita. Denomina sua obra como "nas margens da língua" e teve um período de exílio de vinte anos na Bélgica que teve mudanças radicais na sua escrita.
Esse primeiro diário descreve o período de Março de 1979 em Jodoigne na Bélgica até Lisboa em 1983 e Setembro de 1983 de volta a Bélgica na cidade de Herbais. É curioso como a escritora, mesmo no seu momento "mais íntimo" que é a liberdade da escrita em um diário nos mostra sua forma a todo o instante. Ela não escreve em vão, tudo faz parte de um modo de viver e ter a escrita como parte imprescindível de si mesmo, como chão, pátria.
Llansol ainda não é uma escritora muito conhecida ou divulgada, mas já vi algumas pesquisas sobre a autora nos últimos anos e essa sua "margem da língua" instiga muitos pesquisadores. Nesse livro ela fala muito sobre uma criação famosa sua a LisboaLeipzig, que se desenvolve mais a frente em dois livros intitulados "O encontro inesperado do diverso" e "O ensaio de música". Isso surge nos anos na Bélgica e ganha contorno muito tempo de seu trabalho. É um encontro entre Bach e Fernando Pessoa, entre o som, a música e a língua escrita.

Llansol para mim foi um acontecimento que me arrebatou faz mais de ano e sua escrita me capta continuamente. "O meu país não é a minha língua, mas leva-la-ei para aquele que encontrar". (p44) "O texto é a mais curta distância entre dois pontos. [...] Não é porque as palavras estão deitadas por ordem no dicionário que imaginamos o texto liso, e sem relevo. Nós sentimos que as palavras têm normalmente a forma de esponja embebida ou, se quiser, o relevo de pequenas rocha com faces pontiagudas e reentrâncias ali deixadas pela erosão". (p126)
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