A casa dos náufragos

A casa dos náufragos Guillermo Rosales




Resenhas - A Casa dos Náufragos


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Le 15/05/2022

Difícil, porém emocionante
Um presente que me surpreendeu, uma leitura difícil e dura com acontecimentos pesados e chegando ao nojo extremo, não é pra qualquer pessoa definitivamente.
Uma obra que alguns consideram um clássico cubano.
E apesar dessas partes extremamente pesadas ainda sim é um achado muito bom, mostra essa parte triste da vida, mas também mostra como o amor e a esperança na vida pode "mudar" o futuro de um homem, até mesmo de um homem alienado.
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@andressamreis 18/01/2022

Uma grata surpresa
Este é um achado!
Chamou minha atenção a capa, com uma casinha amarela flutuando em um oceano sombrio: A casa dos náufragos! Quem seriam estes náufragos?
A edição possui folhas amarelas de boa gramatura e boa diagramação, ou seja, não é uma obra qualquer.

Comecei a ler e... Não parei mais!

É um texto triste e deprimente, e alguns momentos tive que interromper a leitura para espairecer.

William Figueras, o protagonista, é um escritor cubano, que exilou-se em Miami. Sofre de alucinações, o que o torna muito instável, e, assim é deixado pela família em uma boarding home, um tipo de casa de repouso.

Nesta casa Wiiliam conhece diversos tipos de doentes psiquiátricos e idosos abandonados pelas famílias. O gerente e o proprietário os piores tipos de corruptos, desonestos e vis, impondo aos internos péssimas condições de higiene, alimentação, segurança e maus tratos.

Entre os internos da casa não é melhor, são episódios escatológicos, abusos, violências. É uma leitura difícil! Estas pessoas foram abandonadas, estão em um limbo de desumanidade, à margem da moral, da ética: são náufragos!

Wiiliam deixa-se contaminar pelo ambiente, entrega-se até a chegada de uma nova interna, que trará talvez seu último suspiro para salvar-se, talvez sua última boia salva-vidas.

O que torna tudo mais trágico é que a obra é quase uma autobiografia do autor Guillermo Rosales, o qual era ativo no meio intelectual de Havana, mas acabou indispondo-se com o regime Castrista, sentindo-se traído, exila-se nos EUA, onde também não encontra seu lugar, passa por diversas internações psiquiátricas até falecer em 1993, em condições delicadas

É uma obra dura, que descortina
as sombras do homem, fala daquele sentimento doído de não-pertencimento, traz reflexões sobre a moral. O que você faz, quando ninguém está vendo?

Almas no limite, almas no limbo, almas náufragas
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raíssa 25/02/2021

(...)
O próprio Rosales admitiu que A casa dos náufragos era "um romance escrito com ódio"* e legitimou sua visão apocalíptica na realidade e sua vocação niilista: "Creio que a experiência de quem viveu no comunismo e no capitalismo e não encontrou valores substanciais em nenhuma das duas sociedades (sic) merece ser exposta. Minha mensagem será sempre pessimista, porque o que vejo e sempre vi ao meu redor não dá para mais. Não creio em deus. Não creio no homem. Não creio em ideologias".*

*Entrevista à revista Mariel (Estados Unidos), 1986
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Day 04/05/2017

Impactante!
Fiz a leitura deste livro no inicio de 2016 e me recordo que apesar do livro ser pequeno foi uma leitura um tanto dolorosa,mexeu muito comigo.
Em alguns momentos precisava parar, fechar o livro, respirar e retomar.
O narrador é pessimista, niilista e esta lúcido durante todo o período em que fica no asilo destinado a inválidos e doentes mentais. Porém, sua lucidez que a principio parecia ser uma vantagem acaba se tornando fonte de mais angustia e dor.
Enfim, a experiência de leitura deste livro foi muito importante pra mim, entrou para os meus livros favoritos e pretendo fazer uma releitura daqui algum tempo.
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Paula 11/01/2014

"A Casa dos Náufragos", do escritor cubano Guillermo Rosales, é considerado um marco da literatura hispano-americana do século XX, apesar de seu reconhecimento tardio (decorrente da primeira tradução para o Inglês, que só ocorreu no ano 2000), sendo pouco conhecido até por estudiosos da literatura cubana. O livro conta a história do escritor William Figueras, um exilado cubano, internado pela família em uma instituição psiquiátrica nos Estados Unidos por sofrer alucinações auditivas episódicas. O asilo para onde foi levado é destinado a inválidos e incapacitados mentais, conhecidos como boarding homes.
E é nessa boarding home que o autor traça o processo de desumanização gradual dos seus personagens, que vão naufragando a cada dia, a cada página da história, na degradante miséria humana. Um lugar decrépito, sujo, violento, impróprio para se viver, que é administrado pelo proprietário, um burguês que rouba todo o dinheiro dos internos sem lhes oferecer o mínimo devido, e um zelador que comete todo o tipo de abusos com pessoas que não tem como se defender, ou que já não acreditam que possam se defender.

O narrador, que aparentemente está em posição privilegiada em relação aos outros detentos por não estar louco, acaba por aumentar seu sofrimento e sua angústia com isso, já que é testemunha do que acontece ao seu redor e tem consciência de sua própria decadência:

"Este é meu fim. Eu, que li Proust completo quando tinha quinze anos, Joyce, Miller, Sartre, Hemingway, Scott Fitzgerald, Albee, Ionesco, Beckett. Que vivi vinte anos dentro de uma revolução sendo carrasco, testemunha, vítima".

Temos no livro um personagem que se situa no presente como um náufrago, que nem pertence ao território em que habita, nem sente falta do que abandonou: "Não sou um exilado político, sou um exilado total". A narrativa rápida, intensa, porém precisa, faz com que o leitor sinta essa mesma angústia, essa mesma desesperança. No dizer de Ivette Leyva Martínez, autora do posfácio que acompanha o livro: "é uma viagem aos rincões mais sombrios da condição humana, e poucos permanecerão indiferentes a essa visão. Humilhações, sujeira, fedor e abusos físicos constituem o cenário onde o protagonista passa seus dias." (pág. 106). Mais que um livro sobre o exílio, A Casa dos Náufragos é um livro sobre a desumanização de pessoas com problemas mentais, e também sobre a crueldade de quem ainda explora essa situação.

Este é um romance de forte viés autobiográfico pois o escritor Guillermo Rosalles também deixou Havana e mudou-se para Miami em 1979, onde permaneceu até sua morte, em 1993. Participou do círculo de intelectuais cubanos que se transferiu para os Estados Unidos na mesma época, tendo sido premiado com o voto de Octavio Paz em um concurso literário local, uma de suas poucas alegrias. Destruiu a maior parte de sua obra, e em vida só publicou este único romance, A casa dos náufragos, em 1987. Esteve internado em diversas instituições psiquiátricas, asilos (as chamadas boarding homes) em Miami, pois sofria de esquizofrenia. Morreu aos 47 anos, pobre, sozinho e esquecido, visitado apenas por poucos amigos, que acompanharam seu processo de destruição até os últimos dias. Um daqueles livros realmente angustiantes.

Guillermo Rosales. A casa dos náufragos. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. 125 páginas. Tradução: Eduardo Brandão.

site: http://www.pipanaosabevoar.blogspot.com.br/2014/01/a-casa-dos-naufragos.html
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