Fábio Valeta 20/02/2015
Cinquenta anos de solidão
Fazia anos que eu tinha curiosidade em ler esse livro. Havia o receio de que fosse apenas um romance convencional, água com açúcar, sem nada de interessante, mas ainda assim a curiosidade era grande. E a agradável surpresa em termina-lo foi muito bem vinda.
Sim, é um daqueles romance onde os personagens sofrem por amor, mas está longe de ser convencional. A história da família Cleary é profunda, bela, e acima de tudo triste. Seus personagens são trágicos pelo simples fato de parecerem tão reais. Sua solidão é sentida entre as páginas. Em parte, o livro me lembrou muito “Cem anos de solidão” de Gárcia Marqués, embora sem o realismo fantástico. Realismo cru seria uma descrição mais acertado para esse livro.
Acompanhando mais de 50 anos e três gerações da família Cleary, (em grande parte centrada na personagem Meggie) o livro é uma história sobre amores perdidos, personagens solitários e a dificuldade do amadurecimento. Também é impressionante a maneira como a autoria conseguiu transformar o clima e geografia australiano em personagem, com seus anos de secas e tempestades.
Apesar de gostar muito do livro, ele se torna um pouco cansativo em alguns pontos, especialmente quando nos afastamos de Drogheda, mas no geral ele é bem agradável. Minha maior crítica porém, é em relação à edição da Bertrand Brasil, que coloca um gigantesco spoiler na orelha do livro (o qual não colocarei aqui por motivos óbvios). A partir de um determinado momento, eu já sabia exatamente o que esperar em relação a um personagem, graças à falta de cuidado da pessoa que escreveu a sinopse.
Mas isso não tira o brilho da obra, que curiosamente comecei a ler no mesmo dia em que a autora faleceu. Felizmente, tem muitos outros livros dela para se ir atrás.